Filó Sofia Devida Nunca pude entender muito bem o porquê da morte afetar tanto as pessoas... No caso do evento súbito de uma morte trágica e inesperada ou mesmo de uma morte em conseqüência de doença degenerativa progressivamente lenta e gradual eu até que sempre concordei, afinal, no primeiro caso a dor da perda, fugindo da ordem natural e cronológica do evento morte, realmente atinge profundamente os sobreviventes e o motivo principal é a surpresa, enquanto que no segundo caso, a dor se prolonga um pouco mais por ser agravada pelo sofrimento que atravessa a vida do ser querido e que acaba sendo comunicado também àqueles que com ele convivem. Isso quer dizer que não se deve sofrer pela morte de alguém que de alguma forma amamos? Não é essa a idéia, em absoluto!!! O que eu sempre achei é que as pessoas não deveriam ficar tão abaladas como em geral ficam. O que eu sempre achei é que as pessoas que ficavam descontroladas com a morte de alguém pareciam viver fora da realidade ou julgavam viver em um conto de fadas onde o “viveram felizes para sempre” era literalmente para sempre e que nunca lhes ocorrera que a morte chega para todos. Esse foi, talvez, o principal motivo que me levou a uma aproximação inicial com o Budismo, uma vez que acreditamos que desde o nosso nascer já começamos a morrer e que não há como ignorar isso, pois o morrer, embora isso possa, talvez, para alguns, parecer uma idéia paradoxal, faz parte da vida de todo ser vivo – enquanto estamos vivos, caminhamos inexoravelmente em direção à morte.