Romance Policial "carta Aos Romanos"

  • April 2020
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  • Words: 3,433
  • Pages: 22
André Traichel

Carta aos Romanos

2ª edição

Teutônia, RS 2010

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Carta aos Romanos

Todos os direitos reservados. Registrado na Biblioteca Nacional Brasileira, sob o número 459.630, livro 864. Foto de capa: Katia Grimmer-Laversann Revisão do Português:

Gabriela Silva Revisão do Alemão: Adilson Eskelsen

ISBN: 9788580450606

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Aviso aos leitores: Este é apenas um romance policial, fictício, e sua história foi inspirada em uma “lenda urbana” de um município do Rio Grande do Sul, Brasil. Reza a lenda que no início do século XX um templo maçônico pegou fogo, sem causar vítimas, mas até hoje os fatos se misturam com o folclore e quase nada é dito. Em um dos cemitérios da cidade ainda existem as lápides com símbolos da Maçonaria, desgastadas pelo tempo. Repito, não tem relacionamento algum com esta história. A Ordem dos Cavaleiros Teutônicos existe até hoje com sua sede na Áustria, mas nada tem a ver com a imigração alemã no Brasil. A descrição sobre a Igreja Luterana também é factual, mas os fatos narrados nesta obra são ficção, fazendo parte apenas do enredo deste romance. As personagens desta história e a comunidade de Nova Berlim também são fictícias onde quaisquer semelhanças com nomes são meras coincidências.

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À minha esposa Mariana e aos meus filhos Matheus e Valkiria pela compreensão nas horas em frente ao laptop; à Oma Elvira, que nunca nos deixou esquecer quem somos e de onde viemos.

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Prólogo 07 de junho de 1944 - 22h25min Todos estavam alarmados. As notícias de que outros três templos haviam sido queimados em diversas localidades ao longo do Vale preocupavam os Irmãos que agora redobravam a segurança para o acesso às reuniões. Apenas a batida sequenciada e a antiga palavra de entrada, dita de forma sussurrada e transmitida apenas aos membros iniciados na Ordem, não eram mais sinônimos de confiança e passe livre para as sessões. Novos temores ressuscitaram antigas feridas que todos na Ordem achavam cicatrizadas. Naquela noite estrelada quatorze membros compareceram à reunião no templo da Colônia Nova Berlim, vindos não apenas dos arredores, mas também de outros distritos. Nada escondia a preocupação em seus rostos. - Mein Gott, não estaremos seguros em lugar algum enquanto não descobrirmos o que está acontecendo – disse o único Noviço presente. Soube que no distrito vizinho todos os acessórios do templo ficaram lá, entre as cinzas e paredes desmoronadas, até a hora que os curiosos chegaram. Depois disso nem não deram atenção aos corpos, estavam mais interessados em levar embora os castiçais! Os ânimos se alteraram entre os presentes. - Isso mostra que, quem quer que tenha incendiado o templo, não estava interessado em saques, mas sim em queimar vivos nossos Irmãos - disse o mais velho dos presentes. 7

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Enquanto todos discutiam como e o quê aconteceu e quais as ações que deveriam ser tomadas, uma pequena chama se iniciava perto de uma das cortinas que cobria a parede leste do templo. Os Irmãos analisavam as alternativas que lhe restavam, tomados pela angústia e pavor pelos fatos recentes acontecidos na colônia vizinha, tão concentrados em suas ideias que não perceberam o perigo iminente que os circundava. Quando os homens deram por si já havia uma espessa camada de fumaça se formando no teto da sala do prédio quadrilátero, adornado com inscrições douradas em latim e alemão antigo, falando de lendas e ensinamentos transmitidos de geração em geração àqueles que eram escolhidos para compor a Ordem. O fogo rapidamente se espalhou pela sala. Os Irmãos tentaram buscar água, mas nada saía da pequena torneira localizada no lavatório ao fundo do templo. Os mais jovens e vigorosos tentaram abafar as labaredas que agora tomavam corpo com os vários tapetes existentes, mas a situação só complicou ainda mais, como se o fogo esperasse por isso. O calor aumentava e a densa fumaça que entrava nos pulmões já fazia sucumbir os homens mais velhos, com suas túnicas negras que lhe cobriam todo o corpo. O desespero aumentou quando perceberam que a única saída do prédio era pela Sala Inicial, localizada na porção anterior do prédio. Com dificuldade, alguns dos Irmãos tentaram abrir a grossa porta, finamente entalhada, mas de nada adiantava. A entrada estava trancada, provavelmente pelo lado de fora, sem a menor chance de abertura. Desde tempos imemoriais os templos da Ordem não 8

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possuíam janelas nem saídas alternativas. Em apenas trinta minutos o fogo consumiu não só o prédio, localizado dentro de uma pequena colônia de cinco hectares, mas também os corpos de treze respeitados membros da comunidade da Colônia Nova Berlim.

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Capítulo I Um novo começo

25 de abril de 2008 – 16 horas Eram três horas da tarde quando Klaus Fischer esvaziou suas gavetas na redação do jornal Folha Rio-grandense. Após uma década de trabalho como jornalista policial, em um dos mais respeitados jornais do sul do país, Klaus sentiu que seu tempo ali havia acabado. Não era apenas a competição do meio jornalístico que o perturbava, mas o fato de que ali não havia mais como crescer. O salário não era condizente com os riscos das matérias, fora que os sacrifícios da rotina diária estavam estressando a família inteira. Durante os últimos cinco anos Klaus seguiu a mesma rotina. Todo dia deixava o filho na creche - que custava um bom quinhão do seu salário - e caminhava os cinco quilômetros pela Avenida Cristóvão Colombo até a sede do jornal, economizando o dinheiro da passagem, além de lhe render um pouco de exercício. Na redação do jornal o trabalho exigia passar o dia inteiro lidando com processos, quebra-cabeças, testemunhas e complôs dignos de qualquer filme hollywoodiano. Nos últimos dias de trabalho Klaus

ligava para a esposa

Bianca, para que ela passasse na creche depois do expediente e pegasse o pequeno Artur, pois o editor-chefe o pressionava cada vez mais para ficar até tarde. O motivo dos serões forçados era a matéria 11

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sobre um engenheiro alemão, morto com as mãos amarradas dentro de um luxuoso apartamento, no sétimo andar de um dos bairros mais nobres de Porto Alegre. Klaus estava, decididamente, cheio disso. Após se despedir daqueles que foram seus colegas por tanto tempo e com um breve aceno ao seu ex-chefe, Klaus entrou no elevador no terceiro andar sentindo-se aliviado. Acabara de pedir demissão de tal maneira que seria lembrado para sempre na redação da Folha. Em plena reunião de pauta com direito a sarcasmo e verdades que todos gostariam de dizer. Em fim estava livre para recomeçar a vida em outro lugar, longe do barulho da cidade grande, da poluição dos carros e, mais do que qualquer coisa, junto à sua família. Algumas semanas antes, quando ele e Bianca decidiram pedir demissão dos seus empregos, pesquisaram pela internet as imobiliárias de cidades próximas. Em pouco tempo compraram uma casa numa pequena cidade não muito longe de Porto Alegre, fundada por imigrantes alemães em meados do século XIX. Lá, quase todos os treze mil e quinhentos habitantes possuíam ascendência germânica e ainda falavam o dialeto dos seus avós - o Plattdeustch. Klaus estava extremamente empolgado com a chance de desenferrujar o primeiro idioma que falou, ainda no tempo que sua família de pequenos agricultores morava numa cidadezinha do interior, também fundada por imigrantes alemães. Nova Berlim era o local perfeito para criarem Artur e recomeçarem suas carreiras: ele no jornal local - que adorou ter um jornalista da Capital por um salário de interior - e ela como 12

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professora de matemática na Escola Técnica de Agricultura. A casa com mais de sessenta anos foi comprada com a poupança construída ao longo de dez anos. Precisava de uma reforma, que Klaus e Bianca fariam eles mesmos o que soubessem, como a pintura e o novo jardim. Além de economizar em mão-deobra serviria também para relaxar, um hobby coletivo. Num sábado ensolarado, dois dias depois de pedirem demissão, Klaus e Bianca fizeram a esperada mudança. Empacotaram e colocaram os móveis dentro do pequeno caminhão baú. Após uma última olhada no apartamento que fora seu lar durante tantos anos, o casal partiu para sua nova vida. Logo ao chegar chamaram a atenção dos poucos vizinhos que moravam na chamada Linha Fritz, na sua maioria trabalhadores rurais, que pouco saíam da cidade e que não estavam acostumados com estranhos, ainda mais com pessoas vindas de outra cidade. Houve muitas especulações entre os moradores de como seriam os novos habitantes daquela casa, posta à venda depois de muitos anos em posse dos antigos proprietários. Como é de se esperar em pequenas comunidades, todos olhavam para os móveis e pacotes que saíam do pequeno caminhão. Bianca orientava os carregadores - e um já aborrecido Klaus - onde deveriam ficar os móveis, enquanto o pequeno Artur já brincava no jardim da casa. A mudança do casal seria o assunto da semana na pequena comunidade. 13

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Os primeiros dias não foram conforme o planejado. Embora Klaus fosse um típico descendente de alemães, com seus cem quilos distribuídos em um metro e noventa de altura, cabelos loiros, olhos azuis e barba sempre a fazer, os moradores ou comerciantes da cidade eram corteses apenas se fossem cumprimentados com um Guten Tag, bem pronunciado e com sotaque carregado. Depois de se apresentar no jornal do município, o novo chefe de Klaus sugeriu que ele fosse bisbilhotar peloas arredores, para conhecer as pessoas e lugares que seriam o seu material de trabalho. Assim os olhares atravessados e desconfiados aconteceram várias vezes ao longo da primeira semana. O que mais chamou a atenção do jornalista era, claro, as pessoas proeminentes da cidade: o prefeito Franz Schmidt, um sujeito simples que foi eleito prometendo a todos emprego, mesmo que para isso precisasse construir outra prefeitura para acomodar a todos; o delegado Hans Jorge Schneider, conhecido de todos (inclusive daqueles que ele prendia); e por fim o senhor Frank Meyer Schuch, um octagenário respeitado por todos os mais velhos da cidade por ser o principal responsável pela emancipação política de Nova Berlim, na década de cinquenta, trazendo o progresso e fartura para o pequeno município. Os pontos turísticos não lhe escaparam à vista, como a prefeitura em estilo enxaimel, o estilo típico germânico. Nessas construções as paredes de pedras são entrecortadas por vigas de madeira na horizontal e em diagonal, sustentando assim toda a estrutura; as casas centenárias em estilo colonial, todas bem cuidadas 14

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e preservadas; a praça central da cidade sempre florida e muito limpa, com as calçadas em basalto trazido da Serra e árvores como o pinheiro-alemão, além de diversas araucárias, árvores típicas do clima temperado do sul do Brasil. Um dos pontos mais visitados pelos turistas era o mirante, construído em meio aos morros ao redor da cidade, a 800 metros de altitude, revelando uma beleza incomparável em meio à mata e à cerração, típico daquela época. Por se encontrar em um local de difícil acesso em meio aos morros e não ter nenhuma grande indústria, Nova Berlim não atraía trabalhadores de outras cidades, conservando assim muito da cultura de seus fundadores. A economia local tinha como força motora o setor da agroindústria, desde laticínios até a exportação de carne e derivados. Foi, no entanto, no cemitério da maior Igreja Luterana da cidade que Klaus Fischer percebeu algo diferente. Embora houvesse muitos outros cemitérios na cidade, a maioria centenários e localizados mais para o interior, o Jardim Concórdia era o mais antigo de todos, onde os primeiros colonizadores foram enterrados, assim como as maiores personalidades da cidade. A Igreja Concórdia, que mantinha o cemitério, ficava bem no centro de uma área de aproximadamente três hectares, grandes gramados, lápides desgastadas pelo tempo, onde alguns dos epitáfios em alemão antigo já não eram legíveis. Em meio a tudo isso, a atenção do jornalista foi capturada por treze túmulos, colocados em separado do restante, com lápides no 15

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formato de uma coluna quebrada e, acima de cada uma, um anjo em mármore, já enegrecido pelo tempo, mas ainda apontando para os céus, como se indicasse a quem visitasse que seus ocupantes partiram para um lugar melhor. Klaus se aproximou para olhar melhor e percebeu que embora atingidos pelo tempo, todos os treze estavam bem cuidados, sem ervas daninhas ou sujeiras e que cada túmulo tinha uma pequena escultura em alto relevo, algo que se parecia com uma flor de oito pétalas. - É a Rosa-de-Lutero. Junto com a cruz é um dos símbolos da Igreja Luterana, criada sob supervisão do próprio Martim Luther. E cada elemento tem um significado diferente. Um belo trabalho, não acha Herr Fischer? O jornalista estava tão curioso e entretido que não havia notado a chegada de um senhor aparentando ter cerca de sessenta anos, cabelos grisalhos, pele bem branca mas de rosto rosado, que mantinha um porte de dar inveja a muito frequentador de academia. - O senhor me conhece? - perguntou Klaus, nitidamente espantado. - Aber natürlich! Muita gente que o senhor entrevistou frequenta a Igreja Concórdia, afinal a maioria aqui é luterana e essa foi a primeira igreja construída na cidade, em dez de abril de mil oitocentos e setenta. Portanto é de se esperar que seja um local de reunião entre os mais destacados membros da nossa comunidade. Entschuldigung, esqueci de me apresentar: meu nome é Gustavo Dietrich von Karl. Sou o zelador deste lugar de descanso. 16

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Klaus estava realmente surpreso com a erudição do zelador, que falava com uma convicção e uma eloquência que não encontrara nem no prefeito nem no delegado, teoricamente homens cultos e estudados. - Herr Karl, sehr angenehm. - Danke, Herr Fischer, sei que seu alemão é impecável, mas podemos conversar em português mesmo. - Então, novamente, é um prazer conhecê-lo senhor Karl. É realmente muito belo e bem cuidado este cemitério, imagino que o senhor se dedique com afinco aos seus afazeres. - Acredito que para muitas pessoas, vir aqui e conversar com entes queridos que se foram é a melhor forma de expiar seus pecados e problemas. Uma forma de encontrar o caminho para dias melhores. São eles que mantêm o cemitério sempre limpo e organizado, eu apenas faço a manutenção usual e também a segurança. - Entendo. O senhor poderia me contar algo sobre essas pessoas enterradas aqui? Fiquei curioso por estarem tão afastadas. - Foi em um incêndio há muito tempo atrás, história antiga para alguns. Treze homens morreram queimados dentro de um prédio e como não tínhamos bombeiros aqui na época, não havia ninguém para salvá-los. O que restou dos seus corpos carbonizados foi enterrados nestes treze túmulos. O senhor pode observar pelas datas que os enterros foram todos no mesmo dia, mas infelizmente em alguns deles os nomes não estão mais legíveis. - Entendo. Achei estranho estarem tão afastados dos demais. Parece até que não querem que se misturem com os outros... 17

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- É uma tola superstição Herr Fischer - interrompeu rapidamente o zelador - sabe como são as pessoas. Treze mortos, número não muito abençoado. Mas agora se o senhor me permite preciso terminar meus afazeres. Rapidamente Gustavo Dietrich von Karl se despediu e voltou à zeladoria, deixando o jornalista com a impressão de que havia algo mais naquela história, algo que o culto zelador não gostaria de revelar.

Naquela noite o encontro no cemitério luterano foi o assunto durante o jantar e Klaus contou para a esposa a estranha história. - Realmente é muito bonito o emblema luterano. Eu me lembro das aulas da Confirmação onde o Pastor explicava cada elemento dele. Se não me engano, a cruz preta para lembrar de Jesus Cristo crucificado; o coração é vermelho, pois a cruz não mata nossa fé, mas a mantém viva. Por fim a rosa que é branca, pois a fé traz alegria e paz. Acho que era isso... - Muito bem, Bia, prestou atenção nas aulas! Não te esqueças 18

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que a rosa fica em um fundo azul, simbolizando a alegria celestial e ao redor um círculo dourado que simboliza a bênção eterna, o nosso mais precioso bem. - Touché, disse uma espantada Bianca, tu também não te esqueceste! - Pois é... certas coisas a gente guarda na memória e não saem mais. É que nem os verbos de ligação. Decorei pra uma prova no ensino fundamental e até hoje tenho na cabeça os malditos: ser, estar, andar, ficar, parecer, permanecer, continuar e tornar-se. Os dois riram e Bianca continuou repetindo os verbos por mais alguns instantes. - Mas o que me chamou mesmo a atenção – continuou Klaus foram aqueles treze túmulos tão separados dos demais, como se não quisessem que se misturassem. Quando perguntei para o zelador o porquê disso ele simplesmente desconversou e não me disse mais nada. Parecia que ele não queria falar mais sobre isso, como se já tivesse dito o suficiente. - Olha – interrompeu Bianca - tu podes conversar com o responsável pelo museu municipal. Lá na escola teve uma turma que foi ver a exposição sobre a história de Nova Berlim, desde os primeiros imigrantes até os dias de hoje. Os alunos me disseram que tem fotos, documentos e alguns artefatos que resistiram ao tempo e a guerra. Mas antes que eu me esqueça, o Léo ligou. Disse que teve acesso aos relatórios da perícia sobre o caso do engenheiro alemão e que já mandou pro teu e-mail. - Eu já avisei o Léo que não tenho mais nada a ver com isso 19

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disse Klaus. Eu deixei toda a matéria por conta do Márcio, ele que se vire com os dados da perícia. - Eu sei meu querido, mas tu ficaste tanto tempo em cima deste caso que acho que não custava nada tu dares uma olhada e dar um retorno pro Léo. Afinal ele batalhou um monte pra juntar as informações para essa tua "ex-matéria". Como sempre Bianca tinha razão e ele sabia disso. Não foram poucas as vezes que a matemática de trinta e dois anos anos, alta, sempre bem vestida e com um raciocínio lógico típico de pesquisadores, dava a direção certa para as reportagens que Klaus levava para casa, para as horas extras em frente ao seu laptop. Dessa vez não era diferente, ele sabia disso. Realmente tinha que dar uma força para o jovem estagiário de jornalismo. Afinal ele mesmo já havia passado por isso no início da sua carreira em pequenos jornais da capital e sabia como era difícil receber a atenção e os créditos de uma suada reportagem. Os dois se conhecerem ainda na faculdade, quando Klaus resolveu fazer a disciplina de livre escolha no curso de Matemática. A figura de alguém que estava perdido se destacava durante as aulas de Trigonometria e Bianca não deixou de notar. Foi justamente nas aulas da monitoria com Bianca que os dois se conheceram e não deu muito tempo estavam namorando. Dois anos depois, já formados, estavam casados e desde então cada um tem ajudado ao outro em suas profissões. Naquela noite outra pessoa exigiria a atenção do casal. Embora tivesse apenas seis anos de idade, Artur era uma criança que 20

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aparentava ser mais velha, provavelmente por conta da sua altura e peso, cabelos castanhos e muito ativo, exigindo longas horas de atenção dos seus pais e de qualquer outra pessoa que estivesse na casa. Após o jantar Klaus e Bianca cederam às pressões de Artur e ficaram por mais um longo tempo no meio da sala, brincando com os carrinhos e blocos de montar cidades, até o momento em que o tempo de brincar acabou. Artur foi colocado para dormir em seu quarto, afinal no dia seguinte ele tinha aula bem cedo pela manhã. Das mudanças para o interior essa foi a que mais sentiram, pois na cidade as aulas do ensino fundamental eram todas pela manhã, iniciando às sete horas e trinta minutos, mesmo se fizesse zero grau e o gramado estivesse congelado. Eram vinte e duas horas quando as luzes na casa na Linha Fritz se apagaram, mas na mente de Klaus algo o incomodava, algo que ele sabia se tratar de uma boa história. O que ele não sabia, era que essa mesma história colocaria em risco não só a própria vida, mas também sua família.

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