Patrimonio Sua Funcao Social E Ambiental

  • August 2019
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Patrimonio Sua Funcao Social E Ambiental as PDF for free.

More details

  • Words: 2,341
  • Pages: 9
PATRIMÔNIO: SUA FUNÇÃO SOCIAL E AMBIENTAL

WERNO HERCKERT Membro da Academia Brasileira de Ciências Contábeis Membro da Associação Científica Internacional Neopatrimonialista Membro da Corrente Científica Brasileira do Neopatrimonialismo Palavras chaves. Comunidade, social, ambiental, patrimônio, célula social e entorno.

Atualmente há preocupação dos estudiosos com relação à responsabilidade social e ambiental do patrimônio da célula social. Não podemos esquecer que a organização é composta por pessoas, pela riqueza e que essas pessoas movimentam esse capital. Essa dinâmica constante do patrimônio vai influenciar a comunidade e o meio ambiente natural em seu aspecto positivo ou negativo. Assim, o patrimônio tem uma função social e ambiental. Sabemos que a riqueza da célula social é influenciada pelo entorno como, também, produz influência sobre a comunidade. Isto é axiomático. Há uma interação constante entre o ambiente e o capital da célula social. Desde o século XVIII alguns estudiosos já observavam tal interação. FUNÇÃO SOCIAL Schmalembach, expoente da escola reditualista da Alemanha, defendia que a azienda devia ter lucratividade e uma visão social. Dietrich, da escola aziendalista na Alemanha, defendia que a azienda devia ter uma visão social e que o lucro abusivo devia ser considerado algo indesejável.

Llena (Obra identificada na bibliografia) diz que a empresa sofre a influencia da sociedade como uma das principais instituições socioeconômicas que a integram. Entre outros aspectos se vê influenciada em: - na estrutura organizativa - nos processos de tomada de decisões - em suas estruturas de poder. Porém também a empresa pode influenciar a sociedade provocando transformações na mesma através de sua própria configuração e exigências como, por exemplo: - a capacidade da empresa de cumprir as necessidades sociais influi nos níveis de qualidade de vida da comunidade - a estrutura e evolução da empresa também podem influir na sociedade. E ainda diz: Tudo isso supõe que a responsabilidade social da empresa adquire uma relevância significativa, que o despertar de maiores responsabilidades pode significar transformações importantes na sociedade atual. A empresa inserida na comunidade é comparável a uma célula de um corpo. A célula recebe influências e influencia o organismo no qual esta inserida. Se a célula for normal ela é saudável. Se ela é anormal é doente. Sabemos que um corpo é formado por células. Se todas as células do organismo forem normais o corpo também será normal e saudável. Há uma analogia, portanto, entre o orgânico e o social, fundamentada na lógica matemática de que o total é uma variável dependente das parcelas que o formam. Assim, também, ocorre na comunidade, se toda célula social tiver saúde patrimonial também a comunidade será saudável e próspera. O Prof. Lopes de Sá demonstrou a preocupação social da Escola Neopatrimonialista na sua magnífica obra Teoria Geral do Conhecimento Contábil (IPAT-UNA, Belo Horizonte-MG, 1992) onde diz em sua síntese filosófica: “Quando a soma da eficácia de todos os patrimônios implicar na soma da eficácia de todas as células sociais, em regime de harmônica interação, isto implicará, logicamente, na eficácia social, o que eqüivalerá à anulação das necessidades materiais da humanidade”. O patrimônio quando aumenta sua dinâmica por influência ambiental exógena ou endógena, com eficácia e prosperidade, adquire capacidade para auxiliar a outras células de finalidade ideal, como, por exemplo, as instituições

filantrópicas, pagar melhores salários ao seu pessoal, contribuir com mais taxas e impostos ao governo, ampliar seus negócios, aumentar a expansão com filiais na comunidade onde está inserida como em outras cidades, auxiliando seu pessoal na capacitação intelectual por meio de cursos e até aperfeiçoamento no exterior. Poderá, também, em decorrência, dar mais estabilidade ao pessoal interno, as famílias destes e a terceiros que em seu ambiente se beneficiam da prosperidade patrimonial. Quando a célula social tem expansão de seu patrimônio há benefício social. Quando a célula social diminui a força funcional de seu patrimônio há prejuízo social. A tributação do governo, o aspecto legal, a falta de conhecimento do empresário e do pessoal tem levado, em nosso país, a célula social a diminuir seu patrimônio, como, também, até a desaparecer do mercado criando problemas sociais e diminuição de arrecadação por parte do próprio governo. O maior número de células sociais no país é o de pequenas empresas e são essas que devem receber mais atenção do governo pela sua fragilidade patrimonial que possuem, carentes que são de incentivos para sua economicidade. Quando existe uma direção e pessoal competente o patrimônio tende a ser eficaz, assim, também, pode ocorrer que uma direção e pessoal incompetente leve a célula social à estagnação e até a desaparecer do mercado. São, ainda, poucos os empresários, todavia, que possuem consciência da responsabilidade social do patrimônio. A maioria quando auxilia a comunidade faz disto um marketing para atrair o cliente e vender mais. Necessário, se faz, é mudar a mentalidade através de novos pensamentos, com uma nova cabeça, alertam os estudiosos. Deve haver uma mudança cultural do empresário, do pessoal e do cliente para que o patrimônio possa exercer sua função social e é necessária a inovação cultural daqueles que movimentam o patrimônio da célula social. O capital por si só não se transforma. Isto é axiomático.

Não há dinâmica patrimonial sem a influência ambiental exógena ou endógena a não ser em raras exceções. Esta mudança de mentalidade deve estar voltada também para o ambiente natural. FUNÇÃO AMBIENTAL Durante séculos e séculos o homem viveu em harmonia com a natureza o que ele retirava do meio ambiente e o que ele devolvia não alterava o equilíbrio ambiental. Com a revolução industrial (Século XVIII) iniciou a agressão a natureza. Consumiu-se de uma forma desenfreada os recursos naturais e a devolver a natureza os resíduos desse consumismo. Houve um desenvolvimento acelerado a qualquer preço, do setor industrial, e não se mediram as conseqüências no meio ambiente natural. Hoje, aí está o que todos conhecemos: tanto a sobrevivência do homem como a do planeta estão, ambos, ameaçadas. É interessante o que o Leonardo Boff escreve, sobre isto, em seu livro Saber cuidar: Ética do humano-compaixão pela terra. “Cuidado todo especial merece nosso planeta Terra. Temos unicamente ele para viver e morar. É um sistema de sistemas e superorganismo de complexo equilíbrio, urdido ao logo de milhões e milhões de anos. Por causa do assalto predador do processo industrialista dos últimos séculos esse equilíbrio está preste a romper-se em cadeia. Desde o começo da industrialização, no século XVIII, a população mundial cresceu oito vezes, consumindo mais e mais recursos naturais; somente a produção, baseada na exploração da natureza, cresceu mais de cem vezes. O agravamento deste quadro com a mundialização do acelerado processo produtivo faz aumentar a ameaça e, conseqüentemente, a necessidade de um cuidado especial com o futuro da Terra”. (Ver pg. 133). Há séria ameaça de contaminação da água a nível mundial. Há séria ameaça de extinção de várias espécies de árvores, de animais, de aves, de peixes e inclusive do tubarão.

Urgente se faz em reverter esse quadro de destruição pelo uso inadequado dos recursos naturais. Faz-se necessário rever nossos hábitos de consumo, de cuidado com o local onde vivemos, importa desenvolver um cuidado especial com a natureza. “O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNU-MA), o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) elaboraram uma estratégia minuciosa para o futuro da vida sob o título:” “Cuidando ao planeta Terra” (Caring for the Earth 1991). Aí estabelecem nove princípios de sustentabilidade da Terra. Projetam uma estratégia global fundada no cuidado: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.

Construir uma sociedade sustentável. Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos. Melhorar a qualidade da vida humana. Conservar a vitalidade e a diversidade do planeta Terra. Permanecer nos limites da capacidade de suporte do planeta Terra. Modificar atitudes e práticas pessoais. Permitir que as comunidades cuidassem de seu próprio meio-ambiente. Gerar uma estrutura nacional para integrar desenvolvimento e conservação. Constituir uma aliança global.”(Ver Boff, pg. 134)”.

Os estudiosos, preocupados com o meio ambiente, criaram a auditoria ambiental, a contabilidade do meio ambiente, a gestão ambiental etc. Hoje existem, também, organizações que se preocupam com os aspectos da produção e dos resíduos inerentes. Dentre as organizações que se preocupam em elaborar relatórios ambientais encontram-se a The Canadian Institute of Chartered Accountants-CICA, World Industry Coucil on the Environment-WICE, Public Environmental Reporting Initiave-PERI, United Nation Innternacional Working Group of Experts on International Standards of Accounting and Reporting-UNISAR. A cada dia que passa se intensificam os relatórios ambientais assim como a conscientização do desenvolvimento sustentável. O progresso deve ocorrer, mas sem agressão ao meio ambiente natural.

Também, há uma crescente conscientização da direção e do pessoal da célula social para não agressão à natureza. A célula social tem uma função de preservar o meio ambiente natural onde a mesma está inserida, pois, o uso do capital não pode prejudicar a vida das pessoas, dos seres, da natureza no presente nem no futuro. Sobre isto ensina o Prof. Lopes de Sá: (Obra identificada na bibliografia) “Estamos diante de um processo de degradação dos níveis de vida naturais que podem, em breve tempo, inviabilizar a existência do homem sobre a terra, se prosseguirem as agressões ambientais”. Sabemos que a dinâmica patrimonial influencia o meio ambiente natural e este transforma o capital. O Prof. Lopes de Sá leciona (Obra identificada na bibliografia) “O entorno ecológico transforma-se com o transformar da riqueza das células sociais e a riqueza das células sociais se transforma com o transformar do entorno ecológico”. E ainda diz: “... há uma inequívoca interação transformadora entre o ambiente natural e o patrimônio das células sociais”. O patrimônio, tão como o ecológico, sujeita-se a transformação dentro das leis de interação que entre ambos existe. Há, hoje, uma conscientização a nível internacional, tão como em nível de comunidade da necessidade da preservação da natureza. Há necessidade urgente da preservação em virtude da sobrevivência do homem e do planeta terra. Existem empresas que dependem da natureza para ter economicidade e se perpetuar, tal como ocorre com as espécies na biologia. Uma fábrica de papel que tem a madeira como matéria prima depende da existência da árvore. Ao utilizar a madeira ela deverá devolver a natureza àquilo que dela tirou plantando árvores, se não o fizer chegará o momento que haverá escassez de matéria prima, assim, prejudicará o andamento da dinâmica da riqueza e o meio ambiente natural. Entre o fenômeno patrimonial e o fenômeno ambiental deve existir reciprocidade de eficácia.

A aplicação de recursos (fenômeno patrimonial) em açudes de decantação, onde a água poluída pela dinâmica patrimonial é despoluída (fenômeno ambiental) e é devolvida à natureza é um exemplo da reciprocidade aludida. Para demonstrar as aplicações de recursos na comunidade e na preservação do meio ambiente criou-se um demonstrativo social.

BALANÇO SOCIAL O balanço denominado “Social” tem por objeto demonstrar as situações decorrentes dos fenômenos circulatórios ambientais. Isto é, trata-se de peça contábil que evidencia o que a célula social agregou a comunidade, ou seja, o que pagou para o aprimoramento do pessoal, para a conservação do ambiente natural, ao governo, aos bancos, as instituições não lucrativas, o que remunerou os acionistas etc. Ensina o Prof. César: (2000) “O balanço social é a agregação dessas informações, tendo como objetivo traduzir a contribuição das empresas em benefício da sociedade, informando-lhe seus resultados sociais, além de ser um instrumento gerencial de apoio a administração, tudo isso numa fase de evolução dos planos de contas”.E ainda diz: “O balanço social deve demostrar, claramente, quais as políticas praticadas e quais os seus reflexos no patrimônio, objetivando evidenciar a participação das mesmas no processo de evolução social”. CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS É fundamental uma conscientização de mudança cultural no ambiente da célula social em relação ao seu entorno e a comunidade precisa de uma transformação cultural para que a vida possa ser de melhor qualidade. Urgente se faz, também, o cuidado com a natureza. E sobre isto ensina o Prof. Lopes de Sá: (Obra identificada na bibliografia) “Pouco adianta, para fins humanos, que estejamos a apenas demonstrar que se investiu tanto ou quanto na solução de problemas ecológicos ou em interesses sociais, se não conhecemos, pela reflexão, as bases lógicas de uma interação

entre a célula social e os seus entornos, entre a empresa e o meio em que vive, entre a instituição e a sociedade”. O Neopatrimonialismo contábil tem uma visão holística e se preocupa com a prosperidade, com eficácia, do patrimônio da célula social para que a comunidade tenha qualidade de vida e, assim, ocorre o bem estar das pessoas.

BIBLIOGRAFIA BOFF, Leonardo, Saber cuidar Ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis: Editora Vozes, 1999. CASEIRÃO, Manuel R., Auditoria Ambiental. Disponível em: < www.iscac.pt >. Acesso em: 2002. HERCKERT, Werno. Ativo e passivo ambiental e os intangíveis. Três de Maio: Megas, 2000. HERCKERT, Werno. Movimento ecológico. Revista Nossa Terra, Ano I, n. 9, Três de Maio, novembro de 1996. HERCKERT, Werno. Poluição ambiental. Jornal Espaço Livre, ano IX edição n. 39, outubro de 1999. KROETZ, César Eduardo Stevens. Contabilidade Social. Revista Contabilidade e Informação. Ijui-RS: Editora/Unijui, 01, abr/1998. KROETZ, César Eduardo Stevens. Balanço Social, teoria e prática. Atlas: São Paulo, 2000. LLENA, F. La responsabilidad social de la empresa. Disponível em: <www.ciberconta.unizar.es>. Acesso em: 2002. SÁ, Antônio Lopes de. Contabilidade ambiental - uma responsabilidade social. Disponível em: < www.crcmg.org.br>. Acesso em: 2002.

SÁ, Antônio Lopes de. Aspectos doutrinários da contabilidade aplicada ao meio ambiente natural. Disponível em: <www.lopesdesa.com.br>. Acesso em: 2002. SÁ, Antônio Lopes de. Considerações gerais sobre a contabilidade aplicada ao meio ambiente natural. Disponível em: < www.lopesdesa.com.br >. Acesso em: 2002. SÁ, Antônio Lopes de. Introdução à contabilidade aplicada ao meio ambiente natural. Disponível em: <www.lopesdesa.com.br>. Acesso em: 2002. SÁ, Antônio Lopes de. Recursos naturais e empresa. Disponível em: <www.apotec.pt>. Acesso em: 2002. SÁ, Antônio Lopes de. Bioética e contabilidade ambiental. Disponível em: www.lopesdesa.com.br >. Acesso em: março de 2001. SUCUPIRA, João. A responsabilidade social das empresas. Disponível em: <www.balançosocial.org.br>. Acesso em: agosto de 2001. TORRES, Ciro. Responsabilidade social e transparências. Disponível em: <www.balançosocial.org.br>. Acesso em: agosto de 2001.

URRUTIA, Manuel Bravo. La Contabilidad y el problema medioambiental. Disponível em: < www.estrucplan.com.ar>. Acesso em: 2000.

Related Documents

Patrimonio
November 2019 33
Patrimonio
November 2019 33
Patrimonio
June 2020 25
Patrimonio E O Entorno
August 2019 17