Hegemonia Audiovisual e Fic Hegemonia Audiovisual e Fic çç ão Televisiva
Aprendemos... Ø10% do que lemos Ø20% do que ouvimos Ø30% do que vemos Ø50% do que vemos e ouvimos Ø70% do que discutimos com outras pessoas Ø80% do que experimentamos Ø95% do que ensinamos a outras pessoas
William Glasser in Seven Ways of Knowing
Criado por Alex Sandro C. Sant’Ana – Dezembro/2006
Os Exerc Os Exerc íí cios do Ver: cios do Ver:
n n Jes Jes ú ú s
MartínBarbero
Rey
Mart Mart íí n n Barbero é espanhol, residente desde 1963 na Colômbia, e um dos maiores te te ó ó ricos contemporâneos da comunica contemporâneos da comunica çç ão e da cultura na Am da cultura na Am é é rica Latina. Uniu rica Latina. Uniu se, neste livro, ao psic psic ó ó logo e professor colombiano Germ Germ á á n Rey para an para an á á lise de um fenômeno social e cultural de crescente importância tamb tamb é é m no Brasil: o poder da televisão sobre o imagin imagin á á rio das pessoas.
n n
A obra de Mart Mart íí n n Barbero é conhecida por realizar deslocamentos e rupturas rupturas . Deslocamentos dos lugares tradicionais de onde são feitas as perguntas. Rupturas com as respostas reducionistas e manique manique íí stas “à direita e à esquerda esquerda ”” . O resultado pode ser sintetizado num trabalho de constru constru çç ão te te ó ó rico rico metodol metodol ó ó gica conhecido como mapa noturno noturno , uma cartografia para explorar as media media çç ões que é um marco a partir do qual se podem estudar as novas complexidades nas rela rela çç ões entre comunica comunica çç ão, cultura e pol ão, cultura e pol íí tica. tica.
n n Proposta
do autor: Seguir e explorar as media media çç ões que se dão entre as ll ó ó gicas de produ produ çç ão e as ll ó ó gicas de recep gicas de recep çç ão ão , entre as matrizes culturais e os formatos industriais formatos industriais ..
n n Seus estudos dos ú ú ltimos anos é um not not á á vel
esfor esfor çç o no sentido de oferecer pistas para elucidar ““ entre entre ver ver ” (como diz ele) cada vez mais as rela mais as rela çç ões entre meios e media media çç ões ões ..
n n Nele
reaparece a centralidade ocupada pela media media çç ão da cultura popular, verdadeira marca registrada do autor. E a novidade fica por conta da an an á á lise do meio televisão como media media çç ão ““ tecno tecno ll ó ó gica gica ” e cultural, pela qual a televisão é tratada atrav atrav é é s das hibrida hibrida çç ões entre tecnicidade e visualidade visualidade ..
n n Nos marcos dessas duas categorias a televisão
torna torna se experiência comunicativa e cultural nos processos de ““ des des constru constru çç ão ão ” e ““ re re constru constru çç ão ão ” das identidades coletivas, lugar onde se trava a estrat estrat é é gica batalha cultural do nosso tempo. Desse referencial te te ó ó rico desenvolvido ao longo dos cap cap íí tulos I e II resulta, no cap cap íí tulo III, uma pesquisa emp pesquisa emp íí rica na forma de um not rica na forma de um not á á vel estudo de caso da fic da fic çç ão televisiva na Colômbia. ão televisiva na Colômbia.
n n Fazer
avan avan çç ar metodologicamente a pesquisa das media media çç ões (at (at é agora referida como sinônimo de pesquisa de recep recep çç ão ão ) é fazer do cotidiano mediatizado o seu seu ll ó ó cus cus preferencial de estudo, por por é é m mais ampliado, tal como aqui sugerimos, por meio da incorpora incorpora çç ão das no no çç ões de tecnicidade e de visualidade como novos ““ lugares metodol lugares metodol ó ó gicos gicos ”” ..
n n Por
meio da no no çç ão de tecnicidade é poss poss íí vel entender a t a t é é cnica como constitutiva, como dimensão imanente de uma visão antropol antropol ó ó gica de comunica gica de comunica çç ão. ão.
n n Na tt é é cnica h h á novos modos de perceber, ver,
ouvir, ler, aprender novas linguagens, novas formas de expressão, de textualidade e escritura. Haveria uma esp de esp é é cie intermedialidade como experiência comunicativa comunicativa , ou seja, de muitas interfaces entre os diferentes meios e destes nos diferentes espa espa çç os comunicativos do consumo e cria e cria çç ão. ão.
n n A t A t é é cnica, portanto, est cnica, portanto, est á recolocando o lugar
da imagem tanto na ciência (imagem não mais como obst mais como obst á á culo, mas parte de um novo modo de conhecer e de construir o conhecimento) como na pr conhecimento) como na pr á á tica cotidiana. tica cotidiana.
n n
Encaminha para que se pesquise a partir do reconhecimento da presen presen çç a central da cultura oral como oralidade secund secund á á ria ria , formada por aquelas complexas rela rela çç ões que hoje se produzem na Am Am é é rica Latina entre a oralidade que perdura como experiência cultural prim prim á á ria das maiorias e a visualidade tecnol tecnol ó ó gica, tecidas e organizadas pelas gram gram á á ticas tecnoperceptivas do rr á á dio, cinema, vv íí deo, m m ú ú sica, computador. sica, computador.
I ntrodu n trodu çç ão ão
n n Desde o princ Desde o princ íí pio, a imagem foi ao
mesmo tempo meio de expressão, de comunica comunica çç ão e tamb tamb é é m de adivinha adivinha çç ão e inicia inicia çç ão, de encantamento e cura. encantamento e cura.
n n O
livro trata dos avatares culturais, pol e pol íí ticos narrativos do audiovisual, especialmente da televisão. especialmente da televisão.
Primeiro Movimento n n A
hegemonia audiovisual est est á des des localizando o of of íí cio (e a autoridade), dos intelectuais e introduzindo, no mundo da cultura ocidental, um acre sabor de decadência incoerc incoerc íí vel, produzida pela des des ordem de que sofrem as autoridades e as hierarquias. autoridades e as hierarquias.
n n Na
Am Am é é rica Latina, a hegemonia audiovisual des des cobre cobre , põe a descoberto, as contradi de uma contradi çç ões modernidade outra, à qual têm acesso e da qual se apropriam as maiorias, sem deixar a cultura oral, mesclando com as mesclando a imag imag íí sticas da visualidade eletrônica. eletrônica.
Segundo Movimento n n Mais que uma enfermidade
da pol pol íí tica, a m m íí dia de massa televisiva indica a dire dire çç ão da crise da representa e as representa çç ão transforma transforma çç ões que est est á atravessando a identidade da m da m íí dia. dia.
n n E
isso por causa das rupturas vividas pelo espa espa çç o audiovisual em seus of of íí cios e alian alian çç as, em suas estruturas de propriedade e gestão, e nas reconfigura reconfigura çç ões do discurso televisivo. discurso televisivo.
n n Por Por é é m, pelo adensamento das media m, pelo adensamento das media çç ões da
sensibilidade e da teatralidade da pol sensibilidade e da teatralidade da pol íí tica, ao mesmo tempo espa espa çç o de simula simula çç ão e de reconhecimento social, do fazer socialmente vis vis íí vel tanto a corrup corrup çç ão como sua fiscaliza fiscaliza çç ão e den den ú ú ncia, tanto os dolorosos avatares da guerra. da guerra.
Terceiro Movimento n n O
das narra narra çç ões televisivas que encarnam a inextric inextric á á vel conexão das mem mem ó ó rias e dos imagin a geografia imagin á á rios, sentimental que, a partir do bolero e do tango, se reencantou na radionovela radionovela , no melodrama cinematogr cinematogr á á fico e, finalmente na telenovela finalmente na telenovela
n n Com tudo que a Com tudo que a í circula de experiência
do mercado em renovar o desgaste narrativo – juntando o contar contos com o saber fazer contas , por por é é m tamb tamb é é m com as lutas dos povos do sul para passar a contar nas decisões, que os afetam, isto é é , pelo direito de contar suas hist e hist ó ó rias descobrir/recriar nelas – nos relatos que as fazem local e mundialmente reconhec reconhec íí veis – sua identidade plural. sua identidade plural.
n n O
estouro das fronteiras espaciais e temporais que eles introduzem no campo cultural, des des localiza os saberes, deslegitimando as fronteiras entre razão e imagina imagina çç ão, saber e informa ão, saber e informa çç ão, natureza e artif artif íí cio, ciência e arte, saber especializado e experiência profana. especializado e experiência profana.
Que rela Que rela çç ões os professores e alunos estão estabelecendo com as tecnologias? as tecnologias?
n n Se j Se j á não se escreve, nem se lê como
antes, é porque tampouco se pode ver, nem expressar como antes. ver, nem expressar como antes.
Experiência Audiovisual e Des Des Ordem Cultural
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n n Confundindo
iletrado com inculto, as elites ilustradas, desde o ss é é culo XVIII, ao tempo que afirmavam o povo na pol pol íí tica, o negavam na cultura, fazendo da incultura o tra intr que tra çç o intr íí nseco configurava a identidade dos setores populares e o insulto com que tapavam sua interessada incapacidade de aceitar que, nesses setores, pudesse haver experiências e matrizes de outra cultura. matrizes de outra cultura.
n n A televisão tem muito menos
de instrumento de ó ó cio de diversão do que de cen cen á á rio cotidiano das mais secretas perversões do social e tamb tamb é é m da constitui constitui çç ão de imagin imagin á á rios coletivos, a partir dos quais as pessoas se reconhecem e representam o que têm direito de esperar e desejar. desejar.
n n
Os autores lan lan çç am então a seguinte questão: Que pol pol íí tica educativa seria cab cab íí vel em um contexto em que a m m íí dia nos idiotiza, nos poupa de pensar e nos rouba a solidão? Os mesmos em seguida afirmam que é a televisão em si mesma, e não algum tipo de programa, que reflete e refor refor çç a a incultura e a estupidez das maiorias. Com o argumento de que ““ para ver televisão não se necessita aprender aprender ”” , a escola – que nos ensina a ler – não teria nada a fazer aqui. fazer aqui.
n n
Nenhuma possibilidade, nem necessidade, de formar uma visão cr cr íí tica que distinga entre informa independente e informa çç ão informa informa çç ão submissa ao poder econômico e pol e pol íí tico, entre os programas que buscam se conectar com as contradi se conectar com as contradi çç ões, as dores e as esperan esperan çç as de nossos pa pa íí ses e aqueles que nos oferecem evasão e consolo, entre cc ó ó pias baratas do que é imperante e trabalhos que fazem experiência com as linguagens, entre o esteticismo formalista que explora as tecnologias de maneira exibicionista e a investiga investiga çç ão est ão est é é tica que incorpora o v tica que incorpora o v íí deo e o computador à constru constru çç ão de nossas mem mem ó ó rias e à imagina imagina çç ão de nossos futuros. futuros.
n n Inserida na experiência global,
a experiência cultural latino latino americana deste fim de s americana deste fim de s é é culo não pode ser pensada fora das novas estruturas comunicativas da sociedade, uma vez que elas configuram boa parte de suas apostas e de seus pesadelos. de seus pesadelos.
n n
Os autores se referem à hegemonia da razão comunicacional que, diante do consenso dialogal, do qual se nutra, segundo Habermas Habermas , a ““ razão comunicativa comunicativa ”” , se acha carregada de opacidade discursiva e de ambig ambig ü ü idade pol pol íí tica, introduzida pela media media çç ão tecnol tecnol ó ó gica e mercantil, cujos dispositivos – a fragmenta fragmenta çç ão que desloca e descentra, o fluxo que globaliza e comprime, a conexão, que desmaterializa e hibrida – agenciam o devir mercado da sociedade. o devir mercado da sociedade.
n n A
fascina fascina çç ão tecnol tecnol ó ó gica produz densos e desconcertantes paradoxos: a convivência da opulência comunicacional com debilidade do p p ú ú blico, a maior disponibilidade de informa informa çç ão com a deteriora deteriora çç ão palp palp á á vel da educa educa çç ão formal, a explosão cont cont íí nua de imagens com o empobrecimento da experiência, a multiplica multiplica çç ão infinita dos signos em uma sociedade que padece do maior d maior d é é ficit simb ficit simb ó ó lico. lico.
n n A
convergência entre sociedade de mercado e racionalidade tecnol tecnol ó ó gica dissocia a sociedade em ““ sociedades paralelas paralelas ”” : a dos conectados à infinita oferta de bens e saberes, a dos inforricos e a dos exclu exclu íí dos tanto dos bens mais elementares como da informa informa çç ão exigida para poder decidir como cidadãos. para poder decidir como cidadãos.
n n É imposs imposs íí vel saber o que a televisão faz
com as pessoas, se desconhecermos as demandas sociais e culturais que as pessoas fazem à televisão. n n Se a televisão atrai é porque a rua expulsa, é dos medos que vivem as m m íí dias. dias.
n n Se as novas condi Se as novas condi çç ões de vida na cidade
exigem a reinven reinven çç ão de la la çç os sociais e culturais, são as redes audiovisuais que instauram, a partir de sua pr pr ó ó pria ll ó ó gica, as novas figuras dos intercâmbios urbanos. urbanos.
n n Enquanto a cultura do texto criou espa Enquanto a cultura do texto criou espa çç os
de comunica comunica çç ão exclusiva entre os adultos, instaurando uma marcada segrega segrega çç ão entre adultos e crian crian çç as, a televisão provoca um curto curto circuito nos filtros da autoridade parental, transformando os modos de circula transformando os modos de circula çç ão da informa informa çç ão no lar. ão no lar.
n n Enquanto
o livro disfar disfar çç a seu controle atrav atrav é é s de seu estatuto de objeto cultural e da complexidade de seus temas e de seu vocabul vocabul á á rio, o controle da televisão não admite disfarces, tornando expl não admite disfarces, tornando expl íí cita a censura. censura.
n n Que
aten aten çç ão estão prestando as escolas, e inclusive as faculdades de educa educa çç ão, à à s modifica modifica çç ões profundas na percep percep çç ão do espa espa çç o e do tempo vividas pelos adolescentes, inseridos em processos vertiginosos de desterritorializa desterritorializa çç ão da experiência e da identidade, apegados a uma contemporaneidade cada dia mais reduzida à atualidade, e no fluxo incessante e embriagador de informa informa çç ões e imagens? ões e imagens?
n n Que significam aprender e saber no tempo
da sociedade informacional e das redes que inserem instantaneamente o local no global? global?
Que deslocamentos cognitivos e institucionais estão exigindo os novos dispositivos de produ produ çç ão e apropria apropria çç ão do conhecimento a partir da interface que enla enla çç a as telas dom telas dom é é sticas da televisão com as laborais do computador e as ll ú ú dicas dos videogames? n n Est Est á a educa a educa çç ão se encarregando dessas indaga dessas indaga çç ões? ões? n n
n n E,
se não o est est á fazendo, como pode pretender ser hoje um verdadeiro espa espa çç o social e cultural de produ produ çç ão e apropria apropria çç ão de conhecimentos? ão de conhecimentos?
n n O
problema de fundo est est á no desafio proposto por um ecossistema comunicativo no qual o que emerge é outra cultura, outro modo de ver e de ler, de aprender e conhecer. de aprender e conhecer.
n n A realidade cotidiana da escola demonstra
que a leitura e a escritura não são uma atividade criativa e prazerosa, por por é é m, predominantemente uma tarefa obrigat predominantemente uma tarefa obrigat ó ó ria e entediante entediante , sem possibilidades de conexão com dimensões dimensões chave da vida dos adolescentes. dos adolescentes.
n n Diante
da cultura oral, a escola se encontra tão desprovida de modos de intera intera çç ão, e tão na defensiva, como diante do audiovisual. do audiovisual.
n n
Pela maneira como se apega ao livro, a escola desconhece tudo o que de cultura se produz e circula pelo mundo da imagem e das oralidades: dois mundos que vivem, justamente, da hibrida hibrida çç ão e da mesti mesti çç agem, do revolvimento de mem agem, do revolvimento de mem ó ó rias territoriais com imagin com imagin á á rios des des localizados localizados ..
n n Ao reivindicar a presen Ao reivindicar a presen çç a da cultura oral e da
audiovisual, não estamos desconhecendo, de modo algum, a vigência da cultura letrada, mas desmontando sua pretensão de ser a ú ú nica cultura digna desse nome e o eixo cultural de nossa sociedade. eixo cultural de nossa sociedade.
n n
Estamos diante de uma mudan mudan çç a nos protocolos e processos de leitura, que não significa, nem pode significar, a simples substitui substitui çç ão de um modo de ler por outro, senão a articula articula çç ão complexa de um e outro, da leitura de textos e da de hipertextos, da dupla inser inser çç ão de uns em outros, com tudo o que isso implica de continuidades e rupturas, de reconfigura reconfigura çç ão da leitura como conjunto de modos muito diversos de navegar pelos textos. pelos textos.
n n É
por essa pluralidade de escritas que passa, hoje, a constru constru çç ão de cidadãos, que saibam ler tanto jornais como notici notici á á rios de televisão, videogames, videoclipes e hipertextos. videoclipes e hipertextos.
Imagens e Pol Imagens e Pol íí tica
Apresentação: Impactos das Tecnologias na Sociedade
n n As
televisões p p ú ú blicas deveriam encontrar um equil equil íí brio dif dif íí cil entre uma programa programa çç ão generalista, isto é é , orientada para a maioria do p do p ú ú blico, com uma programa blico, com uma programa çç ão que leve em conta os direitos das minorias, aquelas que não costumam se acomodar à à s descri descri çç ões das popula ões das popula çç ões ões objetivos. objetivos.
n n Uma
televisão que transmita futebol junto com encena encena çç ões de ó ó pera e de filmes, que não costumam ser exibidos normalmente nas salas comerciais, com eventos pr pr ó ó ximos à à s sensibilidades mais contemporâneas dos jovens. jovens.
n n Se
as televisões comerciais aumentam as possibilidades de contraste cultural, bem como o acesso à informa informa çç ão ou à recorrência a modelos de vida diferentes dos pr pr ó ó prios, tamb segmentam, padronizam e tamb é é m submetem as realidades a incisivos processos de redu processos de redu çç ão e banaliza ão e banaliza çç ão. ão.
n n Seria de supor que as televisões p Seria de supor que as televisões p ú ú blicas se
defrontam com o desafio de oferecer outros âmbitos de fic fic çç ão e imagina imagina çç ão, outras entradas compreensivas aos problemas cotidianos, outras maneiras de confrontar publicamente os temas concernentes aos cidadãos. cidadãos.
n n Como afirmou Umberto Eco para a leitura,
todo texto gera seu leitor leitor modelo. Canais e programas criam audiências e programas criam audiências modelo que são muito mais do que espectadores fortuitos. Trata Trata se de grupos ou de tribos identific identific á á veis tanto por suas preferências midi midi á á ticas como por suas decisões vitais. como por suas decisões vitais.
n n A
renova dos p é renova çç ão p ú ú blicos acompanhadas pelas modifica modifica çç ões cognitivas, isto é é , pelas diferentes formas de interpreta interpreta çç ão e apropria apropria çç ão das mensagens televisivas e de sua localiza localiza çç ão em outros contextos de suas vidas cotidianas. vidas cotidianas.
n n A
empresarializa empresarializa çç ão produz uma gama importante de efeitos: ao lado das necessidades de adequar as propostas comunicativas à à s exigências do consumo estão os processos de padroniza padroniza çç ão, reduzindo as especificidades para circular mais facilmente em circuitos comerciais que requerem produtos bastante homogêneos e que, al al é é m disso, costumam ter uma r costumam ter uma r á á pida obsolescência. pida obsolescência.
n n Os
tempos internos da elabora elabora çç ão midi midi á á tica variam ao ingressar nas ll ó ó gicas da produ produ çç ão industrial, enquanto suas realiza industrial, enquanto suas realiza çç ões são mais perme perme á á veis à intersec intersec çç ão de gêneros, à experimenta experimenta çç ão e à espetaculariza espetaculariza çç ão ão ..
n n
A diversifica diversifica çç ão da produ produ çç ão da empresa multimidial (que integra recrea recrea çç ão, acesso ao conhecimento, educa educa çç ão, informa informa çç ão, etc.) gera especializa especializa çç ão ainda mais sofisticadas tantos dos tipos de jornalismo como de suas modalidades narrativas e de integra narrativas e de integra çç ão das m ão das m íí dias. dias.
n n A
consolida consolida çç ão de um ““ n n ó ó ss ” da sociedade civil diante das manifesta manifesta çç ões autorit autorit á á rias, venham de onde vierem, a forma forma çç ão de um espa espa çç o comum e de revela revela çç ão, onde a sociedade civil se expresse em sua pluralidade, são desafios com que hoje se defrontam as m defrontam as m íí dias na busca de visibilidade. dias na busca de visibilidade.
n n O que se viu na hist hist ó ó rica da televisão foi
uma paulatina moldabilidade do p p ú ú blico a qual emerge das tensões entre o comercial e o cultural, da significa significa çç ão do massificado inaugurada pela m m íí dia diante de uma tradi de uma tradi çç ão marcada por experiências mais elitistas, das intera intera çç ões – quase sempre conflituosas – entre as iniciativas privadas e os limites regulamentares dos Estados protetores. Estados protetores.
n n As id As id é é ias de uma globaliza ias de uma globaliza çç ão do pol ão do pol íí tico que
““ respeite os dialetos dialetos ”” , segundo Vattimo Vattimo , mas que, por sua vez, enfrente efetivamente o poder das grandes instâncias transnacionais – diante das quais têm muito pouco a fazer os Estados nacionais – – , faz parte das discussões mais candente hoje. mais candente hoje.
n n Diante da televisão não existem somente
telespectadores: cada vez são mais complexas as intera intera çç ões entre m m íí dias e cidadania, entre televisão e pol cidadania, entre televisão e pol íí tica. tica.
n n Acostumada
aos silêncios e ao subterf subterf ú ú gio, a corrup tem uma corrup çç ão capacidade de mimetismo assombrosa; com relativa facilidade se adapta à à s exigências da informa informa çç ão e se, no passado, sua for for çç a consistia em proteger a qualquer pre pre çç o a sua privacidade, agora consiste em se acomodar com cinismo à visibilidade. visibilidade.
n n No
que concerne à à s ind ind ú ú strias culturais, digamos, para come come çç ar, que elas constituem hoje a mais complexa reorganiza reorganiza çç ão da hegemonia. hegemonia.
n n As
contradi contradi çç ões latino latino americanas que atravessam e sustentam sua globalizada integra integra çç ão desembocam decisivamente na pergunta acerca do peso que as ind ind ú ú strias do audiovisual estão tendo nesses processos, jj á que elas jogam no terreno estrat terreno estrat é é gico das imagens que de si mesmos fazem os povos e com as que se fazem reconhecer pelos demais povos. fazem reconhecer pelos demais povos.
n n Se
h h á um poderoso movimento de integra integra çç ão – entendida esta como supera supera çç ão de barreiras e dissolu dissolu çç ão de fronteiras , este é o que passa pelas ind ind ú ú strias culturais das m m íí dias de massa e das tecnologias da informa das tecnologias da informa çç ão. ão.
n n Por Por é é m,
por outro lado, são essas mesmas ind ind ú ú strias que refor strias que refor çç am e tornam mais densa a desigualdade do intercâmbio e as que mais fortemente aceleram a integra integra çç ão da heterogeneidade cultural de seus povos à indiferen indiferen çç a do mercado. a do mercado.
n n A crise do cinema, por um lado, e a supera A crise do cinema, por um lado, e a supera çç ão
dos extremismos ideol ideol ó ó gicos, por outro, iam incorporando a televisão, sobretudo atrav incorporando a televisão, sobretudo atrav é é s da telenovela, muitos artistas, escritores, atores, que aportam tem tem á á ticas e estilos pelos quais passam dimensões dimensões chave da vida e das culturas nacionais e locais. culturas nacionais e locais.
O melhor exemplo da complexidade adquirida, nesses anos, pela ind nesses anos, pela ind ú ú stria telenovelesca talvez seja Roque Santeiro: n n M M é é dia de 100 cap cap íí tulos e 300 min de fic fic çç ão por semana; n n Custo de uma novela: entre 1 milhão e 1 milhão e meio de d meio de d ó ó lares. n n Cada cap Cada cap íí tulo: entre $10.000 e $15.000. tulo: entre $10.000 e $15.000. n n
n n
O que torna especialmente tenso o di di á á logo do campo liter liter á á rio com a televisão é a dificuldade de captar que o que faz o sucesso dessa m de captar que o que faz o sucesso dessa m íí dia remete – mais al al é é m da superficialidade dos assuntos, dos esquematismos narrativos e dos estratagemas do mercado – à à s transforma transforma çç ões tecnoperceptivas que permitem à à s massas urbanas se apropriar da modernidade sem deixar sua cultura oral, incorporar deixar sua cultura oral, incorporar se por fora da escola à alfabetiza alfabetiza çç ão das novas linguagens e das novas escritas do ecossistema comunicativo e informacional. e informacional.
n n As
maiorias que apreciam a telenovela não mais desfrutam tanto do ato de vê não mais desfrutam tanto do ato de vê la, senão mais de cont cont á á la e é nesse relato que se faz ““ realidade realidade ” a confusão entre narra narra çç ão e experiência, em que a experiência se incorpora ao relato, que narra as perip narra as perip é é cias da telenovela. cias da telenovela.
Concluindo... n n
Concluindo, Jes Mart Jes ú ú s Mart íí n n Barbero percorre o caminho das identidades culturais e a coloca no plano do descentramento descentramento . Para Ana Carolina Escosteguy Escosteguy , Mart Mart íí n n Barbero vê os meios de comunica comunica çç ão como lugar de constru constru çç ão de identidades, al al é é m de ser um fenômeno marcado por modernidades e descontinuidades e de onde se origina uma id de id é é ia mesti mesti çç agem. agem.
n n
A leitura de Mart Mart íí n n Barbero Barbero , que parte da obra 'Dos meios à à s media media çç ões', por exemplo, é povoada de questões que se desencontram durante o percurso te te ó ó rico do autor. É dif dif íí cil tra cil tra çç ar um roteiro que indique com precisão o que Mart Mart íí n n Barbero entende por identidades na Am Am é é rica rica Latina Latina , mas é indiscut indiscut íí vel sua contribui contribui çç ão com conceitos como o de media media çç ões, embora não haja uma reflexão maior a partir da da í por parte do autor. parte do autor.
n n
Escosteguy e Jacks Insistem que o pensamento de Mart Mart íí n n Barbero Barbero , mesmo que ainda em andamento, configura uma proposta te te ó ó rico rico metodol metodol ó ó gica fundada no deslocamento do estudo dos meios em si mesmos ou por si mesmos para sua inser inser çç ão na cultura. Entretanto, essa "outra" percep percep çç ão da cultura, pelo menos na obra ““ Dos meios à à s media s media çç ões ões ” (1997), reivindica a observa observa çç ão de dimensões do conflito social. do conflito social.
REFERÊNCIAS MARTÍNBARBERO, Jésus; REY, Germán. Os exercícios do ver: Hegemonia audiovisual e ficção televisiva. 2. ed. São Paulo: SENAC, 2004. ICOD – RED_IBEROAMERICANA_DE_COMUNICACION_DIGITAL. Entrevistas: Jesús Martín Barbero (Espanha). Disponível em: . Acesso em: 2 dez. 2006. GOOGLE – Pesquisa de Imagens. Disponível . Acesso em: 2 dez. 2006.
em:
ESCOSTEGUY, Ana Carolina D.; JACKS, Nilda A. Objeções à associação entre estudos culturais e folkcomunicação. Disponível em: < http://www.versoereverso.unisinos.br/index.php?e=1&s=9&a=10>. Acesso em: 2 dez. 2006. MORTARI, Elisangela Machado. Ordenando os Estudos Culturais. Disponível em: http://www.eco.ufrj.br/semiosfera/anteriores/semiosfera03/resenha/txtresen2.htm>. Acesso em: 2 dez. 2006.
<
REFERÊNCIAS Kibe Loco. A LENTE DA VERDADE (DESDOBRAMENTOS). Disponível . Acesso em: 2 dez. 2006.
em:
PIREX. Compreme: eu, vontade de morrer. Disponível em: . Acesso em: 2 dez. 2006.