Título: PSM – DOIS Autor : carlos peres feio Capa: Chinesa do Norte – Produções sobre desenho de carlos peres feio
© carlos peres feio e chinesa do norte produções , Maio 2008 Composição, paginação, impressão: chinesa do norte – produções, lda Depósito nº : 0022305/08
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embora irreparável, porque do que se passou não há registos faço fora de prazo esta declaração de uma saudade grande de um amor maior. carlos peres feio, in PSM - UM
por fim sou mais do que as células permitem e é o mundo que cabe em mim carlos peres feio, in PSM, 15-2-2008
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A um anjo
quando noto que fugimos na bruma somos ciganos da longínqua Turquia com violinos que nos perseguem em sons doces como tâmaras procuro sempre sonhar contigo, acordado. quando tenho tua mão em mim sonho mais fundo a tua mão é a entrada para um outro mundo (1996)
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avião de brincar
as mãos que dobram folhas de papel e as transformam em aviões de brincar feiticeiras com poder da transformação de um dever em prazer imenso são as mesmas que curam pois passando na minha fronte removem o negro do tédio e lançam-me no espaço do teu céu onde sou avião de brincar (2001)
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natureza
a minha verdadeira natureza não é o que parece circulo em automático lubrificado esquecido de mim a minha verdadeira natureza encontro-a de vez em quando vagueando por Lisboa ou outro sítio. que alegria! então sou eu. vejo os detalhes, além de os olhar, reconheço-me, sou eu e sinto as raízes debaixo dos pés. mais fraco que há vinte anos fico com força para percorrer Lisboa e o planeta lés-a-lés (2006)
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da passagem
felicidade da passagem esse fluxo que atravessa as pedras e o tempo essa vaga que deixa rasto. nos momentos solares nas construções de ausência, felicidade, esse factor elevado e subtil por vezes máscara de Veneza, sempre irreconhecível. quando temos nossa mão na sua cintura, felicidade, sem medida sem forma poderá finalmente ser, tudo o que já fomos? (2006)
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testamento
quando me cortaram a carne tive que me reinventar então, porquê o mesmo? volto mas sou outro deixei pouco para trás tenho tanto em frente é desta vez saberei arrumar gavetas vitais bom vai ser começar do fundo o jogo será ter esperança sem futuro arquivar o que foi feito mostrar a escrita em falta palavras soltas no vento testamento sem herdeiros (2006)
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território da mente
viagem pelo território da mente meta onde a memória deixa pousar ainda que brevemente queixas com razão de queixa a paisagem deste verde alemão impregnado de Saxónia motor da vontade de viver um pouco mais não impede o progresso da dor que vem do fundo misturada com sons musicais das canções que agravam quer o bem quer o mal essa dor profunda que consome o verde e o sol dos campos desta terra, deixa-nos para sempre no azul de Cascais a memória de quem merecia viver mais. (1998)
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pontos brilhantes
deixa-me mostrar como vejo as coisas temos o que nos rodeia, algo mais lá em cima no negro iluminado pelas estrelas, só elas contam uns sabem de mar de grandes espaços de verde disperso em folhas outros do pano de fundo sem fim onde moram os pontos brilhantes também devemos atender quem não olha o céu nas noites de lunário mas traz a lua dentro de si sem saber existe a pessoa que ilumina a noite pela vontade de entrega do amor intenso de um coração infeliz vejo as coisas assim, e coloco-te na morada que mereces entre os pontos brilhantes. (2006)
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ondulado dos montes
é preciso ter velocidade para perceber os montes ondulados quando parados são volumes que nos lembram quem vai quem fica, quem não existe à partida vi-te afastar sem acreditar. teu cheiro deixou-se atrasar. da balada que entoavas ficaram notas pousadas nos parapeitos pintados de verde muito escuro (ou escureceram quando partiste) 11
tentei chorar percebi que a comoção seca, escurece, torna o complicado simples ter-te não era fácil penso agora bom seria acompanhar-te mas no estado de simplicidade em que fui deixado agora a sério: tens meia hora para voltares! desconheces que a contagem decrescente começou há muito tinhas um quarto de hora mas ignoravas. já não tens tempo algum. ao dizer-te isto esgotei-me. ficas com todo o tempo do mundo, deste mundo com montes ondulados. (1999)
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imaginação em verde
durante uma viagem concreta com paisagens perdi a visão das coisas uma luz fortíssima tornou tudo branco preparando o mergulho no profundo negro pensei: ora – é só mais uma inconsciência o que se desenhou vindo do negro nada tinha a ver! fragmentos de passado colados sobe o pano verde da esperança formaram um quadro irreal 13
com um pé no chão outro no sonho ainda identifiquei a lua fiz um grande esforço para abrir os olhos cansados e focar o pensamento era o fim da viagem sem qualquer gravura restava o verde. (2004)
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mexe comigo
mexe comigo imaginar-te e de mexer não paro. mexe comigo receber teus escritos imaginando tuas ideias fixas mexe comigo teu provocar respostas mexe comigo tua oculta imagem onde te vejo para lá dos espelhos também mexe comigo tua poesia – tua escrita mexe comigo o desenho dos teus cabelos nas tuas fotos mexe comigo o meu desejo de ti acrescentado ao que de ti emana conhecer-te foi meu Destino. (2006)
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alimentar o sonho
alimentar o sonho sem o contaminar com reflexos que nos ceguem acreditar ainda ser possível uma total entrega às difíceis palavras fazê-las chegar ao bom porto de uma alma nobre assistir entre a multidão ao seu voltar da cabeça ter os olhos nos olhos a minha missão impossível (2006)
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informação
a má influência que temos sobre nós próprios pode ser curada pelo remédio do passado agora só devo escrever o que me passa pela cabeça sem qualquer outra consideração se uma seta me atingir em qualquer momento quero estar bem (1985)
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Cérebro
o cérebro humano essa máquina mais antiga que o arado ideia que vem do escuro para a luz perdida por vezes no percurso onde tudo se passa esse responsável por poetas e carrascos devia ser o único projecto da humanidade cruzada para o tornar bom mas ele próprio determinou o objectivo último de ser medíocre deixando ao computador a tarefa possível de um dia atingir bondade e perfeição. (2006)
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não existes
(para ouvir com Chopin em fundo ― qualquer peça)
tu não existes mas Chopin também não amo os dois de maneira diversa mas esforçada respiro o ar da noite sinto Lisboa ao longe mas a cidade não existe tudo aquilo de que gosto só existe no engarrafamento dos sentimentos no meu cérebro azinheira pinheiro e castanheiro passam a ser locais onde me acolherei faça sombra ou abrigo para me sentir protegido pelas arvores e por quem as inventou de verão lembrarei sempre a oferta para meu resguardo de inverno pedirei que um raio me atinja para morrer em êxtase será a única maneira de num segundo lembrar todos os beijos recebidos numa fracção sentir como final um beijo – raio de luar (2006)
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os teus versos
(nota de culpa)
ao lê-los senti que se despistavam saiam da rota sem travões ou inibições vieram à berma levantaram poeira adormecida e derraparam contigo aos comandos em alta rotação sem sinais de travagem entraram em terreno semeado de sonho eu estava sentado na zona claro-escuro sem caminho de fuga fui por eles arrasado deste incidente marcou-me o foco do teu olhar aceso no escuro apontado ao firmamento nessa noite com estrelas (2000)
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estragos em trânsito
história aluada viagem sem rumo por países inventados sempre achei os diários de viagem tábuas preciosas condição de exploradores afirmo até sem diário de bordo não há viagem dias tantos desta era registo porque parti sinal de proibido ficar missão de um dia volver partimos incompletos até descobrirmos partes de nós que escaparam um dia para longe 21
tarde registaremos que fizemos aguada no ombro de alguém que trocámos as nossa bugigangas por especiarias sob a forma de abrigo nas fortalezas que atacámos descobrimos a nossa fraqueza fizemos diplomacia secreta para nos escondermos o resto da vida levámos nossas naus vazias de sentimentos trouxemos saber sem construir futuro os que não voltaram são pouco mais que estragos em trânsito (2004)
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álcool conta certa
dobro a esquina com a energia da alta tensão ainda ouço as notas da música que na madrugada anterior bebi no casino estivesse numa rua de Chicago ou fosse português de lei haveria sempre uma hora certa para ajustar contas com o próprio quando a noite aquece temos o direito de nos termos enganado não foi assim toda a vida? todos os versos vão para a mulher amada no momento há segundos que são anos-luz! senti a noite quente sonhar com tropicais fantasmas afirmei: sim, sinto-me bem tenho direito ao engano não cobro nada por isso. (2006)
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fast
quando chegou dois mil e quatro o tempo disparou até então a calma mandava mas depois a velocidade da luz somada à do som sem paragem na penumbra tomou conta de mim terá sido por causa do meu aniversário? (2004)
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há dias
de sofrimento e angústia dias de sem resposta em que se partem bicos de lápis desenhos ficam aparcados na mente as palavras, essas, conhecem o horror do escuro receiam qualquer movimento ― de eterno luto carregadas ― acolhem-se no charco do nosso íntimo há dias de recordação plena do falar com o olhar da boca ser transferida para as mãos dias de sempre do brilho nos olhos das curvas do corpo em fusão como se fosse ao vivo foto de gravura sensual (2006)
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sentada na luz tardia
sentada na luz tardia a rapariga mexicana lembrava los angeles fora de seus avós agora era estrangeira em casa como se atreviam? sentia a injustiça queimar para além do razoável seu amor italiano branco em má companhia sofrera igual repudio chamavam-lhe oleoso insultos de crianças treinadas para odiar o diferente constantemente pátria da liberdade? se voltamos às origens temos a confirmação uma vez trotadores do globo a fuga é para a frente! (2006)
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tenho dez minutos
tenho dez minutos para dizer que te amo o tempo de ainda ouvir um piano de antigamente será minha fuga antes das dez embalado por um som que só a ti me leva quero que cada momento seja especial sei que mais tarde quando me leres vais saber que esta contagem decrescente te pertence terás dez razões para te interrogares porque escrevo em carta aberta mas terás outras tantas para te convenceres que por estares longe mais te amo quando tu estás por perto não me concentro em ti sou desviado pelo teu olhar único tua anca teus cabelos tuas dores e sorrisos tuas rugas teus vestidos tua tristeza já não tenho dez minutos mas dez anos para te amar dizem as frias estatísticas. (2006)
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tempo de trocas
levamos já tempo de trocas conhecemos de perto nossos fluidos sabemos como a mente funciona mas em parte o encanto está no parcial nunca sabemos o todo somos prisioneiros da atracção mesmo anulado o dito fica sempre o amor esse que não se explica em versos mas é sentido na expressão do olhar no sorriso face à visão na dor no peito que nunca termine o tempo de trocas. (2006)
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tolerância
há que explicar que tudo tem explicação podemos ser descendentes de cruzados sem nunca termos pensado ir fazer mal a Meca Jerusalém foi uma obsessão a nós, Ocidentais, já nos passou falo de gente normal quero dizer também Islão normal distinguir de radicais indispensáveis na química um ateu como eu aceita uma nova religião vamos chamá-la tolerância (2006)
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feminino de certo modo
é um mundo entre o caseiro e o mágico onde os olhares não se perdem é um clima de entendimento muita palavra pelo meio tanto fervor nas conversas é uma carga de trabalhos para além do razoável sempre a alma de qualquer casa é o lar das crias a cozinha dos afectos as mulheres entre si são muralhas sem tempo quando as brumas se levantam só esperamos que lá estejam origem do amor doce recolhimento (2006)
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Douro triste
fui ao Douro em busca do nada olhar suas águas brilho de ónix ouvir margens enganadas pelo tempo num choro que marca a manhã com incêndios pôr-de-sol esperanças em nova era morreram na barca que habito tornar a voltar ao Douro agora num naufrágio de águas calmas nevoeiro cerrado humidade no ar em mistura com lágrimas (2006)
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Cesar
ferro comprimido pelas placas lisas da prensa comandadas pelo cérebro do artista mostra o retrato da sociedade actual em que a força é o metal expresso o acto final o que a escultura encerra na escolha fica o metal troca estranha da Terra consumido esmaga o sentimento durante o processo mostra que saímos da caverna para mesmo sob a marca da sucata estarmos presentes como nus ― expostos em Veneza (1998)
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por detrás dos sonhos
estou nos teus sonhos pelo milagre do teu amor. estás nos meus sonhos quando acordado, e a dormir, naquela área por detrás dos sonhos, onde a vontade é só nossa. (2005)
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mulher ideal
deverá ter nascido quando havia outra noção de ideal será encantadora quanto baste terá dentro da cabeça medidas de miss cultura não perdoará ser vista à lupa nem vai permitir risos nas costas não será deste planeta vai sorrir antes e depois de saber que lhe chamo mulher ideal. (2006)
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passeio
quando passeio pelas avenidas de Madrid sozinho sinto-me equidistante do passado do esquecido do futuro adivinhado e de ti tão longe perto (1996)
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perdido
o céu tem debitado água de cisterna antiga nestes dias de folhas mortas tapete castanho da minha rua suporta o peso dos que voltam a casa troncos são decepados com dor no ritual do Outono pássaros agora assustados tentam habituar-se aos poleiros alterados novos braços elevados prece desta cerimónia de água fogo e tédio são outras agonias só eu de longe assisto vem Inverno com teu descontentamento. (2006)
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telefonia na cozinha
palavras são ouvidas na elevação da poesia as ideias fluem espira emocional no entanto ouvem-se ruídos de tachos e panelas a realidade continua ligada refogar alourar sonhar (2006)
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quatro da manhã
quatro da manhã mas mesmo quatro depois de tudo ser posto a zero sinto o plano o espelho a lâmina quarto escuro para onde me empurram vácuo obtido pelo reverso das coisas gritar no vazio não adianta vou em frente sem me mexer vem a sensação de nada fazer para que o inevitável aconteça olhos para trás da esperança para a frente da saudade passo o testemunho em última hora garanto continuidade tenho a última vontade do aperto da tua fina mão fica um voto uma canção. (2007)
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minha morada
vou descrevê-la como um arbusto das raízes invisíveis ao ar que transporta o pólen que ao longe sopra folhas sobre o mar estrutura que não se vê tem encapsuladas todas as alegrias e as mortes que nela habitam porque marcadas em dias aqui inscritos produzo os passos que me levam para sul sinto o inevitável das ruas sem saída sob árvores suplicantes escolho o sentido que me leva a colunas de pedra sem idade padrões de um tempo de domínio senhoras de terras e solares e da sobrevivente arraia-miúda deveria ter escrito nesses tempos de pele suave e não osso descarnado no azulejo onde ficou o traço de um pintor talvez exilado infeliz em busca de cura
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o destino é uma praia onde as ondas são revoltas no fim da jornada prosseguir é tropeçar num outro mundo com comboio sem silvos sem fumo e sem paisagem o que resta de verde é uma luta em que este vencerá um dia mas ainda está a passar pela agonia do combate contra o concreto neste espaço onde correm cães sentimos a tristeza da condição destruidora ao fundo a salvação do reencontro com o azul e branco que nos acolhe o mar sem dono nosso alimento única hipótese dos nossos olhos serem poupados espaço total água ar sal as neblinas as rochas hino que se transforma em dor no peito de tanto o amarmos este domínio apropriado da minha morada em paz (2007)
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onde estão meus erros?
em te evitar sabendo em verdade ter no negro galáctico onde sempre brilharás minha última estação? em te procurar acreditando no espaço infinito onde uma luz cintila mesmo antes da visão? (2007)
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concentração
na água concentra-se nosso olhar para o mar no ar sente-se o passar de uma folha perdida na galeria de uma mina escorre a água que um dia foi do Índico falta o ar que preferiu ser livre no sentir do peso na pressão da matéria quando olhamos uma parede de granito então gritamos: estamos na Terra. (2001)
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faz isso
faz tudo no teu ritmo, rapaz não te deixes levar também a tua poesia tem pouca força política mas tenta, tenta sempre não te deixares arrastar pela política dos nossos dias que tem pouca força poética mantém o teu ritmo, rapaz tem esperança ainda há quem se emocione com a voz de Greco com os versos de Brel (2007)
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Outono Agridoce
ao teres o sabor todo doce pedes contraponto quando um Outono desce por ti desce como mel deslizas por estradas da imaginação que estão aí e sem pedires tens também o amargo de que nada se repete e então estão reunidas condições: tens o Outono sonhado o melhor da tua vida o Outono agridoce (2007)
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os nossos olhos
os nossos olhos não envelhecem mesmo a visão mais profunda vê o mundo sempre igual talvez com filtros de várias cores mas por detrás dos olhos temos sempre 17 anos quando olhamos um espelho é certo que aparece um desconhecido mas a imagem que temos de nós é a da época da esperança sem plano definido porém não somos só olhos e o coração perdeu temperatura o estômago não aceita fretes temos ouvidos selectivos as pernas escolhem as descidas os ombros já não se encolhem carregamos os sobrolhos e o peito aumentou em capacidade de amar pela pélvis ainda moram sensações antigas e os pés, de chatos que são contaminam por vezes o todo no entanto temos sempre 17 anos (2004)
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talvez
alguém sinta a falta dos versos que não escrevo Na estrada há momentos de paragem Chega a hora de reclamar à vida o que esta já não nos pode dar Continuo a ver a Lua dos outros o Sol das manhãs as Ondas, Pedras e Rios com águas límpidas, que gostava passassem sob a nossa ponte Na neblina dos sentimentos vejo uma luz. Acreditas que penso seres tu? (2007)
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Limite
Aguentei até poder Ainda controlei a mente Senti as correntes na cabeça Vendaval eminente Tudo em vão Quis conter-me Conheci o impossível Já estava tomado - tarde de mais Aceitei a desordem Sei-te Sozinha sem mim Conheço as arribas e a espuma Se me esqueces Morro sem teu afago Sei de um destino de lágrimas Não me negues teu rosto - preenche meu abraço Cala-me com tua boca Confirma-me teu corpo Corrige-me Faz-me pagar as faltas Rendo-me a ti Aguentei até poder (2007)
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dedico-te, Pablo Neruda a poesia habita em mim e eu habito este corpo e este corpo é finito comunhão negra multifacetada inquilinos uns dos outros mas a poesia é infinita a América do Sul podia ser aqui Pablo, estiveste por cá? quando e porquê? o último a chegar é o que melhor vê! as formas belas e a música completa são oxigénio podia viver sem ar sem música não. on the road again going places were I have been again Pablo, fazes falta dita, dá ordens, exalta a batida, as imagens e o verso certeiro quem recente muito te louvou em Itália, foi o teu carteiro (1996)
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overdose
quando a vida me dá imagens sons cores e espaços livres para pensar sempre que os afectos me rodeiam envolvem e criam em mim aquela sensação de carrossel de vertigem com música de circo em fundo sinto de outra maneira o que vejo nas fotos desenhos rios mar velas na espuma galopes no imenso e a minha alma lisboeta retorna ao Fado num regresso de ternura pelas calçadas das décadas em que me perdi pelas estradas africanas do meu País de então gravito bem fora de mim espero a ressaca da overdose (2007)
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retomar
Pensam que a água lhes faz bem E só pensarem assim É bom. Penso que junto ao mar estou bem E só pensar assim É bom Pensamentos em conjunto E num só tom Mostrando que perseguir A felicidade É bom. (1997)
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do silêncio
só agora me deste o símbolo só agora o meu silêncio se rompeu o anel que me foi dado evoca pequenos pedaços de lua entre elas escolhi a pequena lua gelada do meu ressentimento tua indiferença tua armadura e muralha continuo a navegar o cosmos no corpo que habito nave bem perto do ocaso. (2006)
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sinto o vento
a mente cavalgou na noite cheia de mistério ritual saiu em púrpura envolta majestosa, imponente ao longe o vulto que persigo por trilhos desconhecidos piso firme piso fraco volto sem vigor, sem alento no fundo de mim me acolho e sinto o vento (1987)
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sentimento da vida
mesmo a vida em lágrimas sentida do olhar, a beleza sempre terá (2007)
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ver
ver uma luta interior do poder sobre nós próprios tomar nave para longe ficando no mesmo cais na ponte de comando pensamento no porão perco o sol vem o olvido no poder reafirmado do esgotar de uma carícia (2004)
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mar
mar forte disseram-me que és dono do norte mar azul constou-me teres comprado o sul mar cruel tratas aço como se fosse papel mar frio mar indiferente mar simplesmente (1987)
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não
não me vou conter não é teu mau feitio não são tuas mentiras legítima defesa não são teus medos tuas dores n’alma teu amor frustrado que me pregam ao chão versos que acumulas dentro de ti sentimentos que não são teu hábito não me agrilhoam a possível indiferença só para me poupar vou à luta num dia de Maio e sou só mais um a reivindicar o que lhe é devido parte de ti a que estiver disponível sem contrapartida que não seja saber que se correrem lágrimas são de alguma alegria (2004)
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esse ninho
solta-me as asas cruzadas serve-me de farol garante meu aconchego nesse ninho que é teu peito (2004)
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andarilho
vou andar pela casa à noite luzes apagadas olhos fechados ouvindo-o como se ele aqui morasse vou encher a boca com um biscoito mais pedaços de chocolate dois gostos qualquer deles bom para mim a mistura vale imagens caseiras do aconchego no ar vibrando mesmo depois de música calada felicidade esse bem que foge, duende transformado em chocolate e noite acordes em Debussy (1998)
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questões
onde estamos quando dormimos? quem o pode dizer? o bom diabo? o mau deus? quem nos atormenta? quem nos dá prazer? todo o dia ao telefone a tentar contactar o eterno e o belo e o etéreo e o irremediável porque se produziu na terra um inferno tão fiável? (1990)
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o dia verdadeiro
o dia das verdades mentirosas, como é natural, veio sem se anunciar, o que é certo e como premeditado veio a calhar. iremos aproveitá-lo urgentemente completamente sem o desprezar. é que a validade de um dia como este é curta. (1970)
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gorducha
se fosses gorda tivesses um lacinho ao pescoço esfregasses mesas num bar de auto-estrada e eu fosse livre iria tomar um café curto como seria o nosso romance (1994)
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crianças que andavam como cavalos
passam com ruídos grotescos largas, as sapatas herdadas dos meninos grandes, anónimos diluídos no sonho terás melhores dias mas corre e brinca enquanto é hoje ― amanhã pode ser nunca (1970)
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melodia
diz-me que a melodia que oiço em ti é verdadeira é enviada do teu espírito para mim ça maladie ça melodie… (1970)
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promete-me
promete-me que sempre serás a minha sombra constante ora perto ora distante mas sombra iluminada pelo sol do teu amor por mim e pelo que por ti tenho (1995)
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sentimento
quando sentir que de mim só dependo eu embarco em barco que já não há Pátria, Império, Angola, Moçambique, Príncipe Perfeito e volto ao sonho aí ainda há África, e comigo viajam todos os que amo os que restam, e são muitos os que partiram, e vivem na minha cabeça (1990)
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pele
à força de me arrancarem a pele não sangro não temo curtido em salmoura azeda não mexo não devo transformo o couro em camurça e penso a medo sou mais suave algo cedeu gostam de mim mas não sou eu (1986)
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exercício de 85, de 86, de sempre
fotografar, escrever olhar estando mesmo a ver sonhar revelar rasgar o escrito ampliar o visto ficar aflito ficar nisto fotografar, escurecer (1986)
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versinhos a você
você diz coisas loucas você tem duas bocas uma essa outra outra uma sábia outra oca se você alinhar a espreitar no meu prisma primeiro pensa depois cisma (1987)
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ponto crítico
ferve a mente em pensar que o que era já diferente agora ainda é mais o que pensas novidade é passado do passado e não volta mais (1997)
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língua de fogo
é no ar a sua morada sua luz no voo dos pássaros pode ser uma língua de fogo um doce beijo um amor tardio um ritmo a esbater-se um suave morrer os teus lábios em mim o meu entardecer (2007)
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não querer
para mim já é poesia aquilo que se não diz porque aquele que na maresia conta ouvir um mar por trás é o mesmo que não ouve tudo aquilo que não quis (1990)
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destino
se fosse músico de melodias te encheria a vida se fosse pintor nos dias cinzentos só terias olhos para as telas cheias de sol que para ti faria vejo-me a divertir-te fazendo piruetas mas não sei dançar serias a estrela do meu filme se te realizasse e o alimento do meu zoom tivesse uma câmara pouco resta amar-te com o coração que tenho escrever os versos que sei (2007)
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quero
a vontade de fazer versos é como outras vontades caprichosa admiro-me ao escrever como ainda há versos disponíveis incríveis a poder ler lembrando outras idades e pensamentos dispersos (1989)
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sem alma
venho do fundo de mim do escuro da transformação mineiro do descontentamento arauto de difíceis tempos volto para dentro de mim coveiro sem alento no breu da existência pensamentos exauridos (2004)
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D. Sebastião
quero tornar-me o desejado nem que o meu Alcácer Quibir tenha de ser uma cidade cinzenta morrer em cota de malha envolto nas chamas dum apocalipse agora na cinza da cidade asfixiado com armas de glórias, de falhas sem sentido de viver para ver pouco há do interior vou partir abraçando o destino enjeitado, querido todo ele muito meu (1990)
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engano
eu pensava ter pais vivos toda a vida que os ídolos não morriam as cidades não mudavam os dias eram sempre longos e agradáveis cria inesgotável a paixão sempre pretos meus cabelos imaginava animais de companhia eternos não os que com afecto vemos partir conhecia da vida tudo menos o engano (2005)
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da memória
vem libertação estado de alma vazio a embrulhar o presente ― envenenado? da memória deste lado da barreira o futuro é ávido instalado está o cerco pequena a hipótese de fuga fresta iluminada talvez de mais fulgor que queima mas é nesse verso branco que tudo reside a esperança (2007)
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equívocos
não basta gostar de flores regá-las com intenções apanhá-las com carinho à beira da estrada as deixar sem um cartão para o destinatário todos julgarão ser suas (2005)
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sinais de luz
passagem pela vida olhos ao longe percepção da noite que vai em ti do encanto que queres esconder e o desejo foi o dos campos secos pela água senti o deslizar de um fluido que em mim te significava foi a manhã do acordar da consciência de seres minha rede no abismo vontade de comandar da ponte meus sentimentos em ordens e contra ordens cujo destino era o teu corpo agora estou atento aos teus sinais de luz (2005)
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chave
não te deves aproximar do teu castelo de sonho na proximidade o começo do desmoronar deixa-o palácio de luz e penumbra envolve-o de longe rodeia-o com o olhar garante que o sonho se mantém quando te sentires triste usa então a chave construída com metal dos dias em noites de luar forjada serás feliz (2007)
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o porquê
duas mentes uma da outra ávidas intermediário é o físico na plenitude do encontro será esse o mistério do amor justificação para a fusão dos corpos? (2007)
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alma limpa
nas calmas águas que teus temores pairem sobre elas enquanto o reflexo do que és mergulha na profundeza do teu ser sairás deste banho com a alma limpa (2007)
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Nirvana
acordei com a mente povoada por imagens de rara beleza nuvens pairavam como novelos num silêncio absoluto sentia a impulsão sob as asas da consciência sustentar-me na atmosfera paleta de azuis
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era um flutuar prefácio do voo lâmina sem gume sem massa sem peso próxima da perfeição como a verdade que não se alcança com um olho castanho e outro verde espreitava o futuro e via a calma quis lembrar as tormentas do passado e o impossível aconteceu do mal nada recordava o todo das memórias felizes estava contido num carrossel gigante que desfilava lentamente neste solstício de verão numa viagem de gozo imenso num tempo de ponteiros parados fiz uma prece ao meu deus que é o destino com a esperança nunca antes conhecida a luz modelou a intensidade os olhos fecharam-se acreditei ter sido atendido pois os únicos sons sentidos eram os dos pássaros desta Primavera. (2007)
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2020
venha dois mil e vinte idade de passar o testemunho é que venho de longe de quarenta e quatro e alguns sabem como isso é difícil aparecer viver desaparecer parecem-me boas etapas do nascer ao crescer amadurecer descobrir o prazer passar pela dor e fechar a loja por pudor. (1996)
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tatuagem
marca para toda a vida registo do corpo de mulher tatuagem na memória os cabelos alinhados com vontade própria quando os olhamos não podem de outrem ser brilho habitante de olhos marca para toda a vida rosto vitrina da alma overdose de amor sofrimento em reserva linha do pescoço que desce ao peito paragem obrigatória delícia das mãos marca para toda a vida na vertigem da cintura a curva ondulante do que vem em seguida esplendente imagem do mais generoso conjunto fenda das delícias esferas de meu prazer marca para toda a vida (2007)
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corda de violino
há uma corda de violino dentro da ideia vibrante em sintonia com a linha do horizonte que por simpatia em movimento lento procura fazer estremecer o calmo mar mas mar calmo não muda antes paralisa a linha do horizonte que emite um sinal para terra e havendo tocado hoje dia mundial da música a mais bela melodia cala-se o violino (2007)
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podemos ser muitos
o marido rabugento o pai carinhoso o amante protector o namorado ausente o que persegue o amor onde ele se esconde virtual (2004)
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Sintra renovada
para falar de um território de uma ideia ou das duas coisas devemos decidir o dia de preferência a tarde escolher confortáveis botas tomar o manto de caminho beijar a mão amada forma de convite para companhia pegar alforje é próprio de quem vai partir com o sentido da descoberta bem aceso a passagem do portão da mansão entrada em verde reino (2004)
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Tábua
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4 5 6 7 8 9 10 11 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39
A um anjo avião de brincar Natureza da passagem Testamento território da mente pontos brilhantes Ondulados nontes imaginação em verde mexe comigo alimentar o sonho informação Cérebro não existes os teus versos estragos em trânsito álcool conta certa Fast há dias sentada na luz tardia tenho dez minutos tempo de trocas Tolerância feminino de certo modo Douro triste Cesar por detrás dos sonhos mulher ideal Passeio Perdido telefonia na cozinha quarto da manhã minha morada
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onde estão meus erros? concentração faz isso Outono Agridoce os nossos olhos Talvez Limite dedico-te, Pablo Neruda Overdose Retomar do silêncio sinto o vento sentimento da vida Ver Mar Não esse ninho Andarilho Questões o dia verdadeiro Gorducha crianças que andavam como cavalos Melodia promete-me sentimento Pele exercício de 85, de 86, de sempre versinhos a você ponto crítico língua de fogo não querer Destino Quero sem alma
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D. Sebastião Engano da memória Equívocos sinais de luz Chave o porquê alma limpa Nirvana 2020 Tatuagem corda de violino podemos ser muitos Sintra renovada
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Chinesa do Norte – Produções Maio de 2008. Lisboa
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