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O QUE DISSE O G E N E R A L R O N D O N AO "DIÁRIO DE S. P A U L O " De passagem para o Rio, o general Rondon falou ao "Diário de S. Paulo" de 8 de Fevereiro, sobre vários assuntos, e referiu-se á magna questão do Sul. Diz ter constatado o movimento divisionista por toda parte e assevera o seguinte:
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J) — o movimento seccessionista só é amparado pelos filhos de outros Estados, que não votam verdadeiro amor a Mato Grosso; 2) — 0 Norte do Estado é mais prospero e não tem i n teresse em retardar o progresso do S u l ; 3) — O Sul não tem elementos- para se constituir em Estado da Federação, não possui recursos económicos suficientes estando ainda na fase pastoril; 4) — Os divisionista8 não estão apoiados em razões de ordem moral nem material. O General Rondon pretende falar "ex-catedra". Grande conhecedor da geografia Matogrossense, S. S. desconhece o Sul, na sua sociedade, no seu comercio, nas suas industrias, na sua agricultura, na sua pecuária, — atividades crescentes dia a dia. O seu contacto com os sulistas f o i rápido, parecendo desinteressar-lhe a convivência com os que charna filhos de outros Estados e que Cuiabá intitula pitorescamente — Paus rodados. A vida do Sul modifica-se, grandemente, cada ano. A organisação que vão tendo as varias atividades; a segurança
— G — que adquirem, cada dia, as suas riquesas; a alta ambição de progredir; a instrução de sua mocidade, sem auxilio do Governo, — exigem, para entender o seu povo, ser auscultados mais de perto e mais serenamente. Entre o estatismo do Ccntro-Norte e o dinamismo do Sul, vai u m mundo. O Snr. General Rondon não é injusto apenas, no apieciar-nos — erra e leva-nos a crer ignorar a situação real do seu querido Estado. Ha alguns anos, S. S., fundado em teorias positivistas, d i zia dar Mato Grosso tres grandes administrações. Certo estamos, hoje, dentro duma realidade esmagadora, não sendo permitido fantasiar riquesas fabulosas, montanhas de ouro, serras dos martírios, A t l a n t i d a s . . .
O M O V I M E N T O DIVISIONTSTA NÃO E' OBRA DE F I LHOS D E OUTROS ESTADOS:
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SEJADO E SUSTENTADO POR TODO O POVO DO SUL 0 povoamento de Mato Grosso, surge, como é sabido, tio Centro, na rcirião do ouro, de que Cuiabá f o i a cabeça. Gera-se ahi a civilisação matogrossense, desligada do tronco Paulista, e por ahi fica circunscrita, sem nenhuma i n fluencia no Sul c no Norte. São os filhos de outros Estados, que exploram e povoam o S u l : Os Garcias sácm de Minas; exploram os rios Paranaíba e Sicuriú; fundam Santana no deserto, e, mais tarde, mandam emissários á longínqua Cuiabá, avisar ao Governa da fundação do povoado, ''que se descobriu no vale do Sicuriú", diz u m documento o f i c i a l . Os Barbosas, vêm de
S. Paulo, penetram por Santana e rumam, pelo planalto, para Vacaria; navegam o Paranapancma, o Paraná e o I n v i nheima e invadem os celebres campos. Nas suas pegadas chegam os Lopes, os Pereiras, os Sousas, os Marques, os Coelhos, os Azambuja8, os Limas, Nogueiras, Nautcs, Paels, Martins, etc, — todos filhos de outros Estados. Os Garcias povoam os vales do Aporé, do Sicuriú e Verde; os Limas — o Inhanduí e o Pardo; os Barbosas, Pereiras, Sousas, etc, os campos da Vacaria, Brilhante e Serra Baixo, até ás vertentes do Miranda; os Azambujas fixamse em Santa Maria e os Lopes penetram até o Apa, que o Paraguai tem como seu. São as primeiras levas de brasileiros, filhos de outros Estados, que abrem caminhos pelo planalto. Quando se dá a invasão Paraguaia, o Sul está ponteado de posses, de moradas, e cortado de caminhos. Senhorinha Lopes é fazendeira no Jardim, donde os paraguaios a arrastam prisioneira. Nioac e Miranda são os únicos povoados do Sul. Quem lançou as suas bases? Mãos extranhas, gente de fora, soldados do Império. Fixemos u m gesto da vida de Lopes: o Velho sertanej o , conhecedor empírico de rumos e distancias, corta as terras de Minas ao Apa e esparrama posses aqui c a l i ; é o cavalheiro andante das descobertas. Por f i m , valente e patriota, entra na guerra e conduz a bandeira da Laguna em sua memorável retirada. Dos primeiros ocupantes, todos filhos de outros Estados, aí está a grande obra: fazendas, culturas, a pecuária magnifica, toda a riqueza sulista. As familias multiplicam-se aos milhares e compram terras ao Estado; organisam pomares; levantam moradas, igrejas, hospitaes; substituem os ranchos por habitações h i giénicas; abrem caminhos, armam telefones e lançam pontes por toda parte. Fundam escolas. Fazem a sua civilisação.
Santana é fundada por mineiros; Campo Grande por mineiros; Ponta Porá, Bela Vista, M u r t i n h o , por filhos de outros Estados; Àquidauana, por matogrossenses e gente de fora. Ainda ha pouco tempo, são sulistas e filhos de fora, que fazem Tres Lagoas, Entre Rios, Maracajá, Santa Rita, Rio Pardo, União, Vista A l e g r e . . . Para isto o Estado não concorre com uma pedra. Tudo obra do patriotismo do povo sulista, e da gente de outros Estados. A forte corrente imigratória riograndense, de 1890, espalha-se hoje em milhares de sulistas, ligada á nossa gente pelo casamento; destacando-se no comercio, na agricultura, nas industrias, nos cursos secundários. Aí estão os filhos de outros Estados, transfigurados nas suas proles: José Garcia Leal, Ignacio Barbosa, João Barbosa, Henrique Pires Martins, Antonio Nantes, Cunegundes Nogueira, Lópes,« o herói, Antonio Barbosa, Diogo de Sousa, Basilio Lima, Antonio Trindade, Isaac Marques, Jango de Castro, e tantos outros desaparecidos, com milhares e milhares de descendentes, detentores da fortuna sulista. E vivos: Antonio Luis Pereira, filho de um dos fundadores de Campo Grande, com oitenta e seis anos de idade; Porfirio de Brito, com oitenta e tres; José Luiz, com oitenta e sete; Policarpo Davila, com setenta e tres, e inúmeros Loureiros e Matos, etc, com milhares de descendentes, donos de terras e de haveres. E filhos do Sul, quasi centenários —- Antonio Barbosa, Barnabé Barbosa, Manoel Cecílio, Faustino Dias; e, mais moços e influentes na vida, nos negócios do S u l : Domingos Barbosa Martins, Alfredo Justino, Mário Xavier, Laucidio Azambuja, João Vicente, Jango Trindade. Flávio Garcia, Antonio de Moraes, e tantos nomes magníficos, que honram o Sul. E quantos outros milhares, que desappareceram de 1840 para cá — Marcos Barbosa, Joaquim Barbosa, Diogo de Sousa, Bento Pereira, Manoel
Pereira, José Martins, Zeca Taveira, Henrique Pires Martins e uma centena mais, com grande descendência sulista. E os filhos de velhos extrangeiros — Geazone Rebuá, Manoel Moreira, Antonio R. Coelho, Vicente Anastácio, e tantos outros desbravadores, civilisadores da nossa obra, vultos inesquecíveis da nossa historia. Desta ou daquela procedência, dominam hoje, os matogrossenses sulistas, nas letras, nas industrias, na pecuária, na agricultura, sendo quasi nula a percentagem de extrangeiros na vida do Sul. Duvidamos que na região do Centro, região Cuiabana, o filho de outro Estado, não tenha cooperado na sua civilisação. Depois de dois séculos, o que ha de mais extraordinário na região central, é o povoamento de Leste — Santa Rita è Lagcado. Quem os fez? Quem fundou Santa Rita e Lagcado? Quem está transformando as terras, aumentando a fortuna publica? — Pobres filhos de outros Estados, do Maranhão, de Goiaz, da Baía, etc. E como foram tratados estes brasileiros? Disse o dr. Mário Corrêa, em mensagem, que foram recebidos mal, "como se não fossem brasileiros". Foram guerreados pela força public«. No Norte, Mato Grosso Amazonico, tudo é obra do braleiro de outro Estado, tudo, absolutamente tudo: a descoberta de rios, a abertura dos seringaes. a navegação, as culturas, as cidades. A l i ignora-se Cuiabá, desconhecem-se os administradores, não se tem noção da politica do Estado. E ' outro mundo, é outra gente. Sabe-se que existe Mato Grosso, pelo talão de imposto. O Sul tem, hoje, 255 m i l habitantes, quando o Centro tem 125 e o Norte 25 m i l . O Sul tem 30 m i l extrangeiros: paraguaios, japoneses, sirios, alemães, italianos, polacos, arménios, espanhóes e portugueses; 50 m i l brasileiros, filhos de outros Estados; 170 m i l sulistas matogrossenses. Quem lê as assinaturas nos documentos divisionistas e conhece a região, encontra 10 % de nomes brasileiros de
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filhos de outros Estados. E quem são eles? Os ascendentes dos sulistas; os velhos donos das terras; os fundadores da civilisação; mais velhos, mais moços, todos brasileiros, aos quaes o Sul deve o que é. Pelo Sul nada fez o Centro. A historia nos diz que, da região Cuiabana, poucos se aventuraram para o sul, sendo pequena a corrente que varou o pantanal para a região de M i r a n d a : as familias Alves Corrêa, Rondon, Alves Ribeiro e Vieira de Almeida. Esta fixa-se em Campo Grande. Os Alves Corrêa marcam a sua influencia até Aquidauana, pondo em destaque suas magnificas qualidades. Os Rondons i n fluem na vida Aquidauanense, onde aparecem com nomes dignos como Manoel Antonio, José Alves Ribeiro, Manoel Aureliano, Estevão A . Corrêa, Cyriaco Rondon. Dos velhos troncos sertanejos rebentam os Mascarenhas, os Limas, os Fontouras, os Azainbujas, os Moreiras, os Loureiros, os Rondons, os Coelhos. São por milhares os Barbosas e numerosos os Pereiras, Nantes, Lopes e outros. E sabe o general Rondon onde estão os mais ilustres cuiabanos, que vieram para o Sul, e se integraram na sua vida, e cooperaram na sua organisação? Estão na cruzada da divisão territorial. Estevão Alves Corrêa e sua grande e querida familia, Manoel Aureliano, Manoel Jorge das Neves, João A l b e r t i no, Major Dr. Leonel Velasco, D . Tomasia Rondon e outros, e todos os seus descendentes, estão com o Sul, de que são elementos destacados e querem a divisão. Venha o General sentir os anseios dos sulistas, conversar com a sua eugenica mocidade, e verá a unanimidade do seu pensamento sobre a necessidade urgente da autonomia do Sul. Então, o brasileiro que aqui trabalha, que fez e aperfeiçoa a civilisação sulista, desde o deserto de 1830, aos dias épicos da invasão paraguaia, e daí até hoje, o homem que
fez os caminhos, as cidades, as fabricas, as lavouras, e í c , etc, não ama verdadeiramente Mato Grosso? Que é ser patriota? Não é fazer o que nós fizemos — povoar u m deserto, vencer a natureza, tirar riquezas da terra, criar o bem estar geral, organisar cidades, sustentar, de modo u t i l , a brasilidade da região, que o Governo da Capital longínqua mal conhece? Verá adiante S. S. o nosso sacrifício na ficção de Estado que somos, depois de dois séculos de mentira politica. Certamente o General Rondon, a quem tanto estimamos por ser u m forte, acha que amar verdadeiramente o Estado é considerar Cuiabá a melhor cidade do mundo, o r i o Cuiabá u m paraizo, emnasnacar-se na grandiosidade das florestas nortistas, deliciar-se com dansas inocentes de Nhambiquaras e caçadas valentes de BororÓ3, gosar historias de montanhas de ouro e diamantes, respeitar búdicamente tradições infantis dum regionalismo inútil, submeter-se, como cordeiros, á politica do Centro, que só tem feito mal ao Estado por não ter objetivo de progresso e ser apenas, como é, desde 1890, u m assunto partidário, u m i n teresse dum grupo contra 'outro, em que se fazem conecções a amigos, favores de toda ordem á clan politica, sem respeito á justiça, aos direitos alheios! E m sintese, em Mato Grosso, o Estado é cousa diversa do que se entende no mundo. E' u m arranjo para se ser deputado, senador, intendente, presidente, juiz, etc, com u m vencimento seguro, vantagens garantidas no Tczouro, que, até hoje, não tem escrita c e r t a . . . Está errado o Snr. General. Os sulistas amam, acima de tudo, o Brasil unido, forte, rico, grande potencia, levando ao mundo os produtos do seu sólo, das suas industrias e a inteligência de seus filhos — como amam a terra onde labutam regando-a com o seu suor, enriquecendo-a patrioticamente, muito orgulhosos da obra que fizeram. Não fale S. S. em filhos de outros Estados, pois quem
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se levanta contra a divisão do Sul são cuiabanos chegados ultimamente, não interessados nas cousas sulistas, ou dominados por ideias erroneamente cultivadas na Capital, e, quasi todos, afinal, funcionários públicos, QUE D E F E N D E M O EMPREGO. As autoridades da Capital mobilisaram, aqui, a policia contra a propaganda: mandaram censurar os jornais, insinuaram ameaças. Querem descer ao terreno da luta. Estão erradas. Armam uma crise de cuja gravidade não se aperceberam. Andam funcionários cuiabanos a exigir solidariedade para um Mato Grosso unido, quando o que se vê unido é um grupo de políticos, que teme perder as vantagens do mando. Do Sul, apenas u m grupelho, preso a interesses do Tezouro, penhorado por favores políticos, ou recém chegado, que mendiga um cargo, ou que, nada valendo, se embriaga com promessas politicas, — é que se levanta, tergiversando assustado, perseguido pelo vulto de Judas, contra a divisão pretendida. *
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CENTRO-NORTE DO ESTADO E' M A I S E NÃO PENSA E M R E T A R D A R 0
PROSPERO
PROGRESSO
DO S U L " O povo do Sul deseja ao Norte a mais real prosperidade. Não a prosperidade de garganta dos políticos, a prosperidade de "lorotas", a riqueza consubstanciada em mensagens, plataformas, programas, historias de viajantes, poesias românticas, odes á uberdade da terra, á natureza sem par, etc, etc.
A prosperidade do Estado é obra do homem. E' f i n a l i dade do Estado tornar prospero e feliz o povo. O nosso Estado não teve tempo de pensar nisto. E m absoluto, pode dizer-se, jamais cuidou, realmente, de qualquer fonte de renda. Antes as sacrificou. Para a agricultura nada fez. Nem uma grama de semente, nem uma enxada deu ao lavrador; nunca fez u m campo de experiência, a não ser a Colónia de terrenos, hoje transformada em viveiro de eleitores do governo e de capangas em ocasião de eleições, sem que houvesse distribuido os títulos de domínio aos colonos, com o fito de os trazer sempre presos, sempre dóceis aos manejos eleitoraes. A cultura dos citrus desapareceu em Cuiabá, por completo, e em todo o Pantanal; nunca se cogitou de estudar, remediar o mal, que extinguira os formosos laranjais daníanho. Quanto á pecuária, nada. Favor algum ao fazendeiro, que potreirou os seus campos, fez pastos artificiais e importou reprodutores finos, gastando rios de dinheiro. Nada. A o contrario: de 1932 para cá, foram majorados os impostos sobre os criadores; aumentado no Sul o imposto territorial, de maneira grave e que exige reparos, pois vai impedir a melhoria da criação de gado. A borracha, a poaia, que cuidados tiveram do Estado? Nenhuns. Assim quanto a tudo o mais. Vimos extinguir-se o campo de demonstração de Cuiab á ; notamos a queda da industria assueareira, que se reduz cada ano, não vendendo, os usinciros do Centro, um k i l o para o Sul, que fabrica parte do que consome e importa m i lhares de saccas, desse produto, dos mercados paulistas. Também decresce no Centro, a pecuária e, dali. nenhum gado se exporta. De acordo com a estatística, o rebanho dos municípios do Centro, não se contando Corumbá, é de pouco mais de 500 m i l rezes, quando o do Sul é de mais de 3 milhões. Mas, no Sul, o que se deve considerar primeira-
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mente é a qualidade do seu gado, melhorado anualmente, com a introdução de reprodutores.
3.500:0003000; o mate 1.213:6273066 e a Noroeste mais de 1.600:0003000.
A prosperidade do Centro também não pode ser distinguida no florescimento das cidades, na divisão das propriedades, etc.
Assim, a contribuição do Centro e do Norte, mal cheira a DOIS M I L CONTOS D E R É I S .
A Capital tem decaído m u i t o : de 27 m i l habitantes terá, hoje, 20 m i l . O Governo Mário Corrêa, cumprindo u m pensado programa dos administradores nortistas, fez melhoramentos, gastou milhares de contos, o que lhe valeu a gratidão dos conterrâneos. Entre a Capital e o Sul peoraram os transportes; nem se fala mais na estrada Campo Grande - Coxim - Cuiabá e o presidente A n i b a l Toledo sugeria, em 1930, ahandonar-se a navegação do r i o Cuiabá, por ser cara, dificílima e quasi inútil! Que previsão de estadista! »
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Só quem exporta é o Sul. A exportação reduz-se, agora, a gado e produtos pecuários. Tomemos por base u m ano prospero — 1927. A exportação é de 53.852:4223428. Concorre com mais de metade a pecuária do Sul — 27.611:7323490. O resto, qua-i todo, é o valor do mate. A pecuária Sulista, ela só, dá, então, ao Tezouro, 4.474:697$159, na arrecadação total de 7.971:2543356. • ' Com os outros impostos, arrecadados pelas coletorias sulistas, no referido ano, vê-se que quasi toda a receita saiu do Sul.
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" O SUL NÃO T E M E L E M E N T O S P A R A SE C O N S T I T U I R E M ESTADO D A FEDERAÇÃO, NÃO POSSUE RECURSOS SUFICIENTES,
Quasi toda a receita vem da exportação ou da venda de terras.
ESTANDO
A I N D A N A FASE P A S T O R I L " E ' uma acusação grave ao Sul. Quem dá a Mato Grosso o pouco recurso financeiro que tem — é o Sul. Quasi tudo que se exporta — é do Sul. A maior arrecadação do Estado f o i de 9.498:2383190, no f i m do quaírienio Mário Corrêa. J á cm 1932 a nossa receita desce a 6.259:0783312. Admitindo-se, como média, 8 m i l contos, assim mesmo, ela não vem sendo atingida. E m 1931, para uma receita de 8.393:722$700, a contribuição do Sul é de 6.251:6278066. As diversas coletorias sulistas dão
São estas cousas que não sabem os políticos, que nos combatem em Cuiabá e no R i o . Neste momento é gravíssima Estado.
a situação financeira do
Que rendem as coletorias do Centro e do Norte? M u i to menos de u m terço. O certo é que o Sul, apesar da baixa do gado e do mate, continua a alimentar o Tezouro. E m 1933, via Noroeste, o Sul vende 92.422 novilhos, o que dá á Estrada o frete de 2.147:103$ 100, e, de imposto ao Tezouro, 1.015:8033600. Por Santana e Porto Quinze exportámos mais de 90 m i l . Assim, é formidável a contribuição sulista, para o Tezouro, mesmo na crise. CONCORREMOS C O M M U I T O MAIS D E DOIS TERÇOS DAS RENDAS PUBLICAS, sem emperros, sem dificuldades ao corpo de arrecadadores.
— Homem de ciência, o Snr. General Rondon, não conhece tais fatos, este tremendo aspecto da politica, nestes dias, quando uma população desamparada súa, trabalha, amontoa riquezas, para gozo de outra, que se supõe com mais d i reitos! Bôa gente de M a r a c a j ú ! ! ! No que toca a rendas federais e municipais, a mesma desproporção. Contada a renda da Noroeste, a União tem, no Estado, agora, uma renda de 11 m i l contos e, dela, mais de 10 m i l saem do Sul, compreendidas as rendas das coletorias federais e dois terços das alfandegarias. Toda a renda federal do Centro Norte não atinge a m i l contos de réis. A Coletoria Federal da Capital rende 68:0008000. A de Campo Grande mais de 440:000S000. A diferença é assustadora! A zona de S. Antónia do Rio Abaixo, com as suas Usinas, dá apenas, 135:0008000. A renda municipal do Centro Norte é muito menor que a do Sul. Devendo notar-se, que Cuiabá cobra um imposto pesado, de entrada de mercadorias, ou imposto de incorporação. E não esqueçamos que está assentada a extinção do i m posto de exportação. Como viverá o Estado? Mantem-se, inutilmente na Capital, a Delegacia Fiscal, não prestando serviço algum ao País. No Sul, onde estão as «randes guarnições, marinha, vários serviços federais, quem faz o pagamento é a Delegacia Fiscal em S. Paulo. Erra o Snr. General, quando diz que a região de Maracajú está em simples fase pastoril. E ' de ver-se o seu antigo entusiasmo sobre o problema pecuário, escorrendo duma retumbante conferencia em São Paulo, na Sociedade Rural, quando pleiteava a Estrada de Ferro Norte de Mato Grosso.
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A pecuária é, hoje, uma das grandes riquesas do mundo — principal da Argentina, da Austrália, do Uruguai, do Rio Grande, etc. Assentada em métodos científicos, é objeto de desvelo dos Governos de grandes paizes. Não se trata de domesticar bois selvagens, búfalos e gibosos indianos da índia antiga? Entre nós é apenas isto: A P R I N C I P A L R I Q U E Z A P R I V A D A E' A F O N T E , QUASI E X C L U S I V A , DE RENDA DO ESTADO. No Sul, ela vai acompanhando os melhores esforços da America do Sul. O triangulo mineiro não está adiantado de nós na seleção, na melhoria. Os nossos fazendeiros vêm comprando centenas e centenas de contos, em reprodutores; os nossos novilhos, modificados pelo clima e alimentação, sem exagero, são, hoje, tipos de frigorifieos. Abarrotamos as i n vernadas paulistas e estamos fadados a ter, na pecuária, uma colossal industria, pelas condições locais de clima e sólo, distancia dos grandes Centros e redução das áreas creadoras do mundo, pelas carestia do produto. Ter grande pecuária, viver-se principalmente dela, não é estar em fase pastoril, beirando o ano de 1820, quando o Rio da Prata queimava o gado, por não ter consumo. Que o Centro Norte esteja nesta fase, apesar da cultura da cana no rio Cuiabá, é de "admitir-se,'é creto. A l i não há uma pecuária organisada. Cria-se, hoje, como antes de 1880 — á Solta, em latifúndios. Gado perdido por toda parte. Nada de técnica para qualquer mister. As fazendas não estão divididas nem cercadas. Tudo é duma primitividade inconcebível. O gado está refinado por falta de sangue novo — é o gabiru, o peludo, rejeitado pelos compradores. No que toca a cavalares e suinos, o mesmo. Fazendas sem organi-ação alguma, velhas habitações sem conforto, solitárias, encravadas em latifúndios, que não dão dinheiro ao Tezouro. E no Sul, o território está retalhado em mais de 18 m i l propriedades rurais. As divisões de imóveis, por vendas ou
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sucessões, dãc-se ás centenas. A q u i repugna o condomínio, com o ninguém entende os campos abertos, nem admite o compascuo. Cada fazendeiro evoluiu, saindo do rancho para as casas higiénicas; os mangueirões são modernos, com as comodidades aconselhadas, onde se trata o gado com facilidade. Pomares, jardins, aqui e a l i ; radio e telefone e bons caminhos p a r a automóveis. A galinha do Jeca desaparece e os tipos grandes, fecundos, das raças importadas, enfeitam os terreiros. Suinos, ovinos, j á existem de raças nobres. A q u i , acolá, importaram-se flores e arvores, que renovam as paisagens. Os fazendeiros, ante a ausência do Estado, fazem pontes, estradas; abrem corredores; facilitam, entre si, as comunicações; abrem portos em vários rios. A nossa pecuária não é a única preocupação do homem sulista — ela é contemporânea de outras rendosas atividades. A agricultura, p o r exemplo, toma vulto extraordinário. Não tem termo de comparação com a do Norte, em quantidade, qualidade, processos culturais. Com a influencia de S. Paulo, vai sendo relegada a enxada. O arado não é cousa de museu. Iniciou-se, em Campo Grande, a cultura do café, que progride, e consome-se produto bom, que não nos chega ainda. A nossa cultura de arroz é importantíssima. São abundantes as colheitas de m i l sacos; ha muitas de tres e quatro m i l e tem havido, até, de dez m i l . Surgem as maquinas de beneficiamento em vários pontos. A cultura d o m i l h o é de muitos milhares de hectares e a importação da Noroeste está quasi finda. Feijões, batatas e outros produtos alimentares, contam-sc por milhares de toneladas e resolvem-se e m dinheiro, que fica. Cresce, por toda parte, a cultura de f r u t 0 3 , — os nossos, os exóticos. Experimentase o trigo, teima-se c o m a alfafa, planta-se a vinha. Estamos fazendo a cultura técnica do mate, em Entre Rios, Dourados, Ponta Porá e Campo Grande.
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Iniciou-sc a industria do assucar com a primeira Usina de Miranda e outras lhe seguiram. A industria do assucar, em Cuiabá, decai cada ano. O trabalho, a l i , não m e l h o r o u ; a industria não se valeu de novos métodos; mantém o operariado em miséria e sem garantias. Iniciou-se, ali, uma xarqueada, que se fechou logo, dando graves prejuízos. No Sul, a industria saladeiril, que produz uma média de 5 m i l contos, subsiste á crise e está aparelhada com boas instalações, -em Campo Grande, Aquidauana, Corumbá, M u r t i n h o . A agricultura no Sul é rendosa, têm os seus produtos consumo próximo, i l i m i t a d o ; melhora cada ano e não produz o bastante para a população. Varias outras industriai avultam em nossa economia:, arreios, calçados, artigos de viagens, bebidas, mosaicos, cal. Crescente fabricação de queijo e manteiga. M u i t o importante industria de construções, cousa de que não teve ainda necessidade o Centro. As construções das cidades e de obras Federais, trouxeram, para o Sul, operários especiais, técnicos de vários ofícios. Contamos oficinas para os mais variados serviços, — pinturas, serralheria, etc., etc. O Sul tem a sua circulação; todas as suas cidades são servidas de linhas de auto, que se ligam ás estações da Noroeste. Raríssima a fazenda onde não chega o automóvel. A toda parte os jornais e as mercadorias chegam rapidamente. Além da Noroeste, que lhe corta rumo Oeste, conta a navegação do r i o Paraguai, do Apa a Corumbá; a do M i r a n d a ; a navegação franca do Paraná, de Guaíra a Jupiá e que se estende ainda pelo Pardo, até Porto Alegre, e, pelo Ivinhema, até Entre Rios. Mais de 800 carros automóveis auxiliam o tran-porte de passageiros e cargas. NÃO H A T E R M O D E COMPARAÇÃO E N T R E OS MEIOS D E TRANSPORTE DO SUL E OS DO N O R T E ; tudo sem que o Estado tenha tomado (piai-
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quer iniciativa. E' pura iniciativa particular, de sulinos e dc filhos de outros Estados.
gou a ter o sexto logar, entre as agencias desse grande Ins-
Vejamos os Correios e Telégrafos, de acordo com dados estatisticos oficiaes. Os do Sul rendem duas vezes mais que os do Centro-Norte. 0 coeficiente económico sulista destaca Maracajá do resto de Mato Grosso, de Goiaz, do Pará, do Amazonas c do Maranhão.
\, assim, recursos suficientes, elementos morais e materiais, para nos constituirmos n u m formidável território federal — numa das mais belas províncias do Brasil, diz Sud Menuci, no seu recente livro " B r a s i l E R R A D O " .
O General desconhece o nosso coeficiente sensitário, emitindo um conceito desgraçadamente errado, quando a verdade é esta: O SUL, COM 245 M I L H A B I T A N T E S , DOM I N A N D O POUCO M A I S DE 250 M I L QUILÓMETROS QUADRADOS. E M RAZÃO DE SUA E C O N O M I A , D A ' M A I S DE DOIS T E R Ç O S D A R E C E I T A P U B L I C A . O Centro c o Norte, com 150 m i l habitantes, extendendo a sua atividade sobre um milhão cento e noventa e cinco m i l quilómetros quadrados, R E N D E MENOS D U M TERÇO E ABSORVE M A I S DE 65 % D A R E C E I T A , SO' N A CAPITAL.
tituto de credito.
Somemos os recursos financeiros atuais, conhecidos, d i minuindo-os u m pouco: Renda Federal Renda Estadual Renda Municipal Total
Nada exportando, de que está vivendo o Centro? Dos orçamentos, do dinheiro das industrias, do esforço sulista e do dinheiro Federal. Examine o Snr. General o orçamento e veja, só a cidade de Cuiabá, quanto consome dele. O comercio do Sul é, pelo calculo dos impostos Federais, dos de industria e profissão, do Estado, e dos de patente, das municipalidades, DEZ VEZES M A I O R QUE O DO CENTRO-NORTE. A agencia do Banco do Brasil, de Campo Grande, che-
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18.600:0003000
A União disporia de 18.600:0003000 para administrar o seu território, compreendida a V i a Férrea. ^ E agora é que o Sul inicia o seu progresso.
Quem tem economia? Quem tem atividade? — Quem é progressista? Quem ama verdadeiramente a terra onde está? ' A nossa economia vai correspondendo ao nosso Índice geográfico. E" através da energia do Sul, que o Brasil sabe que Mato Grosso existe.
10.000:0008000 6.300:0008000 2.300:000S000
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"OS DIVISÍONISTAS NÃO ESTÃO APOIADOS E M RAZÕES DE O R D E M M O R A L N E M M A T E R I A L " Vive, assim, a população do Sul. que domina 250 m i l quilómetros quadrados, sob uma grande injustiça. Organisou, em menos dc um século, a sua civilisação. Por força do meio e das suas qualidades intrínsecas, em cada hora progride, modifica, inova, aumenta a sua riqueza. O Estado, pobre, desaparelhado, não lhe trouxe auxil i o algum. Não lhe dá higiene. Não gasta, com este alto serviço publico, u m vintém a q u i . Criados dois ou tres hospitais, pelo povo, dificilmente lhe dá pequeno auxilio, e, quando
o faz, é arrancado cora empenhos exaustivos, tardiamente. O socorro a indigentes, a hospitalisação, numa zona de povoamento rápido, felizmente encontrou o apoio popidar e é onerosissimo. 0 Hospital dc Campo Grande, custeado com o auxilio do povo, presta serviços relevantes a todo o Sul, vindo necessitados até do extremo Norte, como Cuiabá e Caceres. Pois bem, ele tem u m auxilio, do governo de Cuiabá, de 12:0005000 anuais, e tem a receber, do Tezouro, mais de 70:0008000 atrazados!! Da instrução publica cuidou-se na Capital. Qualquer município do Centro, nisto, distancia-se dos do Sul. Campo Grande, por exemplo, tem uma Escola Normal, u m Grupo Escolar e quatro escolas distritais. Só possui u m edifício escolar. Examinc-o o General: impróprio para a grande frequência dc 600 alunos, falto de moveis, falto de higiene, infames aparelhos sanitários. Nota-se a l i , o desamor pela instrução, que começa no relaxo ambiente. Demais escolas: nem u m movei do Estado, agua servida numa lata ou no poço, sala suja, apinhada de crianças, que se expremem cm bancos de caixões de gasolina. Nem u m l i v r o , nem u m t i n teiro do Estado. E os professores? São Técnicos? Nunca. U m ou outro com alguma competência. No mais, apressados normalistas, cansados eleitores de partido transformados em educadores, não tendo a m i n i m a noção de pedagogia. Se o eleitor não tem emprego, nasce-lhe o logarsinho de professor. E Campo Grande é o município que tem mais de 5 m i l crianças escolares, nos seus 40 m i l habitantes. Confrontemos com Rosario Oeste: tem este município, 10 m i l habitantes, com 8 escolas e Grupo Escolar. Leia-se a estatística do Governo e veja-se a desproporção. M u r t i n h o , Coxim, Bela Vista, são quasi desprovidos de instrução publica. Entre Rios, populoso e rico, possue duas pobres escolas, cujos professores, esquecidos, levam o ano inteiro sem receber seus
minguados vencimentos. São, na realidade, escolas de mentira. Maracajú, o governo desconhece quanto á instrução. O Sul, tendo o duplo da população, conta menos de 40 escolas publicas funcionando; o Centro muito mais de 100, dc acordo com a estatistica de 1929. Estas escolas são risíveis. Tem valido á população sulista a iniciativa privada. Fi::idaram-se dois Ginásios, com a frequência de mais de 500 alunos; uma escola de Farmácia, com 50; Escola Normal, cursos comerciais, de datilografia, etc. A população e-colar do Sul é, sem comparação, superior á do Centro. A frequência do Liceu Cuiabano é dc 200 alunos. Só Campo Grande tem uma frequência escolar de mais de 3.400 estudantes. O Estado não gasta 300 contos com a instrução publica de todo o Sul. O Estado, desde 1900, auxilia a formatura, nas escolas superiores do Paiz, dos seus estudantes, com mesadas agora aumentadas pelo Conselho Consultivo. São cidadãos que perambulam, hoje, pela politica e pela administração de Mato Grosso. Nem um filho do Sul, jamais se valeu desse regalo. A q u i , sendo o ensino ministrado por institutos particulares, é muito caro. O acesso aos cursos superiore- torna-se difícil. E a justiça no Sul? O povo aponta dois ou tres juizes. A revolução devia sindicar como vai o pobre Estado nesse assunto. Veria o crime que têm cometido os Governo.-, em varias nomeações. A consequência é notória. Tem-se medo de negócios no Estado, por falta de justiça. Justiça sem policia, sem cadeias. O Sul não tem mcio9 de repressão criminal. Não ha uma cadeia segura. A de Campo Grande é u m tosco galpão, onde apodrentam mi-eraveis, em dolorosa imundícia e em promiscuidade. Que é que nos dá o Estado, de util? Nada. Juizes, promotores, coletores, policia, — constituem, afinal, a arma do
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fisco, para assegurar a arrecadação dos impostos, em majo< ração constante. Vimos que o Estado tem uma renda oscilante, de 8 m i l contos de réis, e que o Sul concorre, para esta receita (menor do que a dc muitos municípios da Republica) com m a n de 6 m i l contos de réis. Somos, assim, os mantenedores do Tezouro. Damos-lhe mais de dois terços da renda. Esta é a questão. No Sul as coletorias fazem lançamentos precisos; cobram exactamente; o povo é acostumado a cumprir o dever do t r i b u t o ; nada escapa. O preço das terras é alto no Sul — em Ponta Porã chega a doze m i l réis o hectare! 0 celebre imposto sobre criadores, na realidade, só onera o Sul. Vejamos o que f o i a aquisição das terras devolutas, por mais de 15 m i l sulistas. 0 requerente pagou o preço ao Estado e pagou, mais do que êle, muitas vezes, ao advogado, ao intermediário, em achegos e propinas em Cuiabá, em viagens e levou, ás mais das vezes, anos para obter o seu documento oficial. Isto carriou, do Sul, muitos milhares de contos de réis. Foi uma arma terrível da politica nortista. O funcionário, destacado por estas bandas, tinha um gesto ameaçador: ou vota, ou não obtém o titulo. E o pobre homem do Sul tremia ante o titulo, que já lhe custava os olhos. E ' conhecida no Sul a frase do Cel. Ponce: '"A politica do Sul é uma faca dc dois gumes, corta para onde nos convém". A politica de. Cuiabá agiu sempre contra o Sul. Reunidos, aqui ou a l i , os homens do Centro, sempre funcionários, aderentes de repartições, comissionados, ligados ao Tezouro em negócios, traziam o modus agendi: dividir, desprestigiar, derrubar os chefes locais; ameaça da policia, quando convinha, "sem gerar claras suspeitas", conforme o conselho do
Dr. Manoel M u r t i n h o . Os diretórios eram organisados em Cuiabá, os intendentes escolhidos em Cuiabá. O Dr. Mário Corrêa impoz u m intendente cuiabano a Campo Grande, com policia, com metralhadoras, numa luta civica inesquecivcl no Sul, e que f o i , para nós, uma clara denuncia dos propósitos da politica Nortista. Deputados estadoais, nunca os teve o Sul, de sua vontade; representantes federais, só cuiabanos. Algumas vezes a politica da Capital escolhe pessoas recém chegadas, pessoas de fora, desconhecidas, sem valor na região; erigem-nas em deputados, delegados, aulicos de chefetes, contando, assim, com pessoas dóceis a seus interesses, sem a pecha de serem, sempre, nortistas. São ás centenas os casos. O povo sulista cansou destas cousas. O homem politico do Centro é hostil aos homens, aos interesses políticos sulistas. Qualquer ação politica do Sul, qualquer organisação partidária, qualquer atitude contra a administração, é tida, em Cuiabá, como u m crime e vem logo, de lá, a ameaça. E' que o homem do Centro está aco.-tumado ao mando c não admite a ideia de concurrentes, de pensamentos de l i berdade. A possibilidade da mudança da Capital, as ideias de separação do Sul, são sentidas desde o governo Aquino, que surgiu da traição ao homem de bem, que f o i o General Caetano de Albuquerque, derramando-se sangue para gozo de exploradores políticos. Toda a ação governamental reduzse, desde então, a "empatar" a mudança, a obscurecer a separação. O Dr. Mário Corrêa esbanjou dinheiro em melhoramentos na velha cidade e forjou as dificuldades que v i r i a m : iniciou uma cidade, que deveria ser a futura Capital — Mariopolis — na Chapada, próximo a Cuiabá. Dinheiro inútil, esboroando-se as obras iniciadas.
— 26 O cuiabano, no seu estatismo económico, á sombra do Tezouro, defcnde-se engrolando historia, tradições, amor único a Mato Grosso, trapaceando, enganando a gente sulista, com palavrorios e promessas r i s í v e i s . . . O Sul quer salvar-se e quer fazer u m grande bem ao Brasil. A geografia, em que o General Rondon é mestre, está indicando, a todos nós, o caminho, como está dizendo ao cuiabano: somos 3 regiões imensas, desligadas; somos 3 povos; temos 3 destinos; damos 3 Estados. 0 Estado tem uma superfície de 1.475.000 quilómetros quadrados. Apresenta, hoje, 3 núcleos distanciados de população: — O Norte, ainda muito desconhecido, tendo re-" giões virgens, despovoado quasi por completo, surgindo o seu povoamento ás margens do Madeira Mamoré, ha poucos anos, com duas cidades e dois ou tres pequenos povoados, não havendo mais de 25 m i l almas; o Centro, iniciado ha mais de dois séculos, sem comunicação com o Norte e a mais de m i l quilómetros do Sul, com o qual se comunica pela navegação difícil do r i o Cuiabá. O Norte é feito pelos nordestinos, tem uma mentalidade extranha ao velho Mato Grosso. A natureza daquela região, dá ao seu povo outro destino. Vive, por enquanto, de industrias extrativas. Está mais longe de Cuiabá, que de Londres. Si o homem do Madeira quizesse ver a sua Capital, viajaria mais dc 40 dias, por Belém, Rio, São Paulo, ou por Buenos Ayres, perdendo tempo e gastando contos de réis. Na realidade, Mato Grosso não tem ação nenhuma no Norte imenso e deserto. Tudo a l i é diverso do Centro, d i versíssimo do Sul. Com uma extensão Norte Sul de 1700 quilómetros, Mato Grosso ocupa uma área onde se acham todos os climas do Brasil. As tres populações estão em ambientes diversos, têm riquezas naturais diferentes, vivem de industrias, agricul-
tura, comercio, meios de transportes dissemelhantes, segue, cada uma, rumo próprio. Entre o Sul e o Norte ha a diversidade, que se pôde notar entre o Paraná e o Nordeste. Daí, a fixação de extrangeiros, no planalto de Maracajú, a sua perfeita adaptabilidade, traduzida na saúde e bem estar. Matisam-lhe as culturas, frutos, arvores, cereais dos climas frios, como proliferam, sem quebra, os gados mais finos. Estas condições naturais não impõem destinos diversos aos tres povos Matogrossenses? Considerem, os dirigentes da Republica, a inutilidade económica, que é Mato Grosso hoje. As tres regiões não têm circulação. O Pantanal deserto, separou o Centro do Sul; assunto estudado por u m dos ex-presidentes, o D r . Toledo, cm 1930, a ponto de pensar em suspender a precária navegação do r i o Cuiabá. Nada, absolutamente, exporta o Centro para o Sul. Nem um quilo. Vende nos mercados sulistas dois artigos — licor de p i q u i e redes finas. O que não será u m comercio de . . . . 30:000$000 por ano. E ' uma verdade núa. O trafego de passageiros entre o Sul e Cuiabá, é nenhum. U m negócio, em Mato Grosso, para u m paulista, u m mineiro ou um extrangeiro, é um negócio no Sul. Foi criada uma carreira-dc hidro-aviões de Campo Grande a Cuiabá, pela "Condor", o que custa ao Estado algumas centenas de contos por ano. Neles viajam, gratuitamente, políticos, compadres do Governo. A melhoria consistiu em levar mais rapidamente o serviço postal a Cuiabá. Uma i l u são dispendiosa. Não modificou a politica em que vivíamos; não evitou a diminuição das rendas; o a b a n d o n o de tudo. No cansado Governo destes dias, arrecada-se mal e gasta-se peior. Parece, mesmo, que o Tezouro não tem pago ao sindicato. O povo do Sul vive, assim, coberto de razões. Razões fortíssimas para não querer mais estar sujeito ao Centro Norte.
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Nascidos os tres núcleos de população em épocas diversas, oriundos de troncos brasileiros diferentes, impulsionado, cada u m , por objetivos próprios, o resultado seria que cada um tivesse, como tem, a sua mentalidade própria. Daí, o cuiabano amarrado ao seu meio, longe de tudo, tendo, nas suas mãos, a maquina da governança, que usa tão m a l ; apegado ao seu passado, ás suas tradições, com a ideia anacrónica, errada, nociva, perigosa, de que Mato Grosso é seu; de que só ele pode pensar em cousas do Estado; de que só ele sabe amar a terra. Essa mentalidade curiosa choca-se com o espirito do povo sulista, amante da liberdade, aberto a todas as iniciativas, desinteressados dos cargos públicos, cumpridor dos deveres cívicos, tendo, varias vezes, chegado á luta armada. Uma capital é uma espécie de cérebro do Estado. A nossa é o estômago. Não é conhecida do Sul, salvo por algumas pessoas que tiveram negócios dc terras, algum advogado excavando autos, alguns raros políticos, professores de mentalidade tacanha, falando mal da terra em que vivem, extranhos, advenas em seu próprio Estado. A sua imprensa, não a lemos. As ideias dos seus homens, não nos chegam. Educamo-nos em Minas, São Paulo e Rio de Janeiro. A nossa mocidade tem esse espirito de brasilidade, gerado ao contacto imediato dos maiores centros intelctuais do Paiz. Andamos cm dia com as novas ideias. A nossa Politica é económica, a nossa finalidade é trabalhar e progredir. O Centro está ainda cm pleno romantismo. Os moços inteligentes fazem versos. Todos praticam a politica partidária, de campanário, do interesse, do cargo publico. Em industria, comercio, agricultura, transporte — quasi u m século para traz. Precisa-sc um exemplo? — 0 Paiz prepara-se para a revolução, uma onda de liberalismo abala a America do Sul. E m Cuiabá não se sente isto. A revolução brasileira processa-se com o alheiamento natural
da sua gente. Nas eleições, 125 m i l habitantes da zona Central, dão, na Capital, onze votos á Alliança Liberal. 0 Sul transforma-se, e a Revolução encontra completo apoio. Tem, de fato, maioria em todas as cidades, não tendo significação o que fica com o governo perrepista Aníbal dc Toledo. A ' sombra do Tezouro fica todo mundo no Centro. No dia em que aporta a Cuiabá, o primeiro interventor, a massa traveste-se de Liberal, revolucionaria autentica, e, pela voz de 14 oradores, clama "morras" ao perrepisrao, "for a " a Anibal de Toledo, e outros gritos patrióticos... Razões morais para nos separarmos são inúmeras, razões materiais abundantes, fortes, ponderosas, legitimas. O Pantanal, acidente fisico, que nos afasta do Centro, é u m símbolo do abismo que medeia entre as duas populações. Agora mesmo, o povo do Sul sente o extravasamento do regionalismo do Centro, sem igual, pelos interiores do País. Ele cristalisou-se de tal modo no espirito dos Setentrionais, que um politico dali, quando anda, nos afazeres do seu cargo publico, pelas cidades sulistas, traz u m ar de extranho, u m aspecto de quem não aprecia a terra e desconfia dos homens. E' corrente e popular este juizo no Sul, mesmo entre os extrangeiros. 0 Sul não lhes antepõe o seu- regionalismo. E, se o tem, é um regionalismo sadio, necessário, causa de progresso, expansão de amor á terra. E j á o presidente Dr. Costa Marques dizia, cm mensagem, que o povo sulista tinha um entusiasmo transbordante pelas suas cidades, seus campos, seus rios, suas riquezas. Os extrangeiros, por aqui, são logo proprietários e tratam da naturalisação. Não acha o Snr. General Rondon, que este povo defende uma causa sagrada? A administração não traz incentivo para o progresso. Consome o dinheiro do Sul numa ficção dc serviços inúteis para os meridionais, que os políticos olham como indesejáveis.
— 30 — No ano de 1934, depois de 44 anos de administração l i vre, a obra do poder publico é nenhuma. Nada de u t i l , de produtivo, de durável. Estrada de ferro, navegação, algum auxilio á pecuária e á agricultura, — deve-se á União. No Sul, todo o património do Estado não chega a 400 contos de réis, não contando os restos das terras de Ponta Porã, virtualmente penhorados á Cia. Mate. Na bambochata, na "camouflage" de governo, gastaramse mais de 23 m i l coutos com o funcionalismo e outras cousas, importância que conslitue a divida ativa interna, que o , Estado não pôde pagar. Que responsabilidade tem o Sul nestes desmandos? O movimento divisionista, é, assim, lógico, urgente, para evitar a nossa ruina. Cuiabá não nos pôde d i r i g i r mais. O direito ampara a vontade sulista. A Revolução f o i que levantou a bandeira da reforma da divisão territorial. Desfraldamos a nossa, ao sói do planalto, tecida por velhos sulistas, desde 1900. Não a arriaremos. A Constituição de 1891 permite a divisão dos Estados brasileiros para formarem novos Estados ou ligarem-se a out r o s ! . . . Não conhece, o illustre cuiabano, toda a grande l i teratura da reforma territorial do Brasil, que vem desde a Monarquia? E os livros, planos, conselhos previdentes que vêm, aos milhares, depois dc 1930? O assunto condiz com a questão da unidade Patria. Tornando mais pratico o seu pensamento, o Governo Provisório amparou a grande comissão de técnicos, que fez o estudo da questão, no Instituto Histórico. E, daí, surgiu u m capitulo de projecto da Constituição, que prescreve a reforma dos Territórios dos atuais Estados. E ' u m postulado de direito Constitucional. E' crime discuti-lo?
— 31 — Pois bem, veja o Snr. General: A autoridade de Cuiabá levantou-se contra a campanha, que faz o Sul, pela sua autonomia, instigou os funcionários cuiabanos, que vivem aqui irmanados comnosco; mandou censurar jornais; p r o i b i u ás tipografias dc fazerem quaisquer obras a respeito; ordenou violências policiais; despachou funcionários, á custa do Tezouro em mendicância, para evitar a propaganda e aterrorisar camponeses. Inventou uma historia de Mato Grosso unido, quando deveria ser, POLÍTICOS DO CENTRO UNIDOS, com que busca i l u d i r , pelas fazendas, a nossa gente. Tem sentido, porém, a repulsa da gente sulista. Só alguns indivíduos, sem acento na nossa vida, desligados dos nossos problemas, explorando, sem capacidade, o empreguinho publico, prestam-lhe ouvido, por venalidade. Os seus telegramas, para fazerem crer, no Rio, que a campanha divisionista não tem valor, são assinados por funcionários, que concordam á força, por pessoas desconhecidas e ingénuas, ou por creanças das escolas dirigidas por preceptores do Centro. A generalidade vem trazendo o seu apoio natural, já havendo a subscripção subido a milhares de pessoas, pedindo a autonomia, urgente, de Maracajú. E a campanha está no seu i n i c i o . . . Por outro lado, no Rio, o chefe de policia, Snr. Capitão Felinto Muller, que é, também, chefe da politica de Cuiabá, ordena á imprensa nada publicar sobre o importante movimento sulista, o que está em cruel antagonismo com o pensamento do Governo Provisório e com o projéto da Constituição; combate, aquele autentico revolucionário, u m alto principio da Revolução vitoriosa. s Mas continuamos certos da vitoria. Mas a campanha é irreprimível. Nada de ódios aos irmãos cuiabanos. Queremos que eles progridam tanto quanto nós, que utilisem as suas extraordinárias riquesas naturais e engrandeçam o Brasil.
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Não é só Campo Grande o revoltado, a que aludiu o General, falando a outro j o r n a l . E ' todo o Sul. E revoltado para não ser vencido, pois não se vence quem tem o direito, a razão, a lógica a seu lado; quem se apresenta servindo melhor a Patria. Criar o Território de Maracajú é prestar grandioso serviço ao Brasil. O General o sabe bem. Reprima o seu tradicionalismo e diga-nos se tudo isto não é a expressão crua, esmagadora, da nossa realidade. E' u m grave erro politico pretender-se manietar u m povo, contrariar a sua feição local, abafar o seu sentimento de justa liberdade, jungir, á força, uma população á outra, com outros destinos, perdidos n u m território imenso, deserto, que está pedindo tres administrações.
sé, Santo Angelis, S. Pedro e S. Paulo, no r i o Pardo. Todo o planalto do Amambaí era ainda, até a guerra, namorado pelos paraguaios. Goiaz, ainda hoje, arroga-se direito sobre metade do Sul, de Santana ao Rio Pardo. Esta pretensão tem dado dôr de cabeça ao Governo Cuiabano. Xinguem trabalhou mais contra Goiaz do que o General Rondon, e o Governo Aquino fez, em 1919, um plebiscito na região de Santana do Paranaíba, para provar «pie os habitantes dali queriam ser matogrossenses e não goianos. A histórica jurisdição de Mato Grosso sobre o Sul é bem precária, exercida in nomine; o seu uti possidetis é mais fraco que o dos serradores, que transportam as suas madeiras, entregando-as ás correntes dos r i o s . . . Nenhuma outra parte de qualquer Estado brasileiro f o i descoberta, explorada, povoada, civilisada, enriquecida, sem
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conhecimento, participação, auxilio, incentivo, proteção dos
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governos, como Maracajú. E' uma obra da sua gente.
A I D E I A D A DIVISÃO DO ESTADO E '
VELHA,
A B A N D E I R A DO T E R R I T Ó R I O ESTA' E R G U I D A E M CADA L A R . A divisão é uma ideia velha. Surgiu da observação do povo, ante o abandono do Sul, que, em 1890, „C contava u m delegado de policia e um juiz, na vila de Miranda. O Sul vivia sem lei c sem r e i . Si não fossem os destacamentos Federais não se sabia se era B r a s i l . . . Antes de se buscar Minas e São Paulo, comerciava-se com o Paraguai, e eram a libra e o peso o dinheiro corrente. Os atuais descendentes dos primeiros invasores ocuparam terras virgens, que os espanhóes abandonaram ante a batida paulista, dois séculos antes, arrazando os "pueblos" espanhóes de S. Ignacio de Xerez, no r i o Aquidauana; S. Jo-
Nada deve ao Centro-Norte, aos governos pobres que temo» tido. Muitos oficiais do exercito, andando pelas terras sulistas, aventavam a ideia dum-novo Estado. Cada revolução, no Sul, acabava numa sementeira separatista. No velho quartel dc Infanteria de Nioac, onde viviam oficiais gaúchos, sempre se conversou a respeito e, quando o pre.-idente Manoel Murtinho, que tanto trabalhou contra o Sul, aventurouse chegar a Nioac, surgiram versalhadas, de critica, cm que se pregava a divisão do Sul, por não ter Governo. Republicano de escol, Barros Cas-al aconselhava aos antigos posseiros, ás populações disseminadas, trabalharem peia organisação de um Estado na parte meridional. •Mal tratados c mal vistos por politicos do Centro, os riograndenses, mais tarde, nas invasões de Bento Xavier, sem tatica, sem utilidade, trazem a ideia nas pontas dc suas Ian-
A- suas obras, em quarenta
— 34 — ças. O faro chegava aos meios politicos da Capital, em 908, 909, quando o então deputado D r . João da Costa Marques, apresenta u m projéto á Assembléa Estadual, permitindo a formação de grandes latifúndios, por meio de venda das terras a poderosos Sindicatos, por preço minimo, P A R A E V I T A R O P O V O A M E N T O DO SUL, O QUE SERIA, F U TURAMENTE, U M GRANDE M A L AO NORTE. O Governo Pedro Celestino repeliu a ideia, forçando a retirada do projéto, e, daí, as lutas entre Marques e Correas, no próximo Governo Costa Marques. E, á medida que o Sul se povoou, progrediu, distanciando-se do Centro, cresceu a ideia divisionista. Os moços, que se foram educando, cimentaram a ideia; as populações dos campos recolheram os restos das lanças e farrapos da bandeira de Jango Mascarenhas, que* encarna a alma sulista, e que morreu abraçado ao ideal da divisão. Os Governos de Cuiabá, formando juizo erróneo e i n ferior do Sul, procederam como a avestruz, — ocultaram a cabeça para não v e r . . . Encheram o Sul de funcionários cuiabanos, afastaram os sulistas das funções publicas, pertinazmente. Quizcram proceder como os inglezes, na índia. Hoje, a divisão é u m estado dc alma do povo sulista. Os cuiabanos e filhos de outros Estados, que fizeram o Sul, consideram-na objetivo vital, irreprimível motivo da sua atividade, de grande sentido brasileiro, que o governo da Republica é obrigado referendar, por se tratar dum movimento coletivo, visando uma reforma sábia e utilíssima á Republica. Ante a realidade sulista de hoje, nada exprimem a oposição, os manifestos, os apelos, que fazem no Rio de Janeiro, velhos politicos do Centro, desfrutando a vida de aposentados, nem o que dizem militares reformados, invocando a historia, tradições, encantos, primores do berço natal que mal conhecem; muitos deles vivem e subiram á
anos de autonomia, a u m Prande, Março de 1934. Campo Granut, r ) Antonio Rondon Aniceto Rondon Sebastião L i m a Candido L i m a Pereira MarUn* Juvenal Corrêa Fi ho Augusto Mascarenhas Nestor Muzzi a
l s r a c l
Raul Muzzi M V P H Correa Estevam Alves y A l t i v o Martins Major Leonel Velasco Lcvino Garcia Leal Braulino Garcia E m i l i o Barbosa