INTRODUÇÃO
ROMANOS Autoria Desde os primórdios da Igreja, a epístola aos Romanos é aceita unanimemente como sendo de autoria do apóstolo Paulo (Rm 1.1,5). Esta carta contém várias referências históricas que coincidem com fatos conhecidos da vida do grande apóstolo de Cristo, e é considerada, por muitos teólogos, a mais importante obra da Bíblia. O seu conteúdo é bem característico ao estilo de Paulo, o que é notório ao compará-lo com outros de suas cartas sagradas. Propósitos Logo depois de cumprimentar os irmãos da Igreja em Roma, destinatários diretos das orientações da missiva, o apóstolo Paulo, com sua típica saudação acompanhada de ação de graças, fazendo uso da autoridade do Antigo Testamento (Hc 2.4), e apresenta o tema central de sua carta: a justificação vem pela fé em Jesus Cristo, o Messias. Assim, mais formal que as demais epístolas de Paulo, a carta aos Romanos apresenta de maneira profunda e sistemática a doutrina da justificação pela fé (e seus desdobramentos). Paulo escreve para uma igreja a qual não havia fundado, nem nunca estivera antes, embora lá tivesse alguns amigos chegados. Além disso, a igreja, que era predominantemente gentílica, estava agindo de forma intolerante contra os judeus cristãos que se sentiam constrangidos a obedecer às regras alimentares e datas cerimoniais da tradição religiosa judaica (14.1-6). A base dos argumentos de Paulo é a longânime, infalível e eterna justiça de Deus (1.16-17). A partir dessa constatação, seguem-se várias abordagens doutrinais fundamentais: a revelação natural (1.19-20); a universalidade do pecado (3.9-20); a plenitude da graça divina na justificação de todo ser humano (3.24), mediante o sacrifício expiatório de Jesus (3.25), por meio da fé (cap. 4); a questão do pecado original (5.12-20); a união com Cristo (cap. 6); a eleição e rejeição de Israel (caps. 9-11); o uso dos dons espirituais p ((12.3-9); ); e o respeito p às autoridades ((13.1-7).) É importante notar que Paulo escreveu aos Romanos também com a visão de preparar o caminho para sua iminente viagem a Roma e para a missão que ainda pretendia realizar na Espanha (1.10-15; 15.22-29). Data da primeira publicação Foi durante a primavera do ano 57 d.C., que o apóstolo Paulo concluiu seu tratado doutrinário aos Romanos (15.25-27; 16.1,2). Nesta ocasião, ele estava em Corinto, preparando-se para viajar, transportando p o dinheiro ofertado ppor algumas g igrejas g j e vários cristãos aos irmãos empobrecidos p e necessitados, membros da Igreja em Jerusalém. É provável que Paulo estivesse mais precisamente em Cencréia, cidade retirada cerca de 9 km de Corinto. Gaio (seu anfitrião) e seus amigos Erasto (tesoureiro da cidade) e Quarto eram naturais de Corinto, e Febe (fiel discípula e cooperadora) vivia e ministrava em Cencréia (16.1,23; 1Co 1.14; 2Tm 4.20). Esboço geral de Romanos 1. Saudação ministerial com ações de graças (1.1-15) 2. Tema central: “Justificação por meio da fé em Cristo, o Messias” (1.16,17) 3. A raça humana é naturalmente ímpia, e precisa de Cristo (1.18 – 3.20) A. Gentios, todos os que não nasceram judeus (1.18-32) B. Judeus, todos os nascidos de famílias judaicas (2.1 – 3.8) C. Conclusão: todas as pessoas da Terra pecaram (3.9-20) 4. Resumo do plano de Deus para a salvação de cada pessoa da Terra (3.21-31) 5. A história da vida de Abraão confirma a justificação (4.1-25) 6. Os grandes resultados da justificação (5.1-21) 7. Justiça outorgada: livres do pecado para a santificação (6.1 – 8.39) A. Livres do domínio do pecado (cap. 6) B. Livres da condenação universal do pecado (cap. 7) C. Livres para viver no poder do Espírito de Cristo (cap. 8)
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8. A rejeição de Israel como juízo de Deus (caps. 9-11) A. Deus é soberano e longânimo ao aplicar a justiça (9.1-29) B. Os motivos que levaram à rejeição de Israel (9.30 – 10.21) C. A rejeição é um castigo específico e temporário (cap. 11) 9. Os justificados devem praticar a justiça (12.1 – 15.13) A. Entre si – na Igreja – que é o Corpo de Cristo (cap. 12) B. Para com os de fora – no mundo – testemunhando (cap. 13) C. Convivendo com cristãos maduros e imaturos (14.1 – 15.13) 10. Conclusão desta carta doutrinária (15.14-33) 11. Saudações pessoais do apóstolo Paulo (16.1-16) 12. Exortação final e bênção apostólica (16.17-27)
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ROMANOS Apresentação e saudação de Paulo Paulo, servo do Senhor Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o Evangelho de Deus,1 2 o qual Ele havia prometido anteriormente por meio dos seus profetas nas Escrituras Sagradas,2 3 acerca de seu Filho, que, humanamente, nasceu da descendência de Davi, 4 e com poder foi declarado Filho de Deus segundo o Espírito de santidade, pela ressurreição dentre os mortos: Jesus Cristo, nosso Senhor. 5 Por intermédio dele e por causa do seu Nome, recebemos graça e apostolado para chamar dentre todas as nações um povo para a obediência que deriva da fé.3 6 E vós, igualmente, estais entre os chamados para pertencerdes a Jesus Cristo. 7 A todos os que estais em Roma, amados de Deus, convocados para serdes santos: Graça e Paz a vós, da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo!4
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Paulo quer ir à Igreja em Roma 8 Em primeiro lugar, sou grato a meu Deus, mediante Jesus Cristo por todos vós, porquanto em todo o mundo é proclamada a fé que demonstrais.5 9 Deus, a quem sirvo de todo o coração pregando o Evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como sempre me recordo de vós 10 em minhas orações; e rogo que agora pela vontade de Deus, seja-me aberto o caminho para que, enfim, eu vos possa visitar. 11 Pois grande é o desejo do meu coração em ver-vos, para compartilhar convosco algum dom espiritual, a fim de que sejais fortalecidos, 12 quero dizer, para que eu e vós sejamos mutuamente encorajados pela fé. 13 E não desejo, irmãos, que desconheçais, que por muitas vezes planejei visitar-vos, contudo, tenho sido impedido até esse momento. Meu objetivo é
1 Na antigüidade, toda carta grega seguia uma metodologia padrão de construção. A primeira parte (abertura) deveria identificar o remetente e sua saudação. Paulo se vale desta formalidade para apresentar-se da forma mais clara e ampla possível a uma comunidade de irmãos que ama, porém – até aquele momento – ainda não o havia conhecido pessoalmente, mas esperava fazê-lo em breve (At 9.1; Fp 3.4-14). A palavra grega original doulos, derivada do verbo deo (algemar, aprisionar), significa também: “escravo”. Para um grego dessa época, essa era uma expressão de vergonha e rebaixamento, para os judeus, entretanto, desde Moisés, era a mais expressiva forma de se posicionar em adoração ao Rei dos reis, e um título de honra. Para Paulo, todo cristão é um servo do Senhor Jesus (1Co 7.22; 6.15-23). O termo exprime pertença total e definitiva a Cristo (desde o início Paulo faz questão de usar o vocábulo “Cristo” não apenas como nome próprio, mas especialmente como título do Filho de Deus: o Messias prometido, o Ungido). A expressão “apóstolo” tem a ver com o comissionamento dado a Paulo, pessoalmente, por Cristo (Mc 6.30; 1Co 1.1; Hb 3.1). 2 Esta é a primeira vez que a expressão “Escrituras Sagradas” aparece no original grego da Bíblia. Todo o AT profetiza a vinda de Jesus, o Messias; cuja vida e ministério são perfeitamente descritos no Novo Testamento (Lc 24.27-44). 3 Foi devido à desobediência deliberada de Adão, que o homem foi apartado da glória de Deus (Rm 3.23). Entretanto, é pela obediência voluntária e firmada na fé em Jesus Cristo que ganhamos a reconciliação com Deus. A palavra “fé” neste contexto, não significa “fé em doutrinas”, mas sim fé no Evangelho, ou seja, na pessoa do Cristo (o próprio Evangelho). 4 O sentido mais amplo da expressão original grega, aqui traduzida por “santidade”, é “separado para contínua adoração a Deus”. Neste aspecto, todos os cristãos são “santos”, pois foram sobrenaturalmente “separados” por Deus para servi-lo por meio do seu serviço espiritual diário e contínuo. A expressão tem igualmente o sentido prático de “um aperfeiçoamento espiritual” que ocorre todos os dias na vida dos crentes pela ministração do Espírito Santo que neles habita (1Co 1.2). A “Graça” é o favor imerecido de Deus; o Senhor nos concedendo a bênção do seu chamado e proteção, ainda que não sejamos dignos. Enquanto “misericórdia” é a paciência longânime do Senhor, que retarda a punição que nossas más intenções, erros e pecados merecem, na esperança de nossa conversão (Jn 4.2; Gl 1.3; Ef 1.2). A “Paz” é a bênção da plena segurança e certeza dos cuidados paternos do Senhor, mesmo em meio às mais graves tribulações e perdas (Jo 14.27; 20.19; Gl 1.3; Ef 1.2). 5 Paulo, apesar de todo o sofrimento, privações e humilhações pelas quais passou, sempre demonstrava um coração agradecido a Deus. Os cristãos têm toda a liberdade de chegar-se a Deus – como Pai – por meio do sacrifício vicário de Jesus Cristo. Entretanto, não apenas para pedir, mas, sobretudo, para agradecer (Jo 15.16). Paulo costumava iniciar suas cartas com ações de graças (1Co 1.4; Ef 1.16; Fp 1.3; Cl 1.3; 1Ts 1.2; 2Ts 1.3; 2Tm 1.3; Fm 4).
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colher algum fruto espiritual entre vós, assim como tenho alcançado entre os gentios.6 14 Eu sou devedor, tanto a gregos quanto a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. 15 De modo que, em tudo o que depender de mim, estou preparado para anunciar o Evangelho também a vós que estais em Roma. O tema da carta: a justiça pela fé 16 Porquanto não me envergonho do Evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que nele crê; primeiro do judeu, assim como do grego;7 17 visto que a justiça de Deus se revela no Evangelho, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé”.8 A ira de Deus contra os sem fé 18 Portanto, a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça humana,
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pois o que de Deus se pode conhecer é evidente entre eles, porque o próprio Deus lhes manifestou.9 20 Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido observados claramente, podendo ser compreendidos por intermédio de tudo o que foi criado, de maneira que tais pessoas são indesculpáveis;10 21 porquanto, mesmo havendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças; ao contrário, seus pensamentos passaram a ser levianos, imprudentes, e o coração insensato deles tornou-se em trevas. 22 E, proclamando-se a si mesmos como sábios, perderam completamente o bom senso 23 e trocaram a glória do Deus imortal por imagens confeccionadas conforme a semelhança do ser humano mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. 24 Por esse motivo, Deus entregou tais pessoas à impureza sexual, segundo as vontades pecaminosas do seu coração, para degradação de seus próprios corpos entre si. 19
6 Os gregos costumavam referir-se a todos os povos não-gregos, ou que não falassem seu idioma, como “bárbaros” (At 28.4). Paulo desejava conhecer a Igreja em Roma (predominantemente gentílica), ver como viviam na fé os novos convertidos, bem como compartilhar suas experiências e motivar os mais maduros para a evangelização e o avanço missionário. 7 Jesus Cristo é também chamado de “o poder de Deus”, indicando uma vez mais que o Evangelho é o próprio Cristo oferecido e recebido pelos crentes (1Co 1.24). 8 A expressão “de fé em fé”, como aparece em algumas versões antigas, tem o sentido de “fundamentar-se na fé e apelar para a fé”, na qual é enfatizada o aspecto de que a salvação não vem somente por intermédio da fé como também está à disposição de todos os que crêem. No original grego, os vocábulos “fé” e “crer” possuem a mesma raiz. “Justo” refere-se à qualidade da pessoa justa, que não deve nada à lei. É um termo forense, ligado aos tribunais, e não diretamente relacionado à moral e à ética (2,13; 3.21-24). 9 Paulo começa a expor um dos principais pontos de seu ensino: a culpabilidade humana fundada na sua sistemática e pertinaz rejeição declarada a Deus. Falta amor e fé em Deus e esta postura produz uma espécie de desobediência que não decorre da ignorância, mas de um forte desejo de rebeldia contra o Criador e da vontade de se tornar o próprio deus dos seus atos. Ao expor a doutrina da justiça divina (1.17; 3.21 – 5.21), Paulo arma sua argumentação teológica que demonstra que todos os seres humanos têm pecados e, portanto, carecem da justiça misericordiosa que somente Deus pode outorgar. Demonstra a culpa e a vocação para o pecado, nos gentios (1.18-32) e nos judeus (2.1 – 3.8). Ou seja, todos nós pecamos e precisamos da purificação outorgada por meio do eterno sacrifício expiatório do Filho de Deus (3.9-20). 10 Nenhuma pessoa sobre a face da terra, mesmo que ainda não tenha ouvido falar uma só palavra sobre a Bíblia, em relação a Yahweh (o nome de Deus em hebraico) ou quanto a Seu Filho, Jesus Cristo, pode usar como desculpa o fato de não conhecer o essencial de Deus, nosso Criador, e portanto, dever-lhe completa adoração e respeito às suas leis escritas na alma humana. Pois todo o Universo, dos elementos microscópicos às maiores dimensões cósmicas, revelam o poder e a sensibilidade de um Deus único, absoluto e perfeito (Sl 19). A “ira de Deus” não se compara às explosões de raiva demonstradas, muitas vezes, pelos seres humanos em todo mundo. A “ira de Deus” é santa e justa, em repulsa ao menosprezo e rejeição dos seres humanos em relação à natureza e vontade de Deus. Do ponto de vista pragmático, a “ira de Deus” não se limita à condenação dos ímpios no Juízo final (1Ts 1.10; Ap 19.15; 20.11-15). Deus, observando a decisão humana de se afastar da sua presença e conselhos, entrega os pecadores à sua própria volúpia pecaminosa e à liberdade ansiada. Entretanto, esses se tornam escravos de si mesmos e dos que pensam de igual modo. Deus remove as restrições divinas que protegem a humanidade dos piores sofrimentos decorrentes da libertinagem e das coisas mais horríveis (26,28; At 7.42).
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ROMANOS 1, 2 25 Porquanto trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram objetos e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém! 26 E, por essa razão, Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. 27 De igual modo, os homens também abandonaram as relações sexuais naturais com suas mulheres e se inflamaram de desejo sensual uns pelos outros. Deram, então, início a sucessão de atos indecentes, homens com homens, e, por isso, receberam em si mesmos o castigo que a sua perversão requereu.11 28 Além do mais, considerando que desprezaram o conhecimento de Deus, Ele mesmo os entregou aos ardis de suas próprias mentes depravadas, que os conduz a praticar tudo o que é reprovável. 29 Então, tornaram-se cheios de toda espécie de injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão empanturrados de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, 30 caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; vivem
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criando maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais; 31 são insensatos, desleais, sem amor e respeito à família, sem qualquer misericórdia para com o próximo. 32 E, apesar de conhecerem a justa Lei de Deus, que declara dignos de morte todas as pessoas que praticam tais atos, não somente os continuam fazendo, mas ainda aprovam e defendem aqueles que também assim procedem.12 Deus julga toda a humanidade Portanto, és indesculpável, ó homem, sejas quem for, quando julgas, porque a ti mesmo te condenas em tudo aquilo que julgas no teu semelhante; pois tu, que julgas, praticas exatamente as mesmas atitudes. 2 Mas nós sabemos que o julgamento de Deus é de acordo com a verdade contra os que praticam tais ações.1 3 Deste modo, quando tu, um simples ser humano, os julga e, todavia, praticas os mesmos atos, pensas que de alguma forma escaparás ao juízo de Deus?2 4 Ou, porventura, desprezas a imensa riqueza da bondade, tolerância e paciência, não percebendo que é a própria
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11 As antigas sociedades gregas e romanas não apenas aceitavam o homossexualismo e a pederastia, mas exaltavam essas práticas como uma expressão de afeição superior ao amor heterossexual. As práticas homossexuais eram comuns também em todo mundo semítico; entretanto, para os judeus sempre foi uma abominação (Lv 18.22). A prática homossexual não é uma doença (podendo originar várias: mentais e físicas). É o resultado do pecado do afastamento de Deus (muitas vezes influenciado – como todos os pecados – pelos ardis do Diabo e seus demônios). E isso, ocorre por vários motivos, entre eles, está o fato de tirarmos Deus do seu trono de comando em nossas vidas e entronizarmos o nosso próprio “Eu” com a mais elevada carga de arrogância, egoísmo, mágoas e vaidades. Assim como o alcoólico, fumante, pornógrafo, drogado, mentiroso, fofoqueiro, desonesto, e tantos outros tipos de viciados, a Igreja deve atrair e tratar com carinho especial toda pessoa desejosa de libertar-se de uma vida mundana, vazia e desregrada. “Tudo é possível ao que crê!” (Mc 9.23; Mt 19.26; Lc 18.27). 12 O afastamento de Deus produz um tipo de “disposição mental reprovável”, ou seja, um favorecimento ao surgimento de idéias e pensamentos cada vez mais avessos à vontade de Deus e ao bom senso. Um grande pecado sempre tem início com uma singela idéia ou pensamento que, depois de algum tempo de sórdido agasalhamento, da origem a práticas maléficas, ainda que pareçam prazerosas a princípio. Paulo nos adverte para um tipo ainda mais ímpio de pecador: aquele que aplaude o erro e o mal cometido pelo seu semelhante. Hoje em dia, é comum vermos difundidos, especialmente pelos meios de comunicação, elogios de todo tipo a atitudes claramente contrárias à vontade de Deus reveladas nas Sagradas Escrituras. Capítulo 2 1 Paulo apresenta os princípios básicos do julgamento que Deus submete a todo ser humano em todos os tempos: 1) Conforme a verdade; 2) De acordo com as atitudes; 3) Segundo a compreensão de cada indivíduo sobre o que é certo e o que é errado. Os ensinos de Paulo sobre a crítica fácil concordam com os de Jesus (Mt 7.1). Ambos condenam o julgamento hipócrita, numa clara e direta advertência aos líderes judeus que tendiam a desprezar e julgar inferiores todos os gentios, enquanto suas próprias vidas eram dominadas pela ganância e imoralidades de todo tipo. Negavam assim, na prática, todos os ensinos e revelações da Torá (o AT). 2 É uma referência à maneira como Jesus Cristo falou sobre a Lei. O ser humano não é aceito, aos olhos do Senhor, simplesmente por guardar uma série de doutrinas e rituais religiosos (leis exteriores), mas pela completa renovação do interior (novo nascimento – Jo 3), por meio da habitação do Espírito Santo (Mt 5.22,28,48 em concordância com Rm 2.29).
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misericórdia de Deus que te conduz ao arrependimento?3 5 Entretanto, por causa da tua teimosia e do teu coração insensível e que não se arrepende, acumulas ira sobre ti no dia da ira de Deus, quando se revelará plenamente o seu justo julgamento. 6 Deus retribuirá a cada um segundo o seu procedimento. 7 Ele concederá vida eterna aos que perseverando em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade. 8 Por outro lado, reservará ira e indignação para todos os que se conservam egoístas, que rejeitam a verdade e preferem seguir a injustiça.4 9 Ele trará tribulação e angústia sobre todo ser humano que persiste em praticar o mal, em primeiro lugar para o judeu, e, em seguida, para o grego; 10 porém, glória, honra e paz para todo aquele que perseverar na prática do bem; primeiro para o judeu, depois para o grego. 11 Porquanto em Deus não existe parcialidade alguma. 12 Pois todos os que sem a Lei pecaram, sem a Lei também perecerão; e todos os que pecarem sob a Lei, pela Lei serão julgados.5 13 Pois, diante de Deus, não são os que
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simplesmente ouvem a Lei considerados justos; mas sim, os que obedecem à Lei, estes serão declarados justos.6 14 De fato, quando os gentios que não têm Lei, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam-se lei para si mesmos, muito embora não possuam a Lei; 15 pois demonstram claramente que os mandamentos da Lei estão gravados em seu coração. E disso dão testemunho a sua própria consciência e seus pensamentos, algumas vezes os acusando, em outros momentos lhe servindo por defesa. 16 Todos esses fatos serão observados na humanidade, no dia em que Deus julgar os segredos dos homens, por intermédio de Jesus Cristo, de acordo com as declarações do meu Evangelho. O crente deve ser fiel à Palavra 17 Ora, tu que levas o nome de judeu, e te fundamentas na Lei, e te glorias em Deus.7 18 Tu que conheces a vontade de Deus e aprovas as obras excelentes, porque és instruído pela Lei. 19 Tu que estás certo de que foi chamado para ser guia de cegos, luz para os que estão na escuridão, 20 mestre dos ignorantes, professor de
3 A bondade, graça e misericórdia de Deus têm como objetivo principal o arrependimento do ser humano. Os líderes religiosos judeus há muito tempo vinham interpretando a longaminidade e paciência do Senhor de forma errada, como se Deus – ao longo do tempo – deixasse de promover juízo e condenação sobre os pecadores contumazes (2Pe 3.9). 4 É importante ter sempre em mente que Paulo, em nenhum de seus escritos, jamais defendeu a necessidade de perfeição ética, vida monástica ou observância absoluta da Lei. Como fariseu, Paulo sabia muito bem da impossibilidade de um ser humano cumprir toda a Lei. Entretanto, se alguém julga ser capaz de obedecer a Lei ou algum padrão ético-religioso que o conduza a Deus, então o próprio Senhor o julgará mediante esse padrão estabelecido. Paulo está enfatizando que a única maneira de um pecador (como todos os seres humanos o são em menor ou maior grau) encontrar absolvição plena diante do juízo de Deus é morrendo com Cristo e ressuscitando com Ele (o Espírito Santo) para uma nova vida. Paulo refere-se às obras exigidas como confirmação da fé verdadeira, não como um meio para conquistar a salvação eterna. Com os privilégios espirituais vêm as responsabilidades espirituais (Am 3.2; Lc 12.38). 5 Os gentios (todos os não-judeus), são aqueles que “pecam sem a Lei”, pelo fato de a desconhecerem total ou parcialmente. Eles não serão julgados por uma Lei que desconhecem, mas certamente serão condenados por outros critérios, e especialmente pelo código de ética universal gravado por Deus na alma de todo homem (1.18-20; 2.15; Am 1.3 – 2.3). 6 Os que “obedecem à Lei” serão considerados justos. Entretanto, ninguém consegue cumprir toda a Lei (a Torá, Lei de Moisés). O argumento lógico desenvolvido por Paulo demonstra que um homem seria justificado se pudesse praticar a Lei, mas porque nenhum ser humano é capaz de guardá-la perfeitamente, então não pode haver justificação por esse meio (Tg 1.22-25). 7 Paulo usa em seu discurso o “diálogo com um interlocutor imaginário” (2.17-24), demonstrando o quanto conhecia seu povo e o pensamento teológico dos líderes judeus, a fim de dar mais ênfase às suas constatações. Citou um após outro os grandes orgulhos da religiosidade judaica para afirmar de que nada valiam diante de Deus, pois eram apenas conceitos teóricos e palavras pregadas sem a necessária demonstração da fé na vida prática diária. A expressão grega original diapheronta, aqui traduzida por “excelentes”, tem o sentido de “distinguir, discernir”. Pode significar a capacidade de “avaliar distinções morais” ou “reconhecer qualidades que se sobressaem devido ao seu valor eterno” (Fp 1.10).
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crianças, porquanto têm na Lei a expressão maior do conhecimento e da verdade. 21 Pois então, tu que tanto ensinas a outros, por que não educas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? 22 Tu, que ensinas que não se deve cometer adultério, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, mas lhes roubas os templos? 23 Tu, que te orgulhas da Lei, desonra a Deus, desobedecendo à própria Lei? 24 Pois, como está escrito: “Por vossa causa, o nome de Deus é blasfemado entre todos os povos!”. 25 Porquanto, a circuncisão tem valor se obedecerdes a Lei, mas, se tu não observares a Lei, a tua circuncisão já se tornou em incircuncisão.8 26 Se aqueles que não são circuncidados praticam os preceitos da Lei, não serão eles considerados circuncisos? 27 E aquele que é, por natureza incircunciso, mas cumpre a Lei, ele condenará a ti, que, mesmo tendo a Lei escrita e a circuncisão, és transgressor da Lei. 28 Portanto, não é legítimo judeu quem simplesmente o é exteriormente, nem é verdadeira, circuncisão a que é feita apenas fora do coração, no corpo físico. 29 Absolutamente não! Judeu é quem o é interiormente, e circuncisão é realizada na alma do crente, pelo Espírito, e não apenas pela letra da Lei. Para todos estes, o louvor não provém dos homens, mas de Deus!9
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Deus é fiel e justo Que vantagem pode haver, então, em ser judeu, ou que utilidade existe na circuncisão?1 2 Muita, em todos os sentidos! Primeiramente, porque ao judeu foram confiadas as palavras de Deus. 3 Sendo assim, que importa se alguns desses judeus foram infiéis? A infidelidade deles conseguiria anular a fidelidade de Deus? 4 Absolutamente não! Seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso. Como está escrito: “Para que sejas justificado em tuas palavras, e sejas vitorioso quando fores julgado”. 5 Mas, se a nossa injustiça ressalta de forma ainda mais nítida a justiça de Deus, que concluiremos? Acaso Deus é injusto por aplicar a sua ira? Estou apenas refletindo com a lógica g humana. 6 É evidente que não! Se fosse assim, como Deus julgará o mundo? 7 Mas, alguém pode alegar: “Se a minha mentira ressalta a veracidade de Deus, engrandecendo ainda mais sua glória, por que sou condenado como pecador?” 8 Ora, por que não dizer como alguns caluniosamente afirmam que dizemos: “Pratiquemos o mal para que nos sobrevenha o bem?” Por certo, a condenação dos tais é merecida!
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O ser humano é infiel e injusto 9 Qual a conclusão? Estamos nós em
8 A circuncisão (corte do prepúcio do órgão genital masculino) era um sinal da aliança que Deus estabeleceu com Israel e seu povo (Lv 12.3), e penhor de bênção decorrente dessa aliança (Gn 17.10,11). Contudo, na época de Jesus e Paulo, muitos líderes judeus já estavam considerando que um judeu circuncidado não podia ser condenado ao inferno. Ou seja, haviam transformado um ritual evocativo (um memorial) em uma cerimônia de garantia da salvação eterna e favor divino, independente da atitude de fé diária e seriedade com Deus, implícitas no próprio simbolismo do ato. A posição do NT se baseia em textos como Jr 9.25 e Dt 10.16. 9 A expressão original “Judeu” vem do hebraico antigo e deriva da palavra “Judá”, que significa “louvado” ou “objeto de elogio, que só tem valor quando vem de Deus”. Paulo faz aqui uma solene advertência (não somente aos judeus) contra os perigos da arrogância, presunção, confiança na justiça própria, e contra todo tipo de formalismo que confia em memoriais e rituais (como a Ceia e o batismo), que tem garantia em si mesmos da salvação eterna e das bênçãos de Deus àqueles que o recebem. O verdadeiro sinal de pertencer a Deus não é uma marca externa no corpo físico ou uma cerimônia especial de iniciação, mas o poder regenerador do Espírito Santo vindo habitar a alma do cristão sincero. Paulo denomina como “circuncisão operada no coração” o ato de arrependimento do pecador e a entrega incondicional de sua vida a Jesus para um novo nascimento (Dt 30.6). Capítulo 3 1 Paulo considera algumas das grandes realidades divinas: 1) Os oráculos de Deus são privilégios valiosíssimos entregues à humanidade. No entanto, a vantagem de possuir a Palavra de Deus (como no caso dos judeus e dos cristãos) implica necessariamente em responsabilidades e obrigações. 2) Deus é fiel. 3) Deus é justo. 4) Deus julgará e castigará todos os injustificados e pecadores, provando sua fidelidade e caráter justo (2Tm 2.13). 5) Deus é verdadeiro. Ele é a Verdade. 6) A glória de Deus.
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posição de vantagem? Não! Já demonstramos que tanto judeus quanto gentios estão todos subjugados pelo pecado. 10 Como está escrito: “Não há nenhum justo, nem ao menos um; 11 não há uma só pessoa que entenda, ninguém que de fato busque a Deus.2 12 Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que pratique o bem, não existe uma só pessoa. 13 Suas gargantas são como um túmulo aberto; usam suas línguas para ludibriar, enquanto, debaixo dos seus lábios está o veneno da serpente. 14 Suas bocas estão cheias de maldição e amargura. 15 Seus pés são rápidos para derramar sangue; 16 Os seus passos são marcados por destruição e miséria; 17 e não conhecem o caminho da paz. 18 Consideram que é inútil temer a Deus”. 19 Ora, sabemos que tudo o que a Lei diz, o diz aos que estão sob o domínio da Lei, para que toda a boca se cale e todo mundo fique sujeito ao juízo de Deus.3
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Portanto, ninguém será declarado justo diante dele confiando na obediência à Lei, pois é precisamente por meio da Lei que chegamos à irrefutável conclusão de que somos todos pecadores.4 20
Justificados pela fé em Jesus 21 Entretanto, nesses últimos tempos, se manifestou uma justiça proveniente de Deus, independente da Lei, mas da qual testemunham a Lei e os Profetas; 22 isto é, a justiça de Deus, por intermédio da fé em Jesus Cristo para todas as pessoas que crêem. Porquanto não há distinção.5 23 Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus,6 24 sendo justificados gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus.7 25 Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação por meio da fé, pelo seu sangue, proclamando a evidência da sua justiça. Por sua misericórdia, havia deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; 26 mas, no presente, demonstrou a sua justiça, a fim de ser justo e justificador
2 Paulo apresenta uma seqüência de citações do AT com o objetivo de confirmar sua teologia quanto à universalidade do pecado (vv.9-12). Tanto judeus quanto gentios estão debaixo do poder e da condenação do pecado. As citações não são literais, pois a preocupação de Paulo (bem como de outros autores do NT) tinha um sentido geral e didático, não literal. Além disso, os gregos não usavam aspas para identificar as citações, na maioria das vezes extraídas da Septuaginta (a tradução grega do AT, originalmente escrito em hebraico). Em alguns casos, inspirados pelo Espírito Santo, os autores canônicos do NT fizeram uso das citações do AT, adaptando e aplicando-as de várias formas ao contexto que estavam abordando. 3 A Lei aqui tem a ver com os Salmos, Profetas e Provérbios. É uma referência clara quanto à igual autoridade de todo o AT. Assim como em Jo 10.34; 15.25; 1Co 14.21. 4 A finalidade principal dessa passagem não é apenas demonstrar a culpabilidade dos judeus e de todos os demais povos sobre a face da terra (os gentios), como também demonstrar que nenhum sistema religioso, nenhuma crença primitiva e restrita ou altamente aculturada, é capaz de salvar o ser humano da condenação ao afastamento eterno da presença de Deus. 5 Bendito “entretanto”! Havendo revelado que todos os seres humanos (tanto judeus como gentios) são naturalmente ímpios (tendem espontaneamente à pratica do mal – 1.18 – 3.20), Paulo apresenta a “boa notícia” de que Deus – presente – está oferecendo gratuitamente um (e único) meio de justificação para cada indivíduo da raça humana que, de forma voluntária, pessoal e sincera, nele crer de todo o seu coração: Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Messias prometido. 6 Ao pecar (palavra que em hebraico tem o sentido de “errar o alvo”), o ser humano se encontra em falta perante o ideal para o qual Deus o criou (Is 43.7). A glória que o homem possuía e desfrutava antes da Queda (Gn 1.26-28; Sl 8.5,6; Ef 4.24; Cl 3.10), o cristão sincero voltará a ter por intermédio de Jesus Cristo (Hb 2.5-9). 7 Paulo emprega o verbo “justificar” em 22 citações (especialmente de 2.13 a 5.1, e em Gl 2 e 3). Esse termo é fundamental na teologia paulina: 1) Negativamente, quando Deus declara o crente “não-culpado”; 2) Positivamente, quando Deus declara o crente “justo”, cancelando a sua culpa do pecado e creditando-lhe justiça. A palavra “redenção” (no original em grego apolutrõsis) era usada comumente, na época, no sentido de “comprar um escravo para dar-lhe a carta de plena liberdade”. Um paralelo significativo se observa na redenção de Israel da escravidão no Egito (Êx 15.13), do exílio na Babilônia (Is 41.14; 43.1), e em relação ao livramento eterno do crente da escravidão do pecado, porquanto Cristo, por meio de sua morte e ressurreição, pagou o resgate exigido para nossa libertação.
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daquele que deposita toda a sua fé em Jesus.8 27 Onde está, pois, a razão para tanto orgulho? Foi completamente excluído! Por qual lei? Das obras? Não, ao contrário, pela lei da fé. 28 Concluímos, portanto, que o ser humano é justificado pela fé, independentemente da obediência à Lei!9 29 Deus é Deus apenas dos judeus? Ora, não é Ele igualmente Deus de todos os povos? Evidente que sim, dos gentios também, 30 visto que há um só Deus, que pela fé justificará os circuncisos e os incircuncisos. 31 Anulamos, pois, a Lei por causa da fé? De modo algum! Ao contrário, confirmamos a Lei.10 Abraão creu e foi justificado Portanto, que diremos sobre nosso pai humano Abraão?1 2 Se de fato Abraão foi justificado pelas obras, ele tem do que se orgulhar, mas não diante de Deus.
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Entretanto, o que diz a Escritura? “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça”. 4 Ora, o salário daquele que trabalha não é considerado como favor, mas como dívida. 5 Todavia, ao que não trabalha, mas crê em Deus, que justifica o ímpio, sua fé lhe é creditada como justiça. 6 Assim, também, Davi fala da bem-aventurança do homem a quem Deus leva em conta a justiça independente de obras: 7 “Como são felizes as pessoas que têm suas transgressões perdoadas, cujos pecados são cancelados! 8 Bem-aventurado aquele a quem o Senhor jamais cobrará o preço do pecado!”2 9 Essa imensa felicidade é destinada apenas aos que fizeram a circuncisão, ou é também oferecida aos incircuncisos? Pois já afirmamos que, no caso de Abraão, a fé lhe foi creditada como justiça. 10 Em que momento lhe foi creditada? Antes ou depois de ter sido circuncidado? De fato, não o foi depois, mas antes da circuncisão!3 3
8 A expressão “propiciação” vem do antigo hebraico, que traduzido para o termo grego na Septuaginta hilasterion, significa o lugar específico onde os pecados deviam ser expiados ou pagos (removidos), e que em grego era chamado de kapporeth (propiciatório). Através do sacrifício redentor de Jesus, o Filho; Deus, o Pai, remove o pecado do seu povo, não virtualmente ou simbolicamente como se dava nos rituais do passado (Lv 16), mas agora, em plena realidade físico-espiritual, eliminando definitivamente toda a culpabilidade humana perante Deus – o Supremo Juiz – e limpando completamente a consciência de cada indivíduo que aceita o sacrifício do Senhor como salvação para sua vida e, a partir dessa constatação, nasce de novo (Jo 3; 1Jo 2.2). 9 Quando Lutero estava traduzindo a Bíblia para a língua alemã, ao escrever esse versículo, fez questão de acrescentar a expressão restritiva “somente pela fé”. Ainda que o vocábulo “somente” não esteja nos originais gregos, reflete com exatidão o sentido geral da passagem (Tg 2.14-26). 10 Paulo faz uma bela e profunda analogia entre a importância e a exatidão da Lei; reconhecendo o primeiro artigo da Lei judaica, amado e defendido radicalmente por todos os judeus ao longo dos séculos: “O Senhor é um só Deus” (Dt 6.4), e a exaltação de Cristo – o Unigênito Filho de Deus – como único meio de Salvação para judeus e todos os gentios sobre a face da terra. Paulo percebe que será acusado de antinomismo (pregar ou agir contra a Lei). Contudo, apesar de mostrar que a Lei é impotente para salvar, e que esse poder opera somente em Jesus Cristo (capítulos 6 e 7), voltará a confirmar a validade da Lei na passagem do capítulo 13.18-10. Capítulo 4 1 Alguns traduções trazem a expressão “antepassado” quando se referem à ascendência paterna. Entretanto a KJ, neste caso, preservou a forma clássica “pai”. Paulo, sabiamente, exalta a memória do grande patriarca da nação israelita e verdadeiro exemplo de pessoa justificada (Tg 2.21-23) em sua carta aos judeus em Roma. Era comum, na época de Jesus, os mestres judeus citarem a vida de Abraão como exemplo de conquista do favor divino pelas obras. Entretanto, Paulo revela exatamente no pai dos judeus seu melhor exemplo de justificação pela fé (Gl 3.6-9). 2 Deus continua considerando e se entristecendo com os pecados cometidos pelo pecador arrependido (convertido). Contudo, o Espírito de Deus move esse pecador a reconhecer os erros praticados e confessar seus pecados ao Senhor, que o perdoa e lhe restitui a alegria espiritual do salvo (Sl 32.1-5; Ez 18.23,27,28,32; 33.14-16). 3 Abraão foi declarado justo cerca de quatorze anos antes de ser circuncidado (Gn 15; 17; Gl 3.17). Dessa forma, Abraão é também o pai (antepassado) de todos os crentes gentios (aqueles que não passaram pela circuncisão), porquanto Abraão creu e foi plenamente justificado antes mesmo que o ritual da circuncisão (o sinal dos judeus) fosse instituído.
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Sendo assim, ele recebeu a marca da circuncisão, como um selo da justiça que ele tinha pela fé, quando ainda não era circuncidado, para que fosse pai de todos os que crêem, ainda que não tenham sido circuncidados, a fim de que a justiça fosse creditada também a favor deles; 12 ele é igualmente pai dos circuncisos que não apenas passaram pela circuncisão, mas que também caminham sobre as marcas dos passos da fé que demonstrou nosso pai Abraão antes de ser circuncidado. 13 Porquanto, não foi pela Lei que Abraão, ou sua descendência, recebeu a promessa de que ele havia de ser o herdeiro do mundo; ao contrário, foi pela justiça da fé.4 14 Pois se os que vivem pela Lei são herdeiros, a fé não tem valor e a promessa é nula. 15 Porque a Lei produz a ira; mas onde não há Lei também não pode haver transgressão. 16 Por esse motivo, a promessa procede da fé, para que seja de acordo com a graça, a fim de que a promessa seja garantida a toda a descendência de Abraão, não somente a que é da Lei, mas igualmente a que é da fé que Abraão teve. Ele, portanto, é o pai de todos nós! 17 Como está escrito: “Eu o constituí pai de muitas nações”. Ele é o nosso pai 11
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aos olhos de Deus, em quem Abraão depositou sua fé, o Deus que dá vida aos mortos e convoca à existência elementos inexistentes, como se existissem. 18 Abraão, crendo, esperou contra todos os prognósticos desfavoráveis, tornandose, assim, pai de muitas nações, como ficou registrado a seu respeito: “Assim será a sua descendência”. 19 Sem desfalecer na fé, reconheceu que seu corpo físico perdera a vitalidade de outrora, pois já contava cerca de cem anos de idade, e que também o ventre de Sara não tinha o vigor do passado.5 20 Mesmo considerando tudo isso, não duvidou nem foi incrédulo quanto ao que Deus lhe prometera; mas, pela fé, se fortaleceu, oferecendo glória a Deus,6 21 estando absolutamente convicto de que Ele era poderoso para realizar o que havia prometido. 22 Por essa razão, “isso lhe foi atribuído como justiça”. 23 Todavia, não é somente para ele que as palavras “isso lhe foi atribuído como justiça” foram registradas, 24 mas igualmente para todos nós, a quem Deus concederá justificação, a nós que cremos naquele que ressuscitou dos mortos, a Jesus, nosso Senhor. 25 Ele foi entregue à morte para pagar todos os nossos pecados e ressuscitado para nossa completa justificação.7
4 Abraão é o pai de todos os crentes fiéis (judeus ou gentios – Gn 12.3). O domínio completo do mundo pertence à descendência espiritual de Abraão (1Co 3.21, 6.2). Porém, a plena realização dessas promessas aguarda a consumação do Reino messiânico com o glorioso retorno de Jesus Cristo (Gn 12.7; 13.14,15; 15.7, 18.21; 17.8; Sl 37.9, 11, 22, 29, 34; Mt 5.5). 5 Abraão passou por momentos de preocupação e ansiedade (Gn 17.17,18), no entanto, o Senhor não viu nessas manifestações nada que pudesse comprometer a sinceridade da fé de Abraão. A fé madura e firme não se recusa a reconhecer a realidade das dificuldades, mas as enfrenta com a segurança de quem tem plena certeza de que o Senhor dos exércitos, que está à sua frente, é também seu Pai amoroso. Sara era dez anos mais nova que Abraão, todavia há muito passara da idade de gerar filhos. Paulo afirma que Deus é capaz de criar do nada (como fez com o próprio Universo) e dar vida aos mortos, uma alusão ao nascimento de Isaque, quando Abraão e Sara há muitos anos estavam estéreis (Gn 18.11). Paulo segue em seu raciocínio até comparar a ressurreição de Cristo à promessa da nossa ressurreição, pois Ele é o doador da vida e da eternidade (v.24,25). 6 As obras são a tentativa desesperada da humanidade para conquistar algum direito de reivindicar o favor de Deus. Abraão demonstrou que a fé é a simples e sincera disposição do coração do crente em dar glória a Deus: Primeiro, pelo que já recebeu. Segundo, pela resposta amorosa que virá do seu Pai. Um pai sábio e amoroso não dá tudo o que seu filho pede, mas procura proporcionar-lhe sempre o melhor. 7 A expressão grega paradidõmi, “entregar”, aparece duas vezes na Septuaginta e tem a ver com as passagens de Is 53.6 e 12. Cristo foi entregue para ser sacrificado, e, assim, expiar definitivamente os pecados de todos os que nele crêem. Da mesma maneira, ressuscitou para garantir a plena justificação do seu povo que herdará as promessas do Seu Reino. Essas palavras de Paulo se tornaram uma espécie de credo confessional da igreja cristã primitiva.
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O justificado tem Paz com Deus Portanto, havendo sido justificados pela fé, temos paz com Deus, por meio do nosso Senhor Jesus Cristo,1 2 por intermédio de quem obtivemos pleno acesso pela fé a esta graça na qual agora estamos firmados, e nos gloriamos na confiança plena da glória de Deus.2 3 Mas não somente isso, como também nos gloriamos nas tribulações, porque aprendemos que a tribulação produz perseverança; 4 a perseverança produz um caráter aprovado; e o caráter aprovado produz confiança. 5 E a confiança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que Ele mesmo nos outorgou.3 6 Em verdade, no devido tempo, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu por todos os ímpios. 7 Sabemos que é muito difícil que alguém se disponha a morrer por um justo; embora por uma pessoa que se dedique ao bem, talvez, alguém tenha a coragem de dispor sua vida.
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Porém, Deus comprova seu amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido em nosso benefício quando ainda andávamos no pecado. 9 Agora, como fomos justificados por seu sangue, muito mais ainda, por intermédio dele, seremos salvos da ira de Deus!4 10 Ora, se quando éramos inimigos de Deus fomos reconciliados com Ele mediante a morte de seu Filho, quanto mais no presente, havendo sido feitos amigos de Deus, seremos salvos por sua vida.5 11 E, ainda mais, se nos gloriamos também em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, completa reconciliação. 8
Morte em Adão, Vida em Cristo 12 Concluindo, da mesma forma como o pecado ingressou no mundo por meio de um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte foi legada a todos os seres humanos, porquanto todos pecaram.6 13 Porque antes de ser promulgada a Lei, o pecado já estava no mundo; todavia, o pecado não é levado em conta quando não existe a lei.
1 Paulo fala de um novo statuss diante de Deus, não apenas de um sentimento de tranqüilidade e leveza de alma. Antes de aceitarmos o sacrifício vicário de Jesus como a nossa única e completa justificação perante a Lei divina, estávamos condenados a viver como inimigos de Deus, separados de sua paternidade. Agora, porém, fomos elevados à posição de “amigos de Deus” e seus filhos (v.10; Ef 2.16; Cl 1.21,22; Hb 12.6-8 de acordo com Mt 5.10-12 e Sl 43.4). 2 Foi Jesus quem nos elevou à presença do Pai, ao rasgar a robusta e resistente cortina da Lei (que ficava no templo) e que fazia separação entre o homem e Deus (Mt 27.51). O cristão recebe em seu coração, pelo Espírito Santo, a “esperança revestida de certeza absoluta”, de que o propósito para qual o Senhor o criou será perfeitamente realizado (3.23). 3 A confiança (esperança com certeza) em Deus não confunde e jamais nos decepcionará, como é comum ocorrer na confiança que colocamos em nossos semelhantes. Paulo faz uma citação que está na Septuaginta (Is 28.16) e a repete em Rm 9.33 e 10.11. A expressão no original tem o sentido de não se envergonhar pela frustração, pois o Senhor jamais faltará com Sua Palavra e cumprirá todas as Suas promessas (Rm 4.20,21). 4 O cristão sincero está livre da condenação final e do Dia da Ira do Senhor sobre os incrédulos e ímpios (1Ts 1.10 e 5.9). Quando Cristo morreu sacrificialmente, a nossa dívida de pecado contra Deus e a Lei foi totalmente liquidada. Quando aceitamos a Cristo, pela fé, nos apropriamos da Salvação. Por isso, no futuro, receberemos todo o complemento da indescritível e infalível Graça de Deus. Estes são os três aspectos da nossa redenção. 5 É importante notar que o homem escolheu ser inimigo de Deus ao desobedecer sua ordem explícita (Gn 3). Entretanto, Ele nunca se considerou inimigo do homem. Ao contrário, durante toda a história da humanidade, Deus vem disponibilizando formas de o ser humano reconhecer seus erros e voltar-se ao Pai (a Lei, os Profetas e, por fim, Jesus, o próprio Deus encarnado. Veja o v.11 e Cl 1.21,22). Somos salvos perpetuamente (de uma vez por todas) porquanto Cristo vive eternamente (Hb 7.25). A expressão “reconciliados” vem do termo grego original katallassein que significa “mudar radicalmente” ou “trocar a essência”. Assim, nossa relação com Deus “mudou” por meio da morte vicária do Seu Filho Jesus, e passamos da posição de inimigos para filhos amados (2Co 5.18-20). 6 Adão representa a tendência do ser humano para o pecado, a indiferença do homem em relação ao amor do Criador e a condenação de toda a raça humana à eterna separação de Deus (1.18 – 3.20). Jesus Cristo representa a plena e eterna justifica-ção do crente (3.21 – 5.11). Portanto, a nova raça unida a Cristo (os nascidos de novo, conforme Jo 3) tem um novo e esplêndido princípio de vida (natureza de Deus) habitando e trabalhando diariamente em sua alma: o Espírito Santo. Isso significa que há uma relação inseparável entre justificação e santificação (desenvolvimento de um caráter mais parecido com o de Jesus Cristo – capítulos 6 a 8).
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No entanto, a morte reinou desde a época de Adão até os dias de Moisés, mesmo sobre aqueles que não cometeram pecado semelhante à desobediência de Adão, o qual era uma prefiguração daquele que haveria de vir. 15 Contudo, não há comparação entre o dom gratuito e a transgressão. Pois, se muitos morreram por causa da desobediência de um só, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, transbordou para multidões! 16 Por isso, não se pode comparar a graça de Deus com a conseqüência do pecado de um só homem; porquanto, o julgamento derivou de uma só ofensa que resultou em condenação, mas o dom gratuito veio de muitas transgressões e trouxe a justificação. 17 Pois, se pela transgressão de um só homem, a morte reinou por meio desse, muito mais os que recebem da transbordante provisão da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por intermédio de um único homem: Jesus Cristo! 18 Portanto, assim como uma só transgressão determinou na condenação de todos os seres humanos, assim igualmente um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens. 19 Sendo assim, como por meio da desobediência de um só homem muitos se 14
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tornaram pecadores, assim também, por intermédio da obediência de um único homem, muitos serão feitos justos. 20 A Lei foi instituída para que a transgressão fosse ressaltada. Mas onde abundou o pecado, superabundou a graça,7 21 para que, assim como o pecado reinou na morte, assim também reine a graça pela justiça para outorgar vida eterna, por intermédio de Jesus Cristo, nosso Senhor. Libertos do poder do pecado Então, qual seria a conclusão? Devemos continuar pecando a fim de que a graça seja ainda mais ressaltada? 2 De forma alguma! Nós que morremos para o pecado, como seria possível desejar viver sob seu jugo?1 3 Ou ignoreis que todos nós, que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos igualmente batizados na sua morte? 4 Portanto, fomos sepultados com Ele na morte por meio do batismo, com o propósito de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma nova vida.2 5 Se desse modo fomos unidos a Ele na semelhança da sua morte, com toda a certeza o seremos também na semelhança da sua ressurreição. 6 Pois temos conhecimento de que a nossa velha humanidade em Adão foi
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7 A Lei foi introduzida não para proporcionar a redenção, mas para enfatizar o quanto essa redenção plena e total se fazia necessária. Com a Lei o pecado, ficou ainda mais evidente, marcando claramente seu contraste em relação à santidade de Deus Capítulo 6 1 Essa é uma pergunta reflexiva, fruto da afirmação que Paulo acabara de fazer em 5.20, a fim de responder a alguns líderes judeus que o estavam acusando de pregar uma doutrina antinômica (contrária à Lei). Eles estavam confundindo a teologia da justificação somente por meio da fé em Cristo, com a pregação de um estilo de vida libertino e moralmente irresponsável. Paulo enfatiza, em seus ensinos, que há dois resultados inequívocos da nossa maravilhosa união com Cristo: 1) A remoção completa de nossas culpas pela morte sacrificial de Jesus Cristo; 2) A eficácia da ressurreição do Senhor, originando uma nova vida de santidade que envolve toda a alma, consciência e corpo físico do cristão sincero, e que dia a dia transforma-lhe o caráter à imagem de Cristo (Imago Dei). Os principais indícios do novo nascimento são justamente a vontade imensa de adorar a Deus, comunhão com os irmãos, fome pela Palavra, disposição para evangelizar o mundo e a busca perseverante por uma vida santa, contudo, sem legalismo ou fanatismo. 2 Na época em que o NT estava sendo escrito, o batismo se seguia tão rapidamente ao arrependimento e à conversão, que os dois atos eram considerados parte de um só grande acontecimento: o novo nascimento (At 2.38). Portanto, embora a cerimônia do batismo, especialmente em nossos dias, não seja o meio para estabelecermos um relacionamento vital com Cristo por meio da fé, esse símbolo está estreitamente relacionado à disposição de crer. Mediante a fé estamos unidos a Jesus Cristo, assim como, por meio do nosso nascimento natural, ficamos unidos a Adão (o primeiro ser humano). O batismo simboliza nossa morte para o pecado que herdamos do pai da raça humana (Adão), e nossa ressurreição com Cristo para uma vida eterna de adoração e santidade diante de Deus.
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crucificada com Ele, a fim de que o corpo sujeito ao pecado fosse destruído, para que nunca mais venhamos a servir ao pecado. 7 Porquanto, todo aquele que morreu já foi justificado do pecado. 8 E mais, se morremos com Cristo, cremos que também com Ele viveremos! 9 Pois sabemos que, havendo sido ressuscitado dos mortos, Cristo não pode morrer novamente; ou seja, a morte não tem mais qualquer poder sobre Ele. 10 Porque ao morrer para o pecado, morreu de uma vez por todas para o pecado, todavia, quanto ao viver, vive para Deus. 11 Assim, desta mesma maneira, considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. 12 Portanto, não permitais que o pecado domine vosso corpo mortal, forçandovos a obedecerdes às suas vontades. 13 Tampouco, entregais os membros do vosso corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; antes consagraivos a Deus com quem fostes levantados da morte para a vida; e ofereçais os vossos membros do corpo a Ele, como instrumentos de justiça.3 14 Porquanto o pecado não poderá exer-
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cer domínio sobre vós, pois não estais debaixo da Lei, mas debaixo da Graça!4 Súditos da Justiça pela Graça 15 Que resposta dar? Vamos nos atirar ao pecado porque não estamos sob o jugo da Lei mas sob o poder da lei da Graça? Não! De forma alguma. 16 Não estais informados de que ao vos entregardes a alguém como escravos para lhe obedecer, sois escravos deste a quem obedeceis, seja do pecado para a morte, seja da obediência que leva à justiça?5 17 Todavia, graças a Deus, porquanto, embora havendo sido escravos do pecado, obedecestes de coração à forma do ensino a que fostes submetidos. 18 Vós fostes libertos do pecado e vos tornaram escravos da justiça. 19 Expresso-me, assim, nos termos do homem comum, por causa da fraqueza da vossa carne. Pois, assim, como apresentastes os membros do vosso corpo como escravos da impureza e da maldade que conduz a iniqüidades ainda maiores; apresentai, a partir de agora, todos os membros do vosso corpo como escravos da justiça para a santificação.6
3 Esse é um chamado eloqüente para que o cristão sincero torne-se, na vida diária e em seus relacionamentos, aquilo que ele já é por posição: morto para esse sistema mundial pecaminoso e para o seu pecado que, mesmo agonizante, luta por fazer prevalecer suas vontades na alma do crente (vv. 5-7); e vivo para adorar e servir a Deus (vv. 8-10). Após essa tomada de posição, o próximo passo em direção à vitória do cristão sobre o pecado é a decisiva e perseverante recusa de permitir que o pecado volte a dominar sua vida, decisões éticas e morais (v.12). Finalmente, o último passo tem a ver com a entrega absoluta da vida (todos os aspectos e recônditos da alma) do crente aos cuidados paternos e poderosos de Deus, que agora habita em seu corpo na pessoa do Espírito Santo (v.13). 4 Paulo compreendia o pecado como uma espécie de poder escravizador, e por isso o personificou. O crente em Cristo não está livre das suas responsabilidades em relação à verdade e à justiça, nem tampouco da autoridade moral dos mandamentos de Deus. O que Paulo está ensinando é que não estamos sujeitos à Lei mosaica da mesma forma que os judeus do AT estavam, e que ela não oferece nenhuma capacitação para vencermos o poder do pecado introduzido na terra desde Adão. A Lei, em termos práticos, é o código penal diante do qual estamos todos condenados. A graça, entretanto, oferece ao cristão sincero plena capacitação (Tt 2.11,12). 5 Os versículos de 15 a 23 apresentam uma analogia entre a teologia da redenção e o procedimento ético do mercado de escravos, prática muito comum nos tempos do NT. O escravo está sob a obrigação moral de servir o seu mestre (de onde vem a nossa forma de tratamento, em português: sinhá, dona; sinhô, dono) até a morte. Uma vez morto, o dono não tem mais autoridade ou poder algum sobre a alma dele. Desse mesmo modo, acontece com o crente em Cristo. O seu “velho dono”, o pecado, não tem mais direito sobre sua vida ou vontades, uma vez que já morreu com Cristo. 6 Paulo pede desculpas por usar uma analogia ligada à escravidão, assunto bastante popular em sua época, mas sobre o qual os judeus tinham ojeriza. O povo judeu sempre acreditou na liberdade que Deus outorgou aos homens. No entanto, os judeus foram feitos escravos por muitos povos durante longos períodos da história da humanidade. A comparação de Paulo, porém, é ideal para ilustrar uma grande verdade universal: ou se é escravo (servo) de Deus ou do Diabo. Essa forma de doutrina refere-se a um sumário de ética cristã, baseado nos ensinos de Jesus Cristo, que normalmente era ministrado aos convertidos na igreja primitiva, a fim de discipular os novos crentes nos primeiros passos da vida cristã.
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Porque, quando éreis escravos do pecado, estáveis livres em relação à justiça. 21 E que fruto colhestes, então, das atitudes das quais agora vos envergonhais? Pois o resultado final delas é a morte! 22 Contudo, agora libertos do pecado, e tendo sido transformados em escravos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação, e por fim a vida eterna.7 23 Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna por intermédio de Cristo Jesus, nosso Senhor!
restes quanto à Lei mediante o corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, àquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus. 5 Pois quando éramos dominados pela natureza pecaminosa, as paixões dos pecados, instigadas pela própria Lei, agiam livremente em nosso corpo, de maneira que dávamos frutos para a morte. 6 Mas, agora, fomos libertos da Lei, havendo morrido para aquilo que nos aprisionava, para servimos de acordo com a nova ministração do Espírito, e não conforme a velha forma da Lei escrita.3
A relação entre Lei e Graça Caros irmãos, falo convosco como conhecedores da Lei. Acaso não sabeis que a Lei tem autoridade sobre uma pessoa apenas enquanto ela vive?1 2 Por exemplo, pela Lei a mulher casada está ligada ao marido enquanto ele vive; mas, se ele morrer, ela está livre da lei do casamento. 3 Por isso, se ela se casar com outro homem, enquanto seu marido ainda estiver vivo, será considerada adúltera. Mas se o marido morrer, ela estará livre daquela lei, e mesmo que venha a se casar com outro homem, não estará adulterando.2 4 Assim também, vós, meus irmãos, mor-
A Lei condena, Jesus liberta 7 Portanto, que concluiremos? A Lei é pecado? De forma alguma! De fato, eu não teria como saber o que é pecado, a não ser por intermédio da Lei. Porquanto, na realidade, eu não haveria conhecido a cobiça, se primeiro a Lei não tivesse dito: “Não cobiçarás”. 8 Mas o pecado, aproveitando-se da ocasião dada pelo mandamento, provocou em mim todo o tipo de cobiça; porque, onde não há lei, o pecado está morto. 9 Antes eu vivia sem a Lei; mas quando veio o mandamento, o pecado reviveu, e eu fui ferido de morte;4
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7 Ser sinceramente devotado a Deus produzirá, inevitavelmente, santidade. E o final desse processo é a vida eterna. Não existe vida eterna sem santidade (Hb 12.14). Todo aquele que já passou pela justificação (o primeiro ato da salvação que é composta de justificação, santificação e glorificação), com toda certeza, demonstrará, por meio de suas atitudes diárias, evidências desse fato. Uma pessoa que não está sendo santificada (purificada pelo Espírito Santo) em seus pensamentos e atitudes deve avaliar se realmente houve, em algum momento, um arrependimento sincero do seu coração na presença do Espírito de Cristo e, portanto, a justificação. Capítulo 7 1 Paulo tem em mente tanto a Lei mosaica quanto a lei divina, no seu sentido mais universal e implicações gerais. Assim também quanto ao homem, Paulo não se limita a uma análise simplista do crente e do não convertido, mas vai além e investiga a complexidade do ser humano quanto à sua tendência natural para o mal (o ser humano sempre se sentiu atraído pelo proibido), enquanto sua consciência íntima aponta para o bem e a verdade; como se a alma humana, embora nesse mundo, tivesse saudades da casa paterna, mas vontade de ceder à cobiça da carne (todas as ambições de prazer e glória). 2 No cap. 6, Paulo faz uma analogia do compromisso que há entre o escravo e seu senhor (dono). Em 7.1-6, a ilustração utilizada é a do compromisso (aliança, contrato) celebrado no casamento. Paulo demonstra que a liberdade da Lei é a mesma que uma esposa tem em relação ao seu marido. A relação é de simples entendimento: assim como a morte do marido dissolve o vínculo formal entre o marido e a esposa, a morte do crente com Cristo quebra o jugo da Lei. O cristão está, portanto, livre do domínio do pecado para unir-se a Cristo, que jamais morrerá novamente, o que significa, que essa nova união não terá fim (6.9; 7.4). 3 A antítese entre o espírito e a simples letra escrita aponta para um novo tempo, aquele em que a “nova aliança” de Jeremias se realiza (Jr 31.31). A “letra” transmite o sentido de guardar tudo o que a Lei determina no seu aspecto exterior (cumprir o que está escrito sem maiores reflexões ou interpretações subjetivas), à base da força de vontade e na capacidade moral dos homens. O “espírito” refere-se às novas relações e forças produzidas em Cristo pelo Espírito Santo. 4 Paulo faz uma análise da sua própria experiência de vida, ao mesmo tempo em que considera a existência de todos os homens, a partir do seu conhecimento atual da graça divina em Cristo Jesus. Antes de se dar conta de que a Lei existia com tamanho vigor, poder e rigidez, e de que estava condenado à morte, o menino Paulo vivia alegre e em paz. Com a chegada do seu
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e descobri que o mandamento que era para vida, transformou-se em morte para mim.5 11 Porquanto o pecado, valendo-se do mandamento, iludiu-me, e por meio dele me matou. 12 De maneira que a Lei é santa, e o mandamento, santo, justo e bom. 13 Portanto, isso significa que o que era bom tornou-se morte para mim? De forma alguma! Mas o pecado para que se revelasse como pecado, produziu em mim a morte por intermédio do que era bom; a fim de que, por meio do mandamento, o pecado se demonstrasse extremamente maligno.6 14 Porquanto é do nosso pleno conhecimento de que a Lei é espiritual; eu, entretanto, sou limitado pela carne, pois fui vendido como escravo ao pecado. 15 Pois não compreendo meu próprio modo de agir; porquanto o que quero, isso não pratico; entretanto, o que detesto, isso me entrego a fazer.7 16 Ora, e se faço o que não desejo, tenho que admitir que a Lei é boa. 17 Nesse sentido, não sou mais eu quem 10
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determina o meu agir, mas sim o pecado que habita em mim. 18 Porque sei que na minha pessoa, isto é, na minha carne, não reside bem algum; porquanto, o desejar o bem está presente em meu coração, contudo, não consigo realizá-lo.8 19 Pois o que pratico não é o bem que almejo, mas o mal que não quero realizar, esse eu sigo praticando. 20 Ora, se faço o que não quero, já não sou eu quem o realiza, mas o pecado que reside em mim. 21 Assim, descubro essa Lei em minha própria carne: quando quero fazer o bem, o mal está presente em mim. 22 Pois no íntimo da minha alma tenho prazer na Lei de Deus; 23 contudo, vejo uma outra lei agindo nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha razão, tornandome prisioneiro da lei do pecado que atua em todos os meus membros. 24 Miserável ser humano que sou! Quem me libertará deste corpo de morte?9 25 Graças a Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor! De modo que, eu mesmo com
bar mitzvah (importante cerimônia judaica na qual o jovem, aos 13 anos, passa a ser responsável pelo cumprimento da Lei), bem como na vida adulta, quando as demandas do seu vínculo com os fariseus amadureceram suas convicções legais e institucionais, e, por fim, quando do seu encontro com Cristo, fato que determinou sua conversão, Paulo chegou à conclusão que estava morto, “porque o salário do pecado é a morte” (6.23; Lc 18.20,21; Fp 3.6). 5 O que aconteceu na prática foi que a Lei veio a ser a via de acesso do pecado, tanto na experiência de Paulo quanto para toda a humanidade. Em vez de conceder vida, a Lei produziu condenação; em lugar de promover a santidade, provocou o pecado. Todavia, a responsabilidade pelo pecado não está na Lei, uma vez que ela foi criada por Deus para ajudar os seres humanos a ordenar, suas prioridades, identificarem o certo do errado, o bem do mal, e a viverem em paz e fraternidade uns com os outros. Portanto, a Lei é santa, justa e boa (v.12). 6 O pecado e seu pai (o Diabo) usaram a santa Lei de Deus para uma finalidade ímpia (a morte). Esse fato revela quão desprezíveis são o nosso Inimigo e suas artimanhas. 7 Paulo fala da própria intimidade da sua alma e de suas lutas como homem e como cristão, ao mesmo tempo em que se refere a um conflito comum a todos os seres humanos. Até mesmo o crente mais santificado tem dentro de si a semente da rebelião que herdou de Adão, a qual vem sendo explorada pelo Diabo de geração em geração desde a Queda (Gn 3). Paulo é eloqüente quando usa a expressão “fui vendido como escravo ao pecado”, para retratar como todos nós passamos pela experiência de ser subjugados pelo poder deste mundo e do pecado. E, mesmo após a conversão, o pecado agonizante procura nos ferroar persistentemente. Paulo, ainda, revela que nossas lutas interiores provocam todo tipo de tensão, ambivalência, confusão e frustrações. 8 Paulo faz uma humilde e honesta declaração em relação à tenacidade do pecado em tentar controlar a vida dos crentes (v.17). No v.18 ele se refere ao estado caído do ser humano, como denota a parte inicial da frase. Evidentemente, ele não está dizendo que não pode haver a mínima bondade prática nos cristãos. 9 Paulo usa o corpo como metáfora de um cadáver que pesava sobre suas costas, mas que era de sua responsabilidade equilibrá-lo para que não caísse ou alterasse o curso do seu trajeto ao carregá-lo (6.6). O cristão vive em dois mundos ao mesmo tempo e isso causa muitas aflições. Este é o motivo pelo qual a carne batalha contra o Espírito e o Espírito batalha contra a carne, porquanto são opostos entre si (Gl 5.17). A vitória contra esse inimigo (a disposição para o pecado que persiste em nós) não vem sem muita luta, mas ao longo do nosso tempo de caminhada cristã e amadurecimento espiritual. Graças a Deus a vitória virá por Cristo, e isso está maravilhosamente descrito no capítulo seguinte.
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a razão sirvo à Lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado. O Espírito guia os filhos de Deus Portanto, agora não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus.1 2 Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. 3 Porquanto, aquilo que a Lei fora incapaz de realizar por estar enfraquecida pela natureza pecaminosa, Deus o fez, enviando seu próprio Filho, à semelhança do ser humano pecador, como oferta pelo pecado. E, assim, condenou o pecado na carne,2 4 para que a justa exigência da Lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a natureza carnal, mas segundo o Espírito. 5 Os que vivem segundo a carne têm a mente voltada para as vontades da natureza carnal, entretanto, os que vivem de acordo com o Espírito, têm a mente orientada para satisfazer o que o Espírito deseja. 6 A mentalidade da carne é morta, mas a mentalidade do Espírito é vida e paz. 7 Porque a mentalidade da carne é inimi-
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ga de Deus, pois não se submete à Lei de Deus, nem consegue fazê-lo. 8 Os que vivem na carne não podem agradar a Deus.3 9 Vós, contudo, não estais debaixo do domínio da carne, mas do Espírito, se é que de fato o Espírito de Deus habita em vós. Todavia, se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo. 10 Porém, se Cristo está em vós, o corpo está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça. 11 E, se o Espírito daquele que ressuscitou dos mortos a Jesus habita em vós, aquele que ressuscitou dos mortos a Cristo Jesus igualmente vos dará vida a seus corpos mortais, por intermédio do seu Espírito que habita em vós.4 12 Portanto, irmãos, estamos em dívida, não para com a natureza carnal, para andarmos submissos a ela. 13 Porque, se viverdes de acordo com a carne, certamente morrereis; no entanto, se pelo Espírito fizerdes morrer os atos do corpo, vivereis. 14 Porquanto, todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. 15 Pois vós não recebestes um espírito que vos escravize para andardes, uma vez mais, atemorizados, mas recebestes
1 Essas são as “boas novas” (o Evangelho): 1) A Lei incita, ressalta e condena o pecado. Todavia, o cristão não está “debaixo da Lei” (6.4); 2) O crente “em Cristo” é incorporado plenamente ao Corpo de Cristo, mediante o Espírito (1Co 12.13); 3) O Corpo, que teve início na morte e ressurreição, tem Jesus Cristo como cabeça e inclui todos os remidos como Seus membros (Ef 1.22,23); 4) A autoridade que governa o Corpo não é mais a Lei, tampouco a natureza carnal, muito menos o pecado, mas a Lei do Espírito, que significa: liberdade (v.2). Pelo Espírito, o cristão é liberto do cativeiro do pecado. 2 Deus se identificou perfeitamente com o ser humano na pessoa de Jesus Cristo, porém sem ter cometido pecado algum (2Co 5.21). Constituindo-se no único e verdadeiro Homem sem pecado, cumpriu integralmente o plano original de Deus para o ser humano. A expressão “oferta pelo pecado” (que não foi traduzida por algumas versões) consta da Septuaginta como peri hamartias, expressão grega derivada do antigo termo hebraico hatta´th, que significa literalmente “oferta para o pecado”. 3 Paulo não se refere à carne como substância física, mas sim ao caráter moral e ético da expressão. É o campo (área de nossa vida) ao qual o poder do pecado e do Diabo tem acesso e controle, e no qual as obras próprias da natureza carnal são concebidas e praticadas (Gl 5.19-21). Após a morte e ressurreição de Jesus, existem apenas dois grandes campos: “a carne” e “o Espírito”. É impossível viver nos dois lugares simultaneamente (v.9). A Lei não perdeu sua relevância na vida do cristão. Contudo, ela não tem em si o poder da salvação do pecador condenado. Sua autoridade, no entanto, se aplica à orientação moral e ética do crente, que a interpreta e obedece, por amor a Cristo, mediante o esclarecimento e poder do Espírito Santo que agora habita seu espírito, alma e corpo (1Ts 5.23). 4 Todos os corpos (cristãos ou não) estão sujeitos à morte e decomposição física, conseqüência do pecado original (Gn 3). A ressurreição da alma e do corpo dos crentes para a vida eterna está garantida mediante a presença do Espírito Santo que neles habita. Presença esta evidenciada por uma vida controlada pelo próprio Senhor Jesus. Uma vida sob o domínio do Espírito é o selo de garantia total de que desde aqui e agora nossa ressurreição está certa (1Co 6.14; 15.20,23; 2Co 4.14; Fp 3.21; 1Ts 4.14).
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o Espírito que os adota como filhos, por intermédio do qual podemos clamar: “Abba, Pai!”.5 16 O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus. 17 Se somos filhos, então, também somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se realmente participamos dos seus sofrimentos para que, da mesma maneira, participemos da sua glória. O sofrimento e a glória futura 18 Estou absolutamente convencido de que os nossos sofrimentos do presente não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada. 19 A própria natureza criada aguarda, com vívido anseio, que os filhos de Deus sejam revelados.6 20 Porquanto a criação foi submetida à inutilidade, não por sua livre escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, 21 na esperança de que também a própria natureza criada será libertada do cativeiro da degeneração em que se encontra, recebendo a gloriosa liberdade outorgada aos filhos de Deus.7 22 Sabemos que até hoje toda a criação geme e padece, como em dores de parto.
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E não somente ela, mas igualmente nós, que temos os primeiros frutos do Espírito, também gememos em nosso íntimo, esperando com ansiosa expectativa, por nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo. 24 Porquanto, precisamente nessa esperança fomos salvos. Contudo, esperança que se vê não é esperança; pois como pode alguém anelar por aquilo que está vendo?8 25 Porém, se esperamos por algo que ainda não podemos ver, com paciência o aguardamos. 26 Do mesmo modo, o Espírito nos auxilia em nossa fraqueza; porque não sabemos como orar, no entanto, o próprio Espírito intercede por nós com gemidos impossíveis de serem expressos por meio de palavras.9 27 E aquele que sonda os corações conhece perfeitamente qual é a intenção do Espírito; porquanto, o Espírito suplica pelos santos em conformidade com a vontade de Deus. 23
Somos mais que vencedores Estamos certos de que Deus age em todas as coisas com o fim de beneficiar todos os que o amam, dos que foram chamados conforme seu plano.10 28
5 No primeiro século, a adoção era a forma jurídica e legal (especialmente entre os romanos e gregos) por meio da qual o pai adotivo recebia um filho e a ele destinava todos os direitos para perpetuar o nome da família e administrar sua herança. A expressão em aramaico abba era a maneira carinhosa como as famílias judias na palestina, na época de Cristo, se referiam a pessoa do pai. Cristo usou esse termo em suas orações e ensinou seus discípulos a considerarem o Deus Altíssimo e TodoPoderoso como nosso “pai querido” ou “papai”, numa clara alusão à forma amorosa e sincera com que Deus convive com Seus filhos. Os judeus, entretanto, tinham receio de usar uma forma de tratamento tão informal e pessoal (v.23; 9.4; Mc 14.36; Lc 11.2; Gl 4.5; Ef 1.5). 6 Todos aqueles que sinceramente crêem em Cristo já foram promovidos à posição de filhos de Deus, todavia, a plena manifestação de tudo o que esse privilégio implica está reservada para os últimos dias (1Jo 3.1,2). 7 Paulo se refere à queda cósmica (em algumas versões traduzida impropriamente como “vaidade”), a qual se encontra detalhada nas Escrituras de Gn 3 até Ap 22.3 (“nunca mais haverá maldição”). Toda a natureza criada por Deus, que Ele próprio julgou “boa”, ficou sujeita à degeneração e à inutilidade (vaidade) com o ingresso do pecado na terra por meio da desobediência voluntária dos primeiros seres humanos, representados por Adão. O novo corpo que receberemos, por ocasião da ressurreição, suplantará nosso atual corpo mortal que nos liga à natureza, que a essa altura também será renovada. O termo grego original mataiotes, além de transmitir o sentido de futilidade, frustração (vaidade), remete à adoração a deuses falsos, indicando que a criação foi sujeita às forças do Inimigo (1Co 12.2). O universo não se destina ao aniquilamento (destruição total), mas à renovação (2Pe 3.13; Ap 21.1). 8 É importante notar que fomos salvos “na” esperança, não “por” esperança. Paulo repetirá várias vezes que a salvação é um dom de Deus e recebida unicamente por meio da fé do pecador arrependido. A esperança acompanha a salvação (Ef 2.8). 9 Assim como a esperança sustenta o cristão em seus sofrimentos, da mesma forma, o Espírito Santo o ajuda na comunicação com Deus, quando palavras humanas parecem não fazer sentido. Neste trecho, não é o crente quem geme, mas sim o Espírito. 10 A expressão “todas as coisas”, segundo os melhores manuscritos, é objeto do verbo grego sunergei, indicando que o sujeito
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Porquanto, aqueles que antecipadamente conheceu, também os predestinou para serem semelhantes à imagem do seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos.11 30 E aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes igualmente justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou.12 29
Hino de vitória: Deus é por nós 31 A que conclusão, pois, chegamos diante desses fatos? Se Deus é por nós, quem será contra nós? 32 Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos concederá juntamente com Ele, gratuitamente, todas as demais coisas?13 33 Quem p poderá trazer alguma g acusação ç sobre os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica! 34 Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, Ele ressuscitou dentre os mortos e está à direita de Deus, e também intercede a nosso favor.14
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Quem nos separará do amor de Cristo? Será a tribulação, ou ansiedade, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? 36 Como está escrito: “Por amor de ti somos entregues à morte todos os dias; fomos considerados como ovelhas para o matadouro”. 37 Contudo, em todas as coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.15 38 Portanto, estou seguro de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, 39 nem altura nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos afastar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.16 35
O lamento de Paulo por Israel Digo a verdade em Cristo, não falo inverdades, minha consciência o confirma no Espírito Santo,1 2 que tenho grande tristeza e incessante dor no meu coração.
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da ação é Deus. Algumas correntes filosóficas, espiritualistas e esotéricas usam esse trecho da Bíblia para sugerir uma espécie de pensamento positivo inconsistente, visto que as leis físicas provam que “as coisas” no universo não estão se organizando ou ficando melhores, mas se desestruturando e falindo. Portanto, “as coisas” não podem produzir qualquer progresso por si mesmas. É Deus quem põe ordem no caos e convoca o ser humano para ser seu companheiro nessa empreitada. 11 Embora esse trecho como várias posições teológicas de Paulo continuam sendo grandes temas de estudo por parte de teólogos e lingüistas, nessa passagem, há certo consenso de que o conhecimento aqui mencionado não é abstrato, mas é fruto da essência de Deus. O amor e seus atributos: fidelidade e justiça. Deus não apenas nos conhecia antes mesmo de termos a mínima informação sobre Ele, mas também nos conhecia no sentido de nos haver escolhido desde a fundação do universo (Ef 1.4; 2Tm 1.9). Assim como, desde a eternidade passada, Deus conhecia os que, pela fé, se tornariam o seu povo. Esse conhecimento prévio de Deus em relação a cada ser humano aponta para a graça da eleição, freqüentemente embutida no verbo “conhecer” no AT (Am 3.2; Os 13.5). No NT, ela aparece em passagens como 1Co 8.3 e Gl 4.9. 12 O fato de alguém vir a amar a Deus não é mérito humano, mas resultado direto da ação divina. O homem é chamado não no sentido de um simples e casual convite, mas por “uma convocação solene” e justificado por conseqüência da “convocação” (chamada), e o grande clímax: glorificado, no sentido de ser como Cristo é (1Jo 3.2). 13 A expressão grega original pheidomai, aqui traduzida por “não poupou”, nos remete a Gn 22.16 em que a Septuaginta utiliza exatamente a mesma palavra. No modo de pensar judaico, a “amarração de Isaque” é considerada um exemplo clássico do valor transcendente e redentor do martírio do justo. 14 Paulo nos leva metaforicamente a um tribunal universal de justiça e afirma que nenhuma acusação formal pode ser apresentada contra o cristão, porquanto, Deus – o Supremo Juiz – já proclamou seu veredicto final de “inocência”. O valor da pena (fiança) foi pago por nosso Advogado na cruz do Calvário: Jesus Cristo. 15 Somos realmente mais que vencedores. O termo grego original hupernikõmen significa literalmente “super-vencedores”. O Sl 44.22 é citado no v.36 para demonstrar que o sofrimento sempre fez parte da experiência de vida do povo de Israel não para separar o povo de Deus, mas justamente para conduzi-los à Salvação em Cristo. 16 É, portanto, impossível fugir do amor de Deus. Nada e nenhum ser do universo poderá nos separar do alcance do Espírito de Cristo. A única pessoa que não consta da lista, e que poderia fazer isso, seria o próprio Deus; no entanto, é Ele mesmo quem nos justificou (v.33). Capítulo 9 1 A consciência é verdadeiramente limpa, pura e apta para nos orientar, somente quando julgada e aprovada pelo Espírito Santo.
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Porquanto eu mesmo desejaria ser amaldiçoado e separado de Cristo por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne;2 4 os quais são israelitas, de quem são a adoção, a glória, as alianças, a promulgação da Lei, o culto e as promessas;3 5 de quem são os patriarcas, e a partir deles é traçada a linhagem humana de Cristo, que é Deus acima de tudo e de todos. Seja Ele louvado para sempre! Amém.4 3
Deus cumpre suas promessas 6 Não imaginemos que a Palavra de Deus possa ter falhado. Porquanto, nem todos os descendentes de Israel são israelitas fiéis. 7 Nem por serem descendência de Abraão se tornaram todos filhos de Abraão. Ao contrário: “Por intermédio de Isaque, a tua descendência será considerada”.5 8 Em outras palavras, não são os filhos naturais que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa é que são considerados como descendentes de Abraão. 9 Pois foi assim que a promessa foi declarada: “No tempo certo virei novamente, e Sara dará à luz um filho”.
20 10 Esse não foi o único evento; também os filhos de Rebeca tiveram um mesmo progenitor, nosso pai Isaque. 11 Contudo, antes mesmo que os gêmeos nascessem ou realizassem qualquer obra boa ou má, para que o plano de Deus segundo a eleição permanecesse inalterado, não por causa das obras, mas sim por aquele que chama, 12 foi-lhe dito: “O mais velho servirá ao mais novo!”6 13 Como está escrito: “Amei a Jacó, mas rejeitei a Esaú”. 14 Que conclusão podemos tirar? Acaso Deus não é justo? De modo algum! 15 Porquanto Ele declara a Moisés: “Terei misericórdia de quem Eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem Eu desejar ter compaixão. 16 Assim, claro está que isso não depende da vontade, tampouco do esforço do ser humano, mas da maneira como Deus focaliza sua misericórdia.7 17 Pois diz a Escritura ao faraó: “Eu o levantei exatamente com esse propósito: revelar em ti o meu poder, e para que o meu Nome seja proclamado por toda a terra. 18 Portanto, Ele tem misericórdia de
2 Paulo faz um paralelo com a súplica de Moisés logo após o terrível pecado cometido pelos judeus ao fazerem de um bezerro de ouro um deus e o adorarem (Êx 32.32). Esse grande amor de Paulo pelas almas dos seus semelhantes também deve nortear as ações missionárias e evangelizadoras da Igreja em todo o mundo. 3 A expressão hebraica, traduzida para o grego na Septuaginta, shekiná refere-se à glória soberana e majestosa da presença maravilhosa de Deus no templo e no tabernáculo. Quanto às “alianças”, embora alguns manuscritos tragam a expressão no singular numa alusão à aliança celebrada no monte Sinai (Êx 34.38), os melhores originais se referem a todas as alianças firmadas por Deus com o seu povo: com Abraão (Gn 15.17-21; 17.1-8); com Moisés (Êx 19.5; 24.1-4), renovada nas planícies de Moabe (Dt 29.1-15), nos montes de Ebal, Gerizim e em Siquém (Js 8.30-35; 24); com os levitas (Nm 25.12,13; Jr 33.21; Ml 2.4,5); com Davi (2Sm 7; 23.5; Sl 89.3,4,28,29; 132.11,12) e, especialmente, a Nova Aliança, profetizada em Jr 31.31-40). 4 Nesse trecho, encontramos uma das declarações mais claras e exatas sobre a absoluta divindade e humanidade de Cristo. Outras passagens corroboram com essa afirmação de Paulo (Mt 1.23; 28.19; Lc 1.35; 5.20-21; Jo 1.1,3,10,14,18; 5.18; 20.28; 2Co 13.14; Fp 2.6; Cl 1.15-20; 2.9; Tt 2.13; Hb 1.3,8; 2Pe 1.1; Ap 1.13-18; 22.13). 5 Paulo faz uma clara distinção entre os judeus, segundo a descendência sangüínea (a carne) e os verdadeiros israelitas que através da fé são os legítimos filhos de Abraão. Paulo vê em Isaque uma prefigura de Jesus Cristo, que é, portanto, filho de Abraão. Por meio de Cristo, somos igualmente os filhos da promessa feita a Abraão (Gn 21.12; 18.10,14). 6 Paulo deixa evidente que Deus escolheu Jacó não pelo cumprimento de quaisquer condições prévias, obras ou leis, mas por causa da sua vontade livre e soberana. Esta profecia não se refere somente a Esaú e Jacó (Gn 25.23), mas também às nações que surgiram a partir deles. Os filhos de Esaú – os edomitas – estiveram, por longos períodos, sujeitos a Israel (2Sm 8.14; 1Rs 22.47). O propósito divino é concretizado na eleição que Ele faz (Ef 1.4). 7 Ao citar as contundentes declarações de Moisés (Êx 33.19), Paulo demonstra que a compaixão e a misericórdia de Deus não estão sujeitas a qualquer força do universo, muito menos ao controle humano, apenas à Sua absoluta e livre graça, justiça e vontade. Deus tratou a Isaque e Ismael, bem como, a Jacó e Esaú, por meio de sua soberania e onisciência, usando do direito que Ele tem de oferecer sua misericórdia a quem desejar.
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quem deseja, e endurece o coração de quem quer.8 A absoluta soberania de Deus 19 Certamente me perguntarás: “Por que Deus ainda nos culpa? Pois, quem pode se opor à sua vontade?” 20 Todavia, quem és tu, ó homem, para questionares a Deus? “Acaso aquilo que é criado pode interpelar seu criador dizendo: ‘Por que me fizeste assim?’ 21 Ou o oleiro não tem todo direito de produzir do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para usos menos honrosos? 22 Mas o que tens a dizer se Deus suportou com muita longanimidade os vasos da ira, preparados para a destruição, porque desejava manifestar a sua ira e tornar conhecido seu poder,9 23 a fim de que fossem conhecidas as riquezas da sua glória para com os vasos de sua misericórdia, que preparou com grande antecedência para glória, 24 quero dizer, a nós próprios, a quem convocou, não apenas dentre os judeus, mas igualmente dentre todos os gentios? 25 Como diz Ele também em Oséias: “Chamarei ‘meu povo’ a quem não é meu
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povo; e chamarei ‘minha amada’ a quem não é minha amada”. 26 E mais: “Acontecerá que no mesmo lugar em que lhes foi declarado: ‘Vós não sois meu povo; aí serão chamados filhos do Deus vivo!’”10 27 Também Isaías proclama em relação a Israel: “Ainda que o número dos israelitas seja como a areia do mar, apenas o remanescente é que será salvo! 28 Porquanto o Senhor executará sobre a terra a sua sentença, rápida e de uma vez por todas”. 29 E como dissera Isaías anteriormente: “Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendentes, já estaríamos como Sodoma e Gomorra”.11 Israel tropeçou na fé 30 A que conclusão chegamos? Os gentios, que não procuravam justiça, a receberam, uma justiça que vem pela fé;12 31 entretanto, Israel, que buscava uma lei que trouxesse justiça, não a alcançou. 32 E porque não? Porque não a buscava pela fé, mas como que por meio das obras. Eles tropeçaram na “pedra de tropeço”.13 33 Como está escrito: “Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e uma rocha
8 Deus, em geral, não impede ninguém de fazer o mal. Isso não quer dizer que o Faraó (de Êxodo) foi criado para ser um homem cruel e insensível, mas, diante das circunstâncias que o deveriam ter levado ao arrependimento, ele, por sua livre decisão, permaneceu incrédulo e duro de coração (Êx 9.16; 8.15; 7.3; 15.13; Js 2.10,11; 9.9; 1Sm 4.8). Deus não é arbitrário em sua misericórdia. Paulo revela que o grande motivo da rejeição de Israel por Deus é sua renitente incredulidade (vv. 30-32). 9 Não cabe ao homem murmurar contra o direito soberano que o Criador tem de realizar o que bem entende com Sua criação e filhos. Entretanto, a tônica desta passagem está na misericórdia de Deus que suporta com infinita paciência a persistente e crescente maldade humana (fortemente influenciada pelo Diabo), retardando Sua ira por séculos e séculos (2Pe 3.7-9). 10 Embora as palavras de Oséias, em seu contexto original no AT, se refiram à restauração espiritual de Israel, Paulo as interpreta como um princípio: Deus é salvador, perdoador e restaurador; cujo prazer está em buscar “os que não-são-meu-povo” e fazer deles “povo-meu”. Deus transforma os nomes dos filhos ilegítimos e rejeitados de Oséias (em hebraico: Lo-ruhamah – não-objeto-da-minha-afeição, e Lo-ammii – não-meu-parente) em “povo-meu” (Os 1.10). Paulo aplica esse princípio à inclusão dos gentios, de modo soberano, no relacionamento pactual com o Senhor (conforme cap.11). 11 Essas passagens de Isaías revelam que apenas um pequeno remanescente sobreviverá em comparação à grande maioria dos judeus que não reconhecerão a Salvação do Senhor em Cristo. O chamado de Deus inclui tanto judeus quanto gentios (v.24), contudo, a imensa multidão dos salvos será formada de gentios de todas as nações (v.30; Is 10.22,23; 1.9). 12 As doutrinas da eleição divina e da responsabilidade humana quanto ao dom da Salvação, concedido por Deus em Cristo, devem ser, ambas, cridas e vividas firmemente por todo cristão sincero. 13 O fracasso de Israel não foi ter buscado desesperadamente uma vida justa diante de Deus. O grande pecado foi a arrogância e a prepotência ao acreditar que suas muitas obras externas, regras e rituais poderiam constranger Deus a lhes tratar com deferimento, sem prestar atenção à falta da fé pura e sincera em seus corações. Por isso Jesus se tornou a “Pedra de tropeço” de Israel e de todos os incrédulos, porquanto, o povo de Deus não aceitou o modo que Ele determinara para que a nação viesse a alcançar a fé, e, com a fé, a justificação. Confiando em seus próprios métodos e obras, Israel rejeitou o Filho de Deus, o Messias prometido (1Pe 2.4-8; Sl 118.22; Lc 20.17,18).
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de escândalo; mas aquele que nela confia jamais será envergonhado!”14 Paulo suplica a Israel que creia Caros irmãos, o desejo do meu coração e a minha oração a Deus em favor dos filhos dos israelitas é que eles sejam salvos.1 2 Porquanto sou testemunha quanto ao zelo que eles devotam a Deus, contudo; o seu zelo não tem como base o real conhecimento.2 3 Pois, não reconhecendo a justiça que vem de Deus e buscando estabelecer a sua própria, não se submeteram à justiça de Deus. 4 Porque o fim da Lei é Cristo, para justificação de todo o que crê.3 5 Ora, Moisés ensina desta maneira sobre a justiça que vem da Lei: “O homem que pratica a justiça proveniente da Lei viverá por meio dela”. 6 Todavia, a justiça que vem da fé declara: “Não digas em teu coração: ‘Quem
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subirá aos céus? Isto é, para trazer do alto a Cristo. 7 Ou, ainda: ‘Quem descerá ao abismo?’, isto é, para fazer Cristo subir dentre os mortos. 8 Mas o que ela diz? “A palavra está bem próxima de ti, na tua boca e no teu coração”, ou seja, a palavra da fé que estamos pregando: 9 Se, com tua boca, confessares que Jesus é Senhor, e creres em teu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo!4 10 Porque com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. 11 Conforme diz a Escritura: “Todo o que nele crê jamais será decepcionado”. 12 Portanto, não há distinção entre judeus e gentios, pois o mesmo Senhor é Senhor de todos e abençoa ricamente todos os que o invocam. 13 Porque: “Todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo!”5
14 Paulo combina alguns textos do profeta Isaías, extremamente respeitado pelos líderes religiosos dos judeus, para apelar ao coração e ao entendimento de Israel. Originalmente, o profeta falava do “remanescente fiel”, a esperança do futuro, incorporado pessoalmente no Messias da Casa de Davi. Essa passagem constituiu-se num testimonium, que era o uso apologético de passagens do AT, pelos discípulos do Senhor na igreja primitiva, a fim de defenderem o messianato de Cristo e ensinar que só a fé em Jesus leva à salvação (Is 28.16 com Is 8.14). Capítulo 10 1 Paulo volta ao principal tema da sua carta: revelar os dois caminhos da justiça. Um por meio das obras da Lei, numa busca incansável e insuficiente pela justiça como fruto do esforço próprio. Ou outro, defendido e ensinado pelo apóstolo: o caminho da justificação pela fé no Cristo ressurreto, o Messias prometido. Paulo tinha o hábito de orar muito pelas igrejas (Ef 1.15-23; Cl 1.3; 1Ts 1.2,3; 2Ts 1.3). Entretanto, nesse momento, está suplicando pela salvação de seus compatriotas judeus. 2 Não basta ser extremamente zeloso quanto ao cumprimento das leis divinas, nem realizar todo tipo de sacrifício em nome de Deus. O mais importante é saber qual é o único e verdadeiro Caminho (Jesus) preparado por Deus para a salvação da humanidade, qual a vontade de Deus (especialmente a revelada nas Escrituras), e como o próprio Deus deseja ser adorado e servido (em sinceridade de coração). Paulo, antes de ter sido convertido por Jesus, era apenas um judeu zeloso e fanático (At 21.20; 22.3; Gl 1.14). 3 O vocábulo grego original telos, aqui traduzido por “fim”, tem um duplo sentido: por um lado, refere-se à “finalidade” ou ao “objetivo a ser conquistado”; e por outro, “término” ou “ponto final”. Jesus Cristo corresponde a ambos, porquanto Ele é o alvo da Lei (Gl 4.1-7), como também, o encerramento da Lei como maneira de conquistar a salvação e as bênçãos de Deus. 4 Essa é a mais antiga confissão de fé cristã (1Co 12.3), usada na igreja primitiva durante os batismos. A expressão “Jesus é o Senhor” leva em consideração a tradução do nome sagrado de Deus (e, portanto, impronunciável, segundo a lei judaica): Yahweh, do hebraico antigo, para o grego Kyrios, ou seja, “Senhor”. Forma usada mais de seis mil vezes na Septuaginta (a tradução grega do AT hebraico). Ao conferir a Jesus este título, Paulo deixa muito claro que está atribuindo a Jesus toda a divindade de Deus. Sempre que as Escrituras se referem ao “coração” não se restringem ao centro das emoções e sentimentos, mas igualmente ao centro da razão e da vontade. Paulo, ainda, salienta uma outra doutrina de ouro do cristianismo: Jesus ressuscitou dentre os mortos e permanece absolutamente vivo hoje e eternamente (Lv 18.5; Dt 30.12-14; 1Co 15.4,14,17; At 2.31,32; 3.15; 4.10; 10.40). 5 É certo que Paulo, embora culto e abençoado com uma inteligência fora do comum, muito aprendeu com Pedro, um homem simples do povo, mas que caminhou com Deus. Paulo repete a citação de Pedro no Dia do Pentecostes (Jl 2.32, At 2.21, Is 28.16).
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No entanto, como invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram falar? E como ouvirão, se não há quem pregue? 15 E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: “Como são maravilhosos os pés dos que anunciam boas novas!”6 14
Israel não tem como se escusar 16 Mesmo assim, nem todos os israelitas aceitaram o Evangelho; porquanto, declarou Isaías: “Senhor, quem acreditou em nossa mensagem?” 17 Como conseqüência, a fé vem pelo ouvir as boas novas, e as boas novas vêm pela Palavra de Cristo. 18 Mas, então, indago: Será que não ouviram? Evidente que sim: “Por toda a terra a sua voz ecoou, e as suas palavras até os confins do mundo”.7 19 Ora, questiono outra vez: Será que Israel não compreendeu a mensagem? Em primeiro lugar, Moisés proclamou: “Farei que tenham ciúmes de quem não é meu povo; Eu os provocarei à ira por meio de um povo sem entendimento”.8 20 E Isaías declarou com toda a ousadia: “Fui achado por aqueles que não me
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procuravam; revelei-me àqueles que não perguntavam por mim”. 21 Quanto a Israel, no entanto, afirmou: “O tempo todo estendi as mãos a um povo desobediente e rebelde”.9 Deus reservou os seus em Israel Indago, portanto: Acaso Deus rejeitou o seu povo? De forma nenhuma! Ora, eu mesmo sou israelita, descendente de Abraão, da tribo de Benjamim.1 2 Deus não desprezou o seu povo, o qual de antemão conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz sobre Elias? Como ele clamou a Deus contra Israel, segundo afirma a Escritura: 3 “Senhor! Assassinaram os teus profetas e destruíram os teus altares; e somente eu permaneci, e agora procuram matar-me também”. 4 Entretanto, que lhe declarou a resposta divina? “Reservei para mim sete mil homens que não dobraram os joelhos diante de Baal!” 5 Assim, pois, em nossos dias, há igualmente um remanescente separado pela eleição da graça.2 6 Porquanto, se é pela graça, já não o é
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6 Paulo, usando uma seqüência de perguntas retóricas, demonstra que os judeus jamais poderão alegar que não tiveram uma chance justa, particular e clara de ouvir o Evangelho e aceitá-lo. Paulo usa uma linda e marcante analogia para revelar a importância vital dos pregadores na transmissão da Mensagem de Cristo (as boas novas). A citação é extraída de Is 52.7, e se refere aos mensageiros quando trouxeram aos exilados as boas notícias da sua iminente soltura do cativeiro babilônico. Dessa mesma forma, os pregadores do Evangelho são aqueles que trazem a maravilhosa mensagem de libertação e nova vida aos prisioneiros do império do pecado. 7 Paulo relembra um conhecido trecho das Escrituras, cantado em verso e prosa por todos os judeus, referente ao testemunho dos céus a respeito da glória e da soberania de Deus (Sl 19.2). Há um grande perigo em amar mais os mandamentos de Deus do que o Deus dos mandamentos. 8 A citação que acompanha o raciocínio de Paulo (Dt 32.21) responde claramente a mais uma pergunta retórica de Paulo. Os gentios, considerados por todos os judeus como pessoas mal-educadas e sem sensibilidade espiritual, compreenderam a Mensagem da Salvação e se regozijaram nela. Portanto, a conclusão paulina é: “se os gentios entenderam, vocês tinham a obrigação de ter entendido ainda melhor”. 9 A responsabilidade total pelo afastamento de Israel, como nação, de Deus é do próprio povo israelita (e por conseqüência de todos os incrédulos). Pois não cumpriram a condição sine quae non de Deus: a fé pura e sincera. É um perigo ter fé na fé, em vez de fé no doador da fé: o Senhor (Is 65.1-2). Capítulo 11 1 Deus jamais permitiu que todo Israel se afastasse dele. Sempre houve um remanescente fiel entre o povo judeu. Paulo e algumas outras pessoas de fé, como ele, são a prova disto. Paulo era originário da tribo de Benjamim (Fp 3.5), tinha o mesmo nome do primeiro rei de Israel que também fora benjamita: Saulo (Saull em aramaico – At 8.1-3; 9.1-17 e 13.21). 2 Assim como nos antigos dias de Elias, em meio à apostasia generalizada, havia um remanescente de judeus crentes (piedosos). Entretanto, a base da existência desse grupo de fiéis não eram as boas obras que, sem dúvida, eles realizavam, mas a graça de Deus. O amor ativo de Deus que planejou e ofereceu a Salvação à humanidade é a Graça revelada na eleição de Israel. O princípio da Graça livre, que parte do coração de Deus, corresponde à fé pela qual é apropriada (1Rs 19.10-18).
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mais pelas obras; caso fosse, a graça deixaria de ser graça. 7 A que conclusão chegar? Israel não conseguiu a bênção pela qual tanto buscava, mas os eleitos a receberam. Os demais foram endurecidos,3 8 como está escrito: “Deus lhes deu um espírito de entorpecimento, olhos para não enxergar e ouvidos para não escutar, até o presente dia”. 9 E Davi afirma: “Que a mesa deles se transforme em laço e armadilha, pedra de tropeço e em retribuição para eles. 10 Escureçam-se os seus olhos, para que não consigam ver, e suas costas fiquem encurvadas para sempre”.4 Os gentios: ramos enxertados 11 Uma vez mais pergunto: Acaso tropeçaram para que ficassem prostrados sobre a terra? De forma alguma! Antes, pela sua transgressão veio a salvação para os gentios, para provocar ciúme em Israel. 12 Contudo, se a transgressão deles constitui-se em riqueza para o mundo, e o seu insucesso, fortuna para os gentios, quanto mais significará a sua plenitude!5 13 Agora estou falando a vós, gentios. Considerando que sou apóstolo dos gentios, exalto o meu ministério,
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na expectativa de que, de alguma forma, possa instigar ciúme entre meus compatriotas a fim de que alguns deles sejam salvos. 15 Porque, se a rejeição deles significa a reconciliação do mundo, o que será a sua aceitação, senão vida dentre os mortos?6 16 Se é santa uma parte da massa que é oferecida como as primícias dos frutos, a massa toda igualmente o é; se a raiz é santa, todos os ramos também o serão.7 17 E se alguns dos ramos foram podados, e, tu, sendo oliveira brava, foste enxertado entre outros, e agora participas da mesma seiva que flui da oliveira cultivada,8 18 não te vanglories contra esses ramos. Porém, se o fizeres, recorda-te, pois, que não és tu que sustentas a raiz, mas, sim, a raiz a ti.9 19 Então, vós direis: “Os ramos foram cortados, p para que q eu fosse enxertado”. 20 É verdade. Entretanto, eles foram podados por causa da incredulidade deles. Porém, tu, que permaneces firme pela fé, não te envaideças, mas teme. 21 Porque, se Deus não poupou os próprios ramos naturais, de igual maneira não poupará a ti. 22 Considera, portanto, a bondade e a 14
3 O maravilhoso princípio divino da eleição não foi anulado mesmo considerando que a maioria dos judeus rejeitou a pessoa e a obra do Messias: Jesus Cristo (Is 6.8-10). O pequeno remanescente de fiéis continua vivo e representando o povo da aliança (v.25). 4 A expressão “entorpecimento” vem do grego katanuxis, e significava literalmente “picada venenosa” que resultava num adormecimento parcial ou total do corpo. Existe uma lei de causa e efeito no universo. Deus criou nossa mão e o fogo. Se colocarmos a mão no fogo, a lei de causa e efeito diz que ela se queimará. Se tentarmos colocá-la, Deus permitirá que ela seja queimada, ainda que possamos alegar que Deus a queimou (Dt 29.4; Is 29.10; Sl 69.22,23). 5 A “riqueza” refere-se à oferta da Salvação aos gentios, ainda que no plano divino ela venha dos judeus e para eles primeiramente (Jo 4.22 com Rm 1.16). Os maravilhosos benefícios da Salvação já podem ser experimentados pelos gentios crentes, os quais ficaram disponíveis devido à rejeição explícita dos judeus em relação ao Evangelho. Foi essa rejeição contumaz que levou os apóstolos a oferecerem a bênção aos gentios (At 13.46-48; 18.6). 6 A “vida dentre os mortos” significa a ressurreição que coincidirá com a gloriosa segunda vinda de Jesus, o Messias. 7 A primeira parte do versículo é uma alusão ao texto do AT (Nm 15.17-21). Parte da massa feita com os primeiros frutos da colheita (as primícias) era oferecida ao Senhor e, desse modo, ficava consagrada a massa toda. A santa raiz é uma referência à solidariedade do povo israelita para com os patriarcas e homens de fé (Hb 11), ou com os judeus como Paulo que havia aceitado Jesus como o verdadeiro Messias prometido, o Unigênito Filho de Deus. 8 O procedimento usual de cultivo das oliveiras era enxertar um broto de oliveira cultivada em uma árvore silvestre ou comum (brava). Paulo, entretanto, constrói sua metáfora de maneira antinatural (vv.17-24), em referência ao enxerto de um ramo de oliveira brava (os gentios cristãos) na oliveira cultivada. Esse procedimento não é natural, nem lógico, mas é exatamente esse o ponto básico do ensino de Paulo: Deus agiu, sobrenaturalmente, segundo sua sabedoria e soberania (Ef 2.12). Jamais devemos desprezar os judeus, pois é mais fácil Deus os recolocar na oliveira do que incluir um gentio numa primeira oportunidade (v.24). 9 A salvação dos cristãos gentios depende dos judeus, especialmente dos patriarcas. Por exemplo, a aliança com Abraão (Jo 4.22).
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severidade de Deus: severidade para com aqueles que caíram, mas bondade para contigo, desde que permaneças firme na bondade dele; do contrário, também tu serás excluído.10 23 E quanto a eles, caso não permaneçam na incredulidade, serão reconduzidos, porquanto Deus é poderoso para enxertá-los novamente. 24 Afinal de contas, se tu foste cortado de uma oliveira brava por natureza e, de forma sobrenatural, foste enxertado na oliveira cultivada, quanto mais serão enxertados os ramos naturais em sua própria oliveira? O amor de Deus salvará Israel 25 Irmãos, não quero que ignoreis este mistério para que não sejais presunçosos: Israel experimentou um endurecimento em parte, até que chegue a plenitude dos gentios.11 26 E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: “Virá de Sião o redentor que desviará de Jacó a impiedade.12 27 E esta é a minha aliança com eles quando Eu remover os seus pecados”. 28 Quanto ao Evangelho, eles são, na verdade, inimigos por causa de vós; mas quanto à eleição, amados por causa dos patriarcas.
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Porque os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis. 30 Pois, assim como vós antigamente fostes desobedientes a Deus, mas agora alcançastes misericórdia em virtude da desobediência deles, 31 assim também estes, agora, tornaram-se desobedientes, para também alcançarem misericórdia em virtude da misericórdia a vós demonstrada. 32 Porquanto Deus colocou todos debaixo da desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos.13 29
Hino de adoração ç a Deus 33 Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! 34 Pois, quem conheceu a mente do Senhor? Quem se tornou seu conselheiro? 35 Quem primeiro lhe deu alguma coisa, para que Ele lhe recompense?” 36 Portanto dele, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele seja a glória perpetuamente! Amém.14 A vida como culto espiritual Portanto, caros irmãos, rogo-vos pelas misericórdias de Deus, que
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10 A teologia bíblica deve levar em consideração a “bondade” e a “severidade” do Senhor. Uma doutrina que não aceita a “absoluta bondade divina” faz de Deus um tirano cruel e insensível. Se não levarmos em conta sua “justiça severa” o comparamos a um pai incapaz de educar seus filhos e lhes mostrar o Caminho (Jesus). 11 A palavra grega mysterion era usada pelas seitas e crenças que havia na época de Paulo. A expressão significa “revelação” ou “trazer à luz um conhecimento oculto”. Paulo faz uso dessa mesma expressão para comunicar claramente aos seus leitores que o Espírito Santo estava “revelando” algo especial, da parte de Deus, que estivera obscurecido de todos, mas que agora deveria ficar claro como o dia: a encarnação, morte vicária, ressurreição de Jesus Cristo, o Messias (16.25; 1Co 2.7; 4.1; 13.2; 14.2; 15.51; Ef 1.9; 3.3-9; 5.32; 16.19; Cl 1.26,27; 2.2; 4.3; 2Ts 2.7; 1Tm 3.9,16). No NT, a perseverança é a prova da verdadeira conversão (Mt 24.13). 12 Paulo deixa claro que a salvação do judeu – seja quantos forem e quando for – ocorrerá com base na mesma exigência requerida a qualquer indivíduo humano: fé sincera em Jesus Cristo crucificado e ressurreto dentre os mortos. Paulo cita Is 59.20 acompanhando a antiga interpretação do Talmude, entendendo que o texto se refere ao Messias, e portanto, a Jesus (Gl 4.26; Is 59.20,21; 27.9; Jr 31.33,34). 13 Deus revela toda a sua misericórdia sobre judeus e gentios indistintamente. Deus levou a humanidade a uma situação na qual não pode negar sua total culpa perante a lei divina estabelecida em todo o universo (Gl 3.22). O plano de Deus é convencer o ser humano de sua absoluta culpa, condenação, incapacidade pessoal de salvação, necessidade premente de arrependimento e fé em Cristo para obter a Salvação eterna, o grande propósito de Deus desde a Queda da humanidade (Gn 3). O universalismo que vemos aqui, na expressão “...misericórdia para com todos”, é escatológico, representativo e não absoluto. Tem o sentido de “sem distinção”, mas não de “sem exceção”. 14 O termo “profundidade” (v. 33) é usado no sentido de sua inexaurível plenitude. A sabedoria de Deus é inesgotável e não pode ser compreendida completamente pelo ser humano, mas podemos sentir as bênçãos do seu amor prático e igualmente interminável. Paulo descreve os atributos de Deus em sua doxologia apostólica (verso ou hino de louvor a Deus que encerrava
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apresenteis o vosso corpo como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto espiritual.1 2 E não vos amoldeis ao sistema deste mundo, mas sede transformados pela renovação das vossas mentes, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.2 Como servir por meio dos dons 3 Porquanto, pela graça que me foi concedida, exorto a cada um dentre vós que não considere a si mesmos além do que convém; mas, ao contrário, tenha uma auto-imagem equilibrada, de acordo com a medida da fé que Deus lhe proporcionou. 4 Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e todos os membros não têm a mesma função, 5 assim também nós, embora muitos,
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somos um só corpo em Cristo, e cada membro está ligado a todos os outros. 6 Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção da sua fé.3 7 Se o teu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensina; 8 se é encorajar, aja como encorajador; o que contribui, coopere com generosidade; se é exercer liderança, que a ministre com zelo; se é demonstrar misericórdia, que a realize com alegria.4 O amor é a base dos dons 9 O amor seja sem qualquer fingimento. Odiai, sim, o mal e apegai-vos ao bem.5 10 Amai-vos dedicadamente uns aos outros com amor fraternal. Preferindo dar honra a outras pessoas, mais do que a si próprios.
sermões e obras de literatura cristã): 1) Na riqueza de sua sabedoria, Ele concebeu o plano da justificação pela fé em Cristo, a sua própria pessoa encarnada em Jesus de Nazaré, incluindo todos os povos do mundo e não apenas os judeus da aliança; 2) Judeus e gentios estão condenados, mas podem receber a graça da Salvação pela fé em Cristo; 3) Deus é a fonte (dEle), o veículo, a mídia (por meio dEle) e o fim, tanto em relação ao propósito quanto ao encerramento da história (para Ele), de absolutamente tudo o que há no universo. Capítulo 12 1 A partir desse momento, até o final desta epístola apostólica, Paulo vai apresentar uma série de aplicações práticas à teologia explanada de 1 a 11. Segundo Paulo, a fé sincera e verdadeira em Jesus Cristo manifesta-se na obediência amorosa e dedicada à Sua Palavra. Jesus foi o último e suficiente sacrifício, e pagou todo o pecado humano diante da Lei de Deus, concedendo ao crente livre acesso à presença do Pai. De Cristo em diante, os sacrifícios passaram a ser prestados no templo do corpo humano, no santo dos santos do coração, onde habita o Espírito Santo. Como toda doutrina tem seu lado prático, o ensino de Paulo vem acompanhado de exortações éticas muito semelhantes ao ensino de Cristo nos quatro evangelhos, principalmente no conhecido Sermão do Monte (Jo 13.17; Mt 5 a 7). Paulo usa a palavra grega parastesai, e a qual já havia usado em 6.13-19, com o sentido de “apresentação”, “dedicação”, “oferta”. Temos aqui uma descrição mais abrangente das virtudes proporcionadas pela ação do Espírito Santo à vida dos cristãos sinceros. Paulo ainda esclarece que o culto prestado pelos cristãos é diferente do culto meramente cerimonial prestado no templo em Jerusalém. Ao usar o termo grego logikos, Paulo caracteriza o culto cristão como sendo uma atitude pessoal e diária de devoção, adoração e serviço a Deus e aos semelhantes. A expressão logikos confere ao culto a qualidade de “espiritual e autêntico”, algo um tanto diferente da expressão “racional” publicada por algumas versões (1Pe 2.2). 2 Paulo adverte que o cristão não deve “tomar a forma” deste sistema mundial com suas concepções de sucesso e glória; maldades e corrupções (Gl 1.4) mas, permitirmos que uma “transformação” se processe em nossa vida. Essa expressão, nos originais, só aparece nas narrativas sobre a “transfiguração” de Cristo (Mt 17.2; Mc 9.2) e em 2Co 3.18, que é um ótimo comentário desta passagem. Os cristãos devem viver no presente século (em grego aiõn) com a perspectiva da “era de Cristo”, época em que estaremos com Cristo por ocasião de seu glorioso retorno. Assim, devemos viver aqui e agora como cidadãos do céu e herdeiros do Reino, no mundo vindouro (1Co 1.20; 2.6; 3.18; 2Co 4.4). 3 Com o novo nascimento, Deus presenteia a cada um de seus filhos com, pelo menos, uma capacidade espiritual com a qual o cristão passará a abençoar seus irmãos na fé e todas as demais pessoas à sua volta. A palavra grega usada nos manuscritos gregos originais para descrever os dons especiais da graça é charismata (1Co 1.7; 12.4-28; Ef 4.11; At 20.17; 1Ts 5.12; 1Tm 5.17). 4 Paulo faz uma analogia entre os membros do corpo humano e os membros do Corpo de Cristo (a Igreja), para mostrar a importância de todos no funcionamento saudável e feliz do corpo. Cada membro tem uma função vital e a deve exercer a favor da unidade e bem-estar do grupo. A ênfase recai sobre a unanimidade em meio à diversidade (1Co 12.12-31). Como o poder provém de Deus, não é admissível que um cristão, membro do Corpo, tome atitudes de superioridade, orgulho pessoal ou de justiça aos seus próprios olhos. A humildade sincera deve nortear todos os relacionamentos. Ouvir e refletir antes de falar e agir. 5 O amor é um dom de Deus, que por meio do Espírito Santo, capacita o cristão a expressá-lo de forma prática e adequada, funcionando como suporte para o exercício de todos os demais dons e manifestações do próprio Espírito. Só uma mente re-
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Não sejais descuidados do zelo; sede fervorosos no espírito. Servi ao Senhor. 12 Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração.6 13 Cooperai com os santos nas suas necessidades. Praticai a hospitalidade. 14 Abençoai os que vos perseguem; abençoai, e não amaldiçoeis.7 15 Alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que pranteiam. 16 Vivei em concórdia entre vós. Não sejais arrogantes, mas adotai um comportamento humilde para com todos. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos. 17 A ninguém devolvei mal por mal. Procurai proceder corretamente diante de todas as pessoas.8 18 Empreendei todos os esforços para viver em paz com todos. 19 Amados, jamais procurai vingar-vos a vós mesmos, mas entregai a ira a Deus, pois está escrito: “Minha é a vingança! Eu retribuirei”, declarou o Senhor. 11
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Ao contrário: “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porquanto agindo assim amontoarás brasas vivas sobre a cabeça dele. 21 Jamais te entregues ao mal como vencido, mas vence o mal com o bem!9 20
Respeito à lei e às autoridades Todos devem sujeitar-se às autoridades superiores; porquanto, não, há autoridade que não venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Ele.1 2 Portanto, quem se recusa a submeter-se à autoridade está se colocando contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos. 3 Porque os governantes não podem ser motivo de temor para os que praticam o bem, mas para os que fazem o mal. Não queres sentir-se ameaçado pela autoridade? Faze o bem, e ela o honrará.
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novada por Cristo consegue amar dessa forma. Por ser esse o maior e mais lindo cartão de visitas que um cristão e uma igreja possam apresentar ao mundo perdido, Satanás não se cansará de atacar essa área na vida pessoal de cada crente e de sua comunidade (Fp 2.3). 6 O cristão tem em seu coração um tipo de esperança totalmente diferente de todas as demais esperanças. É a “esperança com certeza” da companhia e redenção de Cristo em sua vida, fato que produz a alegria do salvo (5.5; 8.16-25; 1Pe 1.3-9). Devemos perseverar com coragem e certeza da vitória, porquanto a aflição (especialmente para o cristão nesse mundo) é uma experiência inevitável (Jo 16.33). Por isso, o crente deve “viver em oração”, ou seja, “viver conversando com Deus em seu íntimo”, sem a necessidade de rezas ou mantras repetitivos. Não somente em tempos difíceis, mas diariamente a fim de manter comunhão com Deus mediante a oração (Lc 18.1; 1Ts 5.17). 7 Paulo está ecoando os ensinos de Jesus Cristo nos evangelhos (Mt 5.39-45; Lc 6.28; 1Ts 5.15; 1Pe 3.9). O cristão tem responsabilidades sociais para com todo o mundo, especialmente com os irmãos de fé (Gl 6.10). 8 Paulo reflete sobre um antigo conceito citado em Pv 3.3-4 na Septuaginta (o AT em grego). O caráter e o comportamento do cristão nunca deve estar abaixo dos altos padrões morais e éticos dos evangelhos; de outra forma, provocará o desdém e a zombaria dos incrédulos, prejudicando a boa reputação do Evangelho (2Co 8.21; 1Tm 3.7). 9 É tão difícil viver em paz com nossos semelhantes, que Jesus impetrou uma bênção especial sobre esses heróis (Mt 5.9). Por isso, no que depender do cristão – ainda que com certos prejuízos – ele deve buscar a paz com todos. Fazer um bem a um inimigo tem o efeito sobrenatural de depositar brasas incandescentes sobre sua mente e coração, além de aplacar o natural desejo de vingança e – em muitos casos – poder comunicar de maneira prática e eficaz o Caminho da Salvação (Pv 25.22). Sem dúvida, a melhor maneira de demonstrar nosso amor por um inimigo é torná-lo num amigo (Mt 5.44). Foi assim que Deus agiu com a humanidade ao enviar seu Filho para nos salvar (Jo 3.16-17). Capítulo 13 1 O Império Romano reconheceu o cristianismo como uma seita do judaísmo cerca de uma geração após a morte de Cristo. O judaísmo gozava de certos privilégios éticos e jurídicos por haver sido considerada religio licita pelo dominador romano (At 18.12-17). Paulo, observando que grande parte das autoridades era, ainda, pagã, preocupou-se em deixar uma instrução escrita para nortear as relações entre os crentes e as autoridades governamentais. Paulo é claro em declarar que os cristãos devem obedecer às leis do Estado e viver de maneira respeitável e honesta, inclusive como forma de testemunhar seu amor fraterno a Cristo e ao próximo. Ainda que as autoridades não sejam cristãs, o crente lhes deve respeito e submissão, pois não pode existir qualquer autoridade que Deus não lhe tenha permitido tal poder (Jo 19.10-11). Todo governo humano é estabelecido por ordenança divina, e os cristãos, mais do que todos, devem obedecer às leis, pagar seus impostos e respeitar todas as pessoas em posição de autoridade (v.7 com Mc 12.17). A única exceção é quando uma autoridade for francamente contrária à consciência cristã. Embora esse assunto não seja tratado aqui, quando a decisão for obedecer a Deus ou ao Estado, a Palavra é clara em nos orientar a optar sempre pela obediência ao Espírito Santo (At 4.19 e 5.29 com Mc 12.17). Qualquer Estado só pode exigir obediência dentro dos limites pelos quais foi instituído.
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Pois ela serve a Deus para o teu bem. Mas, se fizerdes o mal, teme, pois p não é sem razão que traz a espada. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal.2 5 Portanto, é imprescindível que sejamos submissos às autoridades, não apenas devido à possibilidade de uma punição, mas também por causa da consciência. 6 Por esta razão, igualmente pagais impostos; porque as autoridades estão a serviço de Deus, e seu trabalho é zelar continuamente pela sociedade. 7 Dai a cada um o que lhe é devido: se imposto, imposto; se tributo, tributo; se temor, temor; se honra, honra. 4
O amor no mundo agonizante A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser o amor fraterno, com que deveis vos amar uns aos outros, pois aquele que ama seu próximo tem cumprido a Lei.3 9 Porquanto os mandamentos: “Não adulterarás”, “Não matarás”, “Não furtarás”, “Não cobiçaras”, bem como qualquer 8
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outro preceito, todos se resumem neste mandamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.4 10 O amor não faz o mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento da Lei. 11 Fazei desta maneira, discernindo o tempo em que vivemos. Pois que já é hora de despertardes do sono; porque agora a nossa salvação está mais próxima do que quando cremos.5 12 A noite vai passando e chegando ao seu final; o dia logo alvorecerá. Portanto, abandonemos as obras das trevas, e revistamo-nos da armadura da luz. 13 Vivamos de modo decente, como em plena luz do dia, não em orgias e bebedeiras, não em imoralidade sexual e depravação, não em desavenças e invejas. 14 Ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; e não fiqueis idealizando como satisfazer os desejos da carne.6 Convicção e tolerância cristãs Aceitai o que é fraco na fé, sem a preocupação de debater assuntos controvertidos.1
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2 Na ordem da providência e soberania divinas, a autoridade é serva de Deus, ainda que não se aperceba dessa verdade (Is 45.1). Os governos e as autoridades foram instituídos por Deus para proteger o povo em geral, especialmente os mais fracos e pobres, mantendo a ordem. A espada sempre foi um símbolo da autoridade romana nos âmbitos nacional e internacional. Essa é uma passagem que nos ensina o princípio de empregar a força, quando for necessária, a fim de manter a ordem e proteger os cidadãos de bem. 3 Paulo não está ensinando que os cristãos não possam pedir algo emprestado. Ele está enfatizando que não devolver o que se pediu emprestado, não cumprir corretamente com a palavra empenhada ou com um contrato firmado é expressamente contra a vontade de Deus. Entretanto, devemos sempre nos sentir devedores de amor fraterno para com nossos semelhantes e, especialmente, em relação aos irmãos de fé, isto é, devemos amar sempre, sob todas as circunstâncias, e estarmos prontos a transformar esse sentimento em ajuda prática e eficaz (12.10). 4 Jesus nos ensinou que o nosso próximo é qualquer pessoa necessitada, independentemente de raça, cor, sexo, educação, religião g ou classe social (Lc ( 10.25-37).) Devemos buscar o maior e o melhor dos dons: o amor fraterno (1Co 13.13) – o mais importante dos mandamentos (Êx 20.13-17; Dt 5.17-21; Lv 19.18). 5 Nessa parte das Escrituras, bem como em outros trechos do NT, a chegada garantida do final dos tempos (da presente era) deve ser compreendida, sobretudo, como uma “profecia motivadora”, no sentido de nos deixarmos aperfeiçoar pelo Espírito Santo e testemunharmos ao mundo tudo o que Jesus Cristo é capaz de realizar no interior do ser humano (Mt 25.31-46; Mc 13.3337; Tg 5.7-11; 2Pe 3.11-14). Vivemos numa época sui generis, pois estamos no “tempo da Salvação” ou “época da Graça”. Um tempo que antecede a consumação do Reino com a volta gloriosa de Cristo, quando haverá a plena realização da nossa salvação (8.23; Hb 9.28; 1Pe 1.5). E, a cada dia que passa, chegamos mais perto da volta triunfante de Cristo. A noite passando, simboliza a atual era de perversidade que à medida que se intensifica, mais se aproxima do “dia claro”. Uma citação clássica do ensino neotestamentário sobre o iminente final dos tempos (Mt 24.33; 1Co 7.29; Fp 4.5; Tg 5.8,9; 1Pe 4.7; 1Jo 2.18). 6 Paulo exorta os crentes a demonstrar ao mundo o milagre que já se realizou no seu íntimo, incluindo a prática de todas as virtudes associadas à presença atuante do Espírito de Cristo em seus corações. A Igreja de Cristo é a mais poderosa força sobre a face da terra, e seus membros deveriam se portar como embaixadores do Rei: com humildade, honestidade, sinceridade e amor fraterno em profusão. Esse é o verdadeiro poder do Espírito em ação. Capítulo 14 1 Paulo era um cristão espiritualmente emancipado, tanto da tradicional observância da Lei quanto do legalismo judaico-cristão de sua época. Muitos cristãos judeus que viviam em Roma ainda não estavam dispostos a abrir mão de certas doutrinas da
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29 2 Um crê que pode comer de tudo, e outro, cuja fé é fraca, come somente alimentos vegetais.2 3 Aquele que come de tudo não deve menosprezar o que não come, e quem não come de tudo não deve condenar quem come; pois Deus o aceitou. 4 Quem és tu, q que jjulgas g o servo alheio? É para o seu senhor que ele está em pé ou cai. E permanecerá em pé, porquanto o Senhor é capaz de o sustentar. 5 Há quem considere um dia mais sagrado do que outro; outra pessoa pode entender que todos os dias são iguais. Cada um deve estar absolutamente convicto em sua própria mente. 6 Aquele que guarda um dia especial, para o Senhor assim o considera. Aquele que se alimenta de carne, o faz para o Senhor, pois dá graças a Deus; e aquele que se abstém, para o Senhor se priva, e também dá graças a Deus.3 7 Porque nenhum de nós vive exclusivamente para si, e nenhum de nós morre apenas para si mesmo. 8 Se vivemos, para o Senhor vivemos; e,
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se morremos, é para o Senhor que morremos. Sendo assim, quer vivamos ou morramos, pertencemos ao Senhor. 9 Porquanto foi por este motivo que Cristo morreu e voltou a viver, para ser Senhor tanto de vivos quanto de mortos. 10 Mas, tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, igualmente, por que desprezas teu irmão? Pois todos compareceremos diante do tribunal de Deus.4 11 Porquanto está escrito: “Por mim mesmo jurei, diz o Senhor, diante de mim todo o joelho se dobrará e toda língua confessará que Eu Sou Deus”. 12 Deste modo, cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus. Motivo de louvor, não de tropeço 13 Portanto, abandonemos o costume de julgar uns aos outros. Em vez disso, apliquemos nosso coração em não colocarmos qualquer pedra de tropeço ou obstáculo no caminho do irmão. 14 Como uma pessoa que está no Senhor Jesus, tenho plena convicção de que ne-
tradição e exigências do judaísmo: as restrições alimentares, a guarda do sábado com todos os rituais envolvidos e a celebração de dias especiais com jejuns e oráculos. Esses cristãos judeus e romanos não eram heréticos, como os judaizantes da Galácia, mas tinham dificuldade em compreender os mandamentos do AT à luz do Evangelho e o início na Nova Aliança, inaugurada com a morte e ressurreição de Jesus Cristo. A esses cristãos, intransigentes e críticos em relação aos cristãos que estavam desfrutando abundantemente da Graça, Paulo os chamou de “fracos na fé”, e ensinou a todos nós que o cristão maduro tem uma fé robusta e um coração amoroso para com todos os seus irmãos. Os cristãos não são exortados à plena unanimidade teológica, mas à pratica da tolerância e do respeito, orando para que o Espírito Santo ilumine a todos. 2 O cristão “forte” é aquele cuja maturidade espiritual lhe permite a convicção de que a dieta alimentar é um assunto secundário em relação ao verdadeiro e profundo compromisso de fé com o Espírito de Deus e à proclamação do Evangelho. Entretanto, um cristão jamais deve rejeitar qualquer outra pessoa que se identifica como cristão. Detalhes doutrinários e aspectos culturais, raciais e lingüísticos devem contribuir para o crescimento espiritual dos crentes e a evangelização do mundo, e não para a difusão de questiúnculas, batalhas teológicas inócuas, divisões e tropeços fatais no caminho da fé. O cristão “fraco” não é senhor do seu irmão “forte”, nem vice-versa. Todos os cristãos são servos do mesmo Senhor e somente a Deus cada crente deve prestar contas. A palavra grega original usada nessa passagem para descrever o “servo” é oiketes, “doméstico”, e não doulos, “escravo” (Mt 7.1; Lc 6.37; 1Co 4.3). 3 Paulo faz referência a todos os dias especiais da chamada “lei cerimonial” dos judeus. Para o cristão, todos os dias devem ser consagrados ao Senhor por meio de um viver santo e serviço piedoso. A motivação das atitudes tanto de “fortes” quanto de “fracos” deve ser exatamente a mesma: profundo desejo de adorar e servir a Deus com um coração agradecido por tudo o que o Pai supre e nos permite passar. 4 A expressão grega bema era usada na época de Paulo para designar o palco onde os juízes se posicionavam para julgar e premiar os atletas olímpicos. Assim será na volta de Cristo, os cristãos (os atletas espirituais) receberão suas coroas (recompensas) em função das obras que realizaram na terra por amor a Cristo e a seus próximos. Não confundir com o Juízo dos incrédulos, esses serão julgados para a condenação eterna, pois não aceitaram a justificação em Cristo. Assim como os competidores olímpicos não tinham o direito de julgar a si mesmos nem a seus colegas, os cristãos não têm o direito de julgar uns aos outros quanto à forma de expressar a fé. Paulo pergunta aos “fracos”: “Por que julgas teu irmão?” Mas também indaga aos “fortes”: “Por que desprezas teu irmão?” Ora, todos nós, compareceremos perante o trono de Cristo e daremos conta de nossas boas obras (2Co 5.10; 1Co 3.10-15).
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nhum alimento é por si mesmo ritualmente impuro, a não ser para aquele que assim o considera; para esse é impuro.5 15 Se o teu irmão se entristece por causa do que tu comes, já não estás agindo por amor fraterno. Não destruas teu irmão por conta da tua comida, pois Cristo morreu também por ele.6 16 Aquilo que é bom para vós não se torne motivo de maledicência. 17 Porquanto o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo;7 18 Pois quem serve a Cristo desta forma é agradável a Deus e estimado por todas as pessoas. 19 Por isso, esforcemo-nos em promover tudo quanto conduz à paz e ao aperfeiçoamento mútuo. 20 Não destruas a obra de Deus por causa de comida. Na verdade, todo alimento é puro, mas se torna um mal se alguém vir nisso um motivo de escândalo. 21 É melhor não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa que leve teu irmão a tropeçar.
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Assim, seja qual for tua doutrina a respeito destes assuntos, guarda-a com convicção entre ti mesmo e Deus. Bemaventurado aquele que não se condena naquilo que aprova. 23 Todavia, aquele que tem dúvida é condenado se comer, pois não come com fé; e tudo o que não provém da fé é pecado! 22
Devemos viver em concórdia Nós, que somos fortes, temos o dever de suportar as fraquezas dos fracos, em vez de agradar a nós mesmos.1 2 Portanto, cada um de nós deve agradar ao próximo, visando o que é bom para o aperfeiçoamento dele. 3 Pois também Cristo não agradou a si próprio, mas, como está escrito: “Os insultos daqueles que te ofenderam caíram sobre mim”.2 4 Porquanto tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo provenientes das Escrituras, mantenhamos firme a nossa esperança.3
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5 Paulo, agora crente, e ecoando as palavras de Jesus (Mc 7.14-23), demonstra que entende o que se passa no coração de um judeu tradicional e religioso. Mas afirma, com toda segurança, que os antigos tabus sobre alimentação, cerimônias e dias especiais já não se aplicam à Nova Aliança em Cristo, o Messias (Mt 15.10-20; 1Tm 4.4; Tt 1.15). Paulo não está dizendo que o pecado é uma questão de opinião pessoal ou consciência subjetiva. As Escrituras e o Espírito Santo são claros ao nos apontar o que é pecado. Paulo está se referindo ao procedimento mediante o qual os cristãos podem divergir legitimamente, como por exemplo, se o crente fiel deve seguir alguma espécie de dieta alimentar específica ou não. Esse é o tipo de assunto decidido livremente por cada cristão, em seu coração, mediante sua fé, em oração diante do Senhor. 6 A maneira mais sábia de se resolver os conflitos (grandes ou pequenos) quanto à expressão da fé e a liberdade cristã é agir com amor. Cristo deu tanto valor ao “fraco” que decidiu morrer por ele. Certamente, o cristão “forte espiritualmente” poderá fazer o sacrifício de aceitar pacientemente seu irmão como ele é, na expectativa de que o Espírito Santo, ao seu tempo, faça a Sua obra. 7 Paulo novamente evoca as palavras de Jesus no Sermão do Monte (Mt 5.6-12) para enfatizar que a proposta do Reino de Deus não é comida, nem bebida, ou qualquer outro assunto trivial. Entretanto, o interesse de Paulo pela dimensão moral e ética da vida cristã se destaca em todas as suas cartas. O cristão que aprende a viver de forma consagrada a Deus, dedicado a cooperar com seus próximos e sem legalismo, experimenta grande paz e alegria produzidas pelo Espírito Santo em seu interior. Capítulo 15 1 Paulo se identifica com os cristãos “fortes”, aqueles cujas convicções bíblicas em Cristo lhes permite mais liberdade que os “fracos”. A expressão “suportar” não significa apenas “tolerar”, mas sustentar com amor fraterno e compreensivo. Neste sentido, “as fraquezas” não se referem a pecados, mas a procedimentos e expressões de fé para as quais não há uma orientação clara e objetiva nas Escrituras. Antes de o crente pensar em agradar a si mesmo, deve prestar atenção e cooperação às necessidades dos mais fracos ao seu redor. 2 Jesus Cristo veio para cumprir a vontade do Pai, não a sua. Ele assumiu de tal forma a vontade do Pai que, algumas vezes, somos levados a pensar que tudo o que ele fez, o fez por sua própria disposição. Sua missão incluiu muito sofrimento, condenação indevida e até a própria morte sob tortura (Mt 20.28; Mc 10.45; 1Co 10.33 – 11.1; 2Co 8.9; Fp 2.5-8). Ao citar o Sl 69.9, Paulo refere-se a Deus (“te”) e identifica o “sofredor justo” com Cristo (“mim”), pois, voluntariamente, tomou sobre si os impropérios lançados contra Deus. 3 Ao explicar a aplicação que faz do Sl 69.9, Paulo nos alerta para o fato de que as Escrituras (AT e NT) foram oferecidas à hu-
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Que Deus, que nos concede perseverança e encorajamento, dê-lhes também a disposição de pensar unanimemente de acordo com Cristo Jesus.4 6 Para que com uma mesma convicção e a uma só voz glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. 7 Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos aceitou, para a glória de Deus. 8 Afirmo, pois, que Cristo se tornou servo dos que são da circuncisão, por amor à verdade de Deus, a fim de confirmar as promessas feitas aos patriarcas;5 9 e para que também os gentios glorifiquem a Deus por sua misericórdia, como está escrito: “Por isso, eu te glorificarei entre os gentios e cantarei louvores ao teu Nome”.6 10 E diz ainda: “Alegrai-vos, gentios, juntamente com o seu povo”. 11 E mais: “Louvai ao Senhor, todos os gentios, e louvem-no todos os povos”. 12 E Isaías, enfatizando, declara: “Brotará da raiz de Jessé, aquele que se levantará para reinar sobre os gentios; nele os gentios depositarão toda a sua esperança”.7 5
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13 Portanto, que o Deus da esperança vos abençoe plenamente com toda a alegria e paz, à medida da vossa fé nele, para que transbordeis de esperança, pelo poder do Espírito Santo.
Paulo, apóstolo para os gentios 14 Caros irmãos, eu estou pessoalmente convencido de que já estais cheios de bondade e plenamente supridos de toda a sabedoria, sendo, vós mesmos, capazes de orientar-vos uns aos outros. 15 Contudo, a respeito de alguns assuntos, vos escrevi com toda a franqueza, especialmente com a intenção de trazê-los uma vez mais à vossa memória, e isso, por causa da graça que Deus me concedeu, 16 de ser um ministro de Cristo Jesus para os gentios, com o dever sacerdotal de proclamar o Evangelho de Deus, para que os gentios se tornem uma oferta aceitável a Deus, santificados pelo Espírito Santo.8 17 Tenho, portanto, razão para me orgulhar no Messias Jesus, no serviço que presto a Deus; 18 Porque não ousaria falar de assunto
manidade, e, especialmente aos crentes, para nossa instrução e esclarecimento na fé. Ao perseverarmos com paciência, somos encorajados a mantermos nossa plena confiança (fé) em Jesus Cristo, o Messias (1Co 10.6-11). 4 A disposição de pensar concordemente significa buscar “um mesmo sentir” (a unidade). Não há possibilidade de todos os crentes pensarem de igual modo, mas é possível – em Cristo – que concordemos em tratar com fraternidade, tolerância e respeito todas as nossas diferenças. Devemos pensar e tratar os outros, especialmente aos irmãos, indiscriminadamente, da mesma maneira como Cristo fez conosco (Fp 2.5-8). 5 Jesus Cristo foi enviado por Deus à Terra para salvar prioritariamente aos judeus, conforme as promessas feitas aos patriarcas Abraão, Isaque, Jacó (Gn 12.1-3; 17.7; 18.19; 22.18; 26.3,4; 28.13-15; 46.2-4). E Jesus limitou o quanto possível seu ministério ao povo de Deus (Mt 15.24). Entretanto, após a violenta rejeição dos judeus à pessoa de Deus em Jesus, o Messias, as portas da Salvação, mediante a Graça do Senhor, abriram-se para todos os povos em todo o mundo. A morte e a ressurreição do Filho de Deus resultou em bênção a todo gentio que crer no sacrifício vicário do Senhor, o que também confirmou as profecias das Escrituras sobre a oportunidade de salvação de todos os povos da terra. 6 A obra remidora de Deus, em Israel e a favor dos seus descendentes, sempre vislumbrou a salvação dos gentios (Gn 12.3). Todos os povos do mundo, ao observarem as realizações poderosas e misericordiosas do Deus de Israel em benefício do seu povo, buscariam adorar e servir a esse Deus único e maravilhoso. Os louvores de Israel a Deus seriam ouvidos por toda a terra (Sl 9.1; 18.49; 46.10; 47.9). 7 Jessé foi o pai de Davi (1Sm 16.5-13; Mt 1.6), e o Messias profetizado era chamado de “Filho de Davi” (Mt 21.9 com Is 11.1-10 e Ap 5.5). A busca dos gentios por Cristo, realizada pela igreja primitiva – notadamente por Paulo, é o cumprimento dessa profecia, cuja obra se perpetua por meio das contínuas ações evangelizadoras e missionárias da Igreja até os dias de hoje. 8 Paulo usa aqui a mesma linguagem dos antigos sacerdotes judeus para comunicar uma vez mais a perfeita aceitação dos gentios crentes como filhos de Deus. A palavra “ministro” (em grego leitourgos). No NT, essa expressão sempre denota “serviço religioso” (liturgia) e, algumas vezes, “serviço sacerdotal” (Em Hb 8.2, por exemplo, Cristo é o valoroso leitourgos do santuário). A proclamação do Evangelho é “serviço sacerdotal” (nos manuscritos gregos hierourgeo). Os cristãos gentios são a oferta aceitável a Deus, santificada (quer dizer “limpa”, e não “imunda”, como alegavam os judaizantes) pelo próprio Espírito de Deus (At 15.8-11).
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algum senão expressamente daquilo que Cristo tem realizado por meu intermédio em palavras e ações, com o objetivo de conduzir os gentios a obedecerem a Deus, 19 pelo poder de sinais e maravilhas e por meio do poder do Espírito Santo; de modo que desde Jerusalém e arredores, até Ilírico, tenho proclamado plenamente o Evangelho de Cristo.9 20 Sempre fiz questão de pregar o Evangelho onde Cristo ainda não era conhecido, de forma que não estivesse edificando sobre um alicerce elaborado por outra pessoa. 21 Entretanto, como está escrito: “Aqueles a quem não foi proclamado, o verão; e os que ainda não haviam ouvido, compreenderão”. 22 É por esse motivo que muitas vezes fui impedido de chegar até vós. Paulo quer ver os irmãos em Roma 23 Contudo, agora não tenho mais o que me detenha nessas regiões, e tenho já há muitos anos grande desejo de visitar-vos, 24 planejo fazê-lo quando for à Espanha. Espero visitá-los de passagem e por vós ser encaminhado à Espanha, logo após haver desfrutado um pouco da vossa comunhão. 25 Nesse momento, todavia, estou rumando para Jerusalém, a serviço dos santos. 26 Porquanto pareceu bem às igrejas da Macedônia e da Acaia levantar uma oferta fraternal para os pobres dentre os santos de Jerusalém. 27 Tiveram grande alegria nessa assistên-
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cia, e de fato são devedores aos santos de Jerusalém. Pois, se os gentios participaram das bênçãos espirituais dos judeus, devem igualmente servir aos judeus com seus bens materiais. 28 Assim, havendo concluído essa missão, e me certificado de que receberam esse fruto, partirei para a Espanha, passando para visitá-los. 29 E bem sei que, quando for visitarvos, irei sob a plenitude da bênção de Cristo. 30 Rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus e pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo por meio das vossas orações a meu favor diante de Deus, 31 para que eu me livre dos descrentes da Judéia e que a ministração que desejo realizar em Jerusalém seja bem recebida pelos santos, 32 de maneira que, pela vontade de Deus, eu vos possa visitar com alegria e em vossa companhia desfrute de um período para recuperar as forças. 33 Que o Deus de paz seja com todos vós. Amém. Saudações e recomendações Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que é diaconisa na igreja de Cencréia.1 2 Peço que a recebais no Senhor, de modo digno como os santos devem ser recebidos e a ajudeis em tudo o que venha a necessitar, porquanto ela tem prestado grande auxílio para muitas pessoas, inclusive p para mim.2 3 Saudai Priscila e Áquila, meus colaboradores em Cristo Jesus. 4 Arriscaram a vida por minha causa,
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9 Jerusalém era a cidade da igreja-mãe, onde os discípulos foram revestidos do poder do Espírito Santo para proclamar o Evangelho, e o ministério da Igreja teve início (At 1.8). Ilírico era uma província romana que ficava ao norte da Macedônia (2Co 2.12,13), região distante onde se localiza a Albânia (antiga Iugoslávia), atualmente. Capítulo 16 1 Paulo usa a expressão grega diakonon (servo ou ministro), para informar que a irmã Febe realizava seu serviço cristão como ministério oficial aos membros da igreja em Cencréia (1Tm 3.11). Tudo indica que Febe foi destacada para a missão de levar essa carta à igreja em Roma. 2 A igreja primitiva tinha o costume de receber com alegria e hospitalidade todo cristão em viagem missionária ou a serviço das diversas comunidades cristãs. Com o passar do tempo, e o agravamento da delinqüência em todo mundo, as famílias e as igrejas tiveram que tomar mais cuidado em manter esse hábito de generosidade cristã.
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e por isto lhes sou muito grato, e não somente eu, mas todas as igrejas dos gentios. 5 Saudai igualmente a igreja que se reúne na casa deles. Saudai meu amado irmão Epêneto, p que q foi o primeiro p convertido a Cristo na província da Ásia.3 6 Saudai Maria, que trabalhou com todo empenho por vós. 7 Saudai Andrônico e Júnias, meus parentes e companheiros de padecimento na prisão, os quais são dignos de louvor entre os apóstolos, e estavam em Cristo antes mesmo de mim.4 8 Saudai Amplíato, meu dileto irmão no Senhor. 9 Saudai Urbano, que é nosso cooperador em Cristo, assim como meu amado Estáquis. 10 Saudai Apeles, aprovado em Cristo. Saudai os que pertencem à casa de Aristóbulo.5 11 Saudai Herodião, meu parente. Saudai os da casa de Narciso, que estão no Senhor. 12 Saudai Trifena e Trifosa, mulheres que se dedicam arduamente ao trabalho no Senhor. Saudai a estimada Pérside, que
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igualmente empenhou-se com devoção à obra no Senhor. 13 Saudai Rufo, eleito no Senhor, e sua mãe, que tem sido mãe para mim também.6 14 Saudai Asíncrito, Flegonte, Hermes, Pátrobas, Hermas e os irmãos que estão com eles. 15 Saudai Filólogo, Júlia, Nereu e sua irmã, assim como Olimpas e todos os santos que com eles estão. 16 Saudai uns aos outros com um beijo santo. Todas as igrejas de Cristo vos enviam fraternas saudações.7 Cuidado com os falsos servos 17 Rogo-vos, queridos irmãos, que tomem muito cuidado com aqueles que causam divisões e levantam obstáculos à doutrina que aprendestes. Afastai-vos deles! 18 Porquanto essas pessoas não estão servindo a Cristo, nosso Senhor, mas sim a seus próprios desejos. Mediante palavras suaves e bajulação, enganam o coração dos incautos. 19 Contudo, todos têm conhecimento da vossa obediência, por isso alegro-me sobremaneira; entretanto, quero que sejais sábios
3 Durante o primeiro século, especialmente, a Igreja reunia-se nas casas de seus membros. Priscila e Áquila eram amigos íntimos de Paulo e durante um tempo trabalharam juntos confeccionando tendas (At 18.2,3). Priscila era uma romana de classe nobre, casada com Áquila, um judeu da região do Ponto, ambos cristãos cheios do Espírito. Acolhiam uma igreja (grupo de crentes em Cristo) em sua casa, como anteriormente tinham feito em Éfeso (1Co 16.19) e Corinto (At 18.26). A igreja atual tem muito a aprender com essa antiga e saudável estratégia missionária. 4 Andrônico e Júnias eram judeus, amigos de Paulo, com quem estiveram presos em Éfeso, por causa da pregação do Evangelho de Cristo (2Co 11.23). O nome “Júnias”, cuja acentuação no original grego indica nome próprio feminino, tem gerado algumas dificuldades para aceitá-la como parte do grupo apostólico. Entretanto, Paulo, que a exemplo de Jesus, também emancipou as mulheres para o serviço cristão, afirma que Andrônico e sua esposa eram crentes exemplares e gozavam de grande admiração por parte “dos apóstolos”. Estiveram entre os “quinhentos irmãos” que viram o Senhor ressuscitado (1Co 15.6). Portanto, exerciam o “ministério apostólico” como missionários itinerantes, ainda que não fizessem parte oficial do seleto grupo dos Doze (At 14.4-14; 1Co 12.28; Ef 4.11; 1Ts 2.6,7). 5 Os irmãos Amplíato, Urbano, Estáquis e Apeles tinham nomes de escravos comuns da época, e serviam ao palácio imperial. No entanto, fazia parte da mesma igreja Aristóbulo, um neto de Herodes, o Grande, irmão de Herodes Agripa. 6 Narciso foi um liberto do imperador Tibério que fez fortuna. Trifena e Trifosa eram irmãs gêmeas que se dedicaram à obra do Senhor de forma exemplar. Pérside, cujo nome significa “mulher persa” foi uma gentia cristã igualmente notável. Rufo é o mesmo que fora designado como filho de Simão, o Cireneu (Mc 15.21). Marcos ao escrever para Roma, no ano 60 d.C., usaria Alexandre e Rufo (membros da igreja em Roma) para identificar Simão, o homem que ajudou a Jesus a carregar a cruz. A expressão “eleito” tem o sentido de “distinguido” ou “apreciado”. O Simão Niger de At 13.1 seria o mesmo de Mc 15.21 e, portanto, pai de Rufo. O que faz da mãe de Rufo, mãe sentimental de Paulo. Quando Barnabé procurou Paulo para cooperar no ministério em Antioquia, ele estava hospedado na casa dos pais de Rufo (At 11.25,26). 7 O beijo santo (1Co 16.20; 2Co 13.12; 1Ts 5.26; 1Pe 5.14) ou ósculo santo corresponde ao “ósculo da paz” que ainda faz parte da liturgia da Igreja Ortodoxa. Era parte integrante do culto cristão no tempo de Justino, o Mártir (150 d.C.).
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em relação a tudo que é bom, mas puros quanto ao que tem aparência maligna. 20 E, sem demora, o Deus da paz, esmagará Satanás debaixo dos vossos pés. A graça do nosso Senhor Jesus seja convosco!8 Saudações da equipe de Paulo 21 Timóteo, meu colaborador, envia-vos saudações, bem como Lúcio, Jasom e Sosípatro, meus parentes.9 22 Eu, Tércio, que redigi esta carta, também vos saúdo no Senhor. 23 Gaio, cuja hospitalidade eu e toda a igreja desfrutamos, vos envia saudações. Erasto, administrador da cidade, e nosso querido irmão Quarto também vos cumprimenta.10
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Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém! 24
Doxologia 25 Ora, àquele que tem o poder para vos confirmar, pelo meu Evangelho, segundo a proclamação de Jesus Cristo, em conformidade com a revelação do mistério oculto nos tempos passados,11 26 porém, agora revelado e trazido ao conhecimento pelas Escrituras proféticas por ordem do Deus eterno, para que todas as nações crendo, venham a obedecer a Ele pela fé; 27 sim, ao único e sábio Deus seja dada Glória, por intermédio de Jesus Cristo, para todo o sempre. Amém!12
8 Paulo exorta os cristãos a serem mestres do bem e péssimos praticantes do mal. O texto lembra as palavras de Jesus, que têm a mesma relação de significado entre si (“sábios...puros” com “astutos como as serpentes e inofensivos como as pombas” de Mt 10.16). Curiosamente, em ambas as passagens, os adjetivos no original grego são os mesmos: sophos e akeraios (1Co 14.20). O “Deus da paz” é o mesmo título usado na bênção de Rm 15.33. Paulo o utiliza para contrastar com o trabalho de Satanás que é a dissensão. Todavia, conforme a profecia de Gn 3.15, a semente da mulher – os que pertencem a Cristo – esmagarão a cabeça do Inimigo de nossas almas para sempre. 9 O nome Lúcio é equivalente a Lucas no manuscrito grego antigo (Cl 4.14; Fm 24; 2Tm 4.11). Portanto, a expressão “meus parentes”, que significa “judeus como eu”, só se aplicaria a Jasom e a Sópatros (forma abreviada do nome Sosípatro, conforme At 17.6-9; 20.4,5). 10 Paulo, como a maioria dos mestres judeus, preferia contar com o auxílio de um especialista na arte de escrever (amanuense) a fim de dar mais velocidade e clareza à exposição do seu discurso em forma escrita. E Tércio, nesse momento, foi o redator da epístola de Paulo à Igreja em Roma. O nome completo de Gaio era Gaio Tício Justo, homem temente a Deus, que hospedou Paulo em sua casa em Corinto (At 18.7; 1Co 1.14). Erasto, é o mesmo que no século primeiro pavimentou as ruas da cidade de Corinto. Arqueólogos descobriram uma pedra dessa época com a seguinte inscrição em latim: “Erasto, comissário de obras públicas, custeou as despesas dessa pavimentação”. O nome próprio “Quarto” era normalmente dado ao quarto filho de uma família. 11 Paulo não se refere a um evangelho diferente do que foi pregado pelos demais apóstolos, mas sim ao Evangelho conforme ele o recebeu por meio das revelações diretas do próprio Senhor Jesus (Gl 1.12). Os “tempos passados” se referem à “eternidade passada” (1Co 2.6-10). 12 O propósito fundamental de Deus é levar o ser humano a render-lhe “Glória”, como seu Pai e Senhor eterno, por meio do Seu Filho Amado Jesus Cristo, nosso Salvador.
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