MOVIMENTO
Primeiras acrobacias Quanto mais se mexem, mais as crianças pequenas conhecem o próprio corpo e se sentem seguras para superar limites CRISTIANE MARANGON
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O trepa-trepa de PVC criado por Angela: diversão e segurança
E
Oferecer desafios corporais... Possibilita à
criança conhecer melhor o corpo. Encoraja a experimentar novos movimentos. Estimula a agilidade.
nquanto umas ensaiam os primeiros passos, outras ainda engatinham ou apenas se arrastam. Eis uma cena típica de uma sala de creche para crianças entre 1 e 2 anos, como a de Angela Maria Pamplona, professora da rede municipal de Itajaí (SC), no início do ano passado. A turma estava em diferentes fases do desenvolvimento corporal. Por isso, ela lançou mão de um recurso para auxiliar seu trabalho na área de movimento. Foi assim que nasceu o Brinquedo Diferente. Trata-se de um trepa-trepa – como os de parques infantis – em que os pequenos se divertem fazendo acrobacias. A diferença é que a versão de Angela foi construída com canos de PVC de 40 polegadas e mede apenas 1,20 metro de altura. Os originais são feitos de ferro e têm, em média, 2 metros. O exemplo reduzi-
ARQUIVO PESSOAL
ILUSTRAÇÃO YUMI FUJITA TAMINATO
do tem uma explicação. “Para brincar, é necessário que todos alcancem as barras”, ela lembra. Outra preocupação foi a segurança. Ela confeccionou o modelo usando areia dentro dos tubos para que ficassem firmes e, portanto, não quebrassem quando uma criança se pendurasse neles. Depois de duas semanas, a versão estava pronta e foi levada para o CEI Odílio Garcia. Ao colocar o trepa-trepa na sala, Angela ainda tomou o cuidado de forrar o chão com colchonetes.
Avanços rápidos Bebês e crianças pequenas aprendem sobre o mundo por suas ações motoras (leia mais sobre o tema na edição especial Educação Infantil, nas bancas a partir de 20 de agosto). Por isso, depois que eles descobrem um movimento, imediatamente buscam outro. “As turmas de creche devem se sentir atraídas pelas atividades e ao mesmo tempo instigadas a experimentar novas ações”, argumenta Isabel Porto Filgueiras, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. “Tudo sempre realizado com uma intenção pedagógica dentro dos limites e das possibilidades de cada um.”
Quando o trepa-trepa chegou, Yasmin Rogalla, 1 ano e 2 meses, rodava pela sala se arrastando sentada. Graças ao brinquedo, a garotinha se sentiu estimulada a ficar em pé, usando os canos como apoio. Dia após dia, foi adquirindo segurança para dar alguns passinhos, agarrando-se nas barras. Após dois meses, andava sozinha. Marcos Souza, 1 ano e 1 mês, também venceu limites. Apesar de já caminhar com independência, ele passava grande parte do tempo sentado. Começou imitando os colegas que subiam e desciam do Brinquedo Diferente e, após um mês, conquistou uma grande agilidade. Os avanços corporais da turma ficaram claros porque Angela registrou tudo. A iniciativa deu tão certo que recebeu o primeiro lugar no Prêmio Revelar, promovido pela Secretaria Municipal de Educação de Itajaí.
+?
QUER SABER
CONTATO Angela Maria Pamplona,
[email protected] BIBLIOGRAFIA NOVA ESCOLA Educação Infantil, edição especial à venda nas bancas a partir de 20 de agosto, 6,90 reais