Poe e Pym, os narradores camponês e viajante de Benjamin Podemos considerar que Edgar Allan Poe é o narrador camponês proposto por Walter Benjamin. E isso fica evidente já na introdução da narrativa, quando Pym adianta que as suas aventuras, ou parte delas, foram relatadas para Poe. Como o narrador camponês, que ouve as histórias de seu povo e agrega ao conhecimento já acumulado em suas vida e repassa adiante, Poe teria publicado as memórias de Pym em um periódico literário. “Mais tarde ele me propôs que lhe permitisse redigir, em suas próprias palavras, uma narrativa da primeira parte das minhas aventuras, a partir de fatos por mim relatados, e publicá-las sob o manto de ficção no Southern Literary Messenger. Não vendo objeção nisso, consenti, estipulando apenas que o meu verdadeiro nome fosse preservado.” (poe – pg 16) Logo depois deste trecho, Pym garante que nenhum fato das partes escritas por Poe ficou “mascarado”. O narrador camponês faz justamente isso. Por conhecer bem a cultura de seu povo, consegue dar detalhes para as histórias, que talvez antes não existissem. Esse narrador camponês também não se coloca na história. Ele narra apenas baseado nas coisas que ouviu de alguém e, mesmo agregando seus conhecimentos, consegue ser fiel e manter a originalidade em toda a narrativa.