PROJETOS Os projetos de trabalho constituem um planejamento de ensino e aprendizagem vinculado a uma concepção da escolaridade em que se dá importância não só a aquisição de estratégias cognitivas de ordem superior, mas também ao papel do estudante como responsável por sua própria aprendizagem. Costuma ser um planejamento motivador para o aluno, pois este se sente envolvido no processo de aprendizagem. Geralmente, permite ao estudante escolher o tema ou envolver-se em sua escolha. Isto faz com que ele leve adiante a busca, na qual há de recolher, selecionar, ordenar, analisar e interpretar a informação. Essa tarefa pode ser realizada de maneira individual ou grupal, e seus resultados deverão ser públicos, para favorecer um conhecimento partilhado. Na cultura contemporânea, uma questão, fundamental para que um indivíduo possa “compreender” o mundo em que vive, é que saiba como ter acesso, analisar e interpretar a informação. Na educação escolar, supõe-se que se deva facilitar esse aproveitamento, num processo que começamos que nunca termina, pois sempre podemos ter acesso a formas mais complexas de dar significado à informação. (Hernández – Transgressão e Mudança, páginas 88/89)
Quando falamos em “aprendizagem por projetos” estamos necessariamente nos referindo à formulação de questões pelo autor do projeto, pelo sujeito que vai construir o conhecimento. Na organização dos conhecimentos escolares através de Centros de Interesses, costuma ser o docente quem se responsabiliza e decide a informação que os alunos irão trabalhar em aula. Nos projetos, essa função não se exclui, mas se complementa com as iniciativas e colaborações dos alunos. Esse envolvimento dos estudantes na busca da informação tem uma série de efeitos que se relacionam com a intenção educativa dos Projetos. Em primeiro lugar, faz com que assumam como próprio o tema, e que aprendam a situar-se diante da informação a partir suas próprias possibilidades e recursos Mas também, lhe leva a envolver outras pessoas na busca de informação, o que significa considerar que não se aprende só na escola, e que aprender é um ato comunicativo, já que necessitam da informação que os outros trazem. Mas, sobretudo, descobrem que eles também têm uma responsabilidade na sua própria aprendizagem, que não podem esperar passivamente que o professor tenha todas as respostas e lhes ofereça todas as soluções, especialmente porque, o educador é um facilitador, com freqüência, um estudante a mais. COMO SE ORGANIZA UM PROJETO
É fundamental que a questão a ser pesquisada parta da curiosidade, das dúvidas, das indagações dos alunos e não impostas pelo professor. O tema pode pertencer ao currículo oficial, proceder de uma experiência comum, originar-se de um fato da atualidade, surgir como um problema proposto com a professora, ou emergir de uma questão que ficou pendente em outro projeto. A ORGANIZAÇÃO Não há uma seqüência única e geral para todos os projetos. Inclusive quando duas professoras compartilham de uma mesma pesquisa o percurso pode ser diferente. O desenvolvimento de um projeto não é linear, nem previsível; O professor também pesquisa e aprende; Não pode ser repetido; Choca-se com a idéia de que se deve ensinar do mais fácil ao mais difícil; Questiona a idéia de que se deve começar pelo mais próximo (moradia, bairro, vogais...). O grupo como um todo (crianças e adultos) busca informações externas em diferentes tipos de fontes: conversas ou entrevistas com informantes diversos, passeios, visitas, observações, explorações de materiais, experiências concretas, pesquisas bibliográficas, Internet. Alguns pontos são relevantes na busca de subsídios que alimentem o fio condutor dos projetos. Entre eles: biblioteca da escola, parceria com as famílias e a comunidade, organização do prédio e da sala de aula, registro. A AVALIAÇÃO Depois do material estar organizado, as crianças podem expô-lo, recontando-o e narrando-o através de diferentes linguagens. A avaliação do trabalho desenvolvido é feita a partir do reencontro com a situação-problema levantada inicialmente, como os comentários feitos sobre o propósito e o realizado. É importante que o grupo possa divulgar o que está fazendo e tenha a oportunidade de comunicá-lo. Os dossiês são uma estratégia importante para a organização final do projeto. É importante lembrar que cada finalização de projeto propõe novas perguntas e elas podem ser utilizadas para encaminhar novos projetos. TURMAS DIFERENTES PODEM TRABALHAR O MESMO PROJETO Duas professoras podem compartilhar uma mesma pesquisa, porém com percursos diferentes. COMO FICAM AS ÁREAS DE CONHECIMENTO E OS CONTEÚDOS DENTRO DOS PROJETOS DE TRABALHO Um projeto de trabalho prevê diversas “portas de entrada”, as quais possibilitam “navegar” em diferentes áreas do conhecimento. Não sabemos de antemão quais portas se abrirão. Isso acontecerá a partir dos encaminhamentos feitos pela professora, por sua
sensibilidade ao encaminhar problemas e hipóteses levantadas, por sua capacidade de fornecer informações. É importante mencionar aqui a idéia de que “ninguém cria do nada”... Se não subsidiarmos a construção do conhecimento pelas crianças, se não planejarmos estratégias desafiadoras, poucas e pequenas portas se abrirão e, conseqüentemente, o trabalho será muito empobrecido. Colocar as crianças em contato com diferentes objetos de cultura e o fato de escolhermos uma temática ou outra, não significa ser melhor ou pior para relacionarmos conhecimentos, uma vez que o conhecimento não é algo fragmentado. No desenvolvimento de um projeto, a execução das tarefas e a busca de solução para as situações-problema vão mostrando ao professor aquilo que os alunos sabem e o que eles precisam saber para realizarem com competência o trabalho determinado. A falta de conhecimento de conteúdos ou de procedimentos ágeis para a realização dos trabalhos, que fica explicitada no início, é o que deve nortear a escolha do professor e do que ele deve ensinar. QUAL A DURAÇÃO DE UM PROJETO A aprendizagem e o ensino se realizam mediante percurso que nunca é fixo, mas serve de fio condutor para a atuação do docente em relação aos alunos. Um projeto não começa necessariamente num dia determinado, mas sim se desencadeia e se desenvolve como parte de um processo que é contínuo e não tem regras quanto a passos pré-determinados, nem tampouco obedece uma seqüência rígida. O PAPEL DO EDUCADOR NO TRABALHO COM PROJETOS • Escutar o que os alunos sabem e necessitam expressar; • Não se colocar como o único e principal informante; • Conectar os temas propostos a outros conteúdos e à realidade; • Organizar os espaços e tempos de acordo com as exigências do trabalho a ser executado. Após a escolha do tema, o professor dará continuidade ao trabalho com as crianças, criando situações em que as mesmas levantem propostas de execução do estudo ou da resolução de um problema: organizando listas sobre o que sabem do tema, o que querem saber, o que querem aprender e como se pode chegar a tais aprendizagens. Um bom modo de fazer esse levantamento á através da escrita no quadro de giz ou em folhas de papel pardo dos itens levantados pelas crianças, para ordenar a abordagem do tema. O confronto de idéias aparece neste momento, tanto no que diz respeito às concepções como aos modos de encaminhamento. Esse esquema, produzido coletivamente, é a base do planejamento das tarefas – individuais, de pequeno e grande grupo – e da distribuição do tempo. Dois importantes aportes no trabalho com projetos: a necessidade do professor estudar e se aprofundar na temática a ser enfocada e a exploração dos conhecimentos
que as crianças possuem sobre o tema a ser trabalhado. Desta forma cabe ao professor estudar atentamente sobre o tema do projeto, o que lhe permitirá adequar estratégias interessantes e desafiadoras para as crianças, selecionar e buscar informações necessárias ao andamento do projeto, bem como as alternativas possíveis de materiais e recursos mais adequados.