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GREENFIELD, P. M. 0 desenvolvimento do raciocínio na era da eletr8nica: os efeitos da TV computadores e videogames. São Paulo: Summus, 1988. MONACO, J. How to read afilm: the art, technology, language, history and theory of film and media. Oxford: Oxford University, 2000. . NORONHA, J. No tempo da manivela. Rio de Janeiro: Ernbrafi~~e-Ebal-Kinart, 1987 · PIGNATARl, o. Signagem da televisão. 3. ed. São Paulo: Brastliense, 198~. . . PROPP, v. Morfologia do conto maravilhoso. Rio de Janeiro: Forense Uruversttána, 1984.
Sobre o autor Vicente Gosciola é mestre em ciências da comunicação yela Unive_rsidade_de São Paulo (USP) doutor em comunicação pela Pontifícia Universidade Católica de ~ao ~aulo (PUC-SP). professor permanente do programa_ de pós-g~aduação em comum~a_ça~ da Universidade Anhembi Morumbi. Autor do l1vro Rote1ro para as novas m1d1as. do cinema às mídias interativas (2. ed. rev. e ampl. Senac. 20~8). Atua_como doc~nt~ e pesquisador nas áreas de alternate reality ga~e- ARG, cmema, C1~ema_bras1_1~1ro, comunicação e educação, computação pe~as1va: ~ultura cola~ora~1va. d1spo:l.t1vos móveis, edição não-linear digital. game .. h1p~rm1d1~, tecnolog_m c1~em~tograf1ca e audiovisual. mídias colaborativas. narrat1va mterat1va. narrat1va ~a~-hnear, n?~as mídias novas tecnologias, roteiro e narrativa em cinema e audiOVIsual e m1d1as interativas. tecnologia e estilo fílmico. TV digital interativa, vídeo. Web TV.
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Podcast educacional: do roteiro à divulgação Pollyana Notargiacomo Mustaro
A popularização de dispositivos móveis como celulares, PDAs (ou handhelds -assistentes pessoais digitais) e notebooks e as possibilidades de acesso à Internet por redes sem fio permitíramo transporte e a utilização de arquivos dos mais variados tipos, dentre os quais se destacam os de música no formato MP3. Esse desenvolvimento tecnológico é amplamente utilizado por estudantes. Inclusive, a TIC Domicílios e Usuários 2008 1 indica que 72% da população possui telefone celular, sendo 76% na área urbana e 52% na área rural. Esses números só são superados pelos percentuais referentes à posse de rádio (22 colocado, com 87%) e televisão (1 2 colocado, com 98%). Outro dado a ser destacado nessa pesquisa é que, na faixa etária dos 16 aos 24 anos, o índice de entrevistados que navegaram na Internet nos últimos três meses é de 61%. Esse dado é complementado pelo grau de instrução, sendo que a porcentagem para o ensino médio é de 53% e para o ensino superior, de 83%. Quanto às atividades realizadas com o telefone celular, a pesquisa indicou um crescimento do acesso a músicas e/ou vídeos da ordem de 13%, passando de 11 % em 2007 para 24% em 2008, resultado influenciado pela faixa etária, ou seja, pelo uso por jovens. A partir desses indicadores, que refletem um crescimento do uso de dispositivos móveis para acessar mídias audiovisuais por parte de estudantes do ensino médio, e das pesquisas voltadas para a caracterização da geração que cresceu cercada por tecnologias/ podem-se instituir ambientes interativos para o desenvolvimento e a manipulação de mídias de forma crítica e dinâmica. A complementação desses indicadores envolve a discussão sobre questões legais pertinentes às tecnologias de informação e comunicação (TICs) e à instituição de atividades voltadas para habilidades linguísticas (escrita/oralidade) e de pesquisa,3 Uma opção que atende a esses requisitos é o podcast, que constitui um elemento complementar ao espaço educacio-
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nal presencial, virtual ou híbrido, ao instituir uma dinâmica de aprendizagem diferenciada e colaborar em processos de memorização e/ou revisão de tópicos abordados nas aulas. Para o planejamento e a implementação desse recurso de aprendizagem digital, é necessário atentar para as dimensões pedagógica, social, gerencial e técnica. 4 A primeira está relacionada ao uso de ferramentas tecnológicas como elementos facilitadores do processo de aprendizagem. A segunda envolve a interação entre os participantes do curso. A terceira trata da organização do cronograma de atividades e do estabelecimento de estratégias para uma participação efetiva dos discentes em fóruns de discussão e sala de bate-papo, por exemplo. A quarta abarca a questão técnica, no que se refere à transparência da relação entre hardware-software-interface. Com base nesse cenário, este capítulo apresenta uma contextualização histórica e tecnológica do podcast como veículo de comunicação, bem como propõe uma metodologia, juntamente com diretrizes práticas, para o desenvolvimento de podcasts educacionais. Essa metodologia considera o uso isolado dessa tecnologia e/ou sua associação a outras ferramentas digitais no âmbito educacional e possui duas abordagens distintas, estabelecidas a partir de quem assume o papel de produtor: o professor ou o aluno. Isso envolve não só a definição de conceitos como o de estruturação de etapas de desenvolvimento e disponibilização, que implicam a definição de estratégias pedagógicas, a elaboração de roteiros de áudio, a definição dos recursos tecnológicos envolvidos, bem como a obtenção de programas gratuitos para a produção de podcasts e os mecanismos de uso dessas ferramentas. Ao final do capítulo são apresentadas ainda referências bibliográficas pertinentes, links comentados, uma estrutura de elementos para o processo de pré-produção, produção e pós-produção, bem como um glossário de termos técnicos.
Panorama histórico e estrutura de funcionamento A palavra podcast surgiu da junção das palavras iPod (reprodutor de MP3 daApple) e broadcast (transmissão em larga escala) e constitui um programa
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de áudio digital. Cada arquivo sonoro é denominado episódio. O programa é disponibilizado na Web por meio de formatos de arquivo compactados (MP3, MP4 e OGG) e pode ser transferido automaticamente para um computador ou dispositivo móvel por meio da assinatura de um arquivo de informação (RSS Feed). Isso só se tornou possível devido ao trabalho conjunto do desenvolvedor de mídia interativa e VJ da MTV, Adam Curry, e do programador Dave Winer, criador do RSS (Really Simple Syndication - Distribuição Realmente Simples). Esse encontro, realizado em 2000, resultou em uma parceria de trabalho para permitir que esse tipo de especificação pudesse ser utilizado para áudio e vídeo. Para compreender melhor o mecanismo de funcionamento do podcast, é necessário analisar seus três elementos constitutivos: o arquivo de áudio, em geral no formato MP3, o RSS Feed correspondente e o agregador de conteúdos. O RSS Feed constitui um serviço de indexação de informações (apresentação simplificada do conteúdo) que permite a assinatura para a obtenção automática de atualizações de um website ou blog. Esse elemento baseia-se em um código de texto XMV que possui informações do podcast relacionadas ao último documento de áudio adicionado à lista, título, descrição, tamanho, tipo de arquivo e localização, o que permite sua transferência. Esta é realizada pelo programa agregador de conteúdo (RSS aggregator, também denominado podcatcher ou podcast client) que, ao receber a notificação de que houve alguma modificação e a localização do arquivo, faz a transferência automática para o computador. 6 A explicação prática desse processo pode ser exemplificada pela seguinte situação-metáfora. Se um consumidor vai a determinada loja e não encontra o produto desej ado, ele tem as seguintes opções: retomar à loja outras vezes até encontrar, procurar em outras lojas, solicitar que seja avisado quando o item em questão estiver disponível ou ainda que o aviso de disponibilidade implique a entrega automática na residência do consumidor sempre que uma nova remessa do produto chegar à loja. Nesta última alternativa, o consumidor representaria o ouvinte-usuário de podcast, o RSS Feed correspenderia à notificação de que o produto está disponível na loja, o agregador
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de conteúdo seria o programa responsável pela transferência do arquivo e a residência do consumidor corresponderia ao computador. Dentre as vantagens dessa arquitetura, destacam-se: a possibilidade de controle das inscrições realizadas, bem corno a facilidade de cancelamento do podcast a qualquer momento; a portabilidade dos arquivos no formato MP3, que podem ser transferidos para dispositivos móveis corno tocadores de MP3 e ouvidos em qualquer horário e local; ainda, cabe ressaltar que os podcasts estão sempre disponíveis, o que não requer nenhum agendamento. 7 Essa caracterização permite diferenciar podcasts de audioblogs e de rádios on-line. Os audioblogs constituem arquivos de áudio que podem ser ouvidos a partir do acesso à página em que se encontram disponibilizados na Internet. Contudo, os podcasts se distinguem dos audioblogs por possuírem uma proposta de periodicidade estabelecida e também por permitirem a transferência automática de arquivos recentes por meio de um agregador de conteúdos. Já as produções de rádio on-line são, em sua maioria, síncronas e possuem pauta e horário predefinidos. Inclusive, os podcasts também podem ser enriquecidos e/ou complementados por imagens, vídeos, sugestão de websites que apresentem material educacional pertinente ou mesmo ser combinados com outras ferramentas, como blog e Twitter. Da mesma forma, os podcasts têm sido produzidos e veiculados nas mais diversas áreas, como jornalismo, entretenimento, marketing, turismo e educação.
Podcasts educacionais O trabalho com podcasts pode ser aplicado ou facilitar abordagens interdisciplinares, já que envolve questões vinculadas à língua portuguesa, comunicação etc. Neste sentido, o uso de podcast em propostas educacionais pode contribuir para o engajarn~nto e a reflexão do aluno, para o desenvolvimento/aperfeiçoamento de habilidades relacionadas à comunicação (no que se refere às expressões escrita e oral), à resolução de problemas~ à gestão do tempo, como elemento de reforço ou de suporte e recapitulação dos temas ou argumentos mais relevantes às aulas e como estímulo inicial para atividades de exploração, discussão e sistematização, sejam estas presenciais
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ou virtuais. Finalmente, é relevante ainda destacar que o uso isolado de -_podcasts e vodcasts ou sua combinação com outros elementos, como blogs, imagens etc. (denominados podcasts enriquecidos), dependerá da proposta didática estabelecida. É necessário ainda destacar a questio de que podcasts oferecem a possibilidade de aprender em um tempo próprio, ou seja, permitem que seja respeitado o ritmo individual de aprendizagem dos estudantes. Dentre as inúmeras possibilidades de utilização de podcasts em educação, destacam-se: aprendizagem de língua estrangeira, noticiário histórico (narração de um fato relevante da história sob o ponto de vista da época), radionovela, guia turístico com curiosidades e elementos históricos, apresentação de personalidades históricas, narração de fatos relacionados a disciplinas curriculares e detalhamento oral de conteúdos para portadores de deficiência visual. Para ilustrar essas possibilidades, são apresentados, a seguir, alguns exemplos de podcasts educacionais. O História's Podcast8 pautava-se na criação, pelos alunos do 9º ano (organizados em duplas de trabalho), de um conjunto de episódios sobre a Primeira Guerra Mundial que envolviam o contexto que antecedia a guerra, a guerra em si, os armamentos empregados, a forma de dispersão, a participação de Portugal no conflito, a vitória, o processo para a paz e as consequências. Os episódios do História's Podcast foram elaborados em duplas (inclusive com áudio de ambos os integrantes) e complementados com imagens (postadas em um blog). A avaliação envolveu a veracidade histórica dos fatos apresentados, o cumprimento do objetivo em relação à exposição do tema, a capacidade de realização do episódio no tempo determinado. Os estudantes julgaram a atividade desafiadora e motivadora e afirmaram preferir ouvir os podcasts a ler um livro a respeito do tema, pois para eles ouvir a explicação apresentada por outros colegas era mais significativo. Já o Projeto PodEscola9 envolvia o processo de desenvolvimento de podcasts para a esfera educacional, estratégias de utilização e mecanismos para sua implantação na educação pú blica. Entre os objetivos dessa iniciativa destacavam-se a produção de podcasts sobre temas determinados e de uma radionovela por alunos de escolas públicas; a explicação oral de conteúdos, voltada para deficientes visuais ou estudantes com di-
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ficuldades específicas de aprendizagem; o desenvolvimento de um mapa da cidade acompanhado de podcasts para narração de atrações turísticas e curiosidades históricas; trabalhos envolvendo e lementos textuais e linguísticos (como traduções de músicas, leitura de poesias etc.) e produção de curiosidades relacionadas às disciplinas estudadas na grade curricular. Com isso, os discentes tiveram a oportunidade de vivenciar e desempenhar tarefas vinculadas a profissões relacionadas ao jornalismo, à publicidade, à música e à comunicação. Da mesma forma, as conclusões desse projeto destacam as possibilidades de criação colaborativa e ente ndimento de questões relacionadas a direitos autorais envolvidos na produção desse tipo de elemento sonoro. Outro projeto brasileiro a ser destacado é o Projeto Sintonize-se!, 10 realizado em uma escola do Paraná em que estudantes do ensino médio, inicialmente nas férias, utilizaram, em um primeiro momento, tecnologias de informação e comunicação (TICs) como usuários (além de discutir questões relacionadas a direitos autorais e morais) e, em um segundo momento, tornaram-se produtores de podcasts. Esse trabalho pautou-se em uma proposta de integração entre professores e alunos para a realização de pesquisas e a produção de podcasts relacionados a projetos interdisciplinares, usando os TICs como suporte. Da mesma forma, pretendia-se ainda discutir as produções elaboradas e realizar sua divulgação na comunidade escolar, destacando a relevância do projeto para os estudantes. A partir desses exemplos, é possível perceber a necessidade de instituir uma estrutura para a produção de podcasts que atenda aos interesses e fins educacionais. Neste sentido, pode-se trabalhar com roteirização.
Considerações sobre a produção de roteiros para mídias digitais O processo de produção 11 envolve três etapas: pré-produção, produção e pós-produção. A, pré-produção-engloba atividades relacionadas à concepção, sinopse, levantamento de requisitos técnicos, construção de um pré-roteiro e definição dos papéis que serão desempenhados pelos envolvidos (sejam alunos ou professores). NatÊse de produção são determinadas as ferramentas tecnológicas e locações pertinentes e realizadas as gravações.
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Finalmente, na 'pós-produção, o material é editado para se construir o produto final, que é disponibilizado (em um website ou blog) e divulgado. , Tendo em vista que a elaboração de roteiros para mídias digitais deve considerar as especificidades do recurso, a proposta pode ser situada a partir de elementos que indiquem precisamente a estrutura e o formato do episódio, as falas e os locutores e as músicas e os efeitos sonoros (se forem pertinentes). Da mesma forma, é necessário atentar para a precisão da mensagem, para facilitar a compreensão da audiência, o que requer conhecimento prévio do público-alvo ao qual ela se destina, e ~vitar o uso de gírias, construções de frases malfeitas e incorreções em relação ao idioma. Finalmente, o roteiro deve ser escrito de form a a dar a impressão de que o locutor está falando para uma ou duas pessoas diretamente, o que proporciona naturalidade ao texto e contribui para chamar a atenção do ouvinte e levá-lo a sentir e visualizar a mensagem. 12 Isso permite a imersão no contexto do episódio e depende do uso preciso de palavras e de recursos sonoros. Neste sentido, as frases precisam ser claras, simples, diretas e curtas, de maneira a serem compreendidas primeira vez em que são ouvidas. Por isso, se forem usados números, eles devem ser inteiros e, se necessário, devem ser arredondados. Os elementos que complementam o áudio (como música.l efeitos sonoros e som ambiente da locação em que está sendo gravado o episódio), bem com? o_tom de voz do locutor ou do elenco envolvido na produção, podem indicar o estado de espírito (alegria ou tristeza), período histórico, dimensão espacial do local de gravação etc. Por isso, devem ser planejados cuidadosamente, já que podem tornar-se componentes que facilitam a memorização do conteúdo ou mesmo indicadores, para chamar a atenção em especial para determinada parte da mensagem. Para isso, é preciso, durante a elaboração do roteiro, refletir sobre como um som poderia destacar ou fornecer suporte para determinada ação ou mensagem e selecionar as opções que poderiam ser utilizadas. Estas são efetivamente testadas durante o processo de produção e analisadas na pós-produção, quando é possível verificar se o significado atribuído pelo elemento sonoro é o previsto na proposta. 13 Se o episódio envolver quadros ou blocos, é possível separá-los por meio de trechos informacionais, com 15 segundos a 5 minutos, denominados ~pots ou spots comerciais. Esses spots podem ser trabalhados para
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anúncios institucionais ou de serviços públicos (relacionados ao cotidiano escolar, por exemplo, com duração aproximada de até um minuto), para promoção de outros programas (denominados promos, cujo tempo de duração varia em torno de 15 a 30 segundos) e para veiculação de propagandas comerciais de produtos ou serviços (com até 5 minutos). Essas propostas podem ser trabalhadas com os alunos a partir da questão danecessidade de conhecer como convencer a audiência, seja para a compra de um produto qualquer ou para a participação em determinada campanha, ou até mesmo em relação a um conceito, seja filosófico ou não. Para isso, é necessário conhecer as técnicas específicas de redação para suscitar a compaixão, a empatia ou o medo dos ouvintes, de forma a permitir a compreensão da legitimidade e urgência da solicitação, já que, muitas vezes, ela envolve doação monetária, de objetos ou mesmo de voluntariado não remunerado. Já no caso dos anúncios promocionais, eles devem fazer a audiência julgar essencialmente o que oferecem. Contudo, como os podcasts não constituem uma programação de rádio nos moldes tradicionais de horário e duração, mas sim uma ressignificação e atualização desta, é necessário adaptar a inserção do comercial nesse contexto, atentando para sua fu ncionalidade. 14 Uma modalidade possível de episódio é o noticiário, que consiste na apresentação (no tempo presente) de informações de interesse do público em geral. A adaptação da estrutura da notícia eletrônica para propostas de episódios de podcast envolve o destaque de um fato ou a introdução de uma história 15 para, em seguida, informar a causa do evento e as circunstâncias envolvidas e, finalmente, contextualizar a história e expressar alguma opinião. Também existe a possibilidade de criar episódios pautados em entrevistas, o que envolve várias etapas. A primeira é a pesquisa sobre a pessoa que será entrevistada e/ou sobre o assunto em pauta, bem como seus desdobramentos. Em seguida, deve-se checar a precisão/correção dos elementos envolvidos (nomes, títulos etc.). A partir dessa contextuali zação, é possível começar a elaboração de questões. Durante esse processo, é necessário atentar para o fato de que as perguntas devem fazer que o entrevistado explique sua resposta, em vez de somente concordar ou discordar (sim ou não) daquilo que foi questionado, o que possibilita expor ideias, conceitos e
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posicionamentos. Também é importante ter em mente que a lista de questionamentos redigida previamente constitui um roteiro e que perguntas podem ser acrescentadas ou suprimidas, de acordo com as respostas dos entrevistados e com o tempo previsto para a duração do episódio. A proposta de formato de entrevista ou de debate possibilita a apresentação do ponto de vista de um ou mais especialistas e pode constituir uma fonte de conhecimentos de valor agregado. Da mesma forma, é necessário atentar para a explicitação, junto aos especialistas convidados, dos objetivos e do tempo disponível para as respostas. Finalmente. ainda podem ser realizados episódios e construídos podcasts a partir de biografia e docudramas. O docudrama constitui uma espécie de documentário que agrega elementos dramáticos. Ele pode apresentar dois formatos: dramatização de evento histórico real, com uso de atores que assumem o papel de pessoas reais, ou inserção de uma ou mais pessoas (assumindo um caráter biográfico) em eventos, para mostrar como poderia ter sido determinado acontecimento ou fato.
Roteiro para a produção de podcasts educacionais O roteiro para a produção de episódios de podcast é um documento que inclui instruções detalhadas sobre como será trabalhado um tema, bem como especificações técnicas pertin~ntes a elementos sonoros. A estruturação de um roteiro didático de podcast pode ser pautada no seguinte esquema: 16 1. Motivação inicial para chamar a atenção do ouvinte. 2. Apresentação dos objetivos, bem como de estímulos que possibilitem recuperar conhecimentos prévios relacionados. 3. Exposição de informações e elementos de forma encadeada para propiciar a aprendizagem. 4. Síntese dos conhecimentos trabalhados e contextualização de outras áreas de aplicação. ·~
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O roteiro didático e a produção de podcasts podem ser elaborados por grupos de alunos e constituir uma atividade que propicia o envolvimento dos quatro pilares fundamentais da aprendizagemY compreensão (aprender a conhecer), ação (aprender a fazer), cooperação (aprender a viver juntos)
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e realização pessoal (aprender a ser). Neste sentido, compreender envolve desde o estudo do conteúdo que será trabalhado no podcast até as questões pertinentes às etapas para sua elaboração. A partir disso, o grupo poderá se envolver na atividade prática de desenvolvimento do podcast. Essas duas fases estão relacionadas à convivência e cooperação. Finalmente, o resultado da experiência, além da aprendizagem, é a satisfação individual pelo produto obtido. Com base na proposta de podcast aqui detalhada, pode-se não só propiciar aos alunos a oportunidade de aprender a viver juntos, como trabalhar questões pertinentes a aprender a conhecer (vinculadas ao planejamento da produção do podcast), a aprender a fazer (relacionadas à produção e disponibilização do podcast) e, finalmente, a aprender a ser (já que os alunos adquirem diferentes conhecimentos, além dos relacionados aos conteúdos formais, e mesmo desenvolvem habilidades pertinentes à roteirização, produção, edição e publicação de áudio no formato digital, o que contribui para sua realização pessoal). A combinação desses elementos resulta em uma práxis educativa diferenciada. Qdesenvolvimentodopodcastpodepautar-seemcincoetapasdistintas: 18 levantamento inicial, pré-produção, produção, disponibilização, avalia_ção. A fase de levantamento inicial envolve a definição do tema do podcast, bem como a caracterização do público-alvo (faixa etária, nível de instrução, familiaridade com o tema) e dos objetivos educacionais. A partir disso, na pré-produção serão feitas as pesquisas necessárias, a definição do tipo de podcast (de sua duração e da periodicidade para instituir uma cultura de ouvinte), a elaboração de um pré-roteiro e o levantamento das tecnologias necessárias. Com base nesses elementos, pode-se então trabalhar na produção do podcast, que envolve a redação do roteiro, a seleção de elementos de áudio, gravação, edição e revisão do produto elaborado. Após a finalização do podcast, é necessário editá-lo e publicá-lo na Internet. Finalmente, a última etapa refere-se à avaliação do processo de produção e dos resultados educacionais obtidos. Neste sentido, a avaliação é um elemento transversal que perpassa todo o processo, desde a concepção até a análise do podcast como estratégia educativa e objeto de aprendizagem (OA).
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No que se refere à duração do episódio, para alguns autores ela deve ser inferior a 20 minutos, 19 tendo em vista a flexibilidade da solução educacional de suporte à aprendizagem, bem como o tempo médio de atenção, as restrições de tempo de professores e estudantes20 e as limitações de banda pertinentes à transferência de dados. Da mesma forma, também é possível segmentar o podcast em quadros/blocos, de modo a facilitar o trânsito entre diferentes temas, a recapitulação de itens específicos e o reforço de tópicos trabalhados. Essa estrutura possibilita ainda fazer uso de materiais compkmentares, como links, referências etc., com o intuito de propiciar uma experiência de aprendizagem mais profunda, pois permite que o estudante-ouvinte possa explorar elementos adicionais em outras mídias. Finalmente, pode-se recorrer à utilização de questionamentos e pausas propositais, para o estudante-ouvinte refletir sobre algum aspecto, e mesmo propor uma pergunta final para que ele se prepare para uma nova situação de aprendizagem, constituindo um meio para o desenvolvimento de habilidades relacionadas à reflexão crítica. Neste sentido, também se deve apresentar rapidamente o tópico do episódio seguinte do podcast, para manter a curiosidade, o interesse e a inscrição da audiência estudantil. Os podcasts podem ser combinados com outros recursos digitais para instituir dinâmicas de aprendizagem diferenciadas. Dentre as várias tecnologias existentes, destacam-se algumas combinações e exemplos de propostas: 1. Associação de um podcast a um blog para possibilitar aos estudantes-ouvintes interagir com os produtores e construir conhecimentos, atuando o professor como mediador. 2. Combinação de podcast ao Twitter21 para, por exemplo, propor desafios para a audiência de estudantes. 3. Adaptação da proposta de WebQuest para instituir um PodQuest.22 4. Vinculação de podcast a mapas mentais ou conceituais.23 5. Implementação de um portfólio no GoogleDocs,24 compartilhado com o professor ou mesmo com colegas que integrem um mesmo grupo, para possibilitar o acompanhamento e o fornecimento de informações sobre o desempenho estudantil. 6. Publicação em um ambiente virtual de aprendizagem (AVA) como objeto de aprendizagem.
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Com base na arquitetura proposta, também é possível estabelecer papéis para serem desempenhados por estudantes podcasters educacionais: • Produtor ou gerente de projeto - responsável pelo acompanhamento das etapas globais da produção, estabelecimento de metas, apresentando sugestões e determinando formas de avaliação do episódio produzido. • Designer gráfico - trabalha a questão gráfica do blog, por exemplo, e cuida dos elementos relacionados à identidade visual do podcast. • Roteirista ou redator - lidera vários escritores que trabalham na produção (se for o caso) ou é o responsável pelo roteiro e pelos textos presentes no blog ao website relacionado ao podcast. • Diretor ou responsável técnico - trata de questões que envolvem a parte tecnológica (inclusive a associação do podcast a outras ferramentas digitais) e a publicação do episódio. • Responsável pela parte sonora/sonoplasta - cuida das questões de adequação sonora, busca de áudio podsafe e produção de elementos sonoros para atender às especificidades do roteiro. • Elemento ou equipe de pesquisa - atenta para a busca das questões pertinentes ao tema do episódio e contexto do podcast como um todo.
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envolvidas na roteirização desse tipo de mídia. Cabe ressaltar que existem infinitas combinações e possibilidades de aplicação e desenvolvimento de podcasts em um contexto educativo, o que requer explorações, testes e avaliações junto ao público de estudantes-ouvintes. QuADRO 8.1
Descritivo detalhado dos elementos da produção.
Etapa/tópicos Pré-produção (tópicos essenciais) Objetivo Público-alvo Tópicos Trabalhos na área Pré-requisitos Título 1ipo de podcast
Descrição/elementos
Estabelecer oobjetivo do podcast. Especificar aaudiência do podcast. Levantar possíveis tópicos para serem explorados nos podcasts. Verificar trabalhos semelhantes para evitar sobreposição. Descrever os pré-requisitos para compreensão das mensagens do podcast. Criar um título atrativo para o podcast e para cada episódio. Definir o tipo de podcast. Jornalístico O Noticiário O Boletim
O Entrevista O Debate O Musical O Esportivo O Humorístico O Econômico Educativo
Ainda seria possível agregar um responsável pela parte de divulgação e construção de elementos de propaganda dos episódios (caso fosse necessário). A partir do que foi apresentado, é possível perceber que essa dinâmica permite não só o trabalho em equipe, como a instituição de um trabalho cooperativo (no qual cada integrante assume uma responsabilidade distinta para a realização da produção) e colaborativo (em que todos os integrantes trabalham de forma conjunta, tomando decisões consensuais para viabilizar a produção).
O Comunitário O Científico Dramático
Formato do podcast
Escolher o formato do podcast.
Conclusões e perspectivas Este capítulo buscou apresentar um panorama geral e contextualizar o uso de podcasts em processos de aprendizagem, de forma a configurar podcasts educacionais. Também foram apresentados, detalhados e exemplificados elementos relacionados às etapas de produção, bem como às técnicas
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O Tutorial O Apresentação O Conferência
O Novela/peça O Poesia O Infantil
O Show de rádio (variedades) O Outro (especificar): Formade gravação O Ao vivo (síncrono) O Gravado (assíncrono) Participante externo O Sim O Não lnteratividade O Sim O Não
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Duração/periodicidade Fixar a duração e a periodicidade do podcast
li li
Material de referência Pré-roteiro Locutor/elenco Requisitos técnicos Espaço VIrtual
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Duração do episódio O Breve (inferior a 4 minutos) O Curto (4 a 6 minutos) O Médio (6 a 1Ominutos) O Longo (20 a 30 minutos) O Extenso (acima de 30 minutos) Periodicidade dos episódios O Diária O Semanal O Quinzenal O Mensal Pesquisar, organizar e indicar o material de referência que será utilizado na produção. Elaborar o pré-roteiro (esboço de referência). Determinar o locutor ou o elenco de locução (deve-se considerar a relevancia da identidade do ouvinte comvozes conhecidas, como ado professor ou a dos colegas). Descrever requisitos técnicos necessários. Selecionar um espaço virtual para a disponibilização dos episódios do podcast (si te/ blog25).
Etapa/tópicos
Ensaiar o conteúdo do epis ódio • a partir do roteiro elaborado por meio da leitura em voz alta para ana Iisar questões que possam ocasionar interpretações incorretas por partedos ouvintes, decorrentes de problemas de pontuação, dicção, velocidade, entonação vocal e distancia correta do microfone (para evitar interferências na gravação). Cronometrar o tempo de leitura e realizar as adequações de roteiro (caso necessário). Atentar paravícios de línguagem e questões éticas. além de controlar o tempo para que o episódio tenha a duração estabelecida.
Produção (outros tópicos) Introdução do episódio
Disponibilizar uma forma de estudantes solicitarem ajuda (e-mail, fórum etc.).
Exemplos de introdução ao epis6dio do podcast: Seja bem-vindo à sériede podcasts "Título". Tftulo do episódiodo podcast. número edata (opcional). Este episódio foi desenvolvido por (nome dos membros da equipe). Opresente podcast trata sobre o assunto... Meu nome é Fulano e hoje estou aqui no local Xpara falar sobre Y. Apresentação do que o ouvinte pode esperar do podcast (para a manutenção da atenção e do interesse na audição). Apresentação de forma de contato (e-mail, blog, site etc.). Pesquisar/selecionar/desenvolver elementos O Músicas podsafe para o podcast O Efeitos sonoros O Jingle
Avaliar a necessidade/pertinência da segmentação dos episódios do podcast em quadros/blocos.
Spots
Analisar a necessidade de uso e tipos de spots
Vinhetas/chamadas
Construir
O Vinhetas
O Chamadas Confirmar o horário com convidado/entrevistado.
O Anúncios institucionais/ serviços públicos
Agendamento com convidado/ entrevistado
O Promos
Gravação externa (remota)
Atentar para a necessidade de equipamentos (gravador portátil, pilhas/ baterias etc.).
Recursos complementares
Preparar elementos complementares (imagens- fotos e sinopse) para complementar e/ou ressaltar os conteúdos dos episódios do podcast.
O Comerciais
Etapa/tópicos
Gravação
Elementos sonoros
Separação por quadros ou blocos
Preparação de entrevista (part1c1pante externo)
Cronometragem
Descrição/elementos
Pré-produção (outros tópicos) Atendimento a estudantes (elemento interativo)
Ensaio
Elaborar as questões ou o roteiro da entrevista.
Etapa/atividades Pós-produção
Descrição/elementos
Produção (tópicos essenciais)
Edição
Rote1ro
Redigir os roteiros detalhados dos episódios do podcast.
Elementos sonoros
Definir a necessidadede elementos sonoros.
Locação
Selecionar e preparar o local da gravação (o que implica a eliminação de ruídos do ambiente).
Equipamentos
Conferir se o equipamento necessário para a gravação (áudio evfdeo) está em perfeito funcionamento.
Elementos sonoros
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Análise
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Descri ão/elementos (elementos essenciais) Editar/suprimir partes de áudio que apresentam falhas como intervalos silenciosos, incorreções na leitura etc. Seleção/inserção de efeitos sonoros ede músicas de uso livreou de domínio público para oenriquecimento dos episódios (atentando para acomplementaridade entre o que está sendo dito e a música ou efeito utilizado). Analisar o episódio el aborado antes de sua divulgação everificar se está de acordo coma proposta eo roteiro elaborados.
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{continuação) D1mensão física do arqu1vo
Título
Hospedagem/disponibilização Divulgação
Verificar otamanho do arquivo do episódio e. se necessário. realizar a compressão para facilitar o armazenamento ea transferência do arquivo por parte do usuário-estudante. Nomear o titulo do arquivo do episódio preferencialmente com menos de 25 caracteres e identificar. mesmo que de forma abreviada. o título do podcast. o número do episódio e adata. Transferir o arquivo produzido para o local em que os demais episódios do podcast encontram-se hospedados na Internet. Atualizar o documento RSS Feed para que os ouvintes-estudantes cadastrados recebam a informação de que um novo episódio foi publicado.
Glossário Podcast: episódios de áudio no formato digital que possuem periodicidade regular e permitem a inscrição de usuários-ouvintes a RSS Feed para a checagem e transferência automática dos arquivos mais recentes para o computador, de acordo com as preferências estabelecidas. Podcaster: nome atribuído a pessoa ou grupo que atua na concepção e produção do podcast. . Podcasting: denominação para a transmissão de áudio por episódiOs que faz uso de RSS Feed para a distribuição do conteúdo. Podroll: lista de podcasts recomendados em uma página de podcast. PodSafe (PodSeguro): denominação atribuída a um podcast que respeita a legislação de direitos autorais. Uma possibilidade, nesse sentid~, é 0 uso de elementos (como músicas, jingles etc.) licenciados sob Creattve Commons. Vodcast: podcasts no formato de vídeo que combinam áudio, imagens em movimento e sequência de animações.
Notas 1.
Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comunicação no Brasil realizada com um contingente de 20.020 entrevistados pelo Cetic.br (Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação) e disponibilizada em: http://cetic.br/usuarios/tic/2008/analise-tic-domicilios2008.pdf.
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2.
Denominada geração digital (TAPSCOTI, 1998), nativos digitais (PRENKSY, 200 1), nascidos rugi tais (PALFREY; GASSER, 2008).
3.
Para um aprofundamento teórico sobre esses elementos, consultar Martín-Barbero (2001).
4. 5.
Esses elementos são aprofundados e discutidos por Palloff e Pratt (1999). XML constitui uma abreviação de eXtensible markup Language (metalinguagem de marcação), que permite 'rotular'/ 'etiquetar' dados. No caso específico de notícias, é possível, em vez de realizar a transferência para o computador, acessar as atualizações por meio de sistemas agregadores remotos, ou sej a, por meio de um navegador Web, o que dispensa qualquer instalação no computador. Exemplo: Minhas notícias (http://www.minhasnoticias.com.br/). O primeiro blog em áudio, denominado de audioblog, surgiu em 200 L. Desenvolvido por Cmz e Carvalho (2007) e hospedado em http://www.historianove.podomatic.com.
6.
7. 8. 9.
Detalhado por Barros e Menta (2007) e hospedado em http://www.escolabr.com/ projetos/PodEscolal.
10. Hospedado em http://www.gilian.escolabr.com/sintonize. 11. Maiores informações encontram-se no "Descritivo detalhado dos elementos da produção" presente no final deste capítulo. 12. Esse e outros elementos técnicos são detalhados em Musburger (2008). 13. Isso é detalhado no roteiro, que pode ser formatado em uma ou duas colunas e deve apresentar instruções precisas sobre o uso de elementos sonoros (ou seja, sobre o conceito envolvido), para que a equipe de produção possa compreender a proposta e trabalhar para concretizá-la. No que se refere à formatação de página para o roteiro, esta deve apresentar margens largas, de aprox imadamente 4 centímetros, para facilitar a leitura, numer~ção em todas as linhas, nomes dos locutores/personagens envolvidos, espaçamento diferenciado de acordo com a função (simples para instruções; duplo para as falas do narrador e triplo para as falas dos demais personagens). No que se refere aos elementos sonoros, estes podem ser indicados usando-se informações sublinhadas e devem informar se o volume está alto ou baixo, se está integrado ao ambiente ou desligado. Fi nalmente, é necessário atentar para o uso desses recursos, evitando sobrepô-los à mensagem. 14. Nesse sentido, a produção de um podcast envolve a segmentação da audiência, a qual pode considerar a faixa etária, o gênero, o grau de escolaridade e o local de moradia. Outra forma de estabelecer grupos de ouvintes é constituir perfis por meio da consideração de interesses pessoais, estilo de vida, crenças etc. Tais propostas podem ser complementadas pela atuação de um grupo de trabalho paralelo ao de produção para desenvolver atividades vinculadas a uma adaptação
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das métricas de índice de audiência para o contexto virtual, o que permite tratar de elementos matemáticos e estatísticos. 15. Relacionada a esportes, meteorologia, negócios, trânsito, tecnologia, atualidades, entretenimento, cluinária etc. 16. Trata-se de uma adaptação, para o contexto de uso de áudio em propostas educacionais, dos eventos instrucionais propostos por Gagné, Briggs e Wager (1992). 17. Delors (1999). 18. Essas etapas constituem uma adaptação de uma metodologia de design instrucional utilizada no projeto de sistemas de instrução denominada Addie (AnaJysis, Design, Development, Implementation, Evaluation). 19. Price et al. (2006) e Chan e Lee (2005). 20. Dale (2007) considera que a produção completa de um podcast de 4 a 6 minutos requer um trabalho de 2 a 3 horas. De forma complementar, o parâmetro temporal em relação ao número de palavras obedece à seguinte proporção: 25 palavras em 10 segundos, 45 em 20 segundos, 65 em 30 segundos, 120 em 60 segundos, 180 em 90 segundos e 200 a 250 em 2 minutos (Musburger, 2008). 21. O 1\vitter (http://www.twitter.com) constitui um microblog cuja característica é a delimitação de um número máximo de 140 caracteres para a mensagem. 22. A atividade de aprendizagem de cunho investigativo denominada WebQuest (http://webquest.org/index.php) foi criada por Bernie Dodge em 1995. Na presente adaptação, a proposta da introdução é elaborada e disponibilizada no formato de podcast para que os estudantes conheçam o tema, cenário/representação de papéis, a tarefa e a motivação para confeccionar um podcast relacionado. A partir daí são estabelecidas as etapas para o desenvolvimento do podcast, as fontes de informação e a rubrica de avaliação. 23. Os mapas mentais, desenvolvidos porTony Buzan (http://www.mind-map.com/), constituem diagramas hierárquicos em estrutura arborescente para a representação de conhecimentos por meio da combinação de textos e/ou ilustrações. Essa proposta de associação com podcast pode também ser implementada com mapas conceituais, desenvolvidos por Novak (http://cmap.ihmc.us/conceptmap.html), que constituem estruturas, na forma gráfica, de conceitos (colocados em caixas de texto) e relações (identificadas por linhas ou setas). 24. O GoogleDocs (http://docs.google.com/) constitui um editor de textos on-line colaborativo que pode ser acessado por meio da identificação de usuário e senha cadastrados. 25. A criação de um blog envolve o cadastro de uma conta com usuário e senha, a seleção de um nome para a identificação e definição de um modelo de apresentação visual. A criação gratuita de blogs pode ser feita, por exemplo, no Blogger (http:// www.blogger.com).
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Referências BAIRD, D. E.; FfSHER, M. "Neomillennial user experience design strategies: utilizing social networking media to support 'always on' learning styles". Journal of Educational Technology Systems, 34(1), 2006, p. 5-32. BARROS, G. C.; MENTA, E. "Podcast: produções de áudio para educação de forma crítica, criativa e cidadã". Revista de Economia Política de las Tecnologías de la lnformación y Comunicación, v. IX, n. l,jan.-abr. 2007. BOTTENTUIT Jr., J. B.; COUTINHO, C.P. "Recomendações para produção de podcasts e vantagens na utilização em ambientes virtuais de aprendizagem". Prisma, n. 6, 2008, p. 125-. CEBECI, Z.; TEKDAL, M. "Using podcasts as audio leaming objects".lnterdisciplinmy Joumal of Knowledge and Learning Objects, v. 2, 2006, p. 7-57. CHAN, A.; LEE, M. J. W. "An MP3 a day keeps the worries away: exploring the use of podcasting to address the preconceptions and alleviate pre-class anxiety amongst undergraduate infonnation technology students. Good practice in practice". In: Proceedings of the Student Experience Conference. NSW Australia: Wagga Wagga, 2005. CLARK, S.; TAYLOR, L.; WESTCOTT, M. "Using short podcasts to reinforce lectures". Universe Science Teaching and Learning Research Proceedings, 2007, p. 22-27. CRUZ, S. C. S.; CARVALHO, A. A. A. "Podcast: a powerful webtool for learning history". Proceedings ofthe IADIS International Conference e-Leaming 2007. DALE, C. Strategies for using podcasting to support student learning. Joumal of Hospitality, Leisure, Sport & Tourism Education, v. 6, n. 1, 2007, p. 49-57. DELORS, J. (org.). Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo/Brasília: Cortez!MEC/Unesco, 1999. EBNER, M. et ai. "Lifelong learning and doctoral studies - Facil itation with podcasting techniques". Computers in education. Proceeding, v. IV, 30th Mipro Conference 2007, p. 280-283, ISBN 978-983-233-029-8. GAGNÉ, R. M.; BRIGGS, L. J.; WAGER, W. W. Principies of instructional design. Orlando, Flórida: Harcourt Brace Jovanovich College Publishers, 1992. GEOGHEGAN, M.; KLASS, D. Podcast solutions: the complete guide to podcast. Nova York: Springer-Verlag, 2005. MARTÍN-BARBERO, J. Os exercícios de ver: hegemonia audiovisual e ficção televisiva. São Paulo: Editora Senac, 2001. MUSBURGER, R. B. Roteiro para mldia eletrônica: TV, rádio, animação e treinamento corporativo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
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PALFREY, J.; GASSER, U. Born digital: understandíng the first generation of digital natives. Nova York: Basic, 2008. PALLOFF, R. M.; PRATI, K. Buildinglearning communities in cyberspace: effective strategies for the online classroom. San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1999. PRENKSY, M. "Digital natives, digital immigrants". On the Horizon, v. 9, n. 5, 2001, p. 1-6. PRICE, A. et al. "A history and Informal Assessment of the Slacker Astronomy Podcast". Astronomy Education Review, 5(1), 2006. PRIMO, A. F. T. "Para além da emissão sonora: as interações no podcasting". /ntexto, n. 13,2005. TAPSCOTI, D. Growing up digital: the rise of the net generation. Nova York: McGraw-Hill, 1998.
Sobre a autora Pollyana Notargiacomo Mustaro é pedagoga, com mestrado e doutorado em educação pela Universidade de São Paulo IUSP). Atualmente é professora adjunta da Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde atua na graduação e na pós-graduação stricto sensu, realizando pesquisas sobre objetos de aprendizagem, estilos de aprendizagem, design instrucional, educação on-line, redes sociais, mídias sociais, narratologia, estudos culturais e jogos digitais.
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Apêndice
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Links sugeridos No~ itens a seguir são apresentados apenas links considerados representativos nas categorias apontadas e que, de certa forma, complementam os elementos trabalhados em relação ao uso de podcasts em contextos educacionais. OuAoRo A1
Portais/diretórios de podcast nacionais.
PodCasting Brasil http://www.podbr.com/
Prod~tora brasileira de podcasts profissionais que enfoca temas relac1o~ados a e~tretenimento e cultura, entrevistas, educação, marketmg, negóciOS, esportes, música, saúde, turismo etc. e apresenta sistema de busca.
podcastOne http://www.podcastl.eom.br/
Diretório que apresenta uma divisão por gêneros (artes e ~ntreten.imento, ciênçia, educação, entrevistas, esportes. família, rnternac1onal. música. negócios, política. qualidade de vida, saúde, tecnologia, turismo etc.), além de um ranking e canais.
Podpods http.//podpods.com. br1
~a~t~-se .na classificação por categorias de episódios (arquivos 1nd1v1dua1s no formato MP3) e de podcasts, divulga rankings e notícias relacionadas.
podBrasil http://www.podbrasrl.eom.br/
Portal cujo objetivo é fazer do podcasting uma 'mídia informativa de qualidade'. Possui canais sobre cultura, direito, games, tecnologia, música etc. e divulga notícias sobre podcast.
ABPOD http://wwwabpod.org/wiki/ index.php?title=Página_ principal 1
Wiki da Associação Brasileira de Podcasters cujo objetivo é a dis~e.minação.d~ cultura do podcast no Brasil. a divulgação de not1c1as, tutona1s e guias introdutórios. Surgiu em 2005 a partir do PodCon, evento brasileiro de podcast.