Projeto para criação d e uma estrutura para uso de performers e indivíduos afins
M u s c u l a t u r a K a t e r i n e
L i s a
B a s t e z i n i
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M E R C O S U L - 2 0 0 9
Projeto Musculatura lisa
Proponho a criação de uma estrutura para performers e demais voluntários afins. A utilização da peça é livre, cada um pode usá-la da maneira que quiser. A peça ficará no chão disposta em forma de onda, a pessoa poderá tanto mudar a peça de lugar (arrastando-a), quanto poderá adentrá-la. A estrutura será tubular e estreita, permitindo a locomoção da pessoa pelo chão na forma rastejante, como um réptil. O voluntário será obrigado a repensar sua maneira de locomover-se, terá que criar novos mecanismos para projetar-se pra fora do tubo. Tanto quanto sua locomoção, sua orientação será modificada: antes em posição vertical (do homem em relação à terra) e agora horizontal. 1. O performer pode ainda vestir o tubo, e ficar na posição vertical (convidar outro a vesti-lo, um em cada ponta) 2. Poderá rolar no chão ou girar o corpo no eixo de si mesmo para se movimentar. 3. Poderá usar seus membros para empurrar as paredes de tecido elástico contra a estrutura revelando as protuberâncias de seu corpo. O tubo terá a forma de uma sanfona cilíndrica, com pregas que possibilitaram o esticar e comprimir da estrutura (como no movimento de uma mola). A estrutura será construída com tecido elástico na cor vermelha: confeccionado em tear de malha circular. O volume e a sustentação serão dadas por circunferências de arame galvanizado 5mm. O raio da circunferência do arame será de 40cm e o diâmetro de 80cm. O comprimento do tubo será de 10m.
Memorial conceitual A musculatura lisa encontra-se nas paredes dos órgãos ocos como a bexiga, o útero, os vasos sanguíneos e o trato gastrointestinal. Sua função é impulsionar o conteúdo do órgão oco para o seu destino. Seu movimento é chamado peristaltismo e se caracteriza por contrações lentas e involuntárias que projetam a matéria de dentro do órgão para a situação seguinte. Essas contrações são monitoradas automaticamente pelo sistema nervoso autônomo que é o controle da vida vegetativa do nosso corpo (respiração, circulação, digestão e temperatura). A temperatura corporal, por exemplo, é controlada por esse sistema: quando sentimos frio, nos arrepiamos e em seguida o corpo começa a tremer, o músculo pilo-erector se contrai pra gerar calor e impedir que nossos órgãos parem de funcionar. A sobrevivência das espécies deve muito a esse mecanismo da homeostasia.(conceito retirado da Wikipedia). Assim como nos órgãos, o tubo de malha também é oco, por ele passam as pessoas tentando se projetar para fora como acontece nos movimentos peristálticos. A musculatura lisa é a malha vermelha que envolve o passante, o passante contrai sua musculatura em um esforço para sair, e com movimentos lentos avança pelo interior do tubo. A função de contração do tubo é emprestada ao passante, é ele que tem que repensar sua locomoção e debater-se no tubo estreito para avançar. A forma sanfona do tubo lembra os vasos sanguíneos ou o trato gastrointestinal: anelado, segmentado, em que o passante avança cada etapa. Nosso corpo trabalha o tempo todo: respirando, circulando, esquentando. Vegetativamente, ele já faz muita coisa! Mas é claro que queremos muito mais dele. Além de respirar ele nos deve dar fôlego para enfrentarmos as dificuldades e os problemas cotidianos. Deve circular, além do sangue, as informações e processá-las rapidamente. Além de digerir a comida, deve ser capaz de digerir as coisas que não nos agradam, armazenar a energia calórica por que nem sempre temos tempo pra comer. Esquentar nosso corpo e também nossa alma. Exigimos do corpo o tempo todo, queremos que ele seja capaz de acompanhar a velocidade de nossa imaginação. O sistema nervoso autônomo empurra o sangue, a urina, o esperma, a bile etc. É ele que esquenta nosso coração e cada parte do corpo que o sangue chega. É o sistema nervoso autônomo que comanda o peristaltismo que projeta o sêmen pra dentro e faz com que o útero empurre o bebê pra fora.
Pré-visualização do tubo
Dados técnicos: Comprimento:10m Diâmetro:80cm Raio:40cm Distância entre as circunferências:2m Especificações: Malha circular na cor vermelha15m 6 circunferências de arame galvanizado 5mm
80cm
m 40c
10m
Sugestões de utilização do tubo
R e f e r ê n c i a s M u m m e n s c h a n z O grupo de teatro Mummenschanz usa estruturas tubulares em seus espetáculos. Nada convencional, o Mummenschanz fica no vácuo entre o teatro e a performance. Utiliza materiais simples e cenário modesto, a atenção fica voltada para os integrantes (quase sempre um ou dois por cena). A expressão facial tem atenção especial, através de máscaras de massa de modelar ou de recortes de papel com olhos e bocas desenhados eles orientam as ações. Há um vídeo em especial, em que um integrante veste uma roupa vermelha e os membros e a cabeça ganham uma forma quadrada. Há uma peça igual a da cabeça entre as pernas e é quase impossível distinguir qual é qual.
www.danielacohen.info/gallery/index.htm http://www.flickr.com/photos/9251465 0@N00/2585637566/
www.danielacohen.info/gallery/index.htm
O t r a t o g a s t r o i n t e s t i n a l O trato gastrointestinal tem algumas coisas em comum com a estrutura do tubo: ●
a elasticidade das paredes
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A forma orgânica e flexível
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Os movimentos peristálticos
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A capacidade de metamorfizar o conteúdo. Assim como o trato, o tubo oco de malha elástica, tem suas estruturas maleáveis: as paredes de malha podem ser empurradas pelos membros e cabeça do passsante. Esses membros são evidenciados pela forma que a malha adquire possibilitando que o espectador que olha o tubo de fora, acompanhe em parte, o que acontece dentro do tubo. Com mais integrantes dentro do tubo, pode-se criar novos seres pra quem assiste: com quatro pés e duas cabeças por exemplo. Além das paredes, toda estrutura tubular pode ser movimentada, no sentido lateral, vertical ou horizontal, criando a cada momento uma nova configuração. O peristaltismo é dado pelo passante, que se contrái para avançar no percurso do tubo. No trato, o que ingerimos transforma-se, é metabolizado pelo corpo, e o que não serve é expelido. No tubo, metabolizar é função do passante que de alguma maneira se transformará depois da experiência, seja de maneira conceitual ou fisica (pelo cansaço, pela contração muscular, pela sensação de desconforto ou de satisfação) a metamorfose é certa.
http://www.quebarat o.com.br/classificad os/importancia-dointestino-vidasaudavel__6137082 .html
Estrutura de um parasita de intestino. De certa forma lembra a estrutura do tubo oco com malha elástica. http://campeche.inf.fur b.br/sias/parasita/fotos .htm
Intestino grosso de 15m exposto no Hospital de Clínicas da USP para concientização do câncer de intestino http://www.hcnet.us p.br/assessoria_imp rensa/releaseshc/2 005/instestino_giga nte.htm