Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria. Conceitos implicados e sua pertinência. A Biblioteca Escolar tem vindo a sofrer importantes mudanças ao nível do seu papel e filosofia, constituindo cada vez mais um espaço de construção do conhecimento e um contributo essencial para o sucesso educativo, apresentando-se como um recurso fundamental para o ensino e para a aprendizagem, nomeadamente, na aprendizagem que se repercute ao longo da vida. É essencial que as escolas conheçam o impacto que as actividades realizadas pela e com a biblioteca têm. Mas, para que esse papel se concretize é importante a existência de determinadas condições no ambiente escolar, nomeadamente, que ocorra uma colaboração entre o Professor Bibliotecário e os restantes professores ao nível da identificação dos recursos e no desenvolvimento de actividades conjuntas, orientadas para o sucesso do aluno. Do mesmo modo, é muito importante a acessibilidade e qualidade dos serviços prestados e a adequação da colecção e dos recursos tecnológicos. É neste contexto que surge o modelo de Auto-Avaliação das BE que constitui uma forma de se verificar de que forma se está a concretizar o trabalho na BE, a sua influência ao nível do sucesso escolar dos alunos, o grau de eficiência dos serviços prestados, bem como a satisfação dos seus utilizadores. O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares visa o desenvolvimento das BE facultando um instrumento pedagógico e de melhoria contínua que permita uma avaliação do trabalho da BE e o impacto da mesma no funcionamento global da escola e nas aprendizagens dos alunos, bem como, a identificação das áreas fortes e dos pontos fracos que requerem um maior investimento, podendo reflectir-se numa mudança de práticas. A avaliação da BE deve estar integrada no âmbito do processo de autoavaliação da própria escola e articular-se com os objectivos do seu Projecto Educativo. Pela implementação do modelo às BE visa-se desenvolver uma abordagem essencialmente qualitativa, orientada para uma análise dos processos e dos resultados e, numa perspectiva formativa, permitindo identificar as necessidades e os pontos fracos com vista na sua melhoria. O modelo apresenta-se enquanto um princípio de boa gestão
e um instrumento indispensável ao nível de um plano de desenvolvimento, permitindo contribuir para a afirmação e reconhecimento do papel da BE, bem como determinar até que ponto os objectivos estabelecidos para a mesma estão ou não a ser alcançados, identificando práticas de sucesso a terem continuidade e pontos fracos a serem alvo de reflexão e melhoria. Daí o modelo surgir enquanto um instrumento pedagógico e de melhoria, sendo pertinente a sua existência e aplicação. Existem diversos conceitos ou ideias chave implicados na construção, bem como determinadas perspectivas de aplicação: - A “noção de valor” que tem a ver, sobretudo, com a experiência e os benefícios que se retiram das BE, verificando se a utilização nos vários domínios que caracterizam as BE produzem resultados que contribuam para os objectivos da escola em que se insere. - “Processo pedagógico e regulador” no qual se pretende avaliar a qualidade e a eficácia da BE e não o desempenho individual do/a Coordenador/a ou elementos da equipa da BE, numa procura contínua da sua melhoria, devendo a escola encará-la como uma necessidade própria. Visando-se o envolvimento de toda a escola na melhoria das possibilidades oferecidas pela BE. Tal depende de uma análise e reflexão conjunta que originarão mudanças concretas na prática. - O conceito “Evidence-Based practice” que se traduz no desenvolvimento de práticas de recolha sistemática de evidências identificando-se qual o melhor caminho a seguir com vista na melhoria do desempenho das BE. Identificando os pontos fortes e fracos repensando formas de gestão e maneiras de funcionamento. Podendo, nomeadamente, ocorrer a elaboração de um novo plano de desenvolvimento e verificando o impacto da BE na escola. - Modelo flexível, em função da especificidade de cada escola e de cada BE. - Pretende-se que a aplicação do modelo seja exequível e facilmente integrável nas práticas de gestão da equipa da BE. Devendo alguns procedimentos ser formalizados e implementados de modo a criar algumas rotinas de funcionamento, tornando-se práticas habituais.
Organização estrutural e funcional do Modelo. Adequação e Constrangimentos. O Modelo organiza-se em quatro domínios e num conjunto de indicadores nos quais assenta o trabalho da BE. No seio do Modelo, os Domínios que são objecto de avaliação representam áreas essenciais para que a BE cumpra os pressupostos e objectivos que suportam a acção no processo educativo, apontando para como se deverá processar o trabalho da/com a BE e que têm sido tidos como elementos determinantes e com um impacto positivo no ensino e na aprendizagem. Os vários elementos a analisar foram agrupados em quatro domínios e respectivos subdomínios: A. Apoio ao Desenvolvimento Curricular. A.1. Articulação Curricular da BE com as estruturas pedagógicas e os docentes A.2. Desenvolvimento da literacia da informação B. Leitura e Literacias C. Projectos, Parcerias e Actividades Livres e de Abertura à Comunidade C.1. Apoio a actividades livres, extra-curriculares e de enriquecimento curricular C.2. Projectos e Parcerias D. Gestão da Biblioteca Escolar D.1. Articulação da BE com a Escola/Agrupamento. Acesso a serviços prestados pela BE D.2. Gestão da colecção/ da informação Estes domínios podem ser agrupados em três áreas chave: Integração na escola e no processo de ensino/aprendizagem; Acesso e Qualidade da Colecção e, por fim, Gestão da BE. Quanto aos subdomínios, identificam-se dentro de cada um conjuntos de indicadores ou critérios que apontam para os aspectos importantes de intervenção da BE. Para cada indicador identificam-se, ainda, vários exemplos de recolha de evidências. Os perfis de desenvolvimento também fazem parte do modelo (fraco, médio, bom e excelente).
São apontados alguns constrangimentos, como a criação de uma comunidade de pesquisa participativa, os aspectos negativos que resultam dos estudos, um percurso baseado na recolha sistemática de evidências, a gestão de tempo e o entendimento do papel da BE e do Professor Bibliotecário por parte dos restantes docentes e dos órgãos de direcção. Actualmente a avaliação centra-se, sobretudo, no impacto qualitativo que a biblioteca tem ao nível das atitudes, valores e conhecimentos dos utilizadores (Cram, 1999), bem como no sucesso escolar dos alunos, é isso que justifica a sua existência. Integração/Aplicação à realidade da escola O Modelo de Auto-Avaliação das BE e o modelo de avaliação da própria escola/agrupamento devem determinar e reconhecer qual o impacto que as actividades realizadas pela e com a BE têm no processo de ensino e aprendizagem, tal como o grau de eficiência dos serviços prestados e de satisfação dos seus utilizadores. Exigindo uma metodologia de sensibilização no âmbito escolar, implicando: - A mobilização da equipa no sentido da necessidade e importância de avaliar o impacto e o valor da BE na escola; - A formação contínua da equipa da BE e de outros elementos da escola, mediante a realização de “um processo de formação/acção”; - Uma comunicação contínua e sistemática com o órgão directivo relativamente ao processo de avaliação; - Apresentação do processo em Conselho Pedagógico; - Contínua articulação com os diversos professores e departamentos; - Difusão da informação. Em todo este processo o Professor Bibliotecário tem, mais uma vez, um papel essencial, sendo de extrema importância que se assuma como líder, conseguindo mobilizar a escola no sentido da implementação do modelo de Auto-Avaliação da BE. Devendo a mesma estar integrada no processo de auto-avaliação da Escola/Agrupamento em que se insere e estar em conformidade e articulação relativamente aos objectivos do Projecto Educativo de Escola.
Competências do Professor Bibliotecário e estratégias implicadas na sua aplicação É de extrema importância que, no seio de todo este processo, o Professor Bibliotecário seja um líder, útil e relevante na escola, um comunicador efectivo, exercendo influência junto de professores e do órgão directivo, trabalhando conjuntamente com os mesmos. Deverá encontrar-se atento às mudanças e promovê-las, observando, investigando e avaliando continuamente, identificando pontos críticos. Sendo essencial realizar uma abordagem construtiva aos problemas e à realidade. Ser simultaneamente tutor, professor e avaliador do impacto da BE, no sentido de apoiar e contribuir para as aprendizagens no seio da missão e objectivos da escola. Ao Professor Bibliotecário/BE/escola cabe a selecção do domínio a ser objecto de aplicação dos instrumentos. Cada ciclo implica a identificação de um problema, a recolha de evidências, uma interpretação da informação recolhida, a realização das mudanças necessárias em função da avaliação realizada, com nova recolha de evidências, avaliação… Terminado o ciclo decorridos quatro anos, o processo deverá dar-nos uma visão global da BE, identificando o seu perfil de desenvolvimento. Constituindo a avaliação um processo de melhoria, cujos resultados devem ser partilhados e analisados conjuntamente com os órgãos de gestão pedagógica, encontrando-se posteriormente implicados no processo de planificação e gestão, originando novas práticas tidas como mais adequadas e eficazes, na busca de uma melhoria continua do desempenho da BE no seio da Escola/Agrupamento em que se insere.