Presidente da Republica Aníbal António Cavaco Silva GCC (Boliqueime, Loulé, 15 de Julho de 1939) é um economista e político português e, desde 2006, o décimo nono Presidente da República Portuguesa. Foi primeiro-ministro de Portugal de 6 de Novembro de 1985 a 28 de Outubro de 1995, tendo sido a pessoa que mais tempo esteve na liderança do governo do país desde o 25 de Abril. A 22 de Janeiro de 2006 foi eleito Presidente da República, tendo tomado posse em 9 de Março do mesmo ano.
Carreira docente e Banco de Portugal Aníbal António Cavaco Silva licenciou-se em Finanças em 1964 no ISCEF (actual Instituto Superior de Economia e Gestão, ISEG), exercendo também o cargo de professor no mesmo instituto desde 1966. Posteriormente fez o doutoramento em Economia na Universidade de York, Reino Unido em 1974. Ao regressar a Portugal, trabalhou sucessivamente no Instituto de Ciências Económicas e Financeiras, actual ISEG, na Universidade Nova de Lisboa, na Universidade Católica e no Banco de Portugal. Neste último, foi director do Departamento de Estudos Económicos.
Ministro das Finanças e Plano Cavaco Silva ocupou o cargo de Ministro das Finanças e Plano no Governo de Francisco Sá Carneiro, em 1980, ganhando uma reputação de economista liberal. Após a morte do primeiro-ministro num acidente de aviação, recusou continuar no segundo governo formado pela Aliança Democrática (AD), chefiado por Francisco Pinto Balsemão (1981).
Líder do PSD e primeiro-ministro Foi eleito presidente do Partido Social Democrata (PSD) a 2 de Junho de 1985 no congresso da Figueira da Foz. A sua eleição ditaria o fim do Bloco Central, do qual nunca foi apoiante. As eleições gerais seguintes foram complicadas pela chegada de um partido político novo, o Partido Renovador Democrático (PRD), organizado pelo Presidente da República cessante, o General António Ramalho Eanes e por diversos apoiantes. Em 250 deputados que Parlamento tinha na época, o PRD conquistou 45 assentos - à custa de todos os partidos excepto o PSD. Apesar de Cavaco Silva ter conseguido menos de 30% dos votos e apenas 88 deputados, o PSD era o único partido político tradicional a não sofrer perdas substanciais. Cavaco Silva foi empossado como primeiro-ministro pelo presidente Eanes a 6 de Novembro de 1985. Os cortes nos impostos e a liberalização económica, incluindo privatizações de empresas públicas, deram origem a um crescimento económico apreciável, que fez subir a popularidade de Cavaco Silva. Foi inibido, no entanto, por um parlamento controlado pela oposição. Na maioria das votações, o PSD podia contar com 22 votos do Centro Democrático Social (CDS), mas os dois partidos juntos tinham só 110 lugares, menos 16 que a maioria absoluta. O PS e a APU tinham 57 e 38 deputados respectivamente, que não pareciam dispostos a apoiar o Governo. Cavaco Silva poderia governar apenas se os 45 representantes do PRD votassem favoravelmente as suas propostas. No entanto, em 1987, o PRD aprovou, juntamente com o PS e a APU, uma moção de censura ao Governo, provocando a queda do mesmo e forçando o recém-eleito presidente Mário Soares a convocar eleições legislativas antecipadas.
Primeira maioria absoluta Com um resultado que espantou mesmo os seus apoiantes mais optimistas, os sociais-democratas de Cavaco Silva conseguiram 50,22% dos votos, e 148 dos 250 deputados. Os segundo e terceiro partidos mais votados seriam o PS, com apenas 60 deputados, e a CDU, com 31. O CDS e o PRD foram praticamente eliminados da vida política, obtendo apenas quatro e sete deputados, respectivamente. Foi a primeira vez na história da política portuguesa que um único partido assegurava uma maioria absoluta.
Segunda maioria absoluta A eleição de 1991 foi outro triunfo para Cavaco Silva, com a maioria absoluta (50,60%). As políticas económicas sofreram a contestação da oposição: Cavaco Silva responderia com uma frase que se tornou célebre, Deixem-me trabalhar, e lançou a sua teoria das forças de bloqueio. De acordo com o governante, aqueles que se opunham, não concordavam ou criticavam as suas políticas faziam parte destas forças. Entre os "bloqueadores" foram incluídos, se não pelo próprio Cavaco Silva, pelo menos ao nível da opinião publicada, o então Presidente da República, Mário Soares, que com as suas Presidências Abertas dava eco a muita da contestação social que se fazia sentir no País, e Sousa Franco, Presidente do Tribunal de Contas e ex-presidente do PSD, que chumbou muitas vezes as contas enviadas pelo Governo de Cavaco Silva.
Abandono do Governo e eleição presidencial Cavaco Silva decidiu não continuar à frente do partido para a eleição de 1995. Num congresso do PSD, foi eleito, contra Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, o seu sucessor, Fernando Nogueira, até aí Ministro da Defesa, mas que no entanto não tinha o seu carisma político. Nas eleições legislativas subsequentes, o PSD perdeu 48 assentos parlamentares, sendo o PS de António Guterres o vencedor.
Eleições presidenciais de 1996 Única volta (14 de Janeiro de 1996) Candidato
Votos
%
Jorge Sampaio
3.035.05 6
54 %
Aníbal Cavaco Silva
2.595.13 1
46 %
Jerónimo de Sousa
Desistiu
Alberto Matos
Desistiu
Nova candidatura No dia 20 de Outubro de 2005, anuncia a sua candidatura às Eleições presidenciais portuguesas de 2006, recebendo o apoio do PSD e do CDS-PP. Os seus adversários foram Francisco Louçã (apoiado pelo Bloco de Esquerda), Manuel Alegre (independente), Garcia Pereira (apoiado pelo PCTP/MRPP), Jerónimo de Sousa (apoiado pelo PCP e PEV) e Mário Soares (apoiado pelo PS). Vence as eleições com 50,59% dos votos na primeira volta, realizada em 22 de Janeiro de 2006.
Eleições presidenciais de 2006 Candidato
votos
%
Aníbal Cavaco 27466 Silva 89
51 %
Manuel Alegre
11250 77
21 %
Mário Soares
77878 1
14 %
Jerónimo de Sousa
46650 7
9 %
Francisco Louçã
28826 1
5 %
Garcia Pereira
23622
1 %
Abstenção
33039 72
37 %
Presidência da República Tomou posse, jurando a Constituição, na Assembleia da República, em 9 de Março de 2006, numa cerimónia a que assistiram os ex-Presidentes Ramalho Eanes e Mário Soares, os Príncipe das Astúrias, o antigo Presidente dos Estados Unidos, George Bush, o Presidente de Timor-Leste, Xanana Gusmão, entre outras personalidades nacionais e estrangeiras. De salientar que regista para Portugal um facto inédito, de ser o primeiro Presidente da República, desde 1986, fora da área da esquerda socialista. O seu primeiro acto oficial foi agraciar o seu antecessor na Presidência da República, Jorge Sampaio, com o grande colar da Ordem da Liberdade. Lançou de forma rápida e extremamente louvada por diversos líderes internacionais, um ambicioso website da Presidência da República onde é possível acompanhar de perto todos os passos do Presidente, a sua agenda, bem como as deslocações oficiais ao estrangeiro, onde constantemente dá conta dos sucessos obtidos.