Revista .txt Junho De 2009

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Junho de 2009 Ano II - Número 6

.txt PARCERIA de R$ 1,7 milhão

Prefeitura atrasa reembolso de salários de servidores cedidos pela UFSM Universidade não reivindica o retorno de seus técnicos-administrativos e docentes Dívidas acumulam-se nas administrações de Osvaldo Nascimento, Valdeci Oliveira e Cezar Schirmer

sumário

carta ao leitor

entrevista 4

Felipe Müller fala à .txt.

geral 6

Centro de Convenções sai do papel.

geral 7

Os limites do cigarro no campus.

geral 8

Universidade tem dificuldades para estocar material.

comIncidência 11

UFSM supera federais do sul do país.

capa 12

Entenda o processo de cedência de servidores.

de dentro para fora 16

UFSM conquista medalhas nos Jogos Universitários.

de fora para dentro 17

Os intercambistas que estudam na Universidade.

categorias 18

Investigação do Concurso Público da UFSM vai para a gaveta.

cultura 20

As passagens de Iberê Camargo pela UFSM.

cultura 22

Festival de Inverno chega a sua 24ª edição.

Ação rápida Na edição anterior, a .txt questionou como seria feita a limpeza dos materiais de campanha para a Reitoria. A chapa 2 respondeu com ações: às 18h30min do dia 16 de junho, a equipe de Felipe e Dalvan iniciou a coleta das propagandas que auxiliaram na sua eleição. Os apoiadores da chapa percorreram a UFSM de ponta a ponta retirando bandeiras, pirulitos, folders e faixas que fizeram parte da Universidade nos últimos dois meses. Meia hora depois do fechamento das urnas, o último resquício de campanha era retirado do arco de entrada. A chapa 1 também retirou os materiais de campanha dentro do prazo estabelecido em edital.

A eleição em números • Em relação à última eleição, o número de votantes diminuiu nas três categorias: 10% entre os alunos, 17% entre os servidores e 13% entre os docentes. • Dentre as três mesas onde os índices de comparecimento foram maiores, duas estão no campus de

Frederico Westphalen.

• A vitória mais expressiva de Felipe e Dalvan aconteceu no Centro de origem do vice, o Centro de Ciências Rurais, em que 92% dos votantes escolheram a chapa 2.

Tentativa frustrada Outra consulta ocorrida no campus nos últimos dias foi para saber quem a comunidade do Centro de Educação (CE) quer na sua Direção para os próximos quatro anos. A preferência foi pela Chapa 1, que teve 369 votos, contra 283 votos obtidos pela Chapa 2 – além de 10 votos em branco e 10 votos nulos. Após o resultado, houve rumores de que um recurso seria interposto para anular a consulta. Entretanto, a ideia não foi adiante.

perfil 24

O primeiro aluno cego da UFSM.

expediente

Revista Laboratório do 5º semestre de Jornalismo UFSM Edição: Luiz Henrique Coletto Sub-Edição: Laura Gheller Diagramação: Maiara Alvarez, Paolla Wanglon, Paula Pötter e Rafael Salles Revisão: Gabrielli Dala Vechia, Juliana Frazzon e Rafael Salles Professor Responsável: Jorge Castegnaro - DRT/RS: 5458 Arte de Capa: Rafael Salles Endereço: Campus UFSM, prédio 21, sala 5234 Telefone: (55) 3220 8811 Impressão: Imprensa Universitária Data de fechamento: 29 de junho de 2009 Tiragem: 500 exemplares [email protected] 2 .txt Junho de 2009

O que será do Jornalismo brasileiro? No dia 17 de junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a exigência de diploma para o exercício do jornalismo. O relator do caso e presidente do Supremo, Gilmar Mendes, valeu-se do argumento de que exigir o diploma é contra a Constituição Federal, que garante a liberdade de expressão. Fica a dúvida: será que as empresas de comunicação irão valorizar e contratar profissionais que passaram quatro anos estudando em uma faculdade de Jornalismo ou optarão por pessoas sem formação acadêmica?

• O Centro de Artes e Letras (CAL), o Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH) e o Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) foram os menos expressivos em número de votantes, todos com índices menores de 50% de participação. • Dos 17 locais de votação, a chapa 2 venceu em 13 . A chapa 1 venceu apenas nos Centro de Educação (CE), de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), de Ciências da Saúde (CCS) e no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM).

Democracia relativa Um questionamento presente na última edição da .txt tem resposta agora. Os alunos da Educação a Distância (EaD) tiveram, sim, o direito de votar em seus favoritos a reitor e vice-reitor da UFSM . Porém, o acesso deles ao voto estava restrito, já que os interessados tiveram que se deslocar até o campus de Santa Maria. Como consequência, apenas 2% dos estudantes da EaD votaram (apenas 74 de 3.446). É possível supor que os alunos do pólo de Fortaleza não tenham nem sabido da existência da consulta realizada aqui...

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Entre a pauta e a reportagem

esde que os leitores tiveram em mãos a 1ª edição da .txt de 2009, já se passou mais de um mês. Esse tempo foi de muito trabalho para a equipe que agora disponibiliza a 2ª edição da revista. Entre o prazo e a gráfica, estão as pautas: assuntos a lapidar, primeiros enfoques, fontes a entrevistar. A equipe tinha as matérias pré-definidas quando foi em busca dos dados e das entrevistas. Logo voltamos quase à estaca zero – felizmente! A pauta “sem muito sal” trouxe polêmicas: será a nova capa. Mais apurações, mais textos redigidos e mais modificações: dados importantes surgem em outra matéria. Vamos trocar a capa novamente. Os bastidores acima retratados dimensionam quão complexo é dispor ao leitor a .txt. As onze reportagens e a entrevista que trazemos nesta edição foram diariamente rediscutidas, modificadas ou acrescidas de novos enfoques. Os frutos desse último mês de apuração trazem, na Capa, a revelação de que a Prefeitura de Santa Maria deve mais de 1,7 milhão de reais à UFSM – dívidas que foram acumuladas há mais de uma década. Na matéria da editoria Geral, sob falas contraditórias, constatamos que há muito patrimônio público largado em corredores ou entulhado em salas de aula da UFSM. Na editoria ComIncidência, os números do REUNI que farão da Universidade a maior da região sul do país. Pergunta recorrente, mas necessária: essa expansão de cursos e alunos virá acompanhada de melhor infraestrutura? A resposta virá das próximas gestões da Instituição. Com essas e outras matérias, o que aqui se apresenta tenta cumprir com um imperativo social do jornalismo: trazer informação e pluralidade de opiniões. Ainda que conscientes da dificuldade de dar voz igualitária a todos “os lados”, seguimos nesse norte. Ao leitor, cabe a avaliação.

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Luiz Henrique Coletto

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Fotos: Larissa Drabeski

entrevista

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COM A PALAVRA: O NOVO REITOR Felipe Viero

no novo Restaurante Universitário e nas quatro novas Casas do Estudante, aqui em Frederico. Há mais R$ 35 milhões que estão vindo e existe uma promessa de outros R$ 25 milhões para algumas estruturas maiores, como obras de acesso e uma grande barragem. Todos os cursos que foram criados estão sendo implantados e toda a necessidade que foi colocada dentro de seus projetos pedagógicos está sendo analisada e implantada. É claro que vamos fazer uma ampla revisão do que já foi gasto, em que foi aplicado e como será aplicado no futuro, para fazer um bom planejamento do uso desses recursos restantes. .txt: Como o senhor já disse, um novo Restaurante Universitário está sendo construído e a Casa do Estudante está passando por reformas e ampliações. Além dessas obras, iniciadas na gestão do professor Clóvis Lima, o que será feito agora, em relação à assistência estudantil? FM: Eu acho que o aprimoramento das ações de assistência estudantil são contínuas. Nós estamos trabalhando na melhora da qualidade da alimentação e tentando, ao máximo, manter os níveis de valores cobrados das refeições. Estamos, também, trabalhando no sentiFelipe Martins Müller, candidato eleito com 61% dos votos válidos. do de organizar os projetos pedagógicos o dia 16 de junho, dia em que a comunidade dos cursos para que eles contemplem algumas ações: bons universitária foi às urnas para escolher os seus horários para todos os estudantes, que possam priorizar a novos dirigentes, a .txt conversou com o atual qualidade do ensino e também possam oportunizar a mereitor , Clóvis Silva Lima. Nessa ocasião, antes de saber lhor distribuição dos horários de aula para que não exista quem seria o seu sucessor, Clóvis Lima destacou alguns sobrecarga de trabalho e nem de filas em horários de pico. desafios que marcariam a próxima administração da UFSM. Com base nessa entrevista, e em mais alguns .txt: Em entrevista concedida à .txt, o atual Reitor sapontos, foram elaboradas algumas perguntas para o lientou que um desafio para a nova gestão diz respeito candidato eleito. à luta pela contratação de novos funcionários e à meA entrevista com Felipe Martins Müller foi feita na lhoria de suas condições de trabalho. Existe, na nova quarta-feira, dia 17 de junho, às 10h30min. gestão, um plano de ações que objetive aumentar as contratações e ainda dar melhores condições de traba.txt: A UFSM está criando novos cursos e aumen- lho aos funcionários da Instituição? tando o número de vagas oferecidas devido à adesão ao REUNI. Quais serão as ações da nova gestão FM: Não há dúvida. A qualidade em gestão de pessoas é no sentido de sanar a necessidade de novas salas de uma meta da nossa gestão. Nós estamos tentando obter, aula e de laboratórios específicos? junto ao Governo Federal, a mesma situação que nós temos para os docentes: certa autonomia na gestão de recursos Felipe Müller: As ações já estão sendo tomadas. Já humanos para os técnicos-administrativos em educação. foi feito um investimento de R$ 35 milhões, em obras Fazendo isso, nós vamos poder sanar algumas carências como salas de aula, salas de professores e laboratórios, históricas para, aí, podermos dar um salto qualitativo e

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quantitativo na parte de técnicos-administrativos. Apesar de o REUNI ter proporcionado a contratação de 326 professores e 300 técnicos-administrativos em educação, nós ainda temos problemas no HUSM e em uma série de laboratórios que, por exigirem técnicos muito específicos, acabam tendo uma dificuldade grande de renovação. .txt: Sobre o Hospital Universitário, o Reitor Clóvis Lima ressaltou a necessidade do aumento dos recursos humanos e financeiros para que assim o hospital possa atender à demanda de pacientes de toda a região. Existem propostas para alcançar essas metas?

serviços que funcionam no Hospital, de quais os que não funcionam e de por que não funcionam. .txt: Sobre as fundações presentes na UFSM, o senhor defende que elas sejam recompostas com maior participação da comunidade universitária e que sejam mais transparentes em suas ações. De que modo isso será efetivado na nova gestão?

FM: Nós sempre defendemos uma rigidez de controle público nas ações da Fundação. E, para isso, o conselho tem que ser ampliado. Então, defendemos a maior participação do Conselho Universitário no Conselho da Fundação, inFM: Nós estamos trabalhando no sentido de, realmen- dicando representantes de técnicos-administrativos, de te, aproximar o HUSM do Centro de Ciências da Saúde docentes, de estudantes e de coordenadores de projeto. O (CCS). Mas, principalmente, de “dar uma profissionaliza- Conselho teria melhores condições de analisar a prestação da” em alguns pontos de gestão do Hospital Universitário. de contas da Fundação, e nós teríamos uma maior tranquiNós não podemos mais admitir que o HUSM lidade nas relações. Enquanto a autononão tenha o conhecimento específico sobre o mia financeira e a de recursos humanos que cada paciente traz de recursos e traz de e administrativos não existir, enquanto despesas. Temos que fazer um acompanha- ELAS TÊM O SEU PAchegar o final do ano e os meus saldos mento muito sério do processo de gestão. orçamentários voltarem para o cofre da PEL E CUMPREM O São questões simples, de bom senso, e que União, fica muito difícil não contar com poderiam trazer uma melhoria no serviço e SEU PAPEL QUANDO as Fundações para algumas ações. até mesmo uma melhoria das condições de SERVEM À UNIVERtrabalho das pessoas. Muitas vezes, uma pes- SIDADE E NÃO SE .txt: Supondo, portanto, que essa ausoa deixa de atender a um ser humano para SERVEM DELA. tonomia fosse atingida, as Fundações descer seis andares do Hospital e buscar um deixariam de ser necessárias e, aí, deiremédio na farmácia. Então nós temos que xariam de existir? batalhar juntos com a direção do hospital para atacar os problemas específicos. Muitas FM: Existe uma série de coisas que envolvezes, o HUSM não consegue fazer o trabavem essa gradual extinção das Fundações. sobre as Fundações lho de um hospital-escola por ter que prestar Mas, se nós obtivermos a real autonomia assistência à população. E isso aí fica sendo financeira, se eu não tiver mais um teto um dilema grande de qualquer administrador. Eu vou dei- de empenho para recursos extraorçamentários buscados e xar uma pessoa morrer? Eu vou deixar uma pessoa mal nem essa situação de ter que recompor saldos de exercíatendida? Ou eu vou atendê-la bem e deixar, às vezes, o cios anteriores no exercício atual, as fundações vão acabar ensino, que seria prioritário, para um segundo momento? tendo um gradual enxugamento e, eventualmente, até uma Nós tentamos fazer as duas coisas. revisão da necessidade de seu papel. As fundações, basicamente, foram impostas às universidades quando só se po.txt: Outra forma de resolver isso seria a contratação deriam obter recursos extraorçamentários através delas. Só de funcionários específicos? que, agora, nós estamos vendo que, como elas foram mal usadas por algumas universidades e por algumas pessoas, FM: Não. Nós temos que trabalhar sempre na otimização elas estão em xeque. Vamos analisando, gradualmente, dos recursos que existem no Hospital. Então, hoje, as pes- como é que essa situação se comporta no decorrer destes soas estão sobrecarregadas de trabalho por, muitas vezes, anos de mandato ou até mesmo bem breve. O que nós tesituações que não estão bem equacionadas no Hospital. O mos que “sentar em mente” é que hoje temos 400 projetos que é que tem que ser feito? Uma priorização do serviço. dentro da Fundação e que são projetos importantes para Quando se começa a colocar metas e algumas situações a Instituição. Nós temos que ter certo cuidado quando se em que as pessoas são cobradas por não terem feito aquele implica em simplesmente dizermos “Olha, as fundações serviço, as coisas passam a andar. E também, aí sim, nós não têm necessidade nenhuma, elas podem ser extintas”. poderemos identificar onde os servidores são realmente Elas têm o seu papel e cumprem o seu papel quando sernecessários. Não adianta a gente só chegar e dizer “Faltam vem à Universidade e não se servem dela. Nós temos que servidores”. Onde faltam servidores? Por que esses servi- estabelecer até que ponto nós podemos chegar com as fundores faltam? Esse é o grande desafio antes de sair contra- dações. .txt tando. Tem que se fazer um diagnóstico sério, de quais os





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Centro de Convenções começa a virar realidade

O auditório do futuro Centro de Convenções da UFSM deve estar pronto na metade de 2011 e será um espaço para a realização de eventos e formaturas. Letícia de la Rue

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DIVIDINDO O AR E OS RISCOS

O tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), são mais de 4,9 milhões de óbitos por ano, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia. Milena Jaenisch

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exposição passiva à fumaça do cigarro pode ocasionar os mesmos malefícios trazidos pelo uso ativo do tabaco. Na UFSM, a falta de lugares apropriados para fumantes, como os chamados “fumódromos”, faz com que tabagistas convivam com não tabagistas em um mesmo espaço físico. O consumo do cigarro transporta para o corpo humano mais de cinco mil substâncias tóxicas, causadoras de doenças e de lesões. Entre esses compostos químicos, está a nicotina, principal geradora da dependência química no usuário. Observa-se, em algumas instalações da UFSM e também em espaços de socialização, como Diretórios Acadêmicos e lancherias, que fumantes e não fumantes dividem o mesmo ambiente; entretanto, nem sempre em comum acordo. Segundo o professor de Pneumologia do Curso de Medicina da UFSM, Gustavo Trindade Michel, todos os danos que envolvem os tabagistas ativos podem atingir os tabagistas passivos, “o paciente que convive em um lugar de alta carga tabágica fica sujeito aos mesmos problemas causados pelo tabaco ativo. A exposição passiva ao tabaco por um período de quatro horas é comparada ao consumo de quatro a seis cigarros”.

A Lei Antifumo é discriminatória? A Lei Antifumo (n° 577), aprovada no Estado de São Paulo no ano passado, trouxe à discussão o direito individual dos fumantes à liberdade, já que, de acordo com a lei, eles só podem fumar em casa, na rua, ou em lugares específicos para fumantes – como as tabacarias. Além dela, existem leis em âmbito federal (nº 9.294/96), estadual (nº7.813/83) e municipal (nº 2.210/98) que limitam os espaços permitidos para o consumo do cigarro. A aprovação de leis que definem locais em que se pode ou não fumar traz divergências de opiniões. O estudante do 6º semestre do Curso de Medicina Veterinária da UFSM, Lucas Zanuzo, é fumante e diz que a lei antifumo é uma demonstração de preconceito. “A lei [antifumo paulista] fere a dignidade do fumante e transforma o ato de fumar em uma infração e em uma afronta à ordem pública”.

Todavia, pode-se entender a lei como uma medida que trará benefícios à sociedade. O professor Gustavo Trindade Michel, não fumante, entende que a restrição de lugares para o consumo do tabaco é uma forma de respeito às pessoas que não são fumantes: “temos que considerar a liberdade da pessoa que não fuma de poder estar em lugares nos quais não há o consumo de tabaco”. Na UFSM, não existem delimitações de espaços de fumantes e de não fumantes, nem restrições a locais de consumo do fumo. O Pró-Reitor de Infraestrutura, Valmir Brondani, acha que não devem ser criados “fumódromos” na Universidade, pois a legislação federal prevê que não é permitido fumar em recinto público. “Nós somos uma instituição pública, portanto não se pode fumar aqui dentro”, acredita Valmir Brondani. .txt Ilustração: Thiago Krening

dia 5 de janeiro deste ano e, uem passa perto da embora a previsão de térmiReitoria ou do PlaO que haverá no Centro de Convenções? no seja de 540 dias, esta data netário da UniverQuando a obra do Centro estiver totalmente pronta, abrigará deve sofrer alguns atrasos. O sidade já percebe a edificação as seguintes edificações: engenheiro civil Tiago Hoque começa a se erguer nos - Auditório, com capacidade para 1.200 lugares. ppe, chefe do setor de obras arredores. Em breve, estará - Centro Multiuso, com cerca de dez salas multiuso para a ree fiscalização da Pró-Reitoria pronto no local o Centro de alização de cursos, simpósios, seminários, etc.; duas salas de Infraestrutura e responsáConvenções da UFSM, uma para videoconferência; espaço para exposições; e espaço para a instalação de um restaurante. vel pela fiscalização da obra, obra há muito aguardada pela - Edifício para a imprensa, que irá abrigar a Coordenadoria afirma que não é possível fixar comunidade acadêmica e que, de Comunicação Social da UFSM, a Rádio Universidade e a uma data exata para o término enfim, começa a tomar forma. TV Campus. da construção. Desde o início, Quando estiver pronto, serão - Centro Ecumênico. imprevistos como fatores clirealizadas no local as colações - Museu da UFSM ou Loja da Editora da UFSM. máticos atrasaram o prazo inide grau dos cursos da Institui- O projeto prevê também um estacionamento e um parque cial de conclusão da obra. ção, espetáculos teatrais e muno entorno das edificações O contrato também sicais, congressos e simpósios. prevê a duplicação da rua que A aluna do 5º semestre do curso de Farmácia, Clarissa de Oli- iluminação foram desenvolvidos pela Pró- fica em frente ao Centro. Esta é a rua que veira, acredita que um espaço como este Reitoria de Infraestrutura da UFSM (an- dá acesso ao prédio do Centro de Ciências já devia ter sido construído antes, pois os tes denominada Prefeitura Universitária). Sociais e Humanas (CCSH) do campus, ao estudantes acabam gastando muito com o Os demais projetos, como o hidráulico, o Hospital Veterinário e ao Colégio Politécaluguel de salões para a cerimônia de for- de ar-condicionado e o de prevenção de nico. A duplicação está sendo feita princimatura. Ela afirma ainda que “a maioria dos incêndios, foram elaborados por equipes palmente devido ao aumento do fluxo de congressos acontece em hotéis da região, e especializadas contratadas pela Instituição. veículos que deve ocorrer com a inauguramuitas vezes, pela limitação do espaço, não O projeto da obra ficou pronto ção do local. O Centro de Convenções permitise pode realizar eventos mais abrangentes”. em março de 2008 e, então, iniciou-se a ela- O projeto do Centro de Conven- boração do edital para contratação de uma rá que muitos alunos sem recursos para pagar a cerimônia de colação de grau possam ções começou a ser desenvolvido em 2006, empresa. participar das formaturas, como acredita o por um pedido da administração central da mestrando do Programa de Pós-Graduação Universidade feito ao curso de Arquitetuem Farmacologia, Rodrigo Buske: “podera e Urbanismo da Instituição. No mesmo Prazos e expectativas rá diminuir o monopólio de indústrias de ano, professores do curso iniciaram a elaboração do projeto arquitetônico da obra. A empresa contratada para iniciar formaturas que existe por fora da Univer A professora do Curso de Arqui- a execução do projeto foi a Construtora sidade”. Segundo o engenheiro civil Tiago tetura e Urbanismo Lucienne Limberger, D.Zanco Ltda., da cidade de Frederico Wes- Hoppe, durante a execução da obra do aucoordenadora do projeto, ressalta que, para tphalen, a qual irá construir apenas o pré- ditório, pretende-se fazer a licitação para as o desenvolvimento da proposta do Centro, dio que abrigará o auditório do Centro de cadeiras e o equipamento de ar-condicioforam realizadas diversas entrevistas com Convenções. O valor desta parte inicial da nado. Caso isso aconteça, será possível reprofissionais das áreas a serem atendidas obra é de R$ 8.861.402, 47. As demais edi- alizar as colações de grau – há muitos anos pelo local, além de visitas a edificações ficações do local, como o Centro Multiuso feitas apenas em clubes da cidade – no final com objetivos semelhantes. Ela acrescenta e o Edifício para a imprensa, ainda não têm do primeiro semestre de 2011 na própria também que, além do projeto arquitetôni- data prevista de construção e ficarão para o UFSM. .txt co, formaram-se equipes para os projetos futuro. complementares. Os projetos elétrico e de As obras do auditório iniciaram

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Os Malefícios do Fumo O tabagismo aumenta os índices de lesões vasculares, derrame, enfisema pulmonar, pressão alta, infarto e problemas cardíacos, especialmente em pacientes que já tenham alguma doença de base como a asma. A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), que tem como principal causa o consumo do cigarro, representará a quarta causa de morte no mundo até 2030, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. .txt Junho de 2009 7

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NÃO TEM ESPAÇO? Divisões do Departamento de Material e Patrimônio da UFSM “matam um leão a cada dia” para desempenhar suas funções, mesmo sem poder realizar uma delas: o recolhimento de materiais em desuso.

Não há data prevista para a DIPAT desocupar o prédio do Parque de Exposições.

Gabriela Loureiro

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o entrar em um dos prédios do Almoxarifado Central, é impossível não notar a pilha de caixas de papéis, computadores e até liquidificadores. Pelos Centros de Ensino, são cadeiras quebradas, mesas velhas e computadores obsoletos. Falta espaço na Universidade para armazenar materiais que não são utilizados e também materiais novos, boa parte vindos pelo Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI). Os dois prédios do Almoxarifado Central (também conhecidos como “tocas”) são repartidos para comportar as duas divisões do Departamento de Material e

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Patrimônio (DEMAPA): o Almoxarifado e a Divisão de Patrimônio (DIPAT). Desde a fundação da Universidade, as duas divisões do DEMAPA ocuparam os dois prédios e um extinto galpão atrás do Centro de Educação (CE). A partir de 2005, quando a UFSM implantou os campi do Centro de Educação Superior do Norte do Rio Grande do Sul (CESNORS) e da, agora autônoma, Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), foi necessário um local maior para abrigar

Entenda as divisões O DEMAPA é o órgão responsável por todas as licitações, contratações, estoques de mercadoria de uso comum no Almoxarifado Central, controle patrimonial e compras em geral da Universidade. A DIPAT é encarregada de comprar, armazenar e distribuir materiais de patrimônio, como mesas, cadeiras e computadores. Já o Almoxarifado compra, armazena e distribui materiais de consumo, como papel higiênico, óleo para motores e cartuchos de tinta para impressora. Fonte: DEMAPA

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geral os materiais que vinham para a Instituição e que deveriam ser entregues a essas novas unidades. Em 2006, iniciou-se a construção de um novo prédio para o Almoxarifado. Para isso, foi destruído o galpão onde, antigamente, eram depositados os materiais não utilizados pelos Centros e que deveriam ser reaproveitados por remanejo, doados ou descartados. “O galpão que nós tínhamos lotou; tivemos que começar a nos desfazer das coisas, a fazer doações porque ficava até certo tempo [até um ano] à disposição da Universidade. Não havendo interesse, nós temos uma pasta na qual são feitos pedidos de escolas, prefeituras, até mesmo da Brigada. Então a gente chamava esse pessoal para eles verem o que queriam. Até que chegou um determinado dia em que não tínhamos mais como recolher porque não havia mais prédio”, explica o diretor da Divisão de Patrimônio do DEMAPA, Gilson Peres.

SOLUÇÕES PROVISÓRIAS Com a destruição do galpão, surgiu um problema: onde armazenar esses materiais que não são usados? Como eles são patrimônios federais, não é possível apenas descartálos, é preciso prestar contas com documentos para que a DIPAT tome as providências necessárias para o descarte. Sem galpão para armazenar esses materiais, não existe mais recolhimento por parte da Divisão de Patrimônio. “Agora não tem como, são quatro pessoas para entrega e recolhimento. Com a quantidade de coisas que está sendo comprada, para entregar e reco-

lher, ou se atrasa a entrega ou se atrasa o recolhimento. É muito complicado”, desabafa o diretor da DIPAT, Gilson Peres. Atualmente, a Divisão de Patrimônio não se envolve mais com o recolhimento. Os Centros armazenam seus materiais obsoletos como podem. Veja, na próxima página, um quadro sobre a situação em alguns Centros da UFSM. Sem recolhimento há quase três anos, os chefes de departamento da Universidade não estão muito contentes com a situação. De acordo com o diretor do DEMAPA, José Carlos Segalla, “todo mundo está brigando conosco, chamando-nos de incompetentes para fora, dizendo que vão despejar um caminhão de coisas aqui [na sala da direção do DEMAPA] porque não têm onde colocar. Só que eu não posso pegar um material, tirar da carga da unidade e dar um destino qualquer. Tem todo um regulamento na lei”. Uma solução provisória foi a doação, fora dos padrões normais, no começo desse ano. “Esse tipo de doação só num caso de muita urgência, como foi o do Colégio Tiradentes, da Brigada Militar. A governadora autorizou a criação da escola, mas os caras não tinham nem cadeira para sentar. Aí o Reitor autorizou que eles viessem e ficassem uma semana aqui, recolhendo material de vários Centros”, relata Gilson Peres.

Eu pensei que aquele prédio nunca ia lotar, é muito grande, mas quando eu o vi naquele estado, avisei meus superiores”, expõe Gilson Peres. Assim que o novo edifício ficar pronto, o Almoxarifado será transferido para o local e a DIPAT ocupará os dois prédios que atualmente são utilizados pelas duas divisões. Um desses prédios, a princípio, será o depósito de materiais não utilizados, que poderão ser reaproveitados, doados ou virar sucata. Apesar do aumento de espaço, Gilson Peres acredita que será insuficiente: “O prédio atual vai ficar para a Divisão de Patrimônio. Estão dizendo que vão reformar, mas essa reforma vai demorar, não é para já, eles dependem de dinheiro. Tem todo um recolhimento de material para ser feito e onde será colocado? O REUNI não é para este ano apenas; é até 2012 e tem material que tu não fazes ideia”.

À ESPERA DE UM MILAGRE O novo prédio do Almoxarifado Central pertencerá apenas ao Almoxarifado e as “tocas” ficarão para a Divisão de Patrimônio, se-

OS MATERIAIS NÃO PARAM DE CHEGAR Com a implantação do REUNI, a situação foi agravada. A Divisão de Patrimônio tem muito material novo para receber (às vezes, de prédios que ainda estão em construção) e não possui local para estocá-los. Como o último prazo para conclusão do novo prédio do Almoxarifado é no início de julho desse ano, a divisão passou a ocupar um prédio do Parque de Exposições desde novembro passado. “Para conseguir esse prédio no Parque de Exposições, a gente passou avisando que estava saturando, e o Segalla levando as informações aos superiores. Um dia, liguei para o Segalla: ‘a partir de amanhã, eu não recebo mais nenhuma transportadora’. Para completar, quando chovia aqui, alagava todo esse salão. Então conseguiram o prédio, mas agora está chegando a Expofeira”, relata Gilson. Além de o local não pertencer ao DEMAPA, ele já não é suficiente para armazenar a quantidade de materiais do REUNI. “Em questão de vinte dias, o prédio que é utilizado para a Feira das Profissões no Parque de Exposições foi completamente lotado. Lotado de haver apenas um corredor para andar.

O novo prédio do Almoxarifado conta com 1.500 m² e mezaninos para armazenamento de materiais. Foram gastos 1,7 milhão de reais ao todo.

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nossa estrutura não comporta, se nos tirarem aquele prédio [do Parque de Exposições], eu não sei o que vai ser”, sustenta. Por outro lado, o diretor do DEMAPA, José Carlos Segalla, afirma que o novo edifício do Almoxarifado também irá abrigar os materiais da Divisão de Patrimônio. “Tem espaço suficiente para tudo; se eu necessitar, eu vou atrás, vou buscar outros lugares da Universidade. Por enquanto, a gente vai alocar tudo lá. Vai ter espaço para alocar esses materiais, isso eu te garanto!”, assegura Segalla. Sem consenso entre o diretor da DIPAT e o diretor do DEMAPA, fica impossível definir ao certo o destino dos materiais permanentes da Universidade – tanto os que chegam quanto os que estão em desuso.

ALTERNATIVAS Existem duas ideias para amenizar a sobrecarga das duas divisões do DEMAPA. Uma delas é criar uma central de compras que irá centralizar e organizar o planejamento de compras da Universidade. A outra é a criação de “classificados” de remanejo interno para materiais em desuso, o qual ficaria no site da UFSM. Em virtude do REUNI, a crescente demanda por novos materiais continuará até 2012. As duas propostas serão colocadas em prática e solucionarão o problema de infraestrutura da Universidade? Essa é uma situação delicada com a qual os dirigentes da Instituição terão que lidar. .txt

A GIGANTE DO INTERIOR Através da implementação do REUNI, a Universidade Federal de Santa Maria se tornará a maior Instituição de ensino do sul do Brasil, no número de cursos oferecidos e no número de acadêmicos.

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Os únicos materiais em desuso que permanecem com a Divisão de Patrimônio são carros antigos que deverão ser leiloados, mas ainda não há previsão para isso.

Situação de alguns Centros de Ensino Cada departamento do Centro de Tecnologia (CT) lida com seus materiais em desuso. Muitas vezes, eles acabam ficando pelos corredores do Centro por não haver outro local para depósito. Os computadores obsoletos do Centro de Artes e Letras (CAL) ficam na sala do chefe do laboratório de informática do Centro, Sergio Luis May.

esde seu lançamento, o Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) foi motivo de divergências dentro das universidades públicas. Apesar de todo o debate gerado, o fato é que as 53 universidades federais brasileiras aderiram ao programa. Inseridas nesse contexto, estão as maiores universidades do Rio Grande do Sul: a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Apesar de ter entrado somente na segunda fase do projeto – em agosto de 2008 –, a UFSM é a universidade do Estado que mais recebeu verbas pelo REUNI. Somente este ano, são 34 milhões de reais para investimentos em salas de aula, laboratórios e construção de prédios. Por sua vez, a UFRGS recebeu menos da metade desse valor (16,4 milhões de reais), de acordo o Diretor do Departamento de Orçamento da UFRGS, José Vanderlei Ferreira. A disparidade entre os valores recebidos se explica pelo crescimento que cada universidade pretende realizar. Enquanto a UFSM criou 28 novos cursos – realizando, inclusive, um vestibular extraordinário –, a UFRGS criou apenas seis novos cursos em 2009. Essa diferença acarreta uma substancial diferença de necessidades em termos de infraestrutura e de contratação de do-

Murilo Matias

centes e técnicos-administrativos, além de outras nuances próprias de cada Instituição. A UFSM irá superar, ainda, as outras duas grandes universidades federais do sul do Brasil, situadas em capitais: a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), de Florianópolis; e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), de Curitiba (confira o quadro abaixo). O Pró-Reitor de Graduação da UFSM, Jorge Cunha, comenta a expansão e defende a escolha da Universidade: “A UFSM é parte do Estado Brasileiro, que pertence aos cidadãos brasileiros. Perder o bonde da história não participando de uma oportunidade como o REUNI, de expandir o ensino público gratuito é, no mínimo, irresponsabilidade política”. Apesar de defender a implantação do REUNI, o Pró-Reitor de Planejamento da UFSM, Charles Jacques Prade, adverte: “O ideal seria aumentar a estrutura e o dinheiro mais do que duplicar. Com o aumento dessa estrutura, é lógico que se tenha uma contrapartida financeira para isso. Agora eu pergunto: essa contrapartida é suficiente? Talvez não”. E complementa, sobre os objetivos da Universidade de atender, por meio do REUNI, à demanda que não tem acesso ao ensino superior: “Se vai ser eficiente, se vamos conseguir responder a isso, o futuro vai nos dizer, mas temos que pensar em atender a essa demanda reprimida e, com o

tempo, sanar os problemas”. Segundo Jorge Cunha, as promessas com relação às verbas do REUNI, foram cumpridas. O Pró-Reitor também garante que os recursos planejados são suficientes para a construção de salas e de laboratórios e para a compra de equipamentos. Sobre a relação quantidade/qualidade, acredita que “não há nenhum indicador de que esse crescimento quantitativo não venha acompanhado de um crescimento qualitativo”.

A composição do orçamento

Atualmente, a UFSM opera com dois orçamentos: um provindo do REUNI – para estruturação e expansão – e outro enviado pelo Ministério da Educação (MEC). Com relação às verbas provindas do MEC, para manutenção e investimento, o principal fator na distribuição do dinheiro entre as universidades é o produto final, ou seja, o número de alunos formados a cada ano. Além desse critério, são considerados: a área física da universidade, o número de cursos, o numero de docentes e suas titulações. Para 2009, a UFRGS recebeu cerca de 58 milhões de reais oriundos do MEC, enquanto a UFSM ficou com 36 milhões de reais. Levando em consideração os critérios para a divisão dos recursos, espera-se que em pouco tempo a UFSM supere a UFRGS em mais UNIVERSIDADES EM NÚMEROS esse quesito, uma vez que Mesmo situada no interior, a UFSM se transformará na maior Universidade da Região Sul do Brasil, a UFSM se tornará a superando inclusive as universidades situadas nas capitais: Universidade Federal do Rio Grande maior do Estado no que do Sul (UFRGS); Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); e Universidade Federal do Paraná diz respeito ao número (UFPR). de cursos e de alunos. “Isso é uma decorrência UFSM UFRG UFSC UFPR natural da própria fórAlunos na Graduação 20.747* 24.567* 19.354* 21.604* mula de distribuição dos Cursos 92 69 54 77 recursos orçamentários, Docentes 1.203* 2.114* 1.610* 2.011* que é combinada entre as universidades federais. % de Docentes Doutores 67% 77% 81% 65% Então não há como imaTécnicos-administrativos 2.675* 2.380* 2.874* 3.527* ginar que seja diferente”, Recursos do REUNI R$ 34 mi R$ 16,4 mi R$ 22,5 mi R$ 41,5 mi assegura Jorge Cunha. Recursos da Matriz R$ 36 mi R$ 58 mi R$ 56 mi R$ 118 mi .txt Orçamentária do MEC * Dados referentes a 2008 Fonte: sites da UFSM, UFRGS, UFSC e UFPR

Fotos: Marcelo de Franceschi

O Centro de Educação (CE) conseguiu o galpão da Casa do Veterinário no Parque de Exposições para estocar uma parte de seus materiais. O restante fica espalhado pelos cantos do Centro. Alguns alunos ou professores acabam se interessando pelo material e fazem transferência interna de bens. É também uma forma de reciclagem.

Fotos: Gabriela Loureiro/Marcelo de Franceschi/Rafael Salles

O Centro de Ciências Rurais (CCR) utiliza uma sala como depósito dos materiais que não são mais usados no Centro.

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comIncidência

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capa

O QUE VOCÊ FARIA COM QUEM LHE DEVE MAIS DE UM MILHÃO DE REAIS? Política de parceira da Universidade com a Prefeitura Municipal se mantém mesmo com uma dívida que, em apenas três anos, ultrapassou R$ 1,4 milhão. O débito acumulado supera R$ 1,7 milhão. Charles Almeida

Fotos: Charles Almeida / Marcelo de Franceschi / Arquivo Pessoal

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empréstimo de servidores da UFSM à Prefeitura de Santa Maria proporciona espaços de interação, desenvolvimento de projetos de pesquisa e troca de experiências. A cedência possibilita à Instituição de ensino inserir-se na comunidade por meio dos servidores e à Prefeitura contar com quadros qualificados. Mas nem só de louros vive essa relação. Nas últimas administrações municipais, o valor relativo ao salário dos servidores não está voltando aos cofres da Universidade. Durante o triênio 2006-2008, no governo de Valdeci Oliveira (PT), o Município deixou de pagar à UFSM R$1.473.295,00 em salários de servidores cedidos. No governo de Osvaldo Nascimento (PMDB), de 1997 a 2000, o montante, com juros e cor-

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reção monetária, excede 200 mil reais [processo judicial número 2001.71.02.001455-4 do Tribunal Regional Federal de Santa Maria]. E a gestão Cezar Schirmer (PMDB), empossada em janeiro deste ano, também está com o pagamento atrasado. Segundo a Pró-Reitoria de Recursos Humanos, a cedência de servidores é regulamentada pela Lei 8.112 de 1990, que possibilita o afastamento de funcionários para ocupar funções de confiança. O ônus da remuneração do servidor passa a ser do órgão que o requer. Deste modo, um professor que chefia uma secretaria de município continua recebendo seu salário normalmente, pela Universidade. Cabe à Prefeitura repassar mensalmente o valor integral aos cofres da Instituição, por meio de uma guia bancária.

Uma vez não ressarcida, a Universidade poderia requerer seus servidores de volta, cancelando o processo de cedência. Mas essa prática fere a política de boa vizinhança estabelecida entre a Instituição e a esfera municipal. Entre 2006 e 2008, mesmo vendo a dívida crescer e ultrapassar a cifra de um milhão, a UFSM não interrompeu a parceria. Segundo o Chefe de Gabinete do Reitor, João Manoel Espina Rossés, o retorno dos professores não foi requisitado para não atrapalhar o andamento da administração municipal. “Toda vez que o TCU [Tribunal de Contas da União] audita as contas da UFSM, é de praxe verificar a cedência entre órgãos. Ele detectou o não recebimento e determinou que a Universidade cobrasse”, explica o Chefe de Gabinete. Naquele período, a Instituição enviou ofícios cobrando o montante do prefeito Valdeci Oliveira, que garantiu honrar o débito. O Pró-Reitor de Administração, André Luis Kieling Ries, conta que a Universidade tentou acertar a dívida com a Prefeitura: “Foi feito um acordo para pagamento em três vezes e não foi pago”. Valdeci Oliveira afirma que o valor estava em “restos a pagar”, previsto no orçamento de 2009. Contudo, a UFSM ainda não foi ressarcida e estuda uma cobrança judicial. “ ”, confirma o Pró-Reitor.

Vamos ingressar na justiça

DÍVIDAS HERDADAS Esperar a troca do governante para ingressar na Justiça tornou-se regra. A dívida de R$ 96.575,10 (hoje mais de R$ 200 mil com juros e correção monetária), gerada na administração de Osvaldo Nascimento (1997-2000), só foi cobrada judicialmente em 2001, após o fim do mandato. O procurador federal Paulo Roberto Brum, que acompanha esse processo, aponta inúmeras petições movidas pela Universidade requerendo o pagamento. Segundo o procurador, já foi solicitado inclusive o sequestro de verbas da Prefeitura para liquidar a dívida. Mesmo com decisão judicial favorável à UFSM, que gerou um precatório, o montante não foi pago. “O Brasil é mesmo o país da impunidade”, comenta Brum, lembrando que tramita na Câmara dos Deputados a Proposta de Emenda Constitucional (PEC nº 351/2009) que altera a cobrança de precatórios [quadro ao lado]. Mesmo com histórico de não pagadora, a Prefeitura Municipal continua recebendo servidores cedidos pela UFSM. Desde que tomou posse, o prefeito Cezar Schirmer conta com dois professores em função de confiança. João Luiz de Oliveira Roth, do departamento de Ciências da Comunicação, e Antônio Carlos de Lemos, do departamento de Ciências Administrativas, comandam as secretarias de Cultura e de Finanças respectivamente. A Universidade cedeu os servidores, mas não tem recebido o valor de seus salários.

O Pró-Reitor de Administração, André Luis Kieling Ries, diz que as cobranças estão sendo enviadas e que a Prefeitura “não paga porque não paga. Não foi recolhido nada [esse ano], a gente manda a cobrança e eles não recolhem”. Segundo o secretário de finanças, Antônio Carlos de Lemos, o ressarcimento não está em dia porque a UFSM não tem remetido as faturas. “Quando vier a nossa, vou pagar tudo. ”, promete Lemos, cuja secretaria é responsável pelo pagamento. Com relação ao valor deixado pela administração Valdeci Oliveira, o secretário

Se for cem mil, vou pagar

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considera que o não pagamento foi uma deselegância com a Instituição que cedeu os servidores. Contudo, o acionamento judicial, segundo ele, prejudicaria o acerto porque geraria um precatório. “Eu já falei com o doutor Athos [Athos Renner Diniz, procurador geral da UFSM] para não pôr na justiça porque nós vamos contestar. A Universidade tinha que ter criado caso pedindo a volta dos servidores cedidos [na época]”. O procurador geral da UFSM, Athos Renner Diniz, diz que “a Procuradoria Jurídica não foi informada oficialmente sobre essa dívida” e que não pode tomar providências antes dessa comunicação.

ENTENDA O QUE É PRECATÓRIO E AS ALTERAÇÕES PROPOSTAS • Precatório: é a requisição expedida pelo Poder Judiciário contra a Fazenda Pública nas esferas federal, estadual ou municipal, para que essa efetue o pagamento de débitos que já possuam condenação em decisões já julgadas. • PEC 351/2009: a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 351/2009), que tramita na Câmara dos Deputados, tem o objetivo de alterar as cobranças de precatórios. O relator da emenda é o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. A proposta quer limitar o valor gasto pela União, pelos estados e pelos municípios para pagamento de precatórios. Além disso, discute-se a criação de uma espécie de leilão da dívida em que o credor que oferecesse maior desconto receberia primeiro. Atualmente o pagamento é feito com base na cronologia da dívida, quanto mais antiga maior a prioridade.

.txt: Qual o papel da UFSM nesta sua jornada na secretaria?

“A universidade pública se confunde com a ideia de nação. Neste sentido, uma integração profunda com a comunidade é o seu grande desafio, portanto, também é sua função administrar o saber produzido e imediatamente disseminar este conhecimento. Assim, a participação de servidores da Universidade na construção do projeto de desenvolvimento harmônico da comunidade é um processo que temos de ver como natural e como uma contribuição efetiva. A sala de aula na agenda do século XXI é sistemática e assistemática. Talvez consiga contribuir para a cultura da cidade com tudo aquilo que aprendi ao longo destes quase 35 anos de UFSM.”

João Luiz de Oliveira Roth (Secretário de Cultura)

“Nós temos sempre dito que a Universidade tem uma responsabilidade muito grande no ambiente onde ela está inserida; por isso ela tem sido procurada para contribuir com seu conhecimento para o desenvolvimento local. E isso motivou, já há algum tempo, muitos servidores a fazerem parte das administrações, tanto em nível municipal, estadual e federal. Existem alguns projetos da Universidade da área administrativo-financeira que a gente aproveita aqui. Todos os Centros de Ensino possuem os gabinetes de projeto, de vez em quando a gente vai lá e se socorre.” Antônio Carlos de Lemos (Secretário de Finanças) .txt Junho de 2009 13

capa VIA DE MÃO DUPLA A presença constante de servidores da UFSM na Prefeitura Municipal, segundo a chefe do departamento de Ciências da Comunicação, Ada Machado da Silveira, é inevitável porque “a Universidade contém quadros qualificados com ampla experiência em administração pública”. A professora defende que a presença de um professor na Secretaria de Cultura, por exemplo, pode gerar o engajamento dos cursos de Relações Públicas e Publicidade e Propaganda em projetos municipais. Para o chefe do departamento de Ciências Administrativas, Ronaldo Morales, a cedência de servidores é um processo normal e uma maneira da UFSM participar da comunidade santa-mariense, ou seja, “uma resposta à sociedade”. Além dos professores cedidos, o governo municipal conta com três docentes aposentados da UFSM na coordenação de secretarias. Compõem o governo, os secretários de Educação, Pedro Aguirre; de Saúde, José Farret; e de Transporte, Sérgio Renato de Medeiros, todos com longa passagem pela Universidade. Eles são unâni-

mes em afirmar que a Instituição tem sido procurada para a resolução de problemas públicos que envolvem suas pastas. Segundo Sérgio Medeiros, os professores que estão no atual governo têm a incumbência de buscar as universidades para a resolução de questões municipais. “O próprio prefeito pediu para a gente desenvolver essa capacidade de intercâmbio com as universidades”, completa. A presença de professores nas secretarias tem motivado a criação de vínculos beneficiando alunos e projetos de pesquisa. O secretário e vice-prefeito José Farret afirma que, em todas as secretarias, a tendência é buscar convênios com a Universidade. “

O primeiro lugar que procuramos foi a Universidade. Quem não busca

é porque sabe demais”, argumenta. Farret diz que está construindo, juntamente com a Universidade, o projeto Residência Multiprofissional, que envolverá recém-formados em nove graduações da área de saúde. Na pasta de Cultura, João Luiz de Oliveira Roth apresenta propostas inovadoras para integrar o Município com a Universidade. “O Centro de Artes e Letras já está bem avançado no estabelecimento de um protocolo de ações direcionadas ao MASM

[Museu de Artes de Santa Maria] e a um programa de bibliotecas comunitárias em todas as vilas e bairros de Santa Maria. Esse é apenas o começo”, afirma ele. O secretário prevê ainda a inserção dos cursos do Centro de Ciências Sociais e Humanas nas atividades de sua pasta. Na Secretaria de Transporte, a UFSM discutirá o Plano Diretor de Mobilidade Urbana de Santa Maria a ser desenvolvido empregando recursos do Banco Mundial. “A Universidade vai desempenhar um papel fundamental neste planejamento, principalmente no apoio técnico”, prevê Sérgio Renato de Medeiros. A Instituição participará também do planejamento da próxima Conferência Nacional da Educação (CONAE 2010), juntamente com a Secretaria de Educação. “Na CONAE 2010, vamos discutir os eixos da qualidade de ensino, da justiça social na educação e os sistemas nacional, estadual e municipal de educação. O Centro de Educação está indo às cidades da Associação dos Municípios do Centro do Estado para mobilizar os trabalhadores de educação a participar das discussões”. Outra característica das cedências na atual administração é que, mesmo ocupando cargos na Prefeitura, os professores mantêm atividades em sala de aula. Roth

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leciona no curso de Publicidade e Propaganda, e Lemos no curso de Administração. Pedro Aguirre defende a dupla função: “Eu acho que a Universidade não deve ceder o professor em tempo integral porque ele deve ficar ministrando aula. Deve pegar os conhecimentos aqui da sociedade e levar para dentro da Universidade”, afirma o secretário de educação, que foi cedido ao Município, entre 1989 e 1992, para o mesmo cargo. .txt

Justiça já determinou o pagamento de dívidas do período 1997-2000

O QUE VOCÊ FARIA COM R$ 1,7 MILHÃO? “Compraria uma lavanderia semi-industrial para a CEU. Construiria, com o apoio do curso de Arquitetura e Urbanismo, uma casa ecologicamente correta. Além de investimento em esporte e lazer, recreação e a construção de um cinema no campus.” José Francisco Silva Dias, Pró-Reitor de Assuntos Estudantis

“Faria uma reforma no prédio da Biblioteca. Deixaria ele novinho. É muito dinheiro que precisa para colocar o prédio todo novamente em condições ideais. Também investiria na revitalização do jardim de inverno.” Débora Dimussio, diretora da Biblioteca Central da UFSM

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“Compraria um planetário digital, avaliado em 700 mil reais. Já está na hora de substituir os equipamentos, que datam de 1970, e mudar a visão do planetário. O equipamento novo permitiria, por exemplo, fazer uma viagem dentro do corpo humano ou ainda entrar nos prédios do Antigo Egito.” Francisco M. da Rocha, diretor do Planetário

“Primeiramente, adquiriria um aparelho de ressonância magnética (estimado em 800 mil reais) para ser usado pelo sistema público de saúde. Também nos falta uma UTI Móvel para pacientes graves, que custa em torno de 200 mil reais.” Carlos Amaral, diretor administrativo do HUSM

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de dentro para fora

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ACADÊMICOS NO ALTO DO PÓDIO A judoca Bruna Borin e a equipe masculina de handebol vencem os JUGs e conquistam vagas para a competição nacional. Além disso, os atletas de jiu-jitsu conquistaram três medalhas de ouro. Saul Pranke

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UFSM mostrou sua força esportiva na 30ª edição dos Jogos Universitários Gaúchos ( JUGs), disputada de 23 de maio a 7 de junho, em Canoas e Porto Alegre. Aliando mentes e corpos sãos, como sugere o conhecido verso da Sátira X, do poeta romano Juvenal, a delegação da Universidade trouxe o título em uma modalidade coletiva e em quatro categorias das modalidades individuais. Assim, o handebol masculino, que volta a participar de competições nacionais, e a judoca Bruna Borin conquistaram vagas para os Jogos Universitários Brasileiros ( JUBs). JUBs: 14 a 23 de agosto em Fortaleza (CE). O grande destaque da UFSM nos JUGs foi a participação nos tatames. É deles que vêm quatro medalhas de ouro. A judoca Bruna Borin venceu a categoria meiopesado (até 78 kg). Já a equipe de jiu-jitsu voltou de Canoas com três ouros. Felipe Trindade, um dos monitores da equipe, conquistou a categoria faixa roxa – peso médio (até 82,3 kg). Marcelo Marques e Rafael Porto também venceram nas suas categorias, faixa azul – peso pena (até 70 kg) e faixa branca – peso pesado (até 94,3 kg) respectivamente. Essas conquistas fizeram o desempenho deste ano superar os resultados obtidos na edição anterior. Na natação, o aluno Gustavo Menna Barreto havia conquistado

vaga para os JUBs 2008 em três provas: 50m, 100m e 200m nado peito, mas, este ano, não repetiu o mesmo desempenho. Além dele, somente Bruna Borin disputou a competição nacional em Maceió (AL) no ano passado.

Marcelo, Rafael, Felipe e Fernando trouxeram a 3ª colocação geral no jiu-jitsu. 16 .txt Junho de 2009

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Tatames que formam campeões

Retomando a hegemonia Um título nos esportes coletivos foi o que faltou no ano passado. Neste ano, veio com o handebol masculino, modalidade tradicional na Universidade. A conquista não acontecia há mais de 20 anos. “Naquela época, iam para os JUBs as seleções estaduais. Agora o campeão leva o nome da universidade para todo o Brasil”, afirma o coordenador do Núcleo Universitário de Esportes e Lazer, Antonio Schmitz Filho. As vitórias sobre a Feevale, por 13 a 9, e sobre a

VIAGEM AO CENTRO DA TERRA GAÚCHA

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Os universitários estrangeiros que fizeram as malas e vieram estudar na UFSM. Sarah Quines

Cobertura completa da participação da UFSM em outras modalidades no site www.ufsm.br/radar

Bruna Borin, que havia vencido a categoria médio (até 70 kg) em 2008, subiu de categoria este ano. Na categoria meio-pesado, ela volta a conquistar o direito de participar da principal competição universitária do Brasil e, desta vez, melhor preparada: “iniciamos os treinamentos em janeiro, preparando para os Jogos, e agora vamos intensificá-los. Além disso, eu faço diversas atividades complementares, como musculação e jiu-jitsu. Tudo para melhorar o desempenho”. Assim como a modalidade que é nova nos JUGs, a equipe de jiu-jitsu foi formada este ano. Os treinos, realizados nas segundas e quartas-feiras no Ginásio Didático II do campus, acontecem desde março. As medalhas conquistadas foram os primeiros frutos do projeto e deram à UFSM a terceira colocação geral na modalidade, atrás da Unisinos e da UFRGS.

de fora para dentro

Bruna Borin conseguiu, pelo segundo ano seguido, vaga para os Jogos Brasileiros. Ulbra/SM, por 21 a 17, trouxeram o título. Em 2008, a equipe foi a terceira colocada na competição. Segundo o treinador da equipe, Luiz Osório Cruz Portela, o desempenho foi muito bom. Durante os jogos, o time ficou sempre à frente dos adversários no placar. Essa conquista representa muito mais do que a participação nos JUBs. Para Luiz Osório, “a ideia é tornar a equipe estável, pois com os resultados e com a participação em competições nacionais, é possível pleitear recursos por meio de projetos para essa finalidade”, afirma o professor. Nos JUBs, a equipe vai disputar a Divisão Especial, torneio que reúne as oito principais equipes. O atleta Cristiano Grabner ressalta “que vencer é sempre o objetivo, ainda mais para garantir uma vaga para os JUBs e jogar contra as melhores equipes universitárias do país”. .txt Fotos: Divulgação

lizabeth Andrea estuda arquitetura na Universidad de Santiago de Chile na capital do país. José Carlos nasceu no arquipélago de Cabo Verde a 640 km da costa africana. O que há em comum entre os dois? Ambos fazem intercâmbio na UFSM. A jovem chilena conta que nunca tinha pensado em estudar em outro país até o ano passado, quando um colega, que já tinha feito a viagem para cá, contou a ela sobre a experiência. Conhecido pelas iniciais de Cabo Verde, José Carlos ou “CV” veio estudar no Brasil para ter um diploma do exterior. Ele retornará ao seu país natal quando concluir o curso de Relações Públicas na UFSM. O cabo-verdiano tem primos que moravam em Fortaleza (CE) quando veio estudar no Brasil. Já Elizabeth conhecia o país pelas telenovelas. A facilidade de um foi o percalço de outro. A língua, já familiar para “CV”, foi uma dificuldade inicial para a adaptação de Elizabeth. – É um desafio ter que entender as leituras, e o que os colegas e os professores falam. Mas agora já estou acostumada. O custo de uma viagem costuma ser o entrave para muitos jovens que têm vontade de fazer intercâmbio. Atualmente, os estudantes têm a oportunidade de viajar através de convênios mantidos entre as universidades. A Secretaria de Apoio Internacional (SAI) é o órgão encarregado de enviar e receber universitários na UFSM. Entre os convênios com instituições de outros países, está a Associação das Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM), da qual participam Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. No primeiro semestre de 2009, a UFSM recebeu 13 alunos pela AUGM. A secretária da SAI, Liliane Della Méa, explica as facilidades que propiciam a vinda dos estudantes. – Esse é um convênio atrativo porque o aluno não tem gasto. A gente aluga apartamento para ele, ele toma café, almoça e janta no RU, inclusive no sábado. Para as refeições do domingo, os estudantes rece-

Fotos: Sarah Quines / arquivo pessoal

bem uma bolsa de 300 reais que ajuda também no transporte para o campus. O convênio da AUGM funciona de modo recíproco, isto é, se a UFSM envia um aluno do curso de Geografia, deve receber um estudante do mesmo curso. Nem sempre essa regra é cumprida, caso em que o argentino Luis Alfredo se encontra. Embora o jovem estude Administração, preencheu a vaga de Matemática, pois não havia nenhum estudante deste curso interessado em vir. Laura Grötter, que cursa Veterinária, e Fiorella Gini, estudante de Arquitetura, vieram da Universidad Nacional del Litoral na Argentina. As duas jovens, que retornam ao seu país no fim do semestre, ressaltam não apenas a importância do intercâmbio na carreira profissional, mas o crescimento como pessoa na convivência com uma cultura diferente. A resposta das estudantes argentinas é unânime entre os seis entrevistados. Maria Catalina, estudante de Artes Visuais que veio do Uruguai, acrescenta: – Serviu para abrir a mente, ter capacidade de entender outras culturas diferentes daquela a qual estamos acostumados. Todos os jovens estudantes repetiriam a dose. A experiência de conhecer o centro do Rio Grande do Sul despertou neles a vontade de viajar para outros lugares. .txt

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categorias

TRÂNSITO DEU SINAL AMARELO PARA SERVIDORES, MAS MPF DEU SINAL VERDE

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Trâmites para a contratação de funcionários concursados, pela UFSM, ficaram suspensos por 31 dias. O motivo: as supostas irregularidades causadas por problemas nos trânsito.

Larissa Drabeski e Marcelo de Franceschi

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Em Silveira Martins, os professores Everton Behr, Marilise Krügel e outros cinco docentes realizam as tarefas de administração da Unidade da UFSM. Eles vão ser substituídos por nove vagas do concurso público. O andamento no dia do concurso Buscando melhor remuneração ou a estabilidade de um cargo público, 16.255 candidatos se inscreveram para a seleção de servidores. O número de inscritos é quase o mesmo de um vestibular: o de 2009 da UFSM, por exemplo, teve 19.991 candidatos. As vagas oferecidas eram para cargos de níveis médio e superior distribuídas entre todas as unidades da UFSM (Santa Maria, Frederico Westphalen, Palmeira das Missões e Silveira Martins). A prova estava marcada para começar às 8h30min, mas devido a um engarrafamento no acesso ao campus da UFSM, o início foi adiado em 15 minutos. Entretanto, nem todos os fiscais ficaram sabendo da prorrogação antes das 8h30min. Por isso, em alguns locais de prova, os cadernos de questões foram distribuídos, recolhidos e entregues novamente, 15 minutos mais tarde. O Pró-Reitor de Recursos Humanos, João Pillar Pacheco de Campos, explica o motivo do atraso: “houve um acidente no acesso à Universidade e de 35% a 40% dos candidatos estavam se deslocando para o campus”. O acidente em questão ocorreu na RSC 287 (Faixa Nova), Km 240, próximo ao Park Hotel Morotin. Conforme a 2ª Companhia Rodoviária da Brigada Militar Estadual, às 7h45min, um choque entre um automóvel e uma motocicleta resultou no ferimento dos dois ocupantes da moto. Depois de optar pelo atraso, a Comissão Permanente de Vestibular (COPERVES),

responsável por aplicar as provas, passou a comunicar os fiscais da decisão. O responsável pela logística da COPERVES, Luis Felipe Lopes, explica por que nem todos foram avisados antes do horário previsto: “como o enrosco do trânsito era no campus, a gente não se deu conta de avisar a cidade. Teve lugares que chegou 8h30min e abriram as provas”. No centro da cidade, havia dez locais de prova, nos quais foram alocados 8.220 candidatos. A comunicação com os fiscais, segundo Lopes, era feita por telefone. “Houve um caso [no campus] em que o coordenador da área não estava com o telefone na hora e foi comunicado só depois de ter dado início à prova”, salienta Luis Felipe. O Vice-Reitor, Felipe Müller, acompanhou de perto o desenrolar dos fatos. O carro dele era um dos que tentavam se dirigir à Universidade pouco antes do início das provas. Müller argumenta que, se não fosse o atraso, muitos candidatos poderiam ter entrado com reclamações ao MPF por terem sido impedidos de fazer a prova em decorrência do trânsito. Ele afirma que a falha foi em tomar a decisão muito perto do horário estipulado para o início das provas, não havendo tempo hábil para comunicar o adiamento a todos os fiscais de prova. O acidente ocorrido da RSC 287, pelo que indica a apuração do caso, foi apenas um agravante no congestionamento do trânsito. Os principais responsáveis teriam sido os candidatos. Embora instruídos de que deveriam chegar aos seus locais de prova com

30 minutos de antecedência, muitos deixa- COPERVES, as Polícias Rodoviárias Estaram para se dirigir ao campus na última hora. dual e Federal, a Brigada Militar e o Departa“Faltou divulgação e se dar conta que esse mento Municipal de Trânsito. O comandante público não era o de vestibulandos” avalia o do 2º Batalhão Rodoviário da Brigada MiliSargento do 2º Batalhão Rodoviário da Bri- tar, Elton Colussi, explica por que não houve gada Militar, Rois Machado. O policial ressal- a liberação: “nós entendemos que, por ser um ta que algumas pessoas sequer sabiam onde domingo e por ser um dia só, não haveria neera a sua prova: “o pessoal procurava o local cessidade. As pessoas têm que entender que de prova na hora. O vestibulando dias antes elas precisam se antecipar. Elas não podem vai verificando onde é essa prova. Pessoas de depender do sentido único”. .txt mais idade também chegavam ao primeiro prédio perguntando onde era determinado local”. Declarações Outro fator determinante para o engarrafamento foi o pouco uso “Eu fiquei até o fim da prova, até quinze do transporte coletivo. “O movipara meio-dia, e a fiscal do concurso deimento de carros foi bem maior do xou uma menina passar a limpo no caderque o normal. A gente esperava um no de resposta depois desse tempo. Mais grande movimento nos ônibus, ou menos uns cinco minutos após o sinal mas foi bem fraco” descreve o Gedo término da prova.” rente de Tráfego da ATU, Alcidinei Candidato ao cargo de Técnico em Assuntos Barcellos. Educacionais, fez a prova no Instituto EstaduUma medida adotada nos três al de Educação Olavo Bilac. últimos vestibulares para evitar problemas com o trânsito é tornar “Foi tudo tranquilo. Achamos estranho o a Faixa Nova mão única, ou seja, nas duas vias trafega-se no sentido primeiro sinal, para começar as provas, centro-campus. Segundo o Próque demorou a tocar. Nós não distribuReitor de Recursos Humanos, essa ímos nenhuma prova, mantivemos o atitude só foi tomada depois que já pessoal em ordem, todo mundo já tinha havia engarrafamento: “mas aí já era entrado. Todo mundo ficou conformado tarde, era 8h20min ou 8h25min da e dentro desse período de espera não enmanhã”. trou mais ninguém.” O funcionamento do trânsiFiscal de prova no campus. to é definido em reuniões entre a

“A concentração ficou comprometida, tu te perguntas o que está acontecendo. Ficou todo aquele cochicho que de certa forma complicou. O edital é claro: o início é às 8h30min e os candidatos devem chegar com uma antecedência mínima de 30 minutos. O edital tem que ser respeitado em qualquer circunstância.” Candidato ao cargo de Técnico em Assuntos Educacionais para a UDESSM, fez a prova na Faculdade Integrada de Santa Maria.

O uso intenso de veículos por parte dos candidatos provocou um congestionamento no acesso ao campus. A grande movimentação fez a Universidade atrasar o início das provas.

“Deu o sinal, recebemos as provas e conferimos o número de páginas e questões. Nós abrimos e começamos a fazer. Pediram para fechar e, nesse tempo, alguns candidatos começaram a ficar nervosos. O pessoal conversava, mas aquela conversa rápida: o que será que houve? O que aconteceu? Por que vamos ter que esperar?” Candidata ao cargo de Técnico em Assuntos Educacionais, fez a prova no Colégio Estadual Manoel Ribas.

Fotos: Marcelo de Franceschi

Para apurar as reclamações recebidas, o MPF recomendou à Universidade que suspendesse os trâmites do concurso por 30 dias. A medida atrasou a contratação dos servidores selecionados para ocupar as 112 vagas oferecidas. Nesse período, a procuradora analisou as atas das salas de prova, ouviu 37 fiscais e mais de dez candidatos. Agora, com o aval do MPF, a Universidade vai dar prosseguimento aos processos de contratação. “Nós tínhamos parado na avaliação médica dos candidatos que apontaram serem deficientes físicos. Vai ser agendado novamente com a perícia médica e vamos retomar esses exames”, informou o Pró-Reitor de Recursos Humanos, João Pillar Pacheco de Campos. Para alguns setores da UFSM que aguardam a chegada de novos servidores, o arquivamento do processo é uma boa notícia. Na Unidade Descentralizada de Silveira Martins (UDESSM), os serviços administrativos estão sendo operados por sete professores vindos de outras unidades da UFSM. Das vagas do concurso, nove são destinadas para a Unidade. O diretor da UDESSM, José Lannes de Melo, espera que até agosto os funcionários já estejam contratados. Até o fechamento desta edição, o reitor Clóvis Lima iria à Brasília, no dia 24 de junho, tratar com o Ministério da Educação (MEC) sobre a liberação dos códigos de vaga para efetivar a nomeação dos candidatos. “A expectativa”, disse ainda o Pró-Reitor de Recursos Humanos, “é que de 20 a 30 dias nós homoO diretor da UDESSM, José Lannes de Melo, trabalha nas loguemos esse conquestões administrativas, juntamente com mais seis profes- curso”. sores. Com o concurso público, a Unidade receberá nove servidores técnicos-administrativos. erminou a angústia de mais de dezesseis mil pessoas. Os candidatos do concurso público para servidores da UFSM aguardavam a decisão do Ministério Público Federal (MPF) sobre supostas irregularidades que teriam ocorrido em 19 de abril, dia da realização da prova. Depois das investigações, a procuradora responsável pelo caso, Jerusa Burman Vicieli, analisou o caso. Segundo ela, os incidentes não possuíam gravidade a ponto de “macular a transparência, a igualdade e o caráter universal do concurso”, permitindo que a Universidade homologasse a seleção. O que deu início à investigação no MPF foi o atraso de 15 minutos no início das provas. O tempo de tolerância foi a solução encontrada pela Universidade para que os candidatos presos em um congestionamento de trânsito pudessem chegar aos seus locais de prova. Durante esses 15 minutos, candidatos que já estavam nas salas teriam conversado, saído e falado ao celular. Esse era o teor das várias reclamações que chegaram ao MPF: “recebemos diversos e-mails, telefonemas e algumas pessoas vieram prestar declarações”, explica a procuradora da República.

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cultura

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PARA ALÉM DE QUADROS E PAREDES: As breves passagens de Iberê Camargo pela UFSM.

P

elos caminhos que levaram os ferroviários Adelino Alves de Camargo e Doralice Bassani de Camargo a uma cidade conhecida por ter suas encostas cortadas pelos trilhos, passaram também os pincéis de um renomado artista: Iberê Camargo. A .txt foi em busca de parte dessa história, seguindo os rastros deixados nas breves passagens de Iberê pela UFSM e, consequentemente, por Santa Maria. O futuro aos idiotas pertence As telas cobertas por grossas camadas de tinta fizeram de Iberê Camargo um dos artistas brasileiros mais reconhecidos internacionalmente. Ao longo de seus 79 anos, o menino nascido em Restinga Seca e criado em Santa Maria produziu mais de sete mil obras. Alguns de seus quadros encontram-se aqui na UFSM, os quais são fruto de uma doação feita pelo pintor na década de 1980. Embora se conheça a importância dessas peças, o fato de elas não estarem reunidas faz com que se perca o controle sobre esse patrimônio, colocando-o sob risco. “A gente não tem um controle sobre a localização dessas obras, elas estão espalhadas pela Universidade”, constata o professor do Centro de Artes e Letras, Alfonso Benetti. É visível o descaso que a Instituição tem para com o seu acervo histórico-cultural. A simples tentativa de obter um documento oficial, no qual conste a lista de obras doadas, é tarefa praticamente impossível. Fato este que inviabiliza a localização das obras doadas

Luciana Rosa dentro das dependências da Universidade. Além disso, a inexistência desse documento não deixa garantia nenhuma de que as obras estejam ainda sob a tutela da UFSM, nem o conhecimento sobre o estado de conservação delas. Existe uma esperança de que com a construção do Centro de Convenções haja uma sala especial para expor essas pinturas: “Está se pensando na catalogação desse material para mais adiante, pois existe a possibilidade de haver um espaço no centro de convenções que está sendo construído, para abrigar essas obras”, afirma Alfonso Benetti. Carretéis de lembranças O século XX anunciava suas primeiras revoluções, quando em 1928, o menino Iberê teve suas primeiras lições de arte na extinta Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria, localizada no prédio hoje ocupado por uma conhecida rede de supermercados. Foi no bairro Itararé, junto de sua avó Chica, que Iberê firmou raízes e consumou amizades que lhe acompanhariam por toda a vida. Uma dessas foi com o teatrólogo santamariense, Edmundo Cardoso, com quem Iberê nunca deixou de manter contato, mesmo estando longe. Algumas das histórias desses tempos remotos, em que o menino cheio de personalidade começava a rabiscar seus primeiros desenhos, são trazidas pelas herdeiras intelectuais de Edmundo Cardoso: Therezinha de Jesus Pires dos Santos, viúva de Edmundo e Gilda May Cardoso Santos, filha do teatrólogo. Gilda May revela que os artistas se conheceram em função da avó de Iberê, que criou um tio de Edmundo. Além disso, o menino Edu – apelido de infância de Edmundo – estava sempre transitando pelas ruas do bairro Itararé. Vó Chica morava na rua Visconde Ferreira Pinto, muito próxima da viação

férrea. E foi ali, sob o desenrolar da primeira infância, que a turma de amigos se constituiu, com Jorge Lafon, Harry Albertani, José Borin, Edmundo Cardoso e Iberê Camargo. Além das brincadeiras de guri, Edmundo e Iberê começavam também a trocar as primeiras impressões sobre o mundo das artes. “Ele tinha uma ligação com o Edmundo no sentido artístico. Se tu olhares algumas das pinturas daquela época, tu vais ver que ele fez um quadro no qual coloca o trilho do trem (pais ferroviários), a casinha do guarda-freio e, por fim, um palco, em função de Edmundo ser uma pessoa ligada ao teatro”, lembra Gilda May. Esses tempos dos carretéis se passaram, e o artista mudou-se para Porto Alegre, junto com sua família, para estudar. Muitas coisas ficariam para trás, menos a vontade de sempre voltar àquela Estação cheia de saudades. Um ciclista pelas curvas do passado Iberê continuou estudando pintura em Porto Alegre, sob as lições de João Fahrion. No entanto, na década de 1940, o artista se cansa da capital gaúcha e vai em busca de novos horizontes para sua arte, na então capital nacional, Rio de Janeiro. Lá, Iberê estuda na Escola Nacional de Belas Artes, porém sua mente sempre irrequieta não se adapta à metodologia da Escola. O resultado foi a sua união com outros artistas para a criação do Grupo Guignar, encabeçado pelo seu professor de gravura, o mineiro Alberto da Veiga Guignard. Iberê passa, então, a dar aulas no Instituto de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1953. Para comemorar os 111 anos de Santa Maria, Iberê foi convidado pelo professor Carlos Scarinci, em nome da Prefeitura Municipal, para trazer algumas de suas obras a serem expostas. Foi a primeira vez em que o artista voltou oficialmente

à cidade na qual rabiscou seus a comunidade universitária, vista a primeiros traços. profundeza das raízes que o ligam Em 1977, acontece a a Santa Maria e particularmente à exposição Cadernos de desenhos na UFSM”. galeria Iberê Camargo. Esse espaço Como forma de retribuição à cultural foi uma homenagem que homenagem recebida, o pintor o Diretório Central do Estudantes realizou a doação de algumas de (DCE) resolveu prestar ao pintor, suas obras à Universidade. Lemdando-lhe o seu nome em 1974. brando que esse não era um hábito Como lembra o professor de Artes para Iberê, que só se desfazia de Visuais, Alfonso Benetti: “Ele fez, suas peças mediante a venda, como ainda nos anos 1970, uma exrelata Alfonso Benetti: “Ele não posição de guaches e desenhos em era uma pessoa de doar trabalhos uma galeria que se chamava Iberê para museus. Se a pessoa quisesse Camargo. Onde hoje funciona a uma obra dele, tinha que comprar. Casa do Estudante, lá embaixo, lá Isso é interessante, no sentido da na galeria Iberê Camargo”. conservação, pois às vezes o artista Porém, é apenas nos anos doa uma obra e ela acaba não rece1980 que o reconhecimento da bendo o cuidado que necessita” importância de Iberê para a cidade Ainda na década de 1980, Iberê é manifestado oficialmente pela enrealizou duas exposições em Santa trega do título de Doutor Honoris Maria, a primeira no Salão de ExCausa pela UFSM. Em documento posições Professor Hélios Homero de 14 de julho de 1986, o então Bernardi, em 1984. E a segunda, reitor na Universidade, Gilberto uma exposição de desenhos, gravuAquino Benetti, informa a Iberê ras e pinturas em homenagem aos Iberê Camargo sendo condecorado pelo Reitor que o Egrégio Conselho Univer60 anos de arte, na antiga galeria Gilberto Benetti em 1986. sitário aprova por unanimidade Matiz – localizada na rua Floriano a outorga a “V. Sa. o título de Dr. Peixoto – em 1987. Honoris Causa da Universidade se mudou para Porto Alegre. Lá con Em 1991, o artista participou Federal de Santa Maria”. viveu com o pintor até a morte dele”, de uma Exposição Coletiva de Guaches No mesmo documento, o reitor reiteram Therezinha e Gilda May sobre na Universidade Federal de Santa Maria, explica que a proposta de conceder o a grande amizade de Mariza Carpes que ficaria marcada como sua última título teria partido da professora Mariza e Iberê. Ainda no documento em que passagem pela cidade. Em agosto de Carpes de Barros. “Mariza Carpes era comunica a homenagem, Aquino Ben1994, Iberê morre vítima de um câncer. amiga do Iberê, antiga professora da netti reafirma a importância do artista: .txt Universidade. Depois de aposentada ela “Trata-se de uma homenagem que honra

As três principais fases da pintura do artista:

Os carretéis

Em 1958, uma hérnia de disco obrigou o pintor a permanecer deitado por um longo período. De cama, o artista estava impossibilitado de observar as paisagens que reproduzia em suas obras. Foi das memórias de infância que ele resgatou sua nova fonte de inspiração. Os carretéis, que eram encontrados na caixa de costuras de sua mãe, passaram a constituir o elemento principal de seus quadros.

Ciclistas

Um incidente ocorrido no Rio de Janeiro, na década de 1980, marcaria a volta do artista para Porto Alegre e a entrada de sua pintura em uma fase sombria. Iberê foi morar nas proximidades do Parque da Redenção. Por lá, ele passava várias horas de seu dia, observando os ciclistas, velozes e, muitas vezes sem rumo, como estava o próprio artista naquele momento. Essas personagens sobre rodas passaram a figurar uma nova fase em sua arte. Os ciclistas de Iberê andam em direção à esquerda – como aponta a estudiosa do artista Lisette Lagnado – indicando uma busca ao passado, às lembranças da infância.

As idiotas

A tardezinha nas pequenas cidades do interior do Rio Grande do Sul está repleta de moças, um pouco rechonchudas, sentadas em frente a suas casas, com as mãos sobre as pernas e o olhar no horizonte.Essas moças são as protagonistas da pintura de Iberê em sua terceira e última fase artística. As idiotas, como foram denominadas, são quadros que trazem essas figuras idiotizadas, sentadas esperando a vida passar, marcam a fase mais obscura da arte do pintor.

Fonte: Fundação Iberê Camargo. 20 .txt Junho de 2009

Colaboração: Elisa Malcon, integrante da equipe do acervo da Fundação Iberê Camargo. Foto: divulgação. Detalhe de obra de Iberê Camargo. .txt Junho de 2009 21

cultura

DE VALE VÊNETO PARA O MUNDO

Violino, trompete, contrabaixo, percussão. Os sons desses e de vários outros instrumentos tomam conta de Vale Vêneto, Distrito de São João do Polêsine, durante uma semana inteira. Dias em que, há 24 anos, acontece o Festival Internacional de Inverno da UFSM. Neste ano, o evento acontece de 26 de julho a 2 de agosto. Andressa Quadro

O

Festival Internacional de Inverno é promovido, há 24 anos, pelo departamento de música da UFSM, com o apoio da Prefeitura de São João do Polêsine, da comunidade de Vale Vêneto e da University of Georgia, dos Estados Unidos. A tradição do Festival se consolida a cada ano, tanto nacional como internacionalmente. Desde a primeira edição, em 1984, são convidados professores de diferentes instrumentos e de vários lugares do Brasil e do mundo para ministrar oficinas. O resultado é que esses profissionais levam aos seus estados e países de origem a experiência de participarem do Festival. “Isso, nos meios musicais internacionais, é uma grande propaganda para o Festival”, esclarece Milton Masciadri, professor da University of Georgia, dos Estados Unidos, e diretor artístico do Festival. Masciadri conta ainda que, neste ano, além de professores, também participarão da semana erudita de Vale Vêneto estudantes da Europa e dos Estados Unidos. A escolha dos convidados é realizada por meio de indicação dos professores do curso de música da UFSM e por Milton Masciadri, que também faz o contato com os indicados. O objetivo da comissão organizadora é não repetir a participação do mesmo professor por três anos seguidos. Assim, há variedade e os alunos têm contato com diferentes nomes do cenário musical brasileiro e internacional. Nesta 24ª edição, virão professores como Josete Silveira Mello Feres (Brasil), Roberto Tubaro (Argentina), Angela Jones (EUA) e John Lynch (EUA), entre outros. A opção de sempre trazer

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músicos do exterior é um dos fatores que são Organizadora do Festival da UFSM, Antonina Enelita da Silva. despertam o interesse dos estudantes São ofertadas 16 oficinas para em participar do evento, pois ocorre um estudantes de universidades, escolas intenso intercâmbio de conhecimento de música e conservatórios, que serão entre professores e alunos. “Inúmeros foram os casos de alunos que, ao fazerem ministradas por músicos da América do as oficinas durante a graduação, seguiram Norte, da Europa e da América do Sul. para o mestrado em universidades do ex- Além dessas aulas, também vão acontecer as tradicionais oficinas para as crianterior com professores que participaram ças da comunidade, em que os bolsistas do Festival”, conta uma das criadoras do do curso de Música da UFSM atuam Festival, Alzira Severo. Outro fator que como professores. atrai os estudantes de música é a possibilidade de aprender a tocar novos O clima perfeito instrumentos. “Nesta edição, por exem Idealizado pela professora Alziplo, teremos oficina de fagote (é o mais ra Severo, do departamento de Música grave da família dos instrumentos de da UFSM, o Festival nasceu por meio de sopro e entra predominantemente em or- uma parceria com o padre Clementino questras), com Isabel Jeremias, da Costa Marcuzzo, que pretendia criar a Semana Rica. São instrumentos diferentes como Cultural Italiana. Desde então os dois esse que queremos implantar no nosso eventos ocorrem paralelamente. curso de música”, explica a Coordena A escolha por Vale Vêneto foi dora Geral do Festival, Ângela Maria inspirada em outros festivais como o Ferrari. de Campos do Jordão, em São Paulo, A possibilidade de aprimorar o e o de São João Del Rei, em Minas conhecimento em determinados instruGerais: cidades pequenas, com clima mentos com professores renomados faz aconchegante e sem muita badalação. com que as vagas para as oficinas sejam Como explica Angela Maria bastante disputadas. Os alunos devem Ferrari, esse ambiente interiorano pospassar por um processo de seleção para sibilita uma maior comunicação entre conseguirem participar das aulas, o professores e alunos, além de oferecer a que inclui enviar o currículo junto com infraestrutura necessária ao público do uma carta de indicação de um profesFestival. “Nós temos ali as salas de aula, sor. E isso ainda não é garantia de uma uma sala só para concertos no seminário, vaga. “Há muitos alunos que não são a hospedagem, a segurança, enfim, tudo aceitos, até porque todas as oficinas têm do que precisamos em um vilarejo que, apenas 15 alunos, já que se tratam de além de ter uma comunidade acolhetrabalhos individuais, com exceção da de O padre Clementino Marcuzzo, um dos criadores do Festival educação musical, que e da Semana Cultural Italiana, faleceu durante os dias oferece um pouco mais de fechamento desta edição. A comissão organizadora do de vagas”, afirma a Festival informou que ele também será homenageado. integrante da Comis-

dora, é um lugar muito bonito”, afirma a coordenadora. A 24ª edição do Festival Internacional de Inverno terá valor especial para quem já o acompanha há algum tempo. O motivo é o recente falecimento do contrabaixista aposentado da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA),

Milton Masciadri, pai do diretor de arte do Festival, Milton Masciadri Filho. O pai do atual diretor de arte do Festival era colaborador e frequentador assíduo do Festival. Vivia em Porto Alegre e recepcionava os professores que vinham do exterior, facilitando a chegada deles até Vale Vêneto. .txt

Internacional O responsável pela direção artística do Festival de Inverno há 24 anos, Milton Masciadri, nasceu em Montevidéu, no Uruguai, mas foi criado no Brasil. O contrabaixista iniciou seus estudos com o pai, Milton Masciadri. Vive há 27 anos nos Estados Unidos, onde é professor de contrabaixo da University of Georgia. É também acadêmico da Sociedade Filarmônica de Bolonha, na Itália, a mais antiga escola de música da Europa. Desde 1998, o músico foi designado Artista da Unesco para a Paz, representando as Nações Unidas como solista em diversos países. Confira trechos da entrevista concedida por Milton Masciadri à .txt. Como é o trabalho na direção de arte do Festival mesmo morando nos EUA? Milton Masciadri – Há mais de vinte anos temos um acordo internacional entre a UFSM e a University of Georgia. Isto tem facilitado o meu trabalho na preparação do Festival já que é um processo que começa poucos meses depois do final do festival anterior. É um trabalho cuidadoso e recebe ajuda de diversos fundos internacionais e organizações, o que propicia trazer tantos professores internacionais para o Festival de Vale Vêneto. No final de cada Festival, a comissão se reúne para decidir as oficinas do ano seguinte e, praticamente neste momento, começa a planificação do próximo Festival. O Festival é bem reconhecido aí nos EUA? E em outros países? MM – Ele já tem uma tradição muito grande tanto aqui nos Estados Unidos quanto na Europa, não só pela publicidade do Festival, mas também pelos 24 anos da participação de professores europeus e norte-americanos que transportam com eles a sua fascinação pelo Vale Vêneto. Isso, nos meios musicais

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As inscrições para o 24º Festival Internacional de Inverno vão até o dia 14 de julho. O formulário a ser preenchido se encontra no site www.ufsm.br/festivaldeinverno. Outras informações podem ser obtidas através do e-mail: fiiufsm@smail. ufsm.br ou pelo telefone do Departamento de Música da UFSM: (55) 3220-8088.

internacionais, é uma grande repercussão para o Festival. Este ano, contaremos com a participação de estudantes da Europa e dos Estados Unidos. O senhor participa da organização de outros festivais de música? MM – Como professor de Música, tenho participado de muitos festivais na América do Sul, na Europa e na América do Norte, e também como artista para a paz da UNESCO. Além disso, tenho participação ativa na organização de alguns desses festivais. O seu pai também era músico? MM – Meu pai era contrabaixista e também meu professor. Ele provavelmente tenha sido um dos professores mais ativos no mundo ‘contrabaixístico’ da América do Sul, e uma pessoa importantíssima na didática do contrabaixo no Brasil. Existem músicos que foram alunos dele e que hoje exercem a vida profissional por todo o Brasil e mundo afora. Como foi a colaboração do seu pai nesses 24 anos do Festival? MM – O meu pai sempre foi uma pessoa ativa no Festival ajudando na organização no início. Ele morava em Porto Alegre, então recepcionava os professores e os encaminhava à Santa Maria. Depois de sua aposentadoria da OSPA, ele passou a participar do evento em Vale Vêneto sempre estendendo uma ajuda a todos nós da comissão. Foi uma figura característica do Festival nestes últimos anos. O seu pai faleceu em abril deste ano. O que muda para o Festival? MM – A presença dele será sempre recordada por nós. Ele nos inspirou muito nestes anos e isso continuará sendo levado pelos músicos do Festival, pelos professores da comissão e por todos aqueles que tiveram a oportunidade de estar em contato com ele. Este ano, nós, contrabaixistas do Vale Vêneto, dedicaremos uma apresentação em seu nome em homenagem ao grande legado que ele nos deixou. .txt Junho de 2009 23

UMA HISTÓRIA SEM IMAGENS NEM CORES Rodrigo da Silva já viajou para o exterior, adora esportes, joga futebol, gosta de literatura latina e está se formando em Letras neste semestre. Você diria que ele tem uma deficiência? Provavelmente não, mas tem. Ele é cego. João Pedro Amaral

E

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rádios esportivas argentinas que Rodrigo interessou-se pelo espanhol. Depois de três vestibulares (um para Direito e dois para Ciências Sociais), ele ingressou no curso de Letras – Espanhol. Ao entrar no curso, Rodrigo já estava à frente de todos por ser o primeiro aluno cego da UFSM. Como a Universidade não se adaptou à vinda dele, foi ele quem se adaptou à Instituição. Familiares e colegas gravavam as aulas em fita cassete, escreviam os conteúdos e liam a matéria para ele no início da faculdade. Agora, com avanços tecnológicos, há softwares que o ajudam nas aulas, livros falados (audiobooks) e a possibilidade de gravar as aulas em CD. Mas as dificuldades não são só no aprendizado: apesar de Rodrigo vir do Residencial Lopes (bairro Pinheiro Machado) até a Universidade sozinho, ele não se arrisca a caminhar pelo prédio do Centro de Educação (CE) sem companhia. Se é comum ouvir de outros estudantes que o prédio do CE é um labirinto, imagine para Rodrigo. Ele reclama que não há sinalização em braile nos corredores, que as paredes são estreitas e que as portas das passarelas deveriam ser abertas dos dois lados. O caminho da parada do ônibus até o CE é irregular, o que é outro problema. Rodrigo precisa de algo que o guie, como um caminho de concreto ou um corrimão. O crescimento é mais notável nas

dificuldades. Rodrigo já está no último semestre de Letras e sua monografia é a transcrição para o braile do audiobook Memória de Minhas Putas Tristes, de Gabriel García Márquez. Quando se formar, pretende fazer mestrado em Literatura Comparada e, talvez, trabalhar com Educação Especial. Assim segue a vida de Rodrigo, guiada pela aventura. Ele já viajou para vários lugares sozinho e, recentemente, foi com o curso de Letras para a Argentina, onde impressionou sua hospedeira pela independência. “A menina achou que sempre alguém tinha que ficar comigo” – conta Rodrigo. A coragem, a simpatia e a alegria do rapaz são aspectos que só podemos ver com o coração. E sob a óptica desse olhar, feito através dos sentimentos, Rodrigo fala que sua maior emoção é sentir “a receptividade dos colegas nos lugares por onde passei”. .txt Foto: Rafael Salles

m 2004, quatro anos antes das cotas, Rodrigo Gonçalves da Silva ingressou no curso de Letras – Habilitação em Espanhol e é o primeiro aluno cego da UFSM. No campus, ele teve que se adaptar a algumas deficiências da Universidade. Fora da UFSM, Rodrigo também enfrentou dificuldades desde cedo. Rodrigo nasceu com deficiência visual total em 1982. Na infância, ele foi uma criança serelepe: “eu corria, brigava, pulava janela, subia em árvore e apanhava bastante porque aprontei todas”. Órfão de mãe, Rodrigo é natural de Canoas. Veio com seu pai da cidade natal até Santa Maria aos 11 anos para os avós ajudarem a criá-lo. Os avós de Rodrigo influenciaram muito no desenvolvimento dele: trataram-no como alguém sem deficiência e sempre tentaram incluílo junto das pessoas ‘normais’. Logo que veio para Santa Maria, Rodrigo matriculou-se no colégio Coronel Pilar com um acompanhante: o pioneirismo. Ele foi o primeiro aluno cego a ingressar nessa Escola, que hoje tem vários deficientes visuais matriculados. E para ajudar Rodrigo, o Colégio contratou uma professora apta a transcrever o material didático para o braile. Desde então, Rodrigo não vê limites para seu aprendizado. Colorado fanático, o estudante adora esportes, principalmente futebol e automobilismo. Foi ouvindo

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