Os Exercícios Do Ver, De Martin-barbero

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Hegemonia Audiovisual e Fic Hegemonia Audiovisual e Fic çç ão Televisiva 

Aprendemos...  Ø10%  do que lemos  Ø20%  do que ouvimos  Ø30%   do que vemos  Ø50%  do que vemos e ouvimos  Ø70%  do que discutimos com outras pessoas  Ø80%  do que experimentamos  Ø95%  do que ensinamos a outras pessoas 

William Glasser in Seven Ways of Knowing 

Criado por Alex Sandro C. Sant’Ana – Dezembro/2006

Os Exerc Os Exerc íí cios do Ver: cios do Ver: 

n  n Jes Jes ú ú s 

Martín­Barbero 

Rey

Mart Mart íí n n ­­ Barbero  é  espanhol,  residente desde 1963 na Colômbia,  e  um  dos  maiores  te te ó ó ricos  contemporâneos da comunica contemporâneos da comunica çç ão e  da cultura na Am da cultura na Am é é rica Latina. Uniu rica Latina. Uniu ­  se,  neste  livro,  ao  psic psic ó ó logo  e  professor  colombiano  Germ Germ á á n  Rey  para an para an á á lise de um fenômeno social  e  cultural  de  crescente  importância  tamb tamb é é m  no  Brasil:  o  poder  da  televisão  sobre  o  imagin imagin á á rio  das  pessoas. 

n  n

A  obra  de  Mart Mart íí n n ­­ Barbero  é  conhecida  por  realizar  deslocamentos  e  rupturas rupturas .  Deslocamentos  dos  lugares  tradicionais  de  onde  são  feitas  as  perguntas.  Rupturas  com  as  respostas  reducionistas  e  manique manique íí stas  “à  direita  e  à  esquerda esquerda ”” .  O  resultado  pode  ser  sintetizado  num  trabalho  de  constru constru çç ão  te te ó ó rico rico ­­ metodol metodol ó ó gica  conhecido  como  mapa  noturno noturno ,  uma  cartografia  para  explorar  as  media media çç ões  que  é  um  marco  a  partir  do  qual  se  podem  estudar  as  novas  complexidades  nas  rela rela çç ões  entre  comunica comunica çç ão, cultura e pol ão, cultura e pol íí tica. tica. 

n  n Proposta 

do  autor:  Seguir  e  explorar  as  media media çç ões  que  se  dão  entre  as  ll ó ó gicas  de  produ produ çç ão  e as  ll ó ó gicas de recep gicas de recep çç ão ão , entre as  matrizes culturais e os formatos industriais formatos industriais .. 

n  n Seus  estudos  dos  ú ú ltimos  anos  é  um  not not á á vel 

esfor esfor çç o  no  sentido  de  oferecer  pistas  para  elucidar  ““ entre entre ­­ ver ver ”  (como  diz  ele)  cada  vez  mais as rela mais as rela çç ões entre meios e media media çç ões ões .. 

n  n Nele 

reaparece  a  centralidade  ocupada  pela  media media çç ão  da  cultura  popular,  verdadeira marca registrada do autor. E a  novidade  fica  por  conta  da  an an á á lise  do  meio  televisão  como  media media çç ão  ““ tecno tecno ­  ll ó ó gica gica ”  e  cultural,  pela  qual  a  televisão  é  tratada  atrav atrav é é s  das  hibrida hibrida çç ões  entre  tecnicidade e visualidade visualidade .. 

n  n Nos  marcos  dessas  duas  categorias  a  televisão 

torna torna ­­ se  experiência  comunicativa  e  cultural  nos  processos  de  ““ des des ­­ constru constru çç ão ão ”  e  ““ re re ­­ constru constru çç ão ão ”  das  identidades  coletivas,  lugar  onde  se  trava  a  estrat estrat é é gica  batalha  cultural  do  nosso  tempo.  Desse  referencial  te te ó ó rico  desenvolvido  ao  longo  dos  cap cap íí tulos  I  e  II  resulta,  no  cap cap íí tulo  III,  uma  pesquisa emp pesquisa emp íí rica na forma de um not rica na forma de um not á á vel estudo  de caso da fic da fic çç ão televisiva na Colômbia. ão televisiva na Colômbia. 

n  n Fazer 

avan avan çç ar  metodologicamente  a  pesquisa  das  media media çç ões  (at (at é  agora  referida  como  sinônimo  de  pesquisa  de  recep recep çç ão ão )  é  fazer  do  cotidiano  mediatizado  o  seu seu   ll ó ó cus cus   preferencial  de  estudo,  por por é é m  mais  ampliado,  tal  como  aqui  sugerimos,  por  meio  da  incorpora incorpora çç ão  das  no no çç ões  de  tecnicidade  e  de  visualidade  como  novos  ““ lugares metodol lugares metodol ó ó gicos gicos ”” .. 

n  n Por 

meio  da  no no çç ão  de  tecnicidade  é  poss poss íí vel  entender  a t a t é é cnica como constitutiva, como  dimensão imanente de uma visão  antropol antropol ó ó gica de comunica gica de comunica çç ão. ão. 

n  n Na  tt é é cnica  h h á  novos  modos  de  perceber,  ver, 

ouvir,  ler,  aprender  novas  linguagens,  novas  formas  de  expressão,  de  textualidade  e  escritura.  Haveria  uma  esp de  esp é é cie  intermedialidade  como  experiência  comunicativa comunicativa ,  ou  seja,  de  muitas  interfaces  entre  os  diferentes  meios  e  destes  nos  diferentes  espa espa çç os  comunicativos  do  consumo  e cria e cria çç ão. ão. 

n  n A t A t é é cnica, portanto, est cnica, portanto, est á recolocando o lugar 

da  imagem  tanto  na  ciência  (imagem  não  mais como obst mais como obst á á culo, mas parte de um novo  modo  de  conhecer  e  de  construir  o  conhecimento) como na pr conhecimento) como na pr á á tica cotidiana. tica cotidiana. 

n  n

Encaminha  para  que  se  pesquise  a  partir  do  reconhecimento  da  presen presen çç a  central  da  cultura  oral  como  oralidade  secund secund á á ria ria ,  formada  por  aquelas  complexas  rela rela çç ões  que  hoje  se  produzem  na  Am Am é é rica  Latina  entre  a  oralidade  que  perdura  como  experiência  cultural  prim prim á á ria  das  maiorias  e  a  visualidade  tecnol tecnol ó ó gica,  tecidas  e  organizadas  pelas  gram gram á á ticas  tecnoperceptivas  do  rr á á dio, cinema,  vv íí deo,  m m ú ú sica, computador. sica, computador. 

I ntrodu n trodu çç ão ão 

n  n Desde o princ Desde o princ íí pio, a imagem foi ao 

mesmo  tempo  meio  de  expressão,  de  comunica comunica çç ão  e  tamb tamb é é m  de  adivinha adivinha çç ão  e  inicia inicia çç ão,  de  encantamento e cura. encantamento e cura. 

n  n O 

livro  trata  dos  avatares  culturais,  pol e  pol íí ticos  narrativos  do  audiovisual,  especialmente da televisão. especialmente da televisão. 

Primeiro Movimento  n  n A 

hegemonia  audiovisual  est est á  des des ­­ localizando  o  of of íí cio  (e  a  autoridade),  dos  intelectuais  e  introduzindo,  no  mundo  da  cultura  ocidental,  um  acre  sabor  de  decadência  incoerc incoerc íí vel, produzida pela des des ­  ordem  de  que  sofrem  as  autoridades e as hierarquias. autoridades e as hierarquias. 

n  n Na 

Am Am é é rica  Latina,  a  hegemonia audiovisual  des des ­  cobre cobre , põe a descoberto, as  contradi de  uma  contradi çç ões  modernidade  outra,  à  qual  têm  acesso  e  da  qual  se  apropriam as maiorias, sem  deixar  a  cultura  oral,  mesclando com  as  mesclando ­­ a  imag imag íí sticas  da  visualidade  eletrônica. eletrônica. 

Segundo Movimento  n  n Mais que uma enfermidade 

da  pol pol íí tica,  a  m m íí dia  de  massa  televisiva  indica  a  dire dire çç ão  da  crise  da  representa e  as  representa çç ão  transforma transforma çç ões  que  est est á  atravessando  a  identidade  da m da m íí dia. dia. 

n  n E 

isso  por  causa  das  rupturas  vividas  pelo  espa espa çç o  audiovisual  em  seus  of of íí cios  e  alian alian çç as,  em  suas estruturas de propriedade e  gestão, e nas reconfigura reconfigura çç ões do  discurso televisivo. discurso televisivo. 

n  n Por Por é é m, pelo adensamento das media m, pelo adensamento das media çç ões da 

sensibilidade e da teatralidade da pol sensibilidade e da teatralidade da pol íí tica, ao  mesmo  tempo  espa espa çç o  de  simula simula çç ão  e  de  reconhecimento  social,  do  fazer  socialmente  vis vis íí vel  tanto  a  corrup corrup çç ão  como  sua  fiscaliza fiscaliza çç ão  e  den den ú ú ncia,  tanto  os  dolorosos  avatares da guerra. da guerra. 

Terceiro Movimento  n  n O 

das  narra narra çç ões  televisivas  que  encarnam  a  inextric inextric á á vel  conexão  das  mem mem ó ó rias  e  dos  imagin a  geografia  imagin á á rios,  sentimental  que,  a  partir  do  bolero  e  do  tango,  se  reencantou  na  radionovela radionovela , no  melodrama  cinematogr cinematogr á á fico  e,  finalmente na telenovela finalmente na telenovela 

n  n Com tudo que a Com tudo que a í circula de experiência 

do  mercado  em  renovar  o  desgaste  narrativo  –  juntando  o  contar  contos  com  o  saber  fazer  contas  ­­ ,  por por é é m  tamb tamb é é m com as lutas dos povos do sul  para  passar  a  contar  nas  decisões,  que  os  afetam,  isto  é é ,  pelo  direito  de  contar  suas  hist e  hist ó ó rias  descobrir/recriar  nelas  –  nos  relatos  que  as  fazem  local  e  mundialmente  reconhec reconhec íí veis – sua identidade plural. sua identidade plural. 

n  n O 

estouro  das  fronteiras  espaciais  e  temporais  que  eles  introduzem  no  campo  cultural,  des des ­­ localiza  os  saberes,  deslegitimando as fronteiras entre razão e  imagina imagina çç ão, saber e informa ão, saber e informa çç ão, natureza  e  artif artif íí cio,  ciência  e  arte,  saber  especializado e experiência profana. especializado e experiência profana. 

Que rela Que rela çç ões os professores e  alunos estão estabelecendo com  as tecnologias? as tecnologias? 

n  n Se j Se j á não se escreve, nem se lê como 

antes,  é  porque  tampouco  se  pode  ver, nem expressar como antes. ver, nem expressar como antes. 

Experiência Audiovisual e Des Des ­­ Ordem  Cultural 

Clique aqui e faça o download do curta­metragem  “Compre­me: Eu, Vontade de Morrer”

n  n Confundindo 

iletrado  com  inculto,  as  elites  ilustradas,  desde  o  ss é é culo  XVIII,  ao  tempo  que  afirmavam  o  povo  na  pol pol íí tica,  o  negavam  na  cultura, fazendo da incultura o  tra intr que  tra çç o  intr íí nseco  configurava  a  identidade  dos  setores  populares  e  o  insulto  com  que  tapavam  sua  interessada  incapacidade  de  aceitar  que,  nesses  setores,  pudesse  haver  experiências  e  matrizes de outra cultura. matrizes de outra cultura. 

n  n A  televisão  tem  muito  menos 

de  instrumento  de  ó ó cio  de  diversão  do  que  de  cen cen á á rio  cotidiano  das  mais  secretas  perversões  do  social  e  tamb tamb é é m  da  constitui constitui çç ão  de  imagin imagin á á rios  coletivos,  a  partir  dos  quais  as  pessoas  se  reconhecem e representam o  que  têm  direito  de  esperar  e  desejar. desejar. 

n  n

Os  autores  lan lan çç am  então  a  seguinte  questão:  Que  pol pol íí tica  educativa  seria  cab cab íí vel  em  um  contexto  em  que  a  m m íí dia  nos  idiotiza,  nos  poupa  de  pensar  e  nos  rouba  a  solidão?  Os  mesmos  em  seguida  afirmam  que  é  a  televisão  em  si  mesma,  e  não  algum  tipo  de  programa,  que  reflete  e  refor refor çç a  a  incultura  e  a  estupidez  das  maiorias.  Com  o  argumento  de  que  ““ para  ver  televisão  não  se  necessita  aprender aprender ”” ,  a  escola  –  que  nos  ensina  a  ler  –  não  teria  nada  a  fazer aqui. fazer aqui. 

n  n

Nenhuma  possibilidade,  nem  necessidade,  de  formar  uma  visão  cr cr íí tica  que  distinga  entre  informa independente  e  informa çç ão  informa informa çç ão  submissa  ao  poder  econômico  e pol e pol íí tico, entre os programas que buscam  se conectar com as contradi se conectar com as contradi çç ões, as dores  e  as  esperan esperan çç as  de  nossos  pa pa íí ses  e  aqueles  que  nos  oferecem  evasão  e  consolo,  entre  cc ó ó pias  baratas  do  que  é  imperante  e  trabalhos  que  fazem  experiência  com  as  linguagens,  entre  o  esteticismo  formalista  que  explora  as  tecnologias  de  maneira  exibicionista  e  a  investiga investiga çç ão est ão est é é tica que incorpora o v tica que incorpora o v íí deo  e  o  computador  à  constru constru çç ão  de  nossas  mem mem ó ó rias  e  à  imagina imagina çç ão  de  nossos  futuros. futuros. 

n  n Inserida na experiência global, 

a  experiência  cultural  latino latino ­  americana deste fim de s americana deste fim de s é é culo  não  pode  ser  pensada  fora  das  novas  estruturas  comunicativas  da  sociedade,  uma  vez  que  elas  configuram  boa  parte  de  suas  apostas  e  de seus pesadelos. de seus pesadelos. 

n  n

Os autores se referem  à  hegemonia  da razão comunicacional que, diante  do  consenso  dialogal,  do  qual  se  nutra,  segundo  Habermas Habermas ,  a  ““ razão  comunicativa comunicativa ”” ,  se  acha  carregada  de  opacidade  discursiva  e  de  ambig ambig ü ü idade  pol pol íí tica,  introduzida  pela  media media çç ão  tecnol tecnol ó ó gica  e  mercantil,  cujos  dispositivos  –  a  fragmenta fragmenta çç ão  que  desloca  e  descentra,  o  fluxo  que  globaliza  e  comprime,  a  conexão,  que  desmaterializa e hibrida  –  agenciam  o devir mercado da sociedade. o devir mercado da sociedade. 

n  n A 

fascina fascina çç ão  tecnol tecnol ó ó gica  produz  densos  e  desconcertantes  paradoxos:  a  convivência  da  opulência  comunicacional  com  debilidade  do  p p ú ú blico,  a  maior  disponibilidade  de  informa informa çç ão  com  a  deteriora deteriora çç ão  palp palp á á vel  da  educa educa çç ão  formal,  a  explosão  cont cont íí nua  de  imagens  com  o  empobrecimento  da  experiência,  a  multiplica multiplica çç ão infinita dos signos em  uma  sociedade  que  padece  do  maior d maior d é é ficit simb ficit simb ó ó lico. lico. 

n  n A 

convergência  entre  sociedade  de  mercado  e  racionalidade  tecnol tecnol ó ó gica  dissocia  a  sociedade  em  ““ sociedades  paralelas paralelas ”” :  a  dos  conectados  à  infinita  oferta de bens e saberes, a dos  inforricos  e  a  dos  exclu exclu íí dos  tanto  dos  bens  mais  elementares  como  da  informa informa çç ão  exigida  para poder decidir como cidadãos. para poder decidir como cidadãos. 

n  n É  imposs imposs íí vel  saber  o  que  a  televisão  faz 

com  as  pessoas,  se  desconhecermos  as  demandas  sociais  e  culturais  que  as  pessoas fazem à televisão.  n  n Se  a  televisão  atrai  é  porque  a  rua  expulsa,  é  dos  medos  que  vivem  as  m m íí dias. dias. 

n  n Se as novas condi Se as novas condi çç ões de vida na cidade 

exigem  a  reinven reinven çç ão  de  la la çç os  sociais  e  culturais,  são  as  redes  audiovisuais  que  instauram,  a  partir  de  sua  pr pr ó ó pria  ll ó ó gica,  as  novas  figuras  dos  intercâmbios  urbanos. urbanos. 

n  n Enquanto a cultura do texto criou espa Enquanto a cultura do texto criou espa çç os 

de  comunica comunica çç ão  exclusiva  entre  os  adultos,  instaurando  uma  marcada  segrega segrega çç ão  entre  adultos  e  crian crian çç as,  a  televisão  provoca  um  curto curto ­­ circuito  nos  filtros  da  autoridade  parental,  transformando os modos de circula transformando os modos de circula çç ão da  informa informa çç ão no lar. ão no lar. 

n  n Enquanto 

o  livro  disfar disfar çç a  seu  controle  atrav atrav é é s  de  seu  estatuto  de  objeto  cultural  e  da  complexidade  de  seus  temas  e  de  seu  vocabul vocabul á á rio,  o  controle  da  televisão  não admite disfarces, tornando expl não admite disfarces, tornando expl íí cita a  censura. censura. 

n  n Que 

aten aten çç ão  estão  prestando  as  escolas,  e  inclusive  as  faculdades  de  educa educa çç ão,  à à s  modifica modifica çç ões  profundas  na  percep percep çç ão  do  espa espa çç o  e  do  tempo  vividas  pelos  adolescentes,  inseridos  em  processos  vertiginosos  de  desterritorializa desterritorializa çç ão  da experiência e da  identidade,  apegados  a  uma  contemporaneidade  cada  dia  mais  reduzida  à  atualidade,  e  no  fluxo  incessante  e  embriagador  de  informa informa çç ões e imagens? ões e imagens? 

n  n Que significam aprender e saber no tempo 

da  sociedade  informacional  e  das  redes  que  inserem  instantaneamente  o  local  no  global? global? 

Que  deslocamentos  cognitivos  e  institucionais  estão  exigindo  os  novos  dispositivos  de  produ produ çç ão  e  apropria apropria çç ão  do  conhecimento  a  partir  da  interface  que  enla enla çç a  as  telas dom telas dom é é sticas da televisão com  as  laborais  do  computador  e  as  ll ú ú dicas dos videogames?  n  n Est Est á  a educa a educa çç ão se encarregando  dessas indaga dessas indaga çç ões? ões?  n  n

n  n E, 

se  não  o  est est á  fazendo,  como  pode  pretender  ser  hoje  um  verdadeiro  espa espa çç o  social  e  cultural  de  produ produ çç ão  e  apropria apropria çç ão de conhecimentos? ão de conhecimentos? 

n  n O 

problema  de  fundo  est est á  no  desafio  proposto  por  um  ecossistema  comunicativo  no  qual  o  que  emerge  é  outra  cultura,  outro  modo  de  ver  e  de  ler,  de aprender e conhecer. de aprender e conhecer. 

n  n A realidade cotidiana da escola demonstra 

que  a  leitura  e  a  escritura  não  são  uma  atividade  criativa  e  prazerosa,  por por é é m,  predominantemente uma tarefa obrigat predominantemente uma tarefa obrigat ó ó ria  e  entediante entediante ,  sem  possibilidades  de  conexão  com  dimensões dimensões ­­ chave  da  vida  dos adolescentes. dos adolescentes. 

n  n Diante 

da  cultura  oral,  a  escola  se  encontra  tão  desprovida  de  modos  de  intera intera çç ão, e tão na defensiva, como diante  do audiovisual. do audiovisual. 

n  n

Pela  maneira  como  se  apega  ao  livro,  a  escola  desconhece tudo o que de cultura se produz e circula  pelo  mundo  da  imagem  e  das  oralidades:  dois  mundos  que  vivem,  justamente,  da  hibrida hibrida çç ão  e  da  mesti mesti çç agem, do revolvimento de mem agem, do revolvimento de mem ó ó rias territoriais  com imagin com imagin á á rios des des ­­ localizados localizados .. 

n  n Ao reivindicar a presen Ao reivindicar a presen çç a da cultura oral e da 

audiovisual,  não  estamos  desconhecendo,  de  modo  algum,  a  vigência  da  cultura  letrada, mas desmontando sua pretensão de  ser  a  ú ú nica  cultura  digna  desse  nome  e  o  eixo cultural de nossa sociedade. eixo cultural de nossa sociedade. 

n  n

Estamos  diante  de  uma  mudan mudan çç a  nos  protocolos  e  processos  de  leitura,  que  não  significa,  nem  pode  significar,  a  simples  substitui substitui çç ão  de  um  modo  de  ler  por  outro,  senão  a  articula articula çç ão  complexa  de  um  e  outro,  da  leitura  de  textos  e  da  de  hipertextos,  da  dupla  inser inser çç ão  de  uns  em outros, com tudo o que isso implica de  continuidades  e  rupturas,  de  reconfigura reconfigura çç ão  da  leitura  como  conjunto  de  modos  muito  diversos  de  navegar  pelos textos. pelos textos. 

n  n É 

por  essa  pluralidade  de  escritas  que  passa,  hoje,  a  constru constru çç ão  de  cidadãos,  que  saibam  ler  tanto  jornais  como  notici notici á á rios  de  televisão,  videogames,  videoclipes e hipertextos. videoclipes e hipertextos. 

Imagens e Pol Imagens e Pol íí tica 

Apresentação: Impactos das Tecnologias na Sociedade

n  n As 

televisões  p p ú ú blicas  deveriam  encontrar  um  equil equil íí brio  dif dif íí cil  entre  uma  programa programa çç ão  generalista,  isto  é é ,  orientada  para  a  maioria  do p do p ú ú blico, com uma programa blico, com uma programa çç ão que leve  em  conta  os  direitos  das  minorias,  aquelas  que  não  costumam  se  acomodar  à à s  descri descri çç ões das popula ões das popula çç ões ões ­­ objetivos. objetivos. 

n  n Uma 

televisão  que  transmita futebol junto com  encena encena çç ões de  ó ó pera e de  filmes,  que  não  costumam  ser  exibidos  normalmente  nas salas comerciais, com  eventos  pr pr ó ó ximos  à à s  sensibilidades  mais  contemporâneas  dos  jovens. jovens. 

n  n Se 

as  televisões  comerciais  aumentam  as  possibilidades  de  contraste  cultural,  bem  como o acesso à informa informa çç ão ou à recorrência  a  modelos  de  vida  diferentes  dos  pr pr ó ó prios,  tamb segmentam,  padronizam  e  tamb é é m  submetem  as  realidades  a  incisivos  processos de redu processos de redu çç ão e banaliza ão e banaliza çç ão. ão. 

n  n Seria de supor que as televisões p Seria de supor que as televisões p ú ú blicas se 

defrontam  com  o  desafio  de  oferecer  outros  âmbitos  de  fic fic çç ão  e  imagina imagina çç ão,  outras  entradas  compreensivas  aos  problemas  cotidianos,  outras  maneiras  de  confrontar  publicamente  os  temas  concernentes  aos  cidadãos. cidadãos. 

n  n Como afirmou Umberto Eco para a leitura, 

todo  texto  gera  seu  leitor leitor ­­ modelo.  Canais  e programas criam audiências e programas criam audiências ­­ modelo que  são  muito  mais  do  que  espectadores  fortuitos.  Trata Trata ­­ se  de  grupos  ou  de  tribos  identific identific á á veis  tanto  por  suas  preferências  midi midi á á ticas como por suas decisões vitais. como por suas decisões vitais. 

n  n A 

renova dos  p é  renova çç ão  p ú ú blicos  acompanhadas  pelas  modifica modifica çç ões  cognitivas,  isto  é é ,  pelas  diferentes  formas  de  interpreta interpreta çç ão  e  apropria apropria çç ão  das  mensagens  televisivas  e  de  sua  localiza localiza çç ão  em  outros  contextos  de  suas  vidas cotidianas. vidas cotidianas. 

n  n A 

empresarializa empresarializa çç ão  produz  uma  gama  importante  de  efeitos:  ao  lado  das  necessidades  de  adequar  as  propostas  comunicativas  à à s  exigências  do  consumo  estão  os  processos  de  padroniza padroniza çç ão,  reduzindo as especificidades para circular  mais  facilmente  em  circuitos  comerciais  que  requerem  produtos  bastante  homogêneos  e  que,  al al é é m  disso,  costumam ter uma r costumam ter uma r á á pida obsolescência. pida obsolescência. 

n  n Os 

tempos  internos  da  elabora elabora çç ão  midi midi á á tica  variam  ao  ingressar  nas  ll ó ó gicas  da  produ produ çç ão  industrial, enquanto suas realiza industrial, enquanto suas realiza çç ões são mais  perme perme á á veis  à  intersec intersec çç ão  de  gêneros,  à  experimenta experimenta çç ão e à espetaculariza espetaculariza çç ão ão .. 

n  n

A  diversifica diversifica çç ão  da  produ produ çç ão  da  empresa  multimidial  (que  integra  recrea recrea çç ão,  acesso  ao  conhecimento,  educa educa çç ão,  informa informa çç ão,  etc.)  gera  especializa especializa çç ão  ainda  mais  sofisticadas  tantos  dos  tipos  de  jornalismo  como  de  suas  modalidades  narrativas e de integra narrativas e de integra çç ão das m ão das m íí dias. dias. 

n  n A 

consolida consolida çç ão  de  um  ““ n n ó ó ss ”  da  sociedade  civil  diante  das  manifesta manifesta çç ões  autorit autorit á á rias,  venham  de  onde  vierem,  a  forma forma çç ão  de  um  espa espa çç o  comum  e  de  revela revela çç ão,  onde  a  sociedade  civil  se  expresse  em  sua  pluralidade,  são  desafios  com  que  hoje  se  defrontam as m defrontam as m íí dias na busca de visibilidade. dias na busca de visibilidade. 

n  n O  que  se  viu  na  hist hist ó ó rica  da  televisão  foi 

uma  paulatina  moldabilidade  do  p p ú ú blico  a  qual  emerge  das  tensões  entre  o  comercial  e  o  cultural,  da  significa significa çç ão  do  massificado  inaugurada  pela  m m íí dia  diante  de uma tradi de uma tradi çç ão marcada por experiências  mais  elitistas,  das  intera intera çç ões  –  quase  sempre  conflituosas  –  entre  as  iniciativas  privadas  e  os  limites  regulamentares  dos  Estados protetores. Estados protetores. 

n  n As id As id é é ias de uma globaliza ias de uma globaliza çç ão do pol ão do pol íí tico que 

““ respeite  os  dialetos dialetos ”” ,  segundo  Vattimo Vattimo ,  mas  que,  por  sua  vez,  enfrente  efetivamente  o  poder  das  grandes  instâncias  transnacionais  – diante das quais têm muito pouco a fazer os  Estados nacionais – – , faz parte das discussões  mais candente hoje. mais candente hoje. 

n  n Diante  da  televisão  não  existem  somente 

telespectadores:  cada  vez  são  mais  complexas  as  intera intera çç ões  entre  m m íí dias  e  cidadania, entre televisão e pol cidadania, entre televisão e pol íí tica. tica. 

n  n Acostumada 

aos  silêncios  e  ao  subterf subterf ú ú gio,  a  corrup tem  uma  corrup çç ão  capacidade  de  mimetismo  assombrosa;  com  relativa  facilidade  se  adapta  à à s  exigências  da  informa informa çç ão  e  se,  no  passado,  sua  for for çç a consistia em proteger  a  qualquer  pre pre çç o  a  sua  privacidade,  agora  consiste  em  se  acomodar  com cinismo à visibilidade. visibilidade. 

n  n No 

que  concerne  à à s  ind ind ú ú strias  culturais,  digamos,  para  come come çç ar,  que  elas  constituem  hoje  a  mais  complexa  reorganiza reorganiza çç ão  da  hegemonia. hegemonia. 

n  n As 

contradi contradi çç ões  latino latino ­­ americanas  que  atravessam  e  sustentam  sua  globalizada  integra integra çç ão  desembocam  decisivamente  na  pergunta  acerca  do  peso  que  as  ind ind ú ú strias  do  audiovisual  estão  tendo  nesses  processos,  jj á  que  elas  jogam  no  terreno estrat terreno estrat é é gico das imagens que de si  mesmos fazem os povos e com as que se  fazem reconhecer pelos demais povos. fazem reconhecer pelos demais povos. 

n  n Se 

h h á  um  poderoso  movimento  de  integra integra çç ão  –  entendida  esta  como  supera supera çç ão  de  barreiras  e  dissolu dissolu çç ão  de  fronteiras  ­­ ,  este  é  o  que  passa  pelas  ind ind ú ú strias  culturais  das  m m íí dias  de  massa  e  das tecnologias da informa das tecnologias da informa çç ão. ão. 

n  n Por Por é é m, 

por  outro  lado,  são  essas  mesmas  ind ind ú ú strias que refor strias que refor çç am e tornam mais densa  a desigualdade do intercâmbio e as que mais  fortemente  aceleram  a  integra integra çç ão  da  heterogeneidade  cultural  de  seus  povos  à  indiferen indiferen çç a do mercado. a do mercado. 

n  n A crise do cinema, por um lado, e a supera A crise do cinema, por um lado, e a supera çç ão 

dos  extremismos  ideol ideol ó ó gicos,  por  outro,  iam  incorporando a televisão, sobretudo atrav incorporando a televisão, sobretudo atrav é é s da  telenovela,  muitos  artistas,  escritores,  atores,  que  aportam  tem tem á á ticas  e  estilos  pelos  quais  passam  dimensões dimensões ­­ chave  da  vida  e  das  culturas nacionais e locais. culturas nacionais e locais. 

O  melhor  exemplo  da  complexidade  adquirida,  nesses anos, pela ind nesses anos, pela ind ú ú stria telenovelesca talvez seja  Roque Santeiro:  n  n M M é é dia  de  100  cap cap íí tulos  e  300  min  de  fic fic çç ão  por  semana;  n  n Custo  de  uma  novela:  entre  1  milhão  e  1  milhão  e  meio de d meio de d ó ó lares.  n  n Cada cap Cada cap íí tulo: entre $10.000 e $15.000. tulo: entre $10.000 e $15.000.  n  n

n  n

O  que  torna  especialmente  tenso  o  di di á á logo  do  campo  liter liter á á rio  com  a  televisão  é  a  dificuldade  de captar que o que faz o sucesso dessa m de captar que o que faz o sucesso dessa m íí dia  remete  –  mais  al al é é m  da  superficialidade  dos  assuntos,  dos  esquematismos  narrativos  e  dos  estratagemas  do  mercado  –  à à s  transforma transforma çç ões  tecnoperceptivas  que  permitem  à à s  massas  urbanas  se  apropriar  da  modernidade  sem  deixar sua cultura oral, incorporar deixar sua cultura oral, incorporar ­­ se por fora da  escola  à  alfabetiza alfabetiza çç ão  das  novas  linguagens  e  das novas escritas do ecossistema comunicativo  e informacional. e informacional. 

n  n As 

maiorias  que  apreciam  a  telenovela  não mais desfrutam tanto do ato de vê não mais desfrutam tanto do ato de vê ­­ la,  senão  mais  de  cont cont á á ­­ la  e  é  nesse  relato  que  se  faz  ““ realidade realidade ”  a  confusão  entre  narra narra çç ão  e  experiência,  em  que  a  experiência  se  incorpora  ao  relato,  que  narra as perip narra as perip é é cias da telenovela. cias da telenovela. 

Concluindo...  n  n

Concluindo,  Jes Mart Jes ú ú s  Mart íí n n ­  Barbero  percorre  o  caminho  das  identidades  culturais  e  a  coloca  no  plano  do  descentramento descentramento .  Para  Ana  Carolina  Escosteguy Escosteguy ,  Mart Mart íí n n ­­ Barbero  vê  os  meios  de  comunica comunica çç ão  como  lugar  de  constru constru çç ão  de  identidades,  al al é é m  de  ser  um  fenômeno  marcado  por  modernidades  e  descontinuidades  e  de  onde  se  origina  uma  id de  id é é ia  mesti mesti çç agem. agem. 

n  n

A  leitura  de  Mart Mart íí n n ­­ Barbero Barbero ,  que  parte  da  obra  'Dos  meios  à à s  media media çç ões',  por  exemplo,  é  povoada  de  questões  que  se  desencontram  durante  o  percurso  te te ó ó rico do autor.  É dif dif íí cil tra cil tra çç ar um roteiro que indique  com  precisão  o  que  Mart Mart íí n n ­­ Barbero  entende  por  identidades na  Am Am é é rica rica ­­ Latina Latina , mas  é  indiscut indiscut íí vel sua  contribui contribui çç ão  com  conceitos  como  o  de  media media çç ões,  embora  não  haja  uma  reflexão  maior  a  partir  da da í  por  parte do autor. parte do autor. 

n  n

Escosteguy e  Jacks  Insistem que o pensamento  de  Mart Mart íí n n ­­ Barbero Barbero ,  mesmo  que  ainda  em  andamento,  configura  uma  proposta  te te ó ó rico rico ­  metodol metodol ó ó gica  fundada  no  deslocamento  do  estudo  dos  meios  em  si  mesmos  ou  por  si  mesmos  para  sua  inser inser çç ão  na  cultura.  Entretanto,  essa  "outra"  percep percep çç ão  da  cultura,  pelo menos na obra  ““ Dos meios  à à s media s media çç ões ões ”  (1997),  reivindica  a  observa observa çç ão  de  dimensões  do conflito social. do conflito social. 

REFERÊNCIAS  MARTÍN­BARBERO, Jésus; REY, Germán. Os exercícios do ver: Hegemonia audiovisual e ficção televisiva. 2.  ed. São Paulo: SENAC, 2004.  ICOD  –  RED_IBEROAMERICANA_DE_COMUNICACION_DIGITAL.  Entrevistas:  Jesús  Martín  Barbero  (Espanha). Disponível em: . Acesso em: 2 dez. 2006.  GOOGLE  –  Pesquisa  de  Imagens.  Disponível  . Acesso em: 2 dez. 2006. 

em: 

ESCOSTEGUY,  Ana  Carolina  D.;  JACKS,  Nilda  A.  Objeções  à  associação  entre  estudos  culturais  e  folkcomunicação.  Disponível  em:  <  http://www.versoereverso.unisinos.br/index.php?e=1&s=9&a=10>.  Acesso  em: 2 dez. 2006.  MORTARI,  Elisangela  Machado.  Ordenando  os  Estudos  Culturais.  Disponível  em:  http://www.eco.ufrj.br/semiosfera/anteriores/semiosfera03/resenha/txtresen2.htm>. Acesso em: 2 dez. 2006.



REFERÊNCIAS  Kibe  Loco.  A  LENTE  DA  VERDADE  (DESDOBRAMENTOS).  Disponível  . Acesso em: 2 dez. 2006. 

em: 

PIREX.  Compre­me:  eu,  vontade  de  morrer.  Disponível  em:  . Acesso em: 2 dez. 2006.

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