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Produto: EST_SUPL1 - INFORMATICA - 4 - 05/01/09

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SEGUNDA-FEIRA, 5 DE JANEIRO DE 2009 O ESTADO DE S. PAULO

SEGUNDA-FEIRA, 5 DE JANEIRO DE 2009 O ESTADO DE S.PAULO

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O CINEMA DE PONTA-CABEÇA Muita coisa mudou na indústria cinematográfica com o acesso instantâneo e ilimitado aos filmes pela rede.Conheça as principais novas: ● Estreias mundiais – Com os filmesmigrando para a web muitas vezes antes da estreia nos cinemas, os estúdios se viram obrigados a lançar produções ao mesmo tempoem todo o mundo. ● Janelas menores – As ‘janelas’

são o intervalo para o lançamento de um filme em diferentes formatos, como cinema, DVD, pay-perview, TVs a cabo e aberta. ● Superproduções – Os filmes nunca foram tão caros. Qual o motivo? Investimentopesado em efeitos especiais e sonoros, que teoricamente só podem ser desfrutados nas salas de cinema.

● Mais continuações milionárias – A indústria nunca produziu tantas sequências. O motivo: elas costumam, na média, faturar três vezes mais do que os demais filmes. ● Menos produções intermediá-

rias – A diferença entre assistir a um filme com baixo apelo visual no cinema ou em casa é menor. Além disso, esse tipo de filme costuma ter um baixo potencial para licenciamento.

PiratariaassustaHollywood,quedizperderUS$18bilhõesanuais,masestúdiosjáperceberamqueofuturoestánaweb,comosdownloadspagosàlaiTunes

: BRUNO GALO : LUCAS PRETTI

● Lanterninha – Uma das últimas

táticas dos estúdios para combater a pirataria é a contratação de seguranças para as sessões de pré-estreia dos blockbusters. Munidos de óculos de visão noturna, eles tentam identificar algum possível ‘pirata’ com a câmera nas mãos filmando a tela. FRED PROUSER/REUTERS

Não é simples fazer juízo de valor quando o assunto é o impacto da eradigitalnocinema.Tantoapirataria,termoreducionistanarealidadeatual,quantoapublicidadee os “bons usos” da tecnologia digital podem ajudar ou prejudicar a exibição de um filme. Isso porque o modelo de negócios ainda está colocado sobre uma lógica antiga: alguns fazem e vendem para outros consumirem. Na prática, isso jámudou.Masfaltaomundodocinemaenxergaranovarealidade. Ocernedaquestãoestánointeressedeambososladosdojogo.O consumidor conectado à web querassistiraosmaisvariadosfilmes e tem como consegui-los de graça, mesmo que ilegalmente.

Osestúdiosqueremosconsumidoresassistindoadeterminadostítulos (os que estão no cinema ou em DVD) e pagando (às vezes caro) poreles. Não haverá entendimento enquanto as motivações assim semantiverem. Analisemos o último exemplo grande de “pirataria”: The Dark Knight, o filme do Batman, foi o mais baixado pela internet em 2008, segundo o site TorrentFreak, encostado no líder de todosostempos, Titanic(2001).Isso ocorreupor causada instantaneidade da rede e do poder de compartilhamento. Mas o fenômeno da pirataria não impediu que The Dark Knight também fosse a maior bilheteria de2008eumadasmaioresdahistória: quase US$ 1 bilhão. O filme foi um sucesso estrondoso, apesar do chororô de Hollywood. “A pirataria é a maior ameaça à indústria do cinema. Perdemos

De ‘Bruxa de Blair’ a ‘Batman’: a rede como aliada de Hollywood FOTOS: DIVULGAÇÃO

BRUXA DE BLAIR - Produção modesta virou fenômeno graças àweb

SERPENTES - Repercussão na rede não garantiu sucesso do filme

BATMAN - Coringa foi a grande estrela do filme e da campanha viral

CARROS 2 - Animação investe na internet para não ser esquecida

“Tão importante [para os estúdios] quanto fazer um filme é conseguir levar as pessoas a vêlo”, afirmou ao Link o pesquisador norte-americano Edward Jay Epstein, autor do livro O GrandeFilme, queconta aevolução da indústria cinematográficadesdeosseusprimórdios.Para Edward, é a publicidade que hoje determina a ida, ou não, das pessoas ao cinema. E é exatamente aí que a internet entra. Eficienteebarata,aredetem servido como aliada de Hollywood. Em 1999 – muito antes do YouTube, por exemplo –, um filme de terror pra lá de modesto já mostrava a força da web. Bruxa de Blair custou míseros US$ 60 mil e rendeu inacreditáveis US$249milhõesaoredordoglobo. O segredo: uma engenhosa campanha de marketing feita na até então ignorada internet. Apartirdo sitewww.blairwitch.com foi criada uma lenda em torno da produção. A história muito bem construída pregava que as imagens a serem apresentadas no filme eram reais e que o longa era um trabalho amador feito por estudantes. O frenesi obtido com Bruxa de Blair até hoje não se repetiu. A produção que mais perto chegou daquele efeito foi Serpentes a Bordo – nome que, por sinal, era apenas provisório. Assimqueaprimeiranotasobreaproduçãodespontou,otítulo inusitado chamou atenção. Da noiteparaodiaaredefoiinundada de pôsteres para o filme, canções para a trilha sonora, sugestões de cenas e até dicas para futuras paródias. Persuadida do poder da marca que tinha em mãos,aNewLinemanteveotítulo. Mas todo esse “hype” não garantiu o sucesso do longa, que ao estrear foi um fiasco. Em 2008, três filmes foram os campeões no uso criativo da web.Cloverfield(www.cloverfiel-

dmovie.com) saiu na frente comumabem-sucedidacampanhaviral,recheadademistérios e desdobramentos que deixaram a blogosfera em polvorosa. Não por acaso o filme foi produzido pelo experimentado J.J. Abrams, criador da série Lost. A comédia Trovão Tropical, de Ben Stiller, com seus sitesfalsos,comowww.tuggspeedman.com e www.scorchemovie.com, e virais hilários, também se saiu bem. Mas foi o Coringa que tomou a rede e as bilheterias de assaltocomumainéditacampanha interativa. A partir dos sites www.whysoserious. com, www.ibelieveinharveydent.com e de inúmeras outras páginas falsas de serviços e empresas de Gothan City, milhares de fãs se mobilizaramemtornodabrincadeira,queenvolveuatéARGs(jogosde realidadealternativa). Qual será o próximo fenômeno de bilheteria ajudado pela rede? Será Watchmen, adaptação da graphic novel homônima, cujo diretor e equipe vêm “prestando contas” aos fãs pelo blog da produção (rss.warnerbros.com/ watchmen)? Ou será a continuação do desenho da Pixar, Carros 2, que estreia em 2011? Para não deixar os personagens esquecidos, a Pixar tem investido. Primeiro, em uma série de curtas online intitulada Mater’s Tall Tales. Depois, no site The WorldofCars(www.worldofcars.go.com), que promete muito material exclusivo. O fato é que hoje qualquer filmeéostensivamentedivulgado pela web. Por isso o negócio é saber se diferenciar dos demais e oferecer algo novo ao sedento público conectado. ● B.G.

O CONTRA-ATAQUE DIGITAL DO IMPÉRIO

Comoainternetmudouojogodocinema Cinema

POR QUE COM A ‘MÚSICA’ FOI PIOR?

‘Pirata’, Hollywood teme o novo

● Em poucas palavras: modelo de

Ironicamente, a bilionária indústria cinematográfica americana foi fundada por produtores “piratas”. Em 1912, esses pioneiros deixaramNovaYorkparafugirdaguerra judicial promovida por Thomas Edison, que detinha as patentes dos equipamentos de filmagem e projeção, e rumaram para a costa oeste dos EUA, onde fundaram Hollywood. O sucesso só cresceu e logo o cinema era a diversão preferida dos americanos. Isso até o surgimento do primeiro concorrente, na década de 50: a televi-

são, vista como uma inimiga. Com o VHS, nos anos 80, aconteceu o mesmo. Os estúdios tentaram inclusive sufocar na Justiça a nova mídia temendo uma queda ainda maior nas bilheterias – bastante semelhante ao que acontece hoje, com a chamada pirataria online. Apesar de todo o temor, hoje, em média, 80% da receita dos filmes americanos não vêm das salas de exibição. Agora o vilão são os downloads. Mas, com a queda nas vendas dos DVDs, a pergunta que fica é: até quando? ● B.G.

negócios mais diversificado e tamanhos maiores de arquivos. Ou seja, enquanto as gravadoras até pouco tempo atrás ganhavam dinheiro apenas com a venda dos CDs, os estúdios faturavam com diversos negócios – venda das entradas de cinema, DVDs, direitos de exibição em televisão e licenciamento do uso de filmes e personagens em centenas de produtos. Historicamente a Disney sempre foi a empresa que mais investiu em produtos associados a seus filmes. Hoje ganha muito dinheiro com a divisão de licencia-

mentos. Apenas em 2007 foram US$ 26 bilhões. Além disso, para baixar uma música da internet com uma conexão de banda larga satisfatória (2 Mbps), você leva apenas poucos minutos. Já para baixar um filme são necessárias algumas boas horas. Mas isso também pode mudar. Em países como Coreia e Japão, onde a banda é larga mesmo (50 Mbps), já é possível baixar filmes bem mais rapidamente. Aos estúdios não resta outros caminhos a não ser correr para oferecerconteúdo legítimo na web. Veja as armas da indústria no quadro à direita.

US$ 18 bilhões por ano”, afirmou aoLinkDanGlickman,presidente da Motion Pictures Association (MPA), associação que congrega os maiores estúdios de cinema

dosEUA.Masoqueexplicaacontradição entre pirataria e consumo“legal”ocorrendoconcomitantemente? O fato de que a internet pode até ser a vilã, mas é também

amaisnovamocinhadosestúdios. A estratégia de publicidade de TheDarkKnightfoiostensivamente via web. A internet, portanto, ajudoue prejudicoua Warner.

Nemsempreosprodutoressabemoquefazerdiantedeumnovo modelo de negócios. O primeiro impulsoénegá-lo.UmexemplocélebrefoiobrasileiroTropadeElite

(2007),quechegou àsruas ecomputadores antes da estreia. Um ano depois, José Padilha, o diretor, ainda combate a pirataria. Falar com produtoras sobre a troca de arquivos (legal? ilegal?) pelainternetépedirparaserrecebido com mau humor. Aconteceu com o Link na carioca Videofilmes,emquetrabalhaodocumentarista Eduardo Coutinho. Descobrimosumblogapócrifo escritosupostamentepelocineasta, o eduardocoutinho.blogspot. com. A página reúne informações sobre os filmes do diretor e disponibilizaparadownloademformato torrent os arquivos digitais. A Videofilmes nega a autoria e diz que tomará providências. Cabem duas perguntas: o blog não serve para divulgar os filmes? As pessoas estão dispostas a pagar por algo que poderiam ter de graça? Paraoescritoringlês e“defensor dos piratas”, Matt Mason, au-

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tor de The Pirate’s Dilemma, a resposta é sim. “Ao baixar um filme de forma legal o consumidor está comprando um produto seguro, longe de vírus e pronto para ser visto”, disse Mason ao Link. Osdownloadslegaissãoocaminho que parece mais agradar às produtoras. Não é de espantar. A produçãoeaexibiçãocomtecnologiadigitalcomeçamasepopularizar.Quantomaisosfilmesabandonarem a película, mais vantajoso serápara os estúdios. Se um dilema ficou para trás, outrosdoisjáseavizinham.Adiantavenderpordownloademantera trava contra cópias chamada de DRM(como oiTunes)?Eoque fazerparaimpediraaçãodehackers contra mídias físicas? O Blu-ray, mídiadealtadefiniçãoquepromete substituir o DVD, tinha proteçãoprevistapara “resistir” ao menosdezanos.Foivioladonofinaldo anopassado. ●

Hollywooddemorou a abraçar o digital,mas promete recuperar o tempoperdido com uma saraivada denovidades,algumas ainda começam a ganhar forma: ● Distribuição online – Os estúdios gastam bilhões todos os anos fazendo cópias em película dos filmese distribuindo-os para os cinemas. Com o formato digital, esses gastos acabarão e a distribuição poderá ser feita pela rede. ● Downloads pagos – Com a queda nas vendasde DVDs ea nãosupressão por parte do Blu-ray, Hollywood mirano download pagode filmes pela internet. Para ter uma ideia, o último Batman vendeu no primeiro dia 3 milhões de cópias somados DVD e Blu-ray. O recordista Procurando Nemo, de 2003, vendeu 8 milhões. ● Filmes na “nuvem” – Os estúdios têm procurado formas de tornar o downloadpago mais atraente. Uma das mais viáveis hoje envolve a chamada “cloud computing”. Basicamente as pessoas poderiam manter uma biblioteca online com todos os seusfilmes baixadoslegalmente e poderiam assisti-los quando e onde quisessem.

KEVIN DOOLEY/DIVULGAÇÃO

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NA MANGA - A ‘cloud computing’ ● Blu-ray 2.0 – Não é só de filmes em alta definição que se faz um Blu-ray. Nos discos com o sistema BD-Liveé possível acessar a internet e baixar extras especiais do filme. O recurso ainda engatinha, mas o objetivo dos estúdios é montarredes em queos usuários interajam em games, chats, etc. ● Cinema em casa 2.0 – Apartirde

sistemascomooBD-Live,osestúdiosqueremcriarambientesimersivoseinterativosemquemilharesde pessoassereúnamvirtualmente paraassistiraummesmofilme,e queelaspossamsocializar,trocandoimpressõessobreolonga,por exemplo,duranteasessão.

MovieMobz mostra que futuro pode estar no pensamento ‘wiki’ ANDRE LESSA/AE

REAL E VIRTUAL - Ricardo Silva usa a Moviemobz para ir ao cinema

Enquanto se discutem a legalidade da pirataria, formas de promover filmes pela internet e como convencer as pessoas a ir fisicamente ao cinema, um site brasileiro mostra que a mudança pode estar numa camada abaixo.AMovieMobz(www.moviemobz.com), ao propor que as pessoassemobilizemparaorganizar sessões, está mostrando a todos que o atrativo do cinema segue intacto. É apenas a lógica da economia que mudou. O site é uma espécie de rede social para unir pessoas interessadas no mesmo filme. Se você, por exemplo, quer assistir a Macunaíma, de 1969, na tela grande, certamente há várias pessoas quetambém gostariam. Pergunteaoscinemasnormaisseelesorganizariam uma sessão apenas paravocêemaisalgunscinéfilos. A resposta óbvia é não. Isso antes de a MovieMobz aparecer. O sucesso do site, com 9,5 mil usuárioscadastrados emquatro meses e mais de 20 mobilizações por mês, mostra que a discussão é outra. Fica claro que as pessoas continuam gostando da experiênciaemtelagrandemesmo após a pirataria. E estão dispostas a pagar pela diversão, desde que sejam respeitadas na sua escolha. Chegamos ao ponto: a comunidade manda. É o cerne das teorias econômicas que tratam do mundo conectado, principalmentea Cauda Longa (www.thelongtail.com), de Chris Anderson, e a Wikinomics (www.wikinomics.com), de Don Tapscott e Anthony D. Williams. Em resumo, os três americanos sustentam que a cultura de massa está com os dias contados. A colaboração massiva pela internet (a tal web 2.0) valorizou,quem diria,os nichos culturais e de comportamento. Pessoas com gostos específicos se encontram com mais facilidade nawebeseorganizamemcomunidades, mobilizam-se em tornode determinadoeventoeproduzem elas mesmas conteúdo relevantesobreotalassuntocomum. No cinema não seria diferente. A ideia da MovieMobz surgiu comaexperiênciadeumdosfundadores,oempresáriodecinema Fábio Lima. Ele não assistiu ao brasileiro Lavoura Arcaica (2001) quando do lançamento. Viu em DVD, em casa, e não se impressionou.Osamigosdiziam: “Vá ver no cinema”. Mas em qual? “Eu tinha certeza de que, comoeu,pelomenosmais50pessoas em São Paulo gostariam de ver o filme na telona”, diz. NaprimeirasessãomobilizadaparaLavoura Arcaica pela MovieMobz havia 52 pessoas na plateia. Lima aposta tanto no “cinema sobdemanda”que pretende utilizarsalasdoPaísparaeventosnãocinematográficos,comocampeonatosdevideogames,showsaovivo e até Copa do Mundo. Estranho, não? É como normalmente são vistas as ideias novas. ● L.P.

MOBILIZE-SE

● A primeira coisa a fazer é se cadastrarno site www. moviemobz.com ● Procure ou cadastre o filme a que gostaria de assistir e cliquena aba ‘Mobilizar’. Escolha o cinema e clique ‘Quero assistir’ ● Espere para ver quantos aderem à sua mobilização ● A MovieMobz agenda a exibição caso já tenha pessoas o suficiente e avisa por e-mail o local, o filme e o valor do ingresso

ENTENDA

● A MovieMobzé importante porquepropõe umnovo modelo de negóciosquerespeitaas teoriasmais aceitassobrecolaboração em massa ● O pioneirismo da iniciativa brasileiradespertou interesse da BBC de Londres e da revista ‘BusinessWeek’. Veja:http://is.gd/edWc ● É a primeira vez que o conceito de ‘cinema em demanda’ é colocada em prática de forma representativa

MOBZ EM 2009

● Os empresáriosportrásda MovieMobzprometemque 2009assistiráà reinvenção dassalas decinema. Elasserãousadas paracampeonatosdevideogameseshows ● Outra idéia é no futuro transmitir Copas do Mundo de futebol e outros eventos ● Dentro do conceito de “nichos”, a MovieMobz pretende exibir eventos de categorias. Uma transmissão de cirurgiaparamédicose enfermeiros, por exemplo

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