Pergunta & Resposta Foi há cerca de 35 anos que Fernando Oliveira fundou a Olmar, uma empresa “100% sanjoanense”, que foi crescendo e afirmando-se, trabalhando hoje não só no nosso país, mas também no estrangeiro.
A Olmar comercializa uma vasta gama de material de escritório, escolar/papelaria, consumíveis de informática, desenho técnico, papéis, cartolinas e uma variada gama de outros artigos. Inicialmente dedicada à venda por grosso, desde 2008 que está bem disponível do grande público, através da sua Megastore. O empresário falou com o ‘Pergunta & Resposta’, abordado a sua experiência e a crise, momento que acredita ser também uma oportunidade de aprendizagem. É um empresário com cerca de 35 anos de experiência. Muito mudou ao longo destes anos no mundo empresarial. Para si, quais as principais mudanças verificadas? Naturalmente houve mudanças significativas nestes anos, quer em hábitos de consumo, quer no mundo das empresas. De há 35 anos a esta parte as mudanças reflectiram-se quase a todos os níveis, não só na dimensão, mas também na logística, na oferta de produtos, na agressividade comercial, no plano tecnológico, no atendimento ao cliente… e outros. No entanto, toda a evolução foi uma perfeita aprendizagem, até porque o mundo empresarial faz justiça ao ditado popular, que diz: “saber não ocupa lugar”. Ao apostar no saber, a empresa investe no crescer. Atravessamos um período de crise mundial. Trabalhando a Olmar com diversos países, onde se notam as maiores dificuldades? A Olmar trabalha com vários países, essencialmente com os Palops e Norte de África. De facto, esta crise toca-nos a todos; como tal, não estamos imunes de forma alguma. Os agentes económicos estão de algum modo receosos com a economia mundial, razão pela qual as preocupações se concentram na contenção de custos e consequentemente numa compra mais racional, de modo a que os problemas de tesouraria possam ser minimizados. Além disso, o factor cambial tem sido um factor que dita a forma de actuação dos empresários, uma vez que os bancos passam também eles a serem muitos contidos na concessão de créditos. Este é um ano que, para muitas empresas, apresenta como maior desafio a permanência no mercado sem demasiadas quebras nos volumes de vendas e facturação. Não estamos em tempo de inventar, mas, sim, para continuar a actuar com responsabilidade.
Perante as medidas de apoio às empresas que o Estado tem vindo a implementar, o que falta fazer, na sua opinião? Na minha modesta opinião, o Estado devia ser menos burocrático e incentivar as PME através de apoio bancário, quando fosse necessário, porque nos dias de hoje as empresas que lutam com falta de fundo de maneio têm dificuldade na obtenção de financiamentos bancários, mesmo para compra de matéria-prima. O Estado deveria ser mais interventivo nesta matéria. O chamado apoio à competitividade e à internacionalização das empresas portuguesas fica muito aquém das expectativas, é apenas ilusório e demagógico. O Estado é detentor de instrumentos para fazer funcionar o crédito bancário às empresas que necessitam dele. A nossa empresa, felizmente, ao longo dos tempos, soube fazer como a “formiga”, não obstante os investimentos que nestes últimos anos a empresa fez com capitais próprios.
Como sanjoanense que se orgulha de ter uma empresa “100% sanjoanense”, quais são as maisvalias que identifica no concelho? O nosso concelho pode orgulhar-se de possuir infra-estruturas dignas, e no que concerne à oferta de produtos e serviços temos espaços comerciais modernos e actuais, a ombrear com os melhores deste país. Agora, com o novo Centro Empresarial e Tecnológico (CET), a nossa cidade e os empreendedores sanjoanenses têm uma mais-valia para se distinguirem no panorama regional, nacional e até mesmo internacional. O único aspecto negativo no nosso concelho é o acesso à cidade do Porto, com o estrangulamento em horas de ponta para chegar à auto-estrada, A1 ou A29. Um assunto em que a nossa Câmara deveria pressionar ainda mais autoridades responsáveis de modo a que projectos do género fossem implementados. Acredita que das grandes crises podem nascer grandes oportunidades? As crises normalmente deixam marcas e muitas vezes profundas, sobretudo nas empresas e nos trabalhadores que vivem do seu salário. Mas há também aproveitamentos das crises com objectivos menos claros, infelizmente. É óbvio que surgem em alturas de crise oportunidades únicas para quem possa e queira investir em algumas áreas de negócio, nomeadamente em fusões e aquisições, recorrendo apenas a recursos internos. As empresas nestas alturas de crise tomam medidas de contenção de custos em áreas que nunca o fizeram antes e daí ser também uma mais-valia para o futuro e uma aprendizagem.
Fonte: “O Regional” Arquivo: Edição de 28-05-2009