Revista Entre Meios

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Linguagem e Poder

NÚMERO 2. ANO II. MAIO - JUNHO - 2009

EDITORIAL

AUTORES

Entre ! A casa é sua! ENTRE-MEIOS é um projeto arrojado e interessante que, com uma linguagem acessível e divertida de ler, quer conquistar você. Por isso lhe faço um convite: ENTRE! Fique a vontade. Esse é o MEIO de acesso para o mundo mágico da linguagem. Não perca a oportunidade de entrar nesse universo. Não permita que ela lhe escape ENTRE os dedos. Mas não vá apenas até o MEIO. Chegue mais longe. Envolvase! AdENTRE às portas desse mundo. Estamos lhe oferecendo todos os MEIOS para lhe proporcionar uma leitura prazerosa e informativa. Aposto que você vai gostar! ENTREtanto, se não gostar, tudo bem. Mas gostaria de lhe dizer uma coisa: os MEIOS em geral não o instigam a viajar ao reino do falar e do escrever de forma tão divertida e interessante como ENTRE-MEIOS. Ou são muito “mesmos”, ou completamente antimonarquistas. Por isso, ENTRE um e outro, encontre um MEIO-termo. Mergulhe no profundo de nossas páginas. ENTRE! Não precisa bater. Sinta-se em casa, você está ENTRE os seus. Você está ENTRE-MEIOS.

A EDIÇÃO Nº 2 Equipe editorial Editora-chefe: Siomara Castro Nery Editores: Genisson Santos Simone Silva Diagramação: Ronald Souza Simone Silva Genisson Santos Projeto Gráfico: Simone Silva Editorial: Genisson Santos Arte Final: Simone Silva e Genisson Santos

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NÚMERO 2. ANO II. MAIO - JUNHO - 2009

O (e)leitor e a política do bem convencer Como os artifícios do discurso político buscam Imagine, então, a concussão o convencimento do leitor/eleitor. que uma palavra bem ou mal colocada/intencionada pode fazer na política? E na vida? Quantas vezes usamos as palavras para direcionar as vantagens para nós mesmos? No filme Revelação (2003), do diretor Robert Benton,, podemos ver o efeito da palavra na http://www.juniao.com.br vida do professor Coleman Silk, que escondendo sua origem negra, cria em torno de si uma ilusão, escondendo-se e sofrendo as Quando, na Grécia antiga, consequências pela infeliz escolha Quintiliano (35-95 a.C), disse que a de certas palavras em sua vida. retórica era “a arte do bem dizer”, É assim também na vida não imaginava o quanto essa “arte” faria sucesso e seria tão fundamental real: a omissão ou excessiva para a sociedade de hoje. Usada na repetição de uma palavra em uma religião, no meio acadêmico, nas campanha política pode contribuir propagandas, na política, dentre para mudar o destino da campanha, outras áreas, a retórica, preocupa-se elegendo, ou não, um determinado não em dizer ela mesma o que é o candidato. certo ou o verdadeiro, mas em fazer com que o receptor da mensagem “A verdade não tem chegue “sozinho” à conclusão de importância; que a idéia implícita no discurso o importante representa o que é o certo e/ ou o verdadeiro. Mesmo que não o seja. é convencer a platéia.” Interessa-nos, nesse momento, fazer um recorte sobre o O político, como bom uso da retórica e de alguns artifícios retórico (claro, no sentido da do convencimento em uma área na técnica), exerce sobre seu público qual os membros se interessam pela um poder através do seu discurso, sua função exposta mais acima: a com o qual persuade o (e)leitor a política. É na política que o poder da acreditar em suas “verdades”. Ao retórica, da linguagem utilizada analisar uma série de panfletos e pelos políticos toma grandes vídeos de propagandas políticas, proporções, realiza grandes mobilizações. Não é como na percebe-se que o texto destas apela propaganda, que, apesar de atingir fortemente aos sentimentos do grandes massas, provoca uma público como o amor, a força, a reação passiva, sem grandes provas esperança, a união, sentimentos estes que ajudam aos políticos de emoção. estabelecerem uma relação de Na política, a persuasão proximidade e intimidade com seu provoca nos (e)leitores reações público-alvo. Colocando-se em apaixonadas em relação aos proximidade com o povo, os estímulos, aos artifícios utilizados políticos ganham a confiança e, pelos políticos e seus marqueteiros consequentemente, a fidelidade em suas campanhas eleitorais. deste.

É assim que a persuasão se torna um artifício fundamental para que o objetivo dos políticos, a vitória nas eleições, seja alcançado. É com a persuasão que se convence o (e)leitor de uma determinada conclusão, apelando-se para o lado emocional do público. Nas épocas eleitorais ouviremos os slogans “Vote pelo povo – Vote pelo novo”, “Fé no povo”, “Essa é minha gente”, “União com o coração”, sem falar nas imagens apelativas de políticos abraçando populares, tomando café nos copos de massa de tomate, caminhando (e suando muito), para conseguirem se igualar, mesmo que momentaneamente, ao povo. Presenciaremos, então, a atuação do orador na prática do discurso do convencimento. Durante as campanhas, são usadas inflexões na veiculação das pesquisas de opinião para uma manipulação a mais, a do resultado final das eleições: “O candidato está disparado na frente”, “não tem pra ninguém”, “deixou todos os outros candidatos para trás”. Além disso, os gestos, grandiosos, o tom de voz, meigo e afável, a postura de guerreiro salvador, completam o quadro, fazendo parte do grande teatro da política em ação. Como Górgias (485-375 a.C), retórico siciliano, sustentava “a verdade não tem importância; o importante é convencer a platéia”. Basta saber até quando a platéia da nossa sociedade permitirá o seu convencimento pelo teatro da política atual.*

http://3.bp.blogspot.c

* Texto produzido pelas alunas Elisa Araújo e Simone Santos, na disciplina Oficina de Comunicação Escrita do Curso de Comunicação Social – I Semestre, 2009.1 - UESC - Ilhéus / BA. Fontes: http://www.paratexto.com.br - http://pt.wikipedia.org - http://www.youtube.com

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SÃO POLÍTICO Genisson Santos e Marcelo Bonadie* Depois de frei Galvão,nasce no Brasil uma nova geração de santos que com seu poder persuasivo conquista milhões de devotos

Marias, Joãos, Josés e Anas aos altares eleitorais, encantados pelos efeitos emotivos e hipnóticos de suas palavras. Mas, diferente dos santos Apostólicos Romanos, estes não são postos imóveis em altares para receberem adoração. Não vivem na igreja, nem se alimentam de vela. São mais gulosos! São milagrosos: estão sempre querendo multiplicar o seu próprio pão. Vivem em castelos e apartamentos de luxo; e se alimentam de notas, cartões de crédito, cheques prédatados, passagens aéreas... Não gostam de dá “rolé” nos braços dos devotos em procissões.

O Brasil não se contentou com a canonização de frei Galvão, nosso primeiro santo, canonizado em maio de 2007, pelo papa Bento XVI, quando esteve em visita ao nosso País. E, contrariando o ditado popular “santo de casa não faz milagre”, provou que São Galvão realizou sim, um grande milagre. Fez-nos descobrir uma nova geração de santos: os SÃO POLÍTICOS! E, como todo santo que se preze, estes novos santos possuem milhares de devotos que lhes atribuem louvores e ações de graça. Por si só, são celestiais. Possuem o poder sobrenatural de encantar e seduzir seus seguidores com suas meigas palavras alucinógenas, cheias de demagogias e finalidades ludibriosas, que leva milhões de

Além de tudo, esses nossos seres canônicos não são nada fraternais com seus colegas de altar quando estes ameaçam seus interesses. E a fim de preservá-los, são capazes de usar e abusar de seu poder celestial – ou, no caso, infernal -, para destruir a imagem de seus adversários, fazendo uso de calúnias, temperadas com pitadas generosas de sensacionalismo. Distorcem suas palavras, fazendo a “vela” virar contra o “veleiro”, o que pode ter efeito devastador sobre o pobre milagreiro injustiçado. Mas sabe como é: lei de santo! Quem tem a vela maior, sobe no altar. Exatamente o que acontece com o personagem principal do filme “Revelações” (do diretor Robert Benton), Coleman Silk, que é injustiçado por conta de interpretações léxicas maldosas, feitas por outros personagens da trama, devido ao uso de uma única palavra. Mas, voltando aos nossos santos, devemos reconhecer: seus poderes estão na língua. Nunca perdem o encanto, a fórmula “celeste” de ludibriar e persuadir as pessoas. Ainda que provem que não são nada santinhos, e que caiam na lama, sempre encontram meios de manipular a linguagem, contornando a situação à seu favor. E sempre há milhões de “devotos”, fiéis, alucinados e generosos que os resgatam da lama e os devolvem ao altar. Às vezes estes devotos são decepcionados, mas sempre acreditam mais uma vez no poder dos “SÃOS”. São até maltratados. Mas é assim mesmo: cada devoto com o santo que merece. Acham melhor voar e atravessar continentes, pois possuem salvoconduto para isso.

Sabe como é: lei de santo! Quem tem a vela maior, sobe no altar. São muito bem decididos, e responsáveis pela realização de diversos milagres, dentre eles: livrar nossa educação da falência; alfabetizar todos os brasileiros e prolongar seus dias de vida – pesquisas realizadas pelas universidades norte-americanas Harvard e Princeton revelaram, segundo a revista Super-Interessante que, quem passa mais tempo na escola vive mais --,livrando-os do analfabetismo funcional; acabar com a violência, além de curar o câncer que abate o SUS há tantos anos. Por esses milagres rogamos todos os dias.

(*) Estudantes do Iº Semestre do curso de Comunicação Social da UESC - Ilhéus / BA.

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Que poder é esse? Ana Flávia Silva Nery e Ingrid Santana Barbosa * Feche os olhos e imagine algo que tenha o poder de condenar, salvar, defender, c u r a r, a d o e c e r, c a u s a r sofrimentos ou esperanças. Usamos a todo tempo, porém n e c e s s i t a m o s d e conhecimentos e habilidades para que haja uma boa comunicação. Ainda não descobriu? São elas! As palavras são armas poderosas, elas possibilitam que o ser se torne senhores dela e igualmente servos da mesma. Ao mesmo tempo em que as dominamos somos, na verdade, dominados pela cadeia lingüística em que estas se inserem. As palavras levam o leitor ao seu significado. A palavra sol, aquece. Agressão machuca. A palavra amor, ama. Paciência acalma. A palavra fé, acredita. Assim, ao atribuirmos a palavra fora do seu significado ela se torna estranha. Segundo Suassure, em nenhum sentido somos “autores” das afirmações que fazemos ou dos significados que expressamos na língua. Empregamos a nossa linguagem com base em regras

ortográficas e sistemas significativos impostos pela nossa cultura. Efeitos e consequências, boas ou ruins, fluem através de uma simples palavra dita. Quando algo é dito jamais podemos desdizer. Exemplificando essas ideias, pode-se analisar o filme “Revelações”, onde o uso de uma palavra que transmite duplo sentido é empregada em um determinado contexto e aceita por alunos de uma universidade de maneira equivocada causando, dessa forma, conflitos de grandes proporções na vida do protagonista: reitor e professor Coleman Silk. Bess Sondel tem uma brilhante ideia ao afirmar que “As palavras tem um poder assustador.” A Atenção é meramente precisa quando escolhemos as palavras que iremos expressar. A palavra obtém a força de nos diferir dos outros seres, é através das expressões formadas que exaltamos nossas diferenças.

“A palavra faz parte da nossa essência” Se adquirimos conhecimentos dos lugares, das coisas, das pessoas por meio das palavras, então o que seriamos sem elas? Possivelmente um planeta em silêncio, de gestos intraduzíveis em busca de sons e imagens que pudessem nos decifrar. Um verdadeiro caos.

*Alunas do Curso de Comunicação Social - UESC, I Semestre, Ilhéus - BA.

A linguagem guia nossos pensamentos a direções peculiares e, de alguma maneira, nos auxilia a criação da n o s s a r e a l i d a d e , potencializando ou limitando as nossas perspectivas. Limitamos-nos em meio ao mundo até onde vão os limites da nossa linguagem. Para Carlos Cardoso Aveline,“A palavra é unidade básica do pensamento e da fala, e sempre chega ao seu destino. Ela produz um efeito e l e t r o m a g n é t i c o , independentemente de nós sabermos ou desejarmos isso. Mas a parte principal do seu efeito se volta pra nós próprios. As palavras que dizemos ficam gravadas em nosso inconsciente e se misturam ao nosso destino. Esta é uma lei inevitável, e por isso nossa vida é, de fato, resultado do nosso pensamento.” A autora Lya Luft afirma que a palavra faz parte da nossa essência: com ela interagimos sobre o outro, nos entregamos ou negamos, agradamos ou ferimos. Com a palavra fechamos negócios, despertamos amores. Assim como a identidade, a linguagem não é fixa, pois está constantemente em processo de reestruturação. As palavras assumem inúmeras formas. Destarte, se ainda viermos a nos perguntar que poder é esse, basta refletirmos sobre o poder que determina, que comprova, que ilude, que faz acontecer. Afinal, nada seríamos sem a palavra porque somos “feitos” dela.

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Ana Carolina Souza e Ronald Souza

A LINGUAGEM É A ALMA DO NEGÓCIO

A palavra e a linguagem possuem um poder extraordinário, no mais profundo sentido da expressão. Isso se explica porque letras, sons ou imagens não influenciam apenas os mais superficiais níveis das mentes humanas: podem afetar também toda uma rede social, seus atos e costumes.

“A palavra e a linguagem possuem um poder extraordinário, no mais profundo sentido da expressão.” Um exemplo desse processo acontece no filme “Revelação”, onde um professor, em decorrência da palavra dita, tem a sua vida e sua relações sociais fortemente abaladas e modificadas. Este imenso poder está à disposição das campanhas publicitárias, que devem tirar bom proveito tal capacidade linguística para que obtenham êxito. A propaganda representa a empresa, as Organizações Governamentais e ONGs e grupos comerciais que desejam (e necessitam) expor seus trabalhos e o que elas tem para oferecer, o que não é uma tarefa fácil.

Generalizadamente falando, o homem direciona seu olhar para o que lhe chama atenção, principalmente nos dias atuais, onde estão acostumados à criatividade eruptiva vinda dos grupos publicitários. Assim sendo, ganha aquele chama mais atenção. A boa apresentação de um produto pode ser elemento crucial para sua valorização. Não pode ser vista como um gasto, mas como um investimento que deve ser feito conscientemente. Sua eficiência depende da linguagem, que precisa, além de transmitir a mensagem, persuadir o público. É um grande prejuízo investir em uma campanha publicitária de baixa qualidade. Para se ter uma idéia do grande poder da linguagem (verbal ou não verbal) na campanha publicitária, uma propaganda da Johnson, em setembro de 2007, pretendia aumentar em até 50% as vendas de produtos infantis, em relação ao mesmo período de 2006. Para a campanha, a empresa reservou R$ 15 milhões. Recentemente, o governo federal brasileiro utilizouse da linguagem multimídia na campanha de incentivo ao registro de nascimento.

Em sua produção, a linguagem é clara e objetiva, estando de acordo com a intenção do emissor e o público alvo. A campanha se utilizou de uma canção cantada por crianças e ilustrada por fantoches; tudo isso muito bem pensado, uma vez que o público alvo são as famílias, que devem registrar seus filhos ainda na infância, tornando-as cidadãs desde cedo. A campanha realizada entre 17 de novembro e 17 de dezembro de 2008 alcançou mais de 10 mil registros de nascimento. Aí está a evidência de que uma linguagem bem estruturada faz com que a campanha publicitária alcance o seu objetivo.

Fonte: http://www.casadoposter.com.br

* Alunos do I semestre de Comunicação Social em Rádio e TV da UESC.

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Iajima Silena *

Artigo de Opinião

*Laíse Galvão

Utilizando a linguagem, exercendo o poder. “Aqueles que tem domínio da linguagem estão mais aptos a utilizá-la para persuadir os mais leigos.”

A linguagem é um artifício para a comunicação, constituída de símbolos derivados de convenções sociais, eles não têm valor absoluto, não fazem sentido se considerados isoladamente, são adotados arbitrariamente. Essa artificialidade de códigos está sujeita à ambigüidade, oca-sionando mal entendidos. Um exemplo claro de ambi-güidade é visto no filme Revelações onde o reitor e professor em História Clãs-sica, Coleman Silk (Anthony Hopkins) é acusado de racismo ao se referir aos alunos ausentes com o termo “spooks” que tanto pode significar fantasma, sentido ao qual foi empregado, como preto de forma pejorativa. Para que a comunicação seja efetiva e sem ruído é necessário que se tenha um bom domínio (conhecimento) das normas dos elementos que compõe a comunicação, não só as perspectivas lingüísticas como as sociais. Como esses códigos são adotados arbitrariamente as sociedades influentes acabam por utilizar a língua também como forma de dominação, foi o que ocorreu com os portugueses ao colonizarem o Brasil, trazendo os

jesuítas para ensinar os índios a sua língua, e através dela sua religião, cultura. Essa forma de exercer o poder através da língua também pode ser notada atualmente com os EUA que expandiu tanto que sua língua tornou-se padrão mundial, virando segunda língua em alguns países e sobressaindo-se a língua original em outros. Sendo assim, aqueles que têm domínio da linguagem estão mais aptos a utilizá-la para persuadir os mais leigos. É o que mostra Hitler, ditador alemão, que utilizou os meios de comunicação da época

faz campanhas com mensagens como: Lux gotas de beleza, sua pele macia como veludo; Viva o ladoCoca-Cola da vida; Itaú feito para você. A propaganda da empresa Young & Rubicam, tirada da Revista Veja 20 de maio de 2009 (sem pg.): “Hoje em dia, propaganda não é mais um simples anúncio ou comercial de televisão. (...) Porque ser publicitário é isso: gerar aspiração, produzir inspiração”. Ilustra bem a importância que a propaganda tem atualmente, principal-mente no que diz respeito à maneira como ela passa a vender um produto não mais com o objetivo daquele objeto, e sim com o intuito de promover um estilo de vida. Comunicar-se de forma plena não depende só da cons-ciência dos fatores lingüís-ticos, mas é também ter consciência que a linguagem interfere diretamente nas rela-ções sociais, pois é através dela que se Fonte: SR transmitem idéias e formam-se conceitos que norteiam o individuo para criar um conceito de social. superioridade da raça ariana em detrimento das outras e culpando o judaísmo pelo Tratado de Versalhes, * Alunas do I semestre de que impunha que a Alemanha a Comunicação Social em Rádio e TV pagar pela reparação da I Guerra da UESC. Mundial e ceder território. Na contemporaneidade as propagandas fazem de um produto um conceito. A intencionalidade da publicidade de vender seus produtos

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O que move as pessoas? O mundo? Pode-se pensar que é o dinheiro. Quem detém esse 'poder', causa essa impressão, por teoricamente poder fazer o que lhe interessa. Mas existe algo que transcende qualquer teoria. Algo que move o mundo. E fez tudo isso que vivemos hoje tornar-se realidade. A língua.

A

linguagem não é usada somente para informar, a função cerne da linguagem é transmitir alguma idéia ou orientação a quem a presencia. As pessoas falam para serem ouvidas, para serem respeitadas, e para exercerem influência no ambiente em que ocorrem os atos lingüísticos. Este tipo de relação adquire cada vez mais força quando é exercido no âmbito social, histórico e político, pois as palavras possuem história e o que predomina neste jogo são as regras. Toda pessoa precisa saber das regras que governam as produções apropriadas para os atos lingüísticos. brasileiros tem acesso tais variedades, tida como “culta” ou “padrão”, que é considerada geralmente a língua que possui conteúdos de “prestígio”. Todo ser humano tem de agir de acordo com tais regras, é preciso saber o momento de falar, isto é, quando pode e não pode e que tipo de variedade lingüística é oportuna para que seja usada. Tudo isso em relação ao contexto lingüístico e extra lingüístico em que o ato verbal é produzido. A presença de tais regras ganha configuração consubstancial não só para quem fala, mas para quem ouve, e é com base nas regras que se pode ter alguma expectativa em relação à produção lingüística do falante. Esta capacidade de previsão

é devido ao fato de que nem todos nasociedade brasileira possuem acesso as variedades dos conteúdos referenciais. Somente uma pequena parcela dos brasileiros tem acesso tais variedades, tida como “culta” ou “padrão”, que é considerada geralmente a língua que possui conteúdos de “prestígio”. Esta variedade lingüística é o reflexo do poder e da autoridade nas relações sociais e econômicas. A diferenciação política é um elemento imo para a diferenciação lingüística. Neste sentido, a evidência é que a associação entre variedade e comunicação escrita implica em refletir sobre o processo de elaboração da mesma. A legitimação é o processo de produzir idoneidade ou dignidade a uma ordem de natureza política, para que seja reconhecida e aceita. O código; aceito pelo poder é tido como neutro e superior e todos os cidadãos precisam produzi-los para entender. Mas há um elemento interessante a se verificar nesta complexa relação entre linguagem, poder e discriminação. Os cidadãos, apesar de declarados iguais perante a lei, são discriminados na base do código em que a lei é redigida, isto ocorre porque a maioria destes possui reduzidas possibilidades de acesso constituídas pela escola e pela “norma” pedagógica ensinada.

Rannah Vieira e Jeniffer Bomfim *

O fato de as pessoas serem discriminadas pela maneira como falam está intrinsecamente ligado às relações de poder, entre a norma reconhecida e a aproximação deste com a norma. Neste processo, existem segmentos sociais que são peças chave para a continuidade deste processo, um deles é a escola, que por meio de sua gramática normativa “tenta” ensinar aqueles que supostamente não sabem. É preciso observar que neste deficitário quadro, a escola tem sido um dos instrumentos superestruturais mais poderosos para a manutenção e reprodução da linguagem dominante; isto ocorre pela difusão da ideologia predominante nos currículos, no disciplinamento adestrador dos alunos, pela imposição de valores burgueses, pelo submetimento a regras do trabalho, exploração e consumo do capital. Resta-nos a pergunta. E a grande parcela dos brasileiros discriminados que não tem acesso a esta variedade lingüística? O que fazem? Neste sentido, a assunção do discurso dominante, é, portanto, a linguagem do dominante. E ao assumi-la, tem-se uma linguagem oprimida, silenciada. *Alunas do Curso de Comunicação Social - UESC, I Semestre, disciplina Oficina de Comunicação Escrita. Ilhéus BA.

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O PODER DA LINGUAGEM E A LINGUAGEM DO PODER Érica Latiff & Thales Moura. Alunos do Curso de Comunicação Social UESC, Ilhéus - BA.

COMO CONSEGUE a publicidade e v e n t u a l p r o p a g a n d a usufruir da credibilidade suficiente enganosa. Porém, deve-se ressaltar que para exercer tanta influência sobre esse poder da linguagem não se as pessoas? expressa apenas na publicidade. A Maurício Gnerre, em seu livro linguagem exerce poder onde Deve-se Linguagem e Poder, é impiedoso: ''A houver comunicação. considerar ainda, que os maus usos linguagem é o arame farpado mais desses recursos de linguagem poderoso para se garantir o poder''. podem causar um ruído na O q u e c a r a c t e r i z a a comunicação e dificultar a publicidade é o uso de uma aceitabilidade da mensagem por l i n g u a g e m r e t ó r i c a . parte do receptor. Independentemente se veiculada “A publicidade não trata de sobre a forma impressa, audiovisual, objetos e muito menos de relações ou através da hipermídia, o objetivo entre objetos e pessoas, mas de da linguagem publicitária é relações sociais e humanas. convencer o consumidor. Precisamente daquilo que A propaganda manipula encobre.” valores, atitudes, representações, conjuntos de idéias, conceitos, impondo pontos de vista. Às vezes, uma única palavra A linguagem publicitária é pode causar um ruído, ou ser má essencialmente persuasiva, levando interpretada, como acontece no o consumidor a agir de modo filme “Revelações”, no qual a inconsciente, e mesmo os mais palavra “spook” modifica a vida do preparados culturalmente se vêem protagonista, justamente por conta ''bombardeados'' por propagandas de uma polissemia. Voltando à linguagem do poder, muitas vezes enganosas. A publicidade não trata de evidentemente que, em função da objetos e muito menos de relações necessidade de levar o consumidor a entre objetos e pessoas, mas de agir de forma compulsiva e relações sociais e humanas. i n c o n s c i e n t e a l i n g u a g e m Precisamente, daquilo que en-cobre. publicitária tornou-se fortemente Esse é o seu modo de funcionamento persuasiva e criativa. Além disso, há na sociedade de consumo. Por isso, o uma tendência à segmentação, na uso dos recursos da língua é tentativa de atingir um publico essencial para a publicidade atingir especifico, na busca de uma fidelização desse público-alvo. Um seus objetivos. exemplo dessa segmentação é o A propaganda deve seduzir, público jovem, que com um alto divertir, entusiasmar, excitar a necessidade pelo produto, e a cima poder de consumo, atrai a atenção de tudo, convencer. Para isso, a dos publicitários, o que os torna publicidade emprega metáforas, público alvo de várias campanhas exagera, brinca, usa da ambigüidade publicitárias nos últimos tempos, com expressões de duplo sentido. que usam a linguagem do jovem e Além de omitir ou mascarar dados e para o jovem, conquistando assim e s p e c i f i c a ç õ e s d o p r o d u t o sua preferência. Marcas que são ''a cara'' destes anunciado, descaracterizando uma

jovens e que levam a palavra''universitário'' por si só, já atraem a atenção deste público. A indústria publicitária se esmera para cumprir a árdua missão de seduzir o consumidor. Utiliza-se então de uma linguagem sedutora com propósito de cativar a confiança e simpatia do consumidor por meio da identificação, que o leva a almejar a posse do produto anunciado, mesmo se até aquele instante consumir algo do gênero não tivesse na sua escala de necessidades e prioridades. Aliadas as intenções dos anunciantes, existe uma série de armadilhas como cenário fascinante, trilha sonora empolgante, palavras convincentes e persuasivas que influem positivamente na aceitabilidade. O poder da persuasão que a propaganda tem em relação aos seus receptores é clara, especialmente se nós considerarmos o fato que muitas delas utilizam-se da presença de personalidades da mídia em seus anúncios e comerciais, transmitindo glamour e credibilidade a fim de convencer ainda mais o consumidor a adquirir o produto. Devemos ainda, ressaltar que público jovem não é o único grupo fortemente manipulado pelo poder da linguagem. Apesar de alguns grupos serem mais influenciados que outros. Na verdade, o poder da linguagem na publicidade, atinge qualquer público alvo. Independe da classe, idade, etnia ou sexo. A publicidade trabalha com o mais alto nível de poder da linguagem. A persuasão: a arte de convencer.

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Persuadi-lo-ei O poder da linguagem na publicidade e propaganda. Bruna Viana / Raíssa Ribeiro *

A

través da linguagem a publicidade tem em suas mãos o poder do convencimento. A palavra tem a força de transportar o receptor para diferentes mundos, aguçando a criatividade e a imaginação, na medida em que ''encanta'' e faz participar de universos jamais imaginados. É este meio que a publicidade e a propaganda utilizam para conseguir alcançar seus propósitos de persuadir, vender idéias, produtos e alterar certos comportamentos dos receptores, que são de seus interesses. Para tanto se valem de uma linguagem verbal que assume relacionamentos com outros códigos, a exemplo de imagem e das cores. Esses possuem um caráter alternativo, criativo, altamente simbólico que instiga e informa. Os textos utilizados são produzidos da melhor forma para atrair seu público alvo. Recursos da língua, também, são frequen-temente encontrados, como, metáforas, hipérboles, metonímias, ambigüidades, assonâncias e rimas, eles são de fundamental importância para criar uma situação de ''sedução'' dos receptores. A imagem e todos os seus elementos sempre estão estreitamente de acordo com a intenção do emissor e estas formam o conteúdo integral da mensagem. Logo, cabe aos receptores construir o significado do texto em sua plenitude e conseguirem ler as entrelinhas, aquilo que não esta explícito, entendendo sempre as referências que a publicidade faz e aceitarem ou não o que lhes é transmitido. A linguagem publicitária é destinada as massas, porém trabalha em cima do individualismo, na escolha que pertence a cada pessoa a ser atingida, ou seja, está sempre centrada no destinatário da mensagem. Para isso, publicitários seguem um processo de produção da mensagem a escolha do veículo que será efetivado o texto; o impacto psicológico, a forma como o emissor pode surpreender seu público; manutenção da atenção do espectador; convencimento, uma argumentação de credibilidade e da determinação de compra, induzir o receptor através da persuasão para o objetivo final da propaganda.

Outra aplicação da publicidade, com suas imagens e textos são as propagandas subliminares que são mensagens latentes com um baixo nível de percepção consciente, tanto auditivo quanto visual, que podem influenciar as escolhas, atitudes e motivar a tomada de decisões posteriores. Elas podem ser enviadas dissimuladamente através de diversas mídias, como na propaganda televisiva pelo merchandising. Ainda, é importante apontar como pode ocorrer um ruído em um desses atos comunicativos podem interferir, quando não são provocados de maneira intencional para certo resultado. Tal ruído pode ocasionar uma deturpação da mensagem como é possível acompanhar no filme “Revelações”, no qual o personagem Coleman Silk, um distinto reitor e professor da Universidade de Massachusetts, é acusado de racismo, após, em uma aula, pronunciar a palavra “spook” – termo que pode ser empregado em diversos sentidos, dentre eles: fantasma ou pessoa de descendência africana – apesar de estar incluída no sentido não pejorativo é passada a certos receptores sem a veiculação do seu verdadeiro contexto, causando sérias complicações ao reitor. Desse modo, percebe-se o quão necessária é a utilização da linguagem apropriada para cada situação, afim de não acontecerem problemas na interpretação da mensagem. Vê-se, assim, o real poder que a linguagem persuasiva tem sobre o público, e como ter o seu domínio da poder ao emissor, que pode manipular receptores de acordo com suas intenções.

*Alunas do Curso de Comunicação Social - UESC, I Semestre, disciplina Oficina de Comunicação Escrita. Ilhéus - BA.

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Reynaldo Carilo Carvalho Netto Luise Beatriz dos Santos Bispo *

A PALAVRA QUE CONSTRÓI É A MESMA QUE DESTRÓI “O poder da palavra está fortemente ligado aos discursos políticos, pois quem tem o domínio da língua detém o poder; porém, a palavra que constrói é a mesma que destrói.”

É

chegada a hora das campanhas eleitorais. Candidatos constroem discursos bem elaborados que propagam um sentimento de esperança nos eleitores. Dessa forma, cada palavra reproduzida sintetiza um poder de persuasão e conquista eloquentes. Os candidatos prometem um futuro utópico onde a condição para a sua conquista é “apenas” o seu voto. O uso de palavras imperativas dentro de um discurso político, juntamente com um conjunto de metas e promessas, fazem com que o candidato apresente uma imagem de alguém realmente preocupada com o bem estar de seu eleitorado e sua sociedade como um todo, fazendo daquilo que discursa algo possível de ser realizado. Assim a campanha política é facilmente acatada pelos eleitores que são manipulados pela força do seu discurso. O poder de conquista de voto é apenas mais uma arma de confronto em meio ao ambiente eleitoral, onde os interesses estão em primeiro plano e o “jogo” da conquista persuasiva iniciado. Durante a II Guerra mundial, Hitler utilizou da linguagem para alienar o povo alemão, impondo a supremacia da raça ariana, de forma que os alemães teriam privilégios ao seguir os preceitos do movimento nazista. Hoje, deparamos-nos com um novo cenário, num novo contexto e situação. Os discursos repletos de promessas e regalias influem na forma de pensamento e ação do cidadão; diferentemente do nazismo, não é imposto aos eleitores um regime, mas idéias que são facilmente

aceitas, fazendo-se assim um fator decisivo no momento da eleição.. Isto acontece porque o poder da palavra está fortemente ligado aos discursos políticos, pois quem tem o domínio da língua detém o poder, porém a palavra que constrói é a mesma que destrói. Os argumentos utilizados durante o discurso pré eleitoral não condizem com as verdadeiras intenções do candidato pós eleição, pois suas palavras são utilizadas de maneira que eleitor acredite na veracidade delas e conseqüentemente não busque investigar a autenticidade do discurso. A palavra tem poder principalmente quando dita ou não em público a depender da ocasião, e quando ela é mal empregada, acarreta em situações amplamente complicadas. Um exemplo disso está no filme Revelações, onde uma palavra dita num contexto aparentemente ingênuo, resulta na demissão do reitor de uma faculdade acusado de ter feito um comentário racista. O discurso seja ele político ou não, tanto pode ajudar no esclarecimento de propostas, quanto mascarar algumas intenções desonestas. A depender de quem fala a palavra tem o poder de mobilizar e ao mesmo tempo ludibriar, escondendo assim o seu sentido real. Por isso deve-se atentar ao seu uso e não subestimar a sua força quando pauta de discussões e dúvidas. * Alunos do I semestre de Comunicação Social em Rádio e TV da UESC.

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O Poder das Palavras em Determinados Ambientes Utilizar

a linguagem adequada ao contexto em que a pessoa se encontra é primordial. É preciso verificar onde e com quem estar para determinar seu padrão oral. Esse padrão pode ser estabelecido na relação emissorreceptor nas várias atividades orais que ambos exercem. É recorrente o uso indevido de palavras e expressões em um contexto não adequado. Na linguagem escrita é fundamental a língua culta. Porém, essa norma não foge em determinadas ocasiões orais. Em uma entrevista de emprego, por exemplo, saber ativar uma gama de palavras cultas é imprescindível para um bom primeiro contato entre quem contrata e é contratado. É comum os jovens utilizarem determinadas gírias para serem aceitos em grupos. A utilização dessas gírias em seu contexto social não pode ser levada para dimensões maiores e que necessitam de uma oralidade mais requintada.

“Para uma maior obtenção de vocábulos formais é interessante uma contínua e vasta leitura”

Expressões da oralidade jovem, como, por exemplo, “f...”, remetem a vários significados que só podem ser compreendidos em seu contexto de utilização. Palavra como essa empregada em um ambiente de utilização não corriqueiro, pode criar um ruído na comunicação.

Raiane Amorin e Alisson Carmo *

Outro exemplo de ruído na comunicação que pode ser observado é durante uma cena do filme “Revelações”, do diretor Robert Benton, onde um professor acadêmico utiliza uma palavra com um sentido próprio, mas que é interpretada com sentido pejorativo, o que causa conflitos e consequências ao professor. Em uma sociedade cada vez mais informatizada, onde as pessoas se comunicam oralmente como escrevem, e vice-versa, decorrente do advento de ferramentas de mensagens instantâneas e sites de relacionamentos, o não uso de vocábulos vindos da Internet tornou-se fundamental. O uso contínuo desses vocábulos deixa as pessoas, dentre elas, principalmente, os jovens, acostumados com códigos lingüísticos criados para facilitar a comunicação escrita por esses meios. Para uma maior obtenção de vocábulos formais é interessante uma contínua e vasta leitura que pode ser adquirida desde revistas meramente pitorescas até textos acadêmicos. Além disso, há necessidade de adequação de linguagem ao ambiente em que se encontra e a quem se refere.

*Alunos do Curso de Comunicação Social - UESC, I Semestre, disciplina Oficina de Comunicação Escrita. Ilhéus - BA.

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A linguagem é a força que move a religião e a política Adriene Brito e Joelson Jr. *

A linguagem é capaz de exercer poder sobre todas as áreas ligadas às relações sociais. Exemplos bem claros dessa soberania, podem ser percebidos na política e na religião, nas quais tudo aquilo que se fala, é amplamente absorvido, acarretando conseqüências que podem, ou não, ser favoráveis ao emissor da mensagem.

“A linguagem é uma expressão do poder, e o poder, uma conseqüência da linguagem.” Na religião, a Igreja Católica soube utilizar de forma efetiva o seu poder sobre a linguagem, tendo por muito tempo conquistado e mantido os fiéis sob seu regime apenas pelo que era dito e ensinado. Com a reforma protestante, Lutero também se aproveitando de expressões e comunicação fácil, conseguiu desvirtuar muitos fiéis, instigando-os a não mais ouvir e sim, buscar seu próprio entendimento da linguagem escrita. Isso ocorreu com a tradução das passagens bíblicas, mostrando que, a linguagem precisa, não só existir, mas também ser assimilada. Na política, a forma de expressar idéias e demonstrar fatos, é decisiva na manutenção ou perda do poder. Muitos governantes são eleitos, não pelo que fizeram ou fazem, mas sim, pela forma como dizem ter feito.

O problema é que nem toda comunicação ocorre de forma efetiva, e esse ruído, é responsável por desvirtuar todo um processo comunicativo. Podemos colocar como exemplo um ruído que teve papel significativo na vida de um professor universitário, está ilustrado no filme “Revelações”, no qual , por utilizar um único termo, que estava sujeito a duas interpretações, e por ser mal entendido no que queria realmente dizer, o professor e reitor, perdeu seu cargo e como conseqüência sua esposa. Após de várias reviravoltas, acabou por perder, também a vida. Tanto na religião quanto na política, a linguagem não tem como função colocar as pessoas numa relação de igualdade, mas sim, definir uma hierarquia que tem no topo, quem melhor consegue se expressar e se adequar ao sistema. Dessa forma, a linguagem é uma expressão do poder, e o poder, uma conseqüência da linguagem.

*Alunos do Curso de Comunicação Social - UESC, I Semestre, disciplina Oficina de Comunicação Escrita. Ilhéus BA.

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entre filmes

Revelações (The Human Stain) Elenco: Anthony Hopkins, Nicole Kidman, Ed Harris, Gary Sinise. Direção: Robert Benton Gênero: Romance Distribuidora: Europa Filmes Estrelando os ganhadores do Oscar® Anthony Hopkins e Nicole Kidman, REVELAÇÕES é baseado no romance THE HUMAN STAIN, um sucesso de vendas de Philip Roth, ganhador do Prêmio Pulitzer. É a história de Coleman Silk, um mestre na desilusão e auto-reinvenção. Um segredo abala o primeiro amor do jovem Coleman,. Anos mais tarde – já professor respeitado – a sua carreira é arruinada por acusações falsas. Agora, mergulhando em um caso escandaloso com a misteriosa Faunia, Coleman volta a viver um despertar erótico que o transporta para o passado. A paixão ressurge e junto vem a ameaça de perigo do ex-marido de Faunia, e Coleman enfrenta a imperativa de expor a sua verdadeira identidade, antes que seja tarde demais.

entre livros Este é um romance emocionante, envolvente, que nos cativa logo nas primeiras páginas. Livro de estréia de Khaled Hosseini, "O Caçador de Pipas" é uma narrativa insólita e eloqüente sobre a frágil relação entre pais e filhos, entre os seres humanos e seus deuses, entre os homens e sua pátria. Uma história de amizade e traição, que nos leva dos últimos dias da monarquia do Afeganistão às atrocidades de hoje. Este romance já vendeu mais de 2 milhões de exemplares, só nos EUA, está há um ano nas mais importantes listas de mais vendidos do mercado americano e da Europa e já é considerado o maior sucesso da literatura mundial dos últimos tempos.

entre MÍDIAS sites Gabriel, o Pensador: http://bloglog.globo.com/gabrielopensador/ Chico Buarque: http://www.chicobuarque.com.br/ FLIP - Feira Literária Internacional de Paraty: http://www.tvcultura.com.br/flip2009/

TV Afinando a língua. Apresentado pelo músico e escritor Tony Bellotto, o programa utiliza letras de músicas como ferramentas de ensino para questões ligadas à Literatura Brasileira e à Língua Portuguesa.

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