Polícia Civil agride freqüentadores do Autorama em São Paulo Por Beto Sato Na madrugada desta sexta-feira, dia 20 de abril, a Polícia Civil do Estado de São Paulo agrediu freqüentadores do Autorama, no Parque do Ibirapuera. O local é um dos principais pontos de encontro de homossexuais na cidade de São Paulo. Por volta da 0h30, cinco viaturas lotadas com policiais da 36ª DP e do GOE (Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil) chegaram ao local. De acordo com informações dos que ali se encontravam, os policiais saíram dos carros soltando palavrões e pediram para todos se sentarem no chão e colocarem as mãos na cabeça. "Um policial com o nome Fábio escrito na farda disse 'bicha tem que sofrer e se sair daqui falando alguma coisa, vai ser espancada e presa'", afirmou o médico Carlos Souza, que estava no Autorama no momento do ataque. "Cinco policiais se juntaram para cantar uma música que dizia 'vocês têm de dar o cu, bichas doadoras de cu'", disse outro freqüentador do local. "Falaram que iam dar tapa na cara das bichas até morrerem todas". Indignado, o comerciante Bill da Pizza declarou que nunca viu violência tão grande no Autorama. "Queremos a polícia aqui, mas para evitar a prostituição de menores de idade, o tráfico de drogas e garantir a segurança local, não para agredir quem só veio se divertir. Se houvesse um trabalho preventivo, não seriam necessárias essas mega operações panfletárias", declarou. "Querem fechar o Autorama por causa de drogas? E a rua Augusta? E a Cracolândia? Vão ser fechadas também?", gritava outro presente depois que os policiais se foram. Pedro, turista espanhol que estava no local, disse que "nunca viu nada assim na Europa". "Vim para o Brasil pensando que era um país tolerante, mas estou impressionado. Estou voltando para meu país e lá vou avisar para ninguém mais vir para cá". Pedro afirmou que, na manhã desta sexta-feira, irá fazer Boletim de Ocorrência, alegando que foi agredido por parte dos policiais. Respostas oficiais A única autoridade não-policial que presenciou os acontecimentos foi Rubens Carsoni, assessor do deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP), chamado por comerciantes locais para defender os GLBT. "Foi horrível. Os policiais não se limitaram a fazer a operação, mas humilharam e constrangeram os freqüentadores". Rubens está preparando um relatório detalhado do caso. "Queremos que seja feita sindicância e vamos levar o caso para o governador José Serra", afirmou Giannazi para o G Online. "Vou falar sobre isso na tribuna da Alesp (Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo) na tarde desta sexta-feira. Vamos usar todos os instrumentos possíveis para atos homofóbicos como esse sejam punidos". Cássio Rodrigo, da Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual, suspendeu todos seus compromissos nesta sexta-feira para investigar o ocorrido. "Gostaria que todos que sofreram abuso nessa madrugada procurassem a Cads para dar queixa". Segundo o coordenador, o secretário estadual de segurança pública, Ronaldo Marzagão, incumbiu um funcionário da Secretaria de Segurança Pública para apurar o caso. O G Online tentou ouvir representantes da SSP, mas estes não responderam às ligações e e-mails.
Gui Tronolone, do grupo Diversidade Tucana, que em fevereiro organizou encontro de militantes com o Secretário de Segurança Pública [LINK] para tratar da violência contra GLBT, afirmou que os policiais estão passando por capacitação para a diversidade sexual. "Mas a polícia tem um efetivo muito grande e só educação não basta, é preciso punir os maus policiais".