Projeto E Construcao De Um No Break

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

PROJETO E CONSTRUÇÃO DE UM NO-BREAK

ANDRÉ DE CARVALHO ANDRADE

2009

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

ANDRÉ DE CARVALHO ANDRADE

PROJETO E CONSTRUÇÃO DE UM NO-BREAK

Trabalho apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal da Bahia como parte dos requisitos para a obtenção do título de Engenheiro Eletricista. Orientador: Jés de Jesus Fiais Cerqueira

SALVADOR 2009 ii

ANDRÉ DE CARVALHO ANDRADE

PROJETO E CONSTRUÇÃO DE UM NO-BREAK Este Trabalho de Graduação foi julgado adequado para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista e aprovado em sua forma final pela Comissão Examinadora e pelo Colegiado do Curso de Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal da Bahia.

_____________________________ Cristiane Corrêa Paim Coordenadora do Colegiado do Curso de Engenharia Elétrica

Comissão Examinadora

_____________________________ Prof. Dr. Jés de Jesus Fiais Cerqueira (Orientador)

_____________________________ Prof. Dr. André Gustavo Scolari Conceição

_____________________________ Prof. Dr. Amauri Oliveira

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Aos meus pais Evandro e Alice, e ao meu irmão Marcos.

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"É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar...” Martin Luther King

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RESUMO ANDRADE, André de Carvalho. Projeto e construção de um NOBREAK. Trabalho Final de Graduação em Engenharia Elétrica. Escola Politécnica. Universidade Federal da Bahia. Salvador, BA. 2009.

Este trabalho consiste em projetar e construir um NO-BREAK capaz de fornecer uma potência de 500W a carga por até 30 minutos. Utilizando conhecimentos em eletrônica de potência, fontes chaveadas, baterias e inversores foi feito o projeto. O NO-BREAK foi construído com elementos semicondutores de potência como SCR (Silicon Controlled Rectifier), diodos de potência, IGBTs e utilizando os circuitos integrados TCA785 e LM3425 para o controle de fase (ângulo de disparo do SCR) e controle da modulação por largura de pulso de fontes chaveadas, respectivamente. Palavra-chave: NO-BREAK, UPS, RETIFICADOR, FONTES CHAVEADAS, PWM, INVERSOR.

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ABSTRACT The objectives of this work are design and build a NO-BREAK capable of providing a power of 500W for 30 minutes. The NO-BREAK project uses knowledge in power electronics, switched-mode power supply, inverters and batteries. The NO-BREAK was built with semiconductor elements such as power SCR (Silicon Controlled Rectifier) power diodes, IGBTs and using TCA785 and LM3425 integrated circuits to control the phase (angle firing of the SCR) and the pulse width modulation by switched-mode power supply, respectively.

Keywords: NO-BREAK, UPS, RECTIFIERS, SWITCHED-MODE POWER SUPPLY, PWM, INVERTER.

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LISTA DE SÍMBOLOS E SIGLAS

º - Grau A – Ampere AC – Alternating Current CA – Corrente Alternada CAD – Computer-aided design (Desenho auxiliado por computador) CAE – Computer-aided engineering (Engenharia auxiliada por computador) CC – Corrente Contínua CI – Circuito Integrado d – Ciclo de trabalho (Duty cycle) DC – Direct Continuos Hz – Hertz IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers IGBT – Insulated gate bipolar transistor KV – kilo volt (1000 volts) kHz – kilo Hertz (1000 hertz) MLP – Modulação por largura de pulso MOSFET – Metal–oxide–semiconductor field-effect transistor PWM – Pulse width modulation RMS – Root mean square (Raiz média quadrática) s – Segundo SCR – Silicon-controlled rectifier t – Tempo T – Período UFBA – Universidade Federal da Bahia UPS – Uninterruptible Power Supply (Sistema de alimentação ininterrupta) V – Volt Vin – Tensão de entrada Vout – Tensão de saída W – Watt viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Principais distúrbios da dede elétrica..................................................................................................... 1 Figura 2 – Diagrama de bloco de um NO-BREAK .................................................................................................. 5 Figura 3 – Configuração OFF-LINE ....................................................................................................................... 6 Figura 4 – Configuração ON-LINE ........................................................................................................................ 7 Figura 5 – Configuração Interativa com a linha ...................................................................................................... 8 Figura 6 – Limites de tolerâncias de sobre cargas................................................................................................... 9 Figura 7 – Retificador não controlado de meia onda com carga resistiva ............................................................. 10 Figura 8 – Retificador não controlado de onda completa com carga resistiva ...................................................... 10 Figura 9 – Retificador com carga capacitiva ......................................................................................................... 11 Figura 10 – Retificador semi controlado ............................................................................................................... 12 Figura 11– Retificador totalmente controlado....................................................................................................... 12 Figura 12 – Modulação por largura de pulso ........................................................................................................ 14 Figura 13 – Diferentes ciclos de trabalho (duty cycle) .......................................................................................... 14 Figura 14– Inversor retangular básico ................................................................................................................... 15 Figura 15– Formas de onda de um inversor retangular ......................................................................................... 15 Figura 16 – Formas de onda PWM ....................................................................................................................... 16 Figura 17– Diodo .................................................................................................................................................. 17 Figura 18– Estrutura de um SCR .......................................................................................................................... 19 Figura 19– Curvas característica de um SCR: IDEAL X REAL .......................................................................... 19 Figura 20– Diagrama de Blocos do TCA785 ........................................................................................................ 20 Figura 21– FORMAS DE ONDA DO TCA785 ................................................................................................... 21 Figura 22– DIGRAMA FUNCIONAL DO LM3524............................................................................................ 22 Figura 23– Retificador semi-controlado com TCA785 ......................................................................................... 24 Figura 24 - Circuito desenvolvido no EAGLE ...................................................................................................... 25 Figura 25 - Conversor elevador BOOST............................................................................................................... 26 Figura 26 - Circuito de chaveamento com LM3524 ............................................................................................. 27 Figura 27 - Drive IR4427 ...................................................................................................................................... 28 Figura 28 - Circuito Inversor................................................................................................................................. 29 Figura 29 - Placa com o circuito do TCA785 ....................................................................................................... 32 Figura 30 - Placa com o circuito do LM3524 ....................................................................................................... 32 Figura 31 – Elevador de tensão (BOOST) ............................................................................................................ 33 Figura 32 – Formas de onda dos pulsos do TCA785 ............................................................................................ 34 Figura 33 – Saída retificada a 45º ......................................................................................................................... 35 Figura 34 – Saída retificada a 100º ....................................................................................................................... 35 Figura 35 – Saída retificada a 170º ....................................................................................................................... 35 Figura 36 - Tensões CC de 85V, 50V e 12V ........................................................................................................ 36 Figura 37 – Formas de onda dos pulsos gerados pelo LM3524 ............................................................................ 36 Figura 38 – Saída elevada a 24V........................................................................................................................... 37 Figura 39 – Saída elevada a 40V........................................................................................................................... 37 Figura 40 – Saída elevada a 60V........................................................................................................................... 37 Figura 41 – Sinal alternado simples ...................................................................................................................... 38 Figura 42 – Referência comparada com sinal dente de serra ................................................................................ 38 Figura 43 – Sinal modulado por largura de pulso ................................................................................................. 39 Figura 44 – Sinal modulado na carga .................................................................................................................... 39 Figura 45 – Sinal modulado após um filtro capacitivo.......................................................................................... 40 Figura 46 – Sinal da saída filtrado ........................................................................................................................ 40 Figura 47 – Diagrama final ................................................................................................................................... 41

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Aplicações de conversor de potência ..................................................................................................... 4 Tabela 2 – Especificações para um modelo comercial .......................................................................................... 31

x

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 1 1.1

OBJETIVO ........................................................................................................................................... 3

1.2

JUSTIFICATIVAS ............................................................................................................................... 3

2 SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO ININTERRUPTA............................... 5 2.1

TIPOS ................................................................................................................................................... 5

3 TÓPICOS EM ELETRÔNICA DE POTÊNCIA .................................... 10 3.1

RETIFICADORES ............................................................................................................................ 10

3.2

CONVERSOR CC-CC ..................................................................................................................... 12

3.3

INVERSOR ........................................................................................................................................ 14

3.4

PRINCIPAIS COMPONENTES ...................................................................................................... 16

4 PROJETO E CONTRUÇÃO ............................................................. 23 4.1

RETIFICADOR .................................................................................................................................. 23

4.2

ELEVADOR DE TENSÃO ............................................................................................................... 26

4.3

INVERSOR ........................................................................................................................................ 29

4.4

PROJETO COMERCIAL ................................................................................................................. 30

4.5

CONSTRUÇÃO ................................................................................................................................ 31

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 34 5.1

RESULTADOS OBTIDOS .............................................................................................................. 34

5.2

CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 40

5.3

PROPOSTAS DE TRABALHOS FUTUROS ............................................................................... 41

6 BIBLIOGRAFIA .............................................................................. 42 7 ANEXOS ....................................................................................... 43

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1 INTRODUÇÃO Sistema de Alimentação Ininterrupta (do inglês UPS - Uninterruptible Power Supply) é um sistema posicionado entre a rede elétrica e uma carga qualquer, garantindo que esta carga não sofra interrupções geradas pela rede. Este sistema também estaria protegendo a carga de distúrbios como: sobretensões, ruídos, picos de tensão, variações na freqüência etc.

Figura 1 – Principais distúrbios da dede elétrica Fonte: MARTINS, GABIATTI E BONAN.

Descrevendo os distúrbios da Fig. 1:

TIPO 1: Falta de Rede. Nessa situação a energia é totalmente interrompida, produzindo o desligamento da carga. Geralmente provocada pela atuação nas proteções do sistema de distribuição em função de sobrecargas, descargas atmosféricas, entre outros.

TIPO 2: Sub-Tensão. Queda momentânea no valor da tensão da rede elétrica. É o distúrbio mais comum encontrado nos sistemas de distribuição, correspondendo a 85% das falhas. Provocado basicamente pela partida de cargas de grande porte.

TIPO 3: Sobre-Tensão. Ao contrário da anterior, nessa situação ocorre a elevação momentânea no valor da tensão da rede elétrica. Pode ocorrer no retorno da energia após uma interrupção ou também por descargas atmosféricas.

1

TIPO 4: Surto de Tensão. São transientes rápidos e de elevada energia, podendo atingir valores na ordem dos kiloVolts. Esse é o distúrbio potencialmente mais perigoso para a carga. Ocorre com maior freqüência no verão, devido ao aumento na ocorrência de descargas atmosféricas próximas à rede elétrica, não sendo suprimidos pelas proteções do sistema de distribuição.

TIPO 5: Variação de Freqüência. Variações de freqüência na rede elétrica também são comuns e provocadas por variações bruscas de cargas de grande porte ou mesmo curto-circuito na rede elétrica. A variação de freqüência pode provocar mau funcionamento, superaquecimento e até mesmo a queima de equipamentos e componentes eletrônicos.

TIPO 6: Ruído. A presença de ruídos de alta freqüência na rede elétrica pode provocar interferência e mau funcionamento em equipamentos eletrônicos, industriais e também em sistemas de telecomunicação. São produzidos por geradores, fontes chaveadas, motores, sistemas de controle antiquados e de baixa qualidade, entre outros. Um sistema de alimentação ininterrupta garante o funcionamento de equipamentos durante a ausência da rede elétrica. Elementos chamados NOBREAK possuem uma bateria ou um banco de baterias capaz de suprir imediatamente energia elétrica no caso de uma interrupção na rede elétrica ou até que um gerador entre em ação, o que poderia demorar questões de minutos. Eletrônica de Potência é a área de conhecimento mais abordada em temas relacionados com Sistemas de Alimentação Ininterrupta:

O extenso campo da engenharia elétrica pode ser dividido em três ramos principais: potência, eletrônica e controle. A eletrônica de potência trata da aplicação de dispositivos semicondutores de potência, como tiristores, na conversão e no controle de energia elétrica em níveis altos de potência. Essa conversão normalmente de AC para DC ou vice-versa, enquanto os parâmetros controlados são tensão, corrente e freqüência. (...) Portanto, a eletrônica de potência pode ser considerada uma tecnologia interdisciplinar que envolve três campos básicos: a potência, a eletrônica e o controle (...) (AHMED, 2000, p.14)

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1.1 OBJETIVO

O objeto inicial deste trabalho final de graduação é projetar um NO-BREAK com capacidade para alimentar cargas de até 500W. Foi escolhida uma topologia que mais se adeqüe ao trabalho. O NO-BREAK projetado mantém, por um tempo determinado, a carga com energia mesmo com eventual queda da rede elétrica.

O NO-BREAK projetado é alimentado com uma tensão de 110V AC, utiliza uma bateria de 48V e fornece à carga uma tensão igual de 110V AC. O projeto discrimina os equipamentos e os componentes que foram utilizados na construção do NO-BREAK. Há também um esquemático do circuito construído.

O segundo grande objetivo deste trabalho final de graduação é a construção do NO-BREAK supracitado.

Um objetivo específico seria um estudo aprofundado sobre teorias de eletrônica de potência, componentes semicondutores e teoria de controle para a elaboração do projeto de um NO-BREAK, bem como a utilização de software de CAD/CAE para a elaboração e simulação do esquemático. 1.2 JUSTIFICATIVAS

Sistemas eletrônicos, tais como rede de computadores, sistemas de gerenciamento predial e sistemas de segurança, constituem ferramentas essenciais no mundo empresarial moderno. A continuidade e a eficiência dos negócios dependem diretamente desses sistemas. Por isso um Sistema de Alimentação Ininterrupta se faz necessário em diversos casos.

A eletrônica de potência encontra aplicações em qualquer campo que requeira conversão e controle de potência elétrica. Os sistemas de eletrônica de potência são, portanto, encontrados em uma grande quantidade de equipamentos industriais ou eletrodomésticos – de motores pequenos com menos de 1HP, usados em eletrodomésticos, a acionadores industriais com 3

centenas de HP; de fontes de alimentação reguladas DC de baixa potência a sistemas de transmissão DC de alta tensão com mais de 1000MW de potência; de reguladores de iluminação de baixa potência a compensadores estáticos VAR com capacidade de centenas de MW em sistemas de potência (AHMED, 2000, p.27)

Conversor de Potência

Aplicações

Retificador não-controlado

- Fonte DC para circuitos eletrônicos

Retificador controlado

- Controle de velocidade de motor DC a partir de uma fonte AC - Controle de velocidade para ferramentas elétricas portáteis - Transmissão DC em alta tensão - Controle de velocidade de motor DC a partir de fonte DC - Fonte de alimentação chaveada

Elevador/Abaixador de tensão

Controlador de tensão AC

Inversor

Conversor Cíclico

Chave Estática

- Chave para regulagem de iluminação - Controle de aquecedores - Controle de velocidade de aparelhos domésticos - Controle para potência reativa Partida leve para motores de indução - Sistema de alimentação ininterrupta (UPS) - Controle de velocidade de motores AC trifásicos - Aquecimento por indução - Controle de velocidade de motores AC - Fonte de freqüência constante para aeronaves - Substituição de chaves mecânicas e eletromagnéticas

Tabela 1– Aplicações de conversor de potência Fonte: AHMED (2000)

Quanto mais crítica for a aplicação de um sistema eletrônico, maior a necessidade do mesmo ter uma garantia de que não sofrerá interrupções. Hospitais, bancos, bolsas de valores e centrais telefônicas são os principais exemplos de que há necessidade de Sistemas de Alimentação Ininterrupta na realidade atual.

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2 SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO ININTERRUPTA Em qualquer sistema onde o fornecimento de energia elétrica não pode ser interrompido deve-se prever uma fonte de emergência para supri-lo. Quando a potência instalada é muito grande tem-se, em geral, um sistema de acionamento imediato, alimentado a partir de baterias, e um sistema motorgerador que, por necessitar de alguns minutos para estar em condições ideais de operação, não pode ser usado de imediato. Tal arranjo é usado, por exemplo, em centrais telefônicas, hospitais, etc.

Quando

as

cargas

críticas

são

distribuídas,

como

no

caso

de

microcomputadores, podem se usar UPSs modulares, de acionamento imediato, capazes de manter a operação do equipamento por um tempo suficiente para que não sejam perdidas operações que estavam em curso (tipicamente os tempos são da ordem de dezenas de minutos).

Fonte de Alimentação

Retificador/Inversor + Filtros

Cargas críticas

Banco de baterias

Figura 2 – Diagrama de bloco de um NO-BREAK Fonte: Próprio autor (2009)

2.1 TIPOS Existem algumas configurações de Sistemas de Alimentação Ininterrupta para aplicações distintas que serão explanadas a seguir: •

OFF-LINE (LINHA PRIORITÁRIA)



ON-LINE (INVERSOR PRIORITÁRIO)



INTERATIVO COM A LINHA 5

2.1.1 OFF-LINE (LINHA PRIORITÁRIA)

Figura 3 – Configuração OFF-LINE Fonte: POMILIO (2006)

A configuração OFF-LINE (também chamada de Linha Prioritária) possui um retificador, que fornece a carga para a bateria; um inversor (conversor CC-CA) e uma chave que detecta a falha na rede e transfere a alimentação da carga para o inversor. Quando o inversor for conectado à carga a sua tensão deverá ter a mesma amplitude e fase do sinal esperado na linha. Como o inversor não realiza nenhuma função de regulação de tensão enquanto a alimentação provier da linha, alguns equipamentos com essa configuração podem possuir um estabilizador de tensão a jusante da chave. A detecção da falha e a transferência da alimentação podem ser feitas em menos de 1/4 de ciclo, o que garante a alimentação a equipamentos críticos.

Uma vez que este sistema não apresenta uma efetiva isolação e proteção da carga contra distúrbios e dado que ele altera seu funcionamento exatamente quando ocorre uma falha, tal estrutura é utilizada principalmente para sistemas de baixo custo e potência, quando a operação não é altamente crítica.

6

2.1.2 ON-LINE (INVERSOR PRIORITÁRIO)

Figura 4 – Configuração ON-LINE Fonte: POMILIO (2006)

Na configuração ON-LINE (também conhecida como Inversor Prioritário ou Dupla Conversão) toda a potência consumida pela carga passa pelo retificador e pelo inversor. A carga sempre terá sua alimentação originada do circuito inversor, ou seja, um sinal limpo, gerado pelo retificador que, ligado à rede, transforma sua tensão em tensão contínua, provendo assim, o inversor e a bateria, sem os distúrbios da rede. Na ocorrência de falha o Inversor é alimentado pela bateria.

Esta é uma configuração padrão para equipamentos críticos já que o equipamento nem sequer percebe a presença de uma eventual interrupção, não existindo nenhuma descontinuidade. Como o retificador deve suprir a carga, além de carregar a bateria, ele é dimensionado para a potência do equipamento alimentado. A presença da chave é, em caso de falha deste sistema, para passar a alimentação à rede em menos de 1/4 de ciclo.

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2.1.3 INTERATIVO COM A LINHA

Figura 5 – Configuração Interativa com a linha Fonte: POMILIO (2006)

A configuração interativa com a linha possui apenas um conversor CC-CA e tem aplicação principal para cargas de potência elevada e que não sejam altamente críticas. Há aparelhos que operam com o inversor desligado na presença da rede (semelhante ao off-line). Mas a principal vantagem deste tipo de UPS é o inversor operar em conjunto com a rede, mas sem ter que fornecer a potência ativa da carga, o que reduz significativamente as perdas no processamento da energia.

2.2 FORMA DE ONDA NA SAÍDA A obtenção de uma onda senoidal (em um conversor CC-CA) é mais complexa do que uma tensão de forma quadrada. Por este motivo, as UPS de baixa potência e para cargas não altamente críticas, podem fornecer uma tensão quadrada em sua saída e utilizam uma configuração do tipo Linha preferencial.

Como, normalmente, alimentam pequenos computadores de uso pessoal, que têm um estágio de entrada com um retificador a diodos e filtro capacitivo, o parâmetro principal é que a tensão possua o mesmo valor de pico da tensão normal (rede). Comparativamente a uma onda senoidal, tal tensão apresentará um aumento do valor eficaz, mas que não traz maiores conseqüências. Dado o espectro da onda produzida, haverá um maior aquecimento em 8

transformadores e indutores eventualmente presentes, mas que, dado o curto prazo de atuação da UPS, em geral não causam maiores problemas.

Em sistemas de maior porte e com cargas críticas são usados inversores com saída senoidal.

2.3 REQUISITOS DE QUALIDADE

Para os equipamentos de computação são estabelecidos limites no que diz respeito à qualidade da energia suprida. Não existem ainda padrões industriais reconhecidos. No entanto, graças à ação de grandes usuários existem algumas curvas adotadas como referência. Na norma IEEE 446 existe uma prática recomendada para sistemas de alimentação de emergência em aplicações industriais e comerciais (mostrada na figura 6).

As curvas definem um envelope dentro do qual deve estar o valor eficaz da tensão suprida ao equipamento.

Via de regra, quem suporta a alimentação do equipamento na ocorrência de falhas de curta duração são as capacitâncias das fontes de alimentação internas e, eventualmente, mesmo violações mais demoradas do que as indicadas, podem ser suportadas.

Figura 6 – Limites de tolerâncias de sobre cargas Fonte: POMILIO (2006)

9

3

TÓPICOS EM ELETRÔNICA DE POTÊNCIA

3.1 RETIFICADORES Retificadores convertem tensão e corrente alternadas em tensão e corrente contínuas.

O fornecimento de energia elétrica é basicamente fornecido por tensões alternadas, porém muitas aplicações necessitam de tensões contínuas para seu funcionamento, utilizando como conversores AC-DC os retificadores.

Os retificadores são classificados pela capacidade de ajustar sua tensão contínua na saída (retificadores controlados X não controlados); de acordo com o número de fases da tensão alternada na entrada (monofásico, trifásico etc.) e em relação ao tipo de conexão dos elementos retificadores (meia onda X onda completa).

Figura 7 – Retificador não controlado de meia onda com carga resistiva Fonte: POMILIO (2006)

Figura 8 – Retificador não controlado de onda completa com carga resistiva Fonte: POMILIO (2006)

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Os retificadores não controlados são aqueles que utilizam diodos como elementos de retificação e sua tensão de saída projetada é única (por isso o nome “não controlado”).

Para se obter uma tensão de saída contínua colocamos uma carga indutiva ou capacitiva na saída.

Figura 9 – Retificador com carga capacitiva Fonte: AHMED (2000)

Os retificadores controlados constituem a principal aplicação de tiristores em conversores estáticos. Possuem vasta aplicação industrial no acionamento de motores de corrente contínua, em estações retificadoras para alimentação de cargas CC, etc. Existem duas topologias básicas para retificadores controlados: os semicontrolados e os totalmente controlados.

Retificadores semi-controlados possuem apenas dois diodos substituídos por tiristores e os totalmente controlados utilizam apenas tiristores para retificação.

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Figura 10 – Retificador semi controlado Fonte: POMILIO (2006)

Figura 11– Retificador totalmente controlado Fonte: POMILIO (2006)

3.2 CONVERSOR CC-CC Um conversor CC-CC, ou chopper como também pode ser chamado, é usado para obter uma fonte de tensão CC qualquer a partir de uma fonte CC constante (por exemplo, uma bateria ou a saída de um retificador). O valor médio da tensão de saída de um conversor CC-CC varia quando se altera a proporção de tempo no qual a saída fica ligada à entrada. Essa conversão pode ser obtida pela combinação de um indutor e/ou um capacitor e um dispositivo de estado sólido que opere no modo de chaveamento em alta freqüência. Em aplicações de alta tensão e alta corrente, os dispositivos de chaveamento usados em circuitos chopper são os tiristores. Quando se usam 12

transistores de potência ou tiristores GTO pode-se passar para o estado desligado com facilidade, basta controlar a corrente da base ou da porta. Os tiristores utilizados em circuitos CC devem passar para o estado desligado via comutação forçada, uma vez que não têm a facilidade da comutação natural, como ocorre em circuitos CA.

A técnica de chaveamento usada em choppers CC é denominada PWM (pulse width modulation – modulação por largura de pulso). Há duas espécies fundamentais de circuitos conversores CC-CC: elevadores de tensão (step-up ou boost) e abaixadores de tensão (step-down ou buck). Os conversores abaixadores fornecem uma tensão de saída menor ou igual à tensão de entrada, já os conversores elevadores fornecem uma tensão de saída maior ou igual à tensão de entrada.

Ambos são usados em várias aplicações industriais nas quais há uma fonte constante. As aplicações típicas incluem controle de motores CC para tração elétrica, chaveamento de alimentadores de potência, UPS (fontes de alimentação ininterrupta) e equipamentos operados por bateria.

3.2.1 PWM PWM ou MLP (Modulação por Largura de Pulso - em português) é um método de chaveamento em que a largura de um pulso TON varia enquanto o período de chaveamento total T permanece constante. Define-se ciclo de trabalho (duty cycle) como a relação d =

T ON T

. A figura a seguir mostra como as formas

de onda da saída de um PWM variam à medida que o ciclo de trabalho varia.

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Figura 12 – Modulação por largura de pulso Fonte: POMILIO (2006)

Figura 13 – Diferentes ciclos de trabalho (duty cycle) Fonte: AHMED (2000)

3.3 INVERSOR Inversores são circuitos estáticos (não tem partes móveis) que convertem tensão CC em tensão AC com uma freqüência de saída desejada. A obtenção de uma tensão alternada (senoidal ou não) a partir de uma fonte CC é muitas vezes necessária para a alimentação de diversas cargas e sistemas. A tensão de saída de um inversor tem uma forma de onda periódica que pode ser uma seqüência de sinais alternados em +v e –v até aproximações de uma senóide. Há muitos tipos de inversores classificados de acordo com o número de fase, com a utilização de dispositivos semicondutores de potência, com os princípios de comutação e com as formas de onda na saída.

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Inversores são utilizados em diversas aplicações, incluindo controles de velocidade de motores síncronos e de indução, fontes de alimentação para aeronaves e sistemas de alimentação ininterrupta (UPS).

O circuito básico para gerar uma tensão alternada monofásica, a partir de uma fonte CC, é mostrado na figura a seguir. A freqüência da tensão alternada é determinada pela taxa de variação do chaveamento.

Figura 14– Inversor retangular básico Fonte: PRÓPRIO AUTOR

Figura 15– Formas de onda de um inversor retangular

15

Figura 16 – Formas de onda PWM Fonte: POMILIO (2006)

A tensão de saída CA retangular do inversor já serve para algumas aplicações, entretanto a tensão de saída senoidal é a forma de onda ideal para outras aplicações. Existem dois métodos para se obter a saída mais próxima a ondas senoidais: o primeiro consiste em um filtro na saída do inversor e o segundo método, modulação por largura de pulso (PWM), usa um esquema de chaveamento no inversor para modificar a forma de onda da tensão na saída.

3.4 PRINCIPAIS COMPONENTES

3.4.1 DIODO DE POTÊNCIA Diodos de potência desempenham um papel importante nos circuitos de eletrônica de potência. São utilizados principalmente em retificadores nãocontrolados, efetuando a conversão CA – CC fixa, e como diodo de retorno, a fim de fornecer uma passagem para o fluxo de corrente em cargas indutivas. São similares em função aos de junção PN, entretanto tem uma capacidade muito maior de potência, tensão e corrente DC em alta tensão. 16

Os materiais utilizados na fabricação de diodos podem ser silício ou germânio. Os diodos de potência são normalmente produzidos com silício, pois podem operar com correntes maiores e temperaturas de junção mais altas, além de ter uma resistência à tensão reversa maior.

Figura 17– Diodo Fonte: POMILIO (2006)

3.4.2 TRANSISTOR DE POTÊNCIA Os transistores com altos valores nominais de tensão e de corrente são conhecidos como transistores de potência. Um transistor é um dispositivo semicondutor PNP ou NPN de três camadas com duas junções. Os transistores têm dois tipos básicos de aplicação: amplificação e chaveamento. Em eletrônica de potência, onde o principal objetivo é o controle eficaz de potência, eles são invariavelmente usados como chaves. São empregados principalmente em choppers e em aplicações para inversores.

Os transistores têm três terminais: dois deles atuam como contatos de uma chave enquanto o terceiro é usado para ligar/desligar a chave. Assim o circuito de controle pode ser independente do circuito que está sendo controlado.

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Dois tipos de transistores de potência são muito utilizados: o transistor bipolar de junção (TBJ) e o transistor de efeito de campo de metal-óxido-silício (MOSFET). Até o advento do MOSFET de potência o TBJ era o dispositivo escolhido em aplicações de eletrônica de potência.

A invenção do transistor bipolar de porta isolada (insulated-gate bipolar transistor - IGBT) foi em parte induzida pelas limitações típicas do MOSFET e do TBJ. Os IGBTs são próprios para tarefas em alta tensão, trabalham com perdas baixas no estado ligado, requerem circuitos acionadores simples e suportam velocidades de chaveamento relativamente altas. Estão, portanto, se tornando a escolha ideal para aplicações em alta tensão, nas quais as perdas na condução devem ser baixas. 3.4.3 SCR Os tiristores são dispositivos semicondutores de potência com quatro camadas PNPN, usados como chaves eletrônicas. A principal vantagem que oferecem é converter e controlar grandes quantidades de potência em sistemas CA ou CC, utilizando apenas uma pequena corrente para o controle. A família de tiristores inclui: o retificador controlado de silício (SCR – silicon controlled rectifier), o tiristor de desligamento por porta (GTO – gate turnoff thyristor), o triac, o diac, a chave controlada de silício (SCS – silicon controlled switch) e o tiristor controlado MOS. O SCR pode ser considerado o membro mais importante da família. SCRs são amplamente utilizados em aplicações como fontes de alimentação regulada de potência, chaves estáticas, choppers, inversores, cicloconversores, aquecedores, fontes de iluminação e controle de motores.

O retificador controlado de silício (SCR) é o controlador elétrico de potência mais difundido. Isso se deve à sua ação de chaveamento rápido, ao seu pequeno porte e aos seus altos valores nominais de corrente e de tensão.

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A estrutura de um SCR é mostrada na figura abaixo. O SCR tem três terminais: o ânodo (A) e o cátodo (C), que são terminais de potência, e a porta (G) que é de controle.

Figura 18– Estrutura de um SCR

Quando o SCR está diretamente polarizado, isto é, o ânodo é positivo em relação ao cátodo, uma tensão positiva na porta em relação ao cátodo passa o SCR para o estado “ligado”. Entretanto, não é a porta que desliga o SCR, ele é desligado quando se interrompe a corrente do ânodo. De modo similar ao que ocorre no diodo, o SCR bloqueia a corrente na direção inversa.

Figura 19– Curvas característica de um SCR: IDEAL X REAL Fonte: AHMED (2000)

19

É importante observar que para passar o tiristor ao estado ligado, é preciso que a porta receba um pulso positivo de pequena amplitude e apenas por um curto espaço de tempo. Assim que o dispositivo tiver passado para o estado ligado (esta passagem é denominada disparo) o sinal da porta não terá mais nenhuma finalidade e poderá ser removido.

3.4.4 CI TCA785 O CI TCA785 (controlador de fase) será utilizado no projeto como controlador do disparo do SCR. Em retificadores semi-controlados, o disparo do SCR é escolhido de forma que se tenha a tensão de saída CC no valor desejável.

Figura 20– Diagrama de Blocos do TCA785 Fonte: TCA785 DATASHEET

A fig. 20 mostra o diagrama de blocos do TCA785. A alimentação interna deste CI é feita por uma fonte interna estabilizada e que admite ampla variação da fonte externa.

20

Uma função rampa é gerada pelo CI em sincronia com a rede. Através de um detector de zero, inicia-se a rampa sempre que a tensão da rede tem seu valor igual à zero.

Uma tensão de controle é aplicada no pino 11 e seu valor é comparado com a rampa. Quando a rampa se torna maior é gerado um pulso em uma das saídas (dependendo da polaridade do sinal CA de sincronismo). É possível se obter pulsos mais longos através da conexão de um capacitor no pino 11.

Além dos pulsos, de acordo com a polaridade do sinal de sincronismo, o CI fornece também uma saída síncrona com essas, mas com duração de 180º. Também temos um OU-EXCLUSIVO dessas duas saídas principais de pulsos

Figura 21– FORMAS DE ONDA DO TCA785 Fonte: TCA785 DATASHEET

21

3.4.5 CI LM3524 O circuito integrado LM3524 é dedicado ao acionamento e controle de fontes chaveadas operando em MLP (PWM).

Figura 22– DIGRAMA FUNCIONAL DO LM3524 Fonte: LM3524 DATASHEET

O funcionamento dele pode ser descrito da seguinte forma: Um gerador de onda dente de serra, que tem sua freqüência determinada por Rt e Ct conectados externamente (o limite usual da freqüência é de 500KHz). A rampa gerada tem uma excursão de aproximadamente 3V. O comparador do PWM tem uma entrada (positiva) proveniente deste gerador de rampa e a outra é a tensão presente no pino 9 (pode ser fornecida pelo amplificador de erro da tensão de saída, pelo limitador de corrente da saída ou imposta diretamente neste pino). Esta tensão presente no pino 9 pode ser considerada como uma tensão de controle e seu valor é comparado com a rampa, quando a rampa se torna maior é gerado pulso. A largura deste pulso varia então com o valor da tensão de referência no pino 9.

22

4 PROJETO E CONTRUÇÃO O projeto de um NO-BREAK inicia-se sabendo a potência da carga junto com a tensão e freqüência da rede na qual a carga está ligada. Neste trabalho o NO-BREAK terá as seguintes características:

- TENSÃO DE ENTRADA: 110V RMS - FREQUÊNCIA DE ENTRADA: 60 Hz - TENSÃO DE SAÍDA: 110V RMS - FREQUÊNCIA DE SAÍDA: 60HZ - POTÊNCIA MÁXIMA: 500W

Então o NO-BREAK terá de fornecer uma potência de 500W em uma saída de 110V com freqüência de 60Hz.

A topologia ON-LINE (ou INVERSOR PRIORITÁRIO) foi escolhida. Nesta topologia toda a potência passará pelo retificador (que além de carregar a bateria alimentará o elevador de tensão que por sua vez alimenta o inversor).

Então, decidida a topologia, o projeto do NO-BREAK pôde ser assim dividido: - Retificador - Elevador de tensão (BOOST) - Inversor - Baterias

4.1 RETIFICADOR Inicialmente pensou-se em uma solução em que o retificador era precedido de um transformador para abaixar a tensão da rede antes da retificação. Essa retificação seria então não controlada usando apenas diodos. Esta solução foi descartada, já que a topologia ON-LINE faz com que toda a potência da carga passe também pelo retificador e com isso o transformador seria volumoso e caro.

23

Partiu-se então para um retificador semi-controlado, onde não seria necessário o uso de transformadores, já que se pode retificar a tensão diretamente dos 110V e o valor DC da saída desejado será controlado pelo ângulo de disparo dos SCR.

O controle do ângulo de disparo será realizado com o CI TCA785 da SIEMENS. Este CI é especialmente dedicado para controle de ângulo de disparo.

A SIEMENS junto com o TCA785 já propõe um circuito retificador semicontrolado para uso conjunto. Analisou-se este circuito recomendado e se considerou válido para a aplicação no NO-BREAK.

Figura 23– Retificador semi-controlado com TCA785 Fonte: DATASHEET TCA785

24

Este seria então o circuito retificador do NO-BREAK. Através dos diodos e SCRs controlados pelo TCA785 irá passar uma corrente de no máximo 10 A RMS para fornecer os 500W à carga. O diodo (D1 e D2) selecionado para o projeto, que suportasse as correntes e que operasse na freqüência de chaveamento foi: STTA2006P O SCR (no esquemático como Th1 e Th2) escolhido para o projeto foi o S4020L da TECCOR ELECTRONICS INC. É um SCR capaz de fornecer até 20A de corrente direta. Projetou-se com o auxílio do software EAGLE a placa de circuito impresso destinada ao circuito de controle. Na fig. 25 tem-se um exemplo de um circuito impresso projetado.

Figura 24 - Circuito desenvolvido no EAGLE

O circuito de potência foi colocado em uma placa de madeira.

25

4.2 ELEVADOR DE TENSÃO O conversor é o circuito responsável por transformar, neste caso, uma tensão contínua de aproximadamente 50V em 169V também contínua e como a tensão será elevada, utilizou-se um conversor elevador de tensão ou BOOST. Neste tipo de circuito há um elemento armazenador de energia, um indutor (L), seguido de uma chave(T), um diodo (D) e uma carga capacitiva (Co+Ro). O circuito está sendo descrito na Fig. 26

Figura 25 - Conversor elevador BOOST Fonte: POMILIO (2006)

Sempre que a chave é fechada acumula-se energia no indutor, energia esta liberada quando a chave for aberta. A relação de tempo em que a chave fica aberta/fechada faz com que se escolha a tensão de saída. Cálculo de d (ciclo de trabalho) 𝑑𝑑 = 1 −

𝑉𝑉𝑜𝑜 𝑉𝑉𝑖𝑖𝑖𝑖

Acha-se um d=0,71 O projeto do indutor depende de dois fatores: operar com a variação de corrente necessária junto com a freqüência de chaveamento escolhida e operar também no modo de condição contínua.

26

Dimensionamento do indutor: 𝐿𝐿 =

Onde a relação entre Vin e Vo:

(𝑉𝑉𝑜𝑜 − 𝑉𝑉𝑖𝑖𝑖𝑖 ) ∙ 𝑇𝑇(1 − 𝑑𝑑) ∆𝐼𝐼𝑖𝑖𝑖𝑖 𝑉𝑉𝑜𝑜 = (1 − 𝑑𝑑) 𝑉𝑉𝑖𝑖𝑖𝑖

Verificando-se sempre que opere no modo de condução contínua: 𝐿𝐿𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 =

𝑉𝑉𝑖𝑖𝑖𝑖 (1 − 𝑑𝑑) ∙ 𝑑𝑑 ∙ 𝑇𝑇 2 ∙ 𝐼𝐼𝐼𝐼𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚

Onde: T: período d: Ciclo de trabalho

Desta forma achamos um indutor de 1mH. Para o controle do chaveamento usou-se o LM3524 na configuração a seguir:

Figura 26 - Circuito de chaveamento com LM3524 Fonte: LM3524 DATASHEET

A regulação do ciclo de trabalho desejado ocorre variando-se o potenciômetro em destaque na Fig. 27. 27

As saídas Ca e Cb geram pulsos defasados de 180º, porém para aplicação em um boost basta o uso de uma das saídas. Como a saída do LM3524 não é capaz de fornecer corrente, entre ela e o gate do IGBT é usado um driver (IR4427). O driver é um CI que aciona a porta do IGBT sempre que recebe um pulso e o acionamento tem a mesma duração do pulso recebido.

Figura 27 - Drive IR4427 Fonte: IR4427 DATASHEET

Ou seja, sempre que um sinal for recebido na porta INA o IGBT superior passa a conduzir e o mesmo ocorrerá com a porta INB e o IGBT inferior. Para a aplicação no BOOST também só será necessário o uso de uma das portas do drive, já que o circuito conversor só possui uma chave. O capacitor Co pode ser definido a partir da variação da tensão admitida, lembrando-se que enquanto a corrente pelo indutor for maior que Io (corrente de carga supostamente constante) o capacitor se carrega e, quando for menor, o capacitor se descarrega. Co então pode ser definido por: 𝐶𝐶𝑜𝑜 =

𝑉𝑉𝑜𝑜 ∙ (1 − 𝑑𝑑) ∙ 𝑇𝑇 2 8 ∙ 𝐿𝐿 ∙ ∆𝑉𝑉𝑜𝑜 28

4.3 INVERSOR O inversor será o circuito responsável em transformar a tensão contínua de 169V na saída do elevador de tensão (BOOST) em uma tensão senoidal com valor eficaz de 110V RMS. A topologia usada na Fig. 29:

Figura 28 - Circuito Inversor Onde E seria a tensão CC na saída do BOOST (169V). Como a tensão de saída desejada seria uma senóide com valor eficaz de 110V, usou-se modulação de largura de pulso (PWM) para realizar o chaveamento das chaves. O controle do PWM também foi feito com o LM3524, o mesmo do controle do chaveamento do BOOST. Duas diferenças básicas foram observadas nesta aplicação: usaram-se as duas portas de saída defasadas em 180º do LM3524, uma delas para as chaves T1 e T4 e a outra para T2 e T3; e, como a largura de pulso teria valores variáveis, a modulação seria em função de uma senóide referência, ao invés de uma tensão contínua.

29

4.4 PROJETO COMERCIAL Como o objetivo deste trabalho foi um projeto de um NO-BREAK para fins didáticos, foram observadas somente especificações que se julgaram necessárias para o aprendizado em eletrônica de potência. Porém caso o projeto abrangesse um modelo de NO-BREAK comercial, muitas outras especificações deveriam ser observadas. Como por exemplo:

TIPO

ESPECIFICAÇÃO •Dimensões

FÍSICAS

•Peso •Número e Tipo de Receptáculos •Cor •Range da Temperatura de Operação

AMBIENTAIS

•Umidade •Tipo de Ambiente (maresia) •Range da Temperatura de Estocagem •Condições

de

Operação

(intempérie,

hermeticamente fechado) •Tensão de Entrada [V] ENTRADA

•Variação da Tensão de Entrada [%] •Freqüência Nominal [Hz] •Conexão

de

Entrada

(monofásico

trifásico) •Fator de Potência •Tensão de Saída [V] SAÍDA

•Freqüência [Hz] •Potência Aparente de Saída [VA] •Potência Ativa [W] •Fator de Potência [Graus] •Regulação da Tensão de Saída [%] •Tipo de Forma de Onda 30

e

•Tempo de Transferência [s] •Especificações

do

Filtro

EMI

e

do

Supressor •Isolamento •Rendimento do Sistema a Plena Carga [%] •Fator de Crista •Tipo de Bateria BATERIA

•Capacidade da Bateria (Ah). •Tempo de Vida da Bateria (anos). •Tempo Típico de Autonomia a Plena Carga (minutos). •Tempo Típico de Autonomia a Media Carga (minutos). •Tempo Típico de Recarga (Horas). •Possibilidade de Expansão de Baterias. •Quantidade de Baterias do Sistema •Sinalização e Alarmes.

OUTRAS

•Flexibilidade do Controle para Hardware e para Software. •Certificações (Ex. Inmetro) •Garantia.

Tabela 2 – Especificações para um modelo comercial

4.5 CONSTRUÇÃO A placa do circuito impresso do TCA785 foi o primeiro elemento a ser construído. O circuito foi montado em protoboard para certificar-se de que estava funcional. Com o projeto no software EAGLE, imprimiu-se em papel couché as trilhas, que em seguida foram passadas para a placa com o auxílio de um elemento em alta temperatura (neste caso um ferro de passar). Colocando a placa em ácido foi possível deixar somente as trilhas desejadas no circuito.

31

Com a placa praticamente pronta, usou-se uma furadeira portátil para colocação dos componentes e CIs sobre a placa. Em seguida com o auxilio do ferro de solda todos os componentes foram soldados. O resultado obtido na Fig. 30:

Figura 29 - Placa com o circuito do TCA785

Todas estas etapas foram feitas com o circuito do LM3524, responsável pelo controle do chaveamento. Obteve-se o seguinte circuito para o LM3524:

Figura 30 - Placa com o circuito do LM3524

32

Todo o conjunto (retificador + elevador de tensão + inversor + bateria) foi montado em bancada. As partes envolvidas com maior corrente foram colocadas em placas de madeira.

Figura 31 – Elevador de tensão (BOOST)

33

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 5.1 RESULTADOS OBTIDOS

O circuito controlador do ângulo de disparo com o TCA785 se comportou bem. Ele deve gerar um pulso em um ângulo de 0 a 180º da onda referência, que seria os 60 Hz da rede. Como se pode ver na figura abaixo, conseguiu-se o desejado:

Figura 32 – Formas de onda dos pulsos do TCA785 Após a conclusão da etapa de controle com o TCA785 montou-se o retificador onde os SCRs serão disparados com os pulsos gerados acima. O ângulo de disparo pode ser facilmente escolhido através de um potenciômetro. As formas de onda obtidas na saída do retificador estão presentes nas figuras 34, 35 e 36: 34

Figura 33 – Saída retificada a 45º

Figura 34 – Saída retificada a 100º

Figura 35 – Saída retificada a 170º

Colocando uma carga capacitiva na saída do retificador semi-controlado, a forma de onda fica constante. Com ângulos de disparos distintos obtém-se então diferentes tensão de saída. Na fig. 36 têm-se alguns exemplos: 35

Figura 36 - Tensões CC de 85V, 50V e 12V O circuito controlador do chaveamento e PWM com o LM3524 também se comportou de forma desejada. Podemos observar nas próximas imagens uma seqüência de pulsos com ciclo de trabalho de aproximadamente 50%. Neste caso oscilando a 50khz.

Figura 37 – Formas de onda dos pulsos gerados pelo LM3524

36

Quando se coloca este sinal de pulsos na chave do circuito elevador de tensão obtém-se tensões de saída maiores do que a de entrada. A relação entre as duas vem justamente do ciclo de trabalho dos pulsos. Alguns resultados obtidos com uma entrada fixa de 12V:

Figura 38 – Saída elevada a 24V

Figura 39 – Saída elevada a 40V

Figura 40 – Saída elevada a 60V

37

Quanto ao circuito inversor, primeiramente obteve-se uma forma de onda quadrada, mas já alternada na sua saída.

Figura 41 – Sinal alternado simples

Depois utilizado modulação por largura de pulso, com uma senóide referência de 60Hz sendo comparada com o sinal dente de serra no LM3524, obteve-se uma saída modulada por largura de pulso

Figura 42 – Referência comparada com sinal dente de serra

38

Figura 43 – Sinal modulado por largura de pulso

O sinal modulado passa por uma porta NOT, obtêm-se então dois sinais modulados, sendo um a negação do outro. Esses dois sinais serão colocados nos transistores ligados a carga para se obter um sinal modulado alternado.

Figura 44 – Sinal modulado na carga O sinal na carga é então filtrado e obtêm-se uma senóide na saída.

39

Figura 45 – Sinal modulado após um filtro capacitivo

Figura 46 – Sinal da saída filtrado

5.2 CONCLUSÃO

Foi projetado neste Trabalho Final de Graduação um NO-BREAK que pode suprir uma carga de até 500W. Durante todo o processo utilizou-se conhecimento em eletrônica de potência e elementos semicondutores de potência. Foram de grande valia todos os resultados obtidos. O diagrama geral do trabalho elaborado será mostrado na fig. 48:

40

Figura 47 – Diagrama final Fonte: Próprio autor

Alguns pontos de melhoria podem ser repensados, como por exemplo, o dimensionamento ideal de baterias, do indutor e filtros de saídas mais elaborados.

5.3 PROPOSTAS DE TRABALHOS FUTUROS

Algumas sugestões de trabalhos relacionados com o tema serão descritas abaixo.

- ELEVADOR DE TENSÃO MICROCONTROLADO: O circuito analógico do elevador de tensão (BOOST) é controlado pelo CI LM3524, porém há limitações quanto ao controle. O uso de micro controladores, realizando um controle re-alimentado, poderia gerar uma independência maior quanto à carga. - BANCADA DE LABORATÓRIO: Montagem de uma bancada com fins didáticos para o ensino de elementos de um NO-BREAK em separado - TOPOLOGIA OFF LINE: O estudo de chaves by-pass para a aplicação em NO-BREAKS OFF LINE, onde é necessária a comutação rápida e em fase com a rede em caso de faltas. - INDICAÇÃO DO ESTADO DA BATERIA: O desenvolvimento de um circuito auxiliar que medisse o estado e carga das baterias.

41

6 BIBLIOGRAFIA [01]

RASHID, Muhammad H. Eletrônica de Potência: circuitos, dispositivos e aplicações – São Paulo. Makron Books, 1999.

[02]

AHMED, Ashfaq. Eletrônica de Potência. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2000.

[03]

POMILIO, José Antenor. Eletrônica de Potência. Disponível em: http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor/elpot.html Acesso em: 04 de Dezembro de 2008.

[04]

LM3524 DATASHEET. National Semiconductor. Disponível em: http://www.national.com

[05]

TCA785 DATASHEET. Siemens. Disponível em: http://www.alldatasheet.com

[06]

MOHAN. Ned. First Course On Power Electronics and Drives. Minneapolis: MNPERE, 2003

[07]

MARTINS, Alexandre Saccol; GABIATTI, Gerson e BONAN, Guilherme. NO-BREAKS: Topologias principais. Disponível em: http://www.cp.com.br Acesso em: Dezembro de 2008.

42

7 ANEXOS 7.1 ESQUEMÁTICO ELÉTRICO DO CIRCUITO RETIFICADOR COM TCA785

7.2 ESQUEMÁTICO ELÉTRICO DO CIRCUITO ELEVADOR DE TENSÃO COM LM3524

43

7.3 ESQUEMÁTICO ELÉTRICO DO CIRCUITO DO DRIVER IR4427 DO ELEVADOR DE TENSÃO

7.4 ESQUEMÁTICO ELÉTRICO DO CIRCUITO DO CONTROLE DO INVERSOR COM LM3524

44

7.5 ESQUEMÁTICO ELÉTRICO DO CIRCUITO INVERSOR

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