PATOLOGIAS ESTUDO DAS FALHAS DOS EDIFÍCIOS DESEMPENHO NÃO SATISFATÓRIO DOS EDIFÍCIOS
Para o caso de edifícios que apresentam problemas patológicos, o procedimento de atuação consiste em: •levantamento do maior numero possível de subsídios para o entendimento do problema através de vistoria do local, do histórico do edifício e do resultado de exames complementares •diagnóstico da situação, ou seja, entendimento completo dos fenômenos ocorridos •definição da conduta a partir da escolha da alternativa de interVenção mais conveniente.
TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO II ARQUITETURA E URBANISMO FAG
AS PATOLOGIAS E OS MECANISMOS DE DEGRADAÇÃO Um dos aspectos essenciais é o conhecimento dos fatores que podem levar as edificações à degradação e à ruína, bem como o entendimento dos mecanismos que fazem parte deste processo e os danos já causados. Com isso é possível planejar as ações a serem desenvolvidas.
A ação apenas sobre o efeito de um mecanismo de degradação e não sobre sua causa, não tem efeito duradouro e pode maximizar o problema já existente. Um exemplo disso é a realização de pinturas em uma parede que apresenta problemas de eflorescência, sem a devida preparação do substrato.
TRINCAS, FISSURAS E RACHADURAS
O QUE PODE ESTAR ACONTECENDO NA CASA DA PÁGINA ANTERIOR? 1 - Trinca horizontal próxima ao teto pode ocorrer devido ao adensamento da argamassa de assentamento dos tijolos ou falta de amarração da parede com a viga superior. 2 - Fissuras nas paredes em direções aleatórias pode ser devido à falta de aderência da pintura, retração da argamassa de revestimento, retração da alvenaria ou falta de aderência da argamassa à parede. 3 - Trincas no piso podem ser produzidas por vibrações de motores, excesso de peso sobre a laje ou fraqueza da laje. Verificar se há trincas na parte de baixo (ver ítem 4). Se tiver é grave. Peça o PARECER de um engenheiro de estruturas. 4 - Trincas no teto podem ser causadas pelo recalque da laje, falta de resistência da laje ou excesso de peso sobre a laje. Pode ser grave. Peça o PARECER de um engenheiro de estruturas.
5 - Trincas inclinadas nas paredes é sintoma de recalques. Um dos lados da fundação não agüentou ou não está agüentando o peso e afundou ou está afundando. Geralmente é grave. Peça o PARECER de um engenheiro de estruturas. 6 - O abaulamento do piso pode ser causado por recalque das estruturas, por expansão do sub-solo ou colapso do revestimento. Quando causados por recalques, são acompanhados por trincas inclinadas nas paredes. Os solos muito compressíveis, com a presença da água, se expandem e empurram o piso para cima. 7 - As trincas horizontais próximas do piso podem ser causadas pelo recalque do baldrame ou mesmo pela subida da umidade pelas paredes, por causa do colapso ou falta de impermeabilização do baldrame. 8 - Trinca vertical na parede é causada, geralmente pela falta de amarração da parede com algum elemento estrutural como pilar ou outra parede que nasce naquele ponto do outro lado da parede.
As TRINCAS, em geral, são ocorrências muito comuns nas casas e prédios. Surgem em função de muitas causas diferentes e são conhecidas também como FISSURAS ou RACHADURAS, como se fossem a mesma coisa. Entretanto, existe uma diferença conceitual entre Fissura, Trinca e Rachadura. Quais são as diferenças? FISSURA: Estado em que um determinado objeto ou parte dele apresenta aberturas finas e alongadas na sua superfície. Exemplo: A aplicação de uma argamassa rica em cimento apresentou, após a cura, muitas fissuras em direções aleatórias. As fissuras são, geralmente, superficiais e não implicam, necessariamente, em diminuição da segurança de componentes estruturais. TRINCA: Estado em que um determinado objeto ou parte dele se apresenta partido, separado em partes. Exemplo: A parede está trincada, isto é, está separada em duas partes. Em muitas situações a trinca é tão fina que é necessário o emprego de aparelho ou instrumento para visualizá-la. As trincas, por representar a ruptura dos elementos, podem diminuir a segurança de componentes estruturais de um edifício, de modo que mesmo que seja quase imperceptível deve ter as causas minuciosamente pesquisadas.
RACHADURA: Estado em que um determinado objeto ou parte dele apresenta uma abertura de tal tamanho que ocasiona interferências indesejáveis. Exemplo: Pela rachadura da parede entra vento e água da chuva. As rachaduras, por proporcionar a manifestação de diversos tipos de interferências, deve ser analisada caso a caso e serem tratadas antes do seu fechamento. São muito comuns, mas isto não significa que são normais. Portanto não devem ser aceitas passivamente. Muitas vezes são bem pequenas, quase invisíveis, mas podem ser sintomas de algo muito grave que está acontecendo com a estrutura do seu prédio.
RACHADURA
TRINCA
FISSURA
SÃO MUITAS AS CAUSAS QUE PROVOCAM O APARECIMENTO DE TRINCAS. AS MAIS COMUNS SÃO AS SEGUINTES: 1 - RETRAÇÃO: A argamassa de revestimento, a tinta e outros materiais que são aplicados úmidos, diminuem de tamanho (retraem) ao secar.
Trincas causadas expansão da alvenaria A parede precisa respirar. Aliás, os tijolos precisam respirar. Durante o dia varia a umidade do ar. Ao amanhecer o ar está bastante úmido. As paredes, que possuem um efeito higroscópico, absorvem essa umidade e produzem uma expansão (se tornam maiores). Lá pelas 10 horas, com o sol, o ar se torna mais seco. As paredes perdem umidade e retraem (encolhem). Se o revestimento das paredes não tiverem condições de acompanhar esse movimento de expansão/retração, então destacam.
Todos os materiais retraem (diminuem de tamanho) quando secam. Quanto mais água na argamassa, maior a retração. Quanto mais fresco o cimento, maior a retração. Quanto mais quantidade de cimento na argamassa, maior a retração.
2 - ADERÊNCIA: As pinturas e os revestimentos que precisam ficar bem "grudados" na parede, por algum motivo, apresentam aderência e começam a descascar. Veja um caso de pastilha Pastilhas, Azulejos, placas de mármore e granito não são muito fáceis de aderir à parede. Este fato é agravado em paredes externas que recebem muito sol. O problema pode estar no azulejo que foi mal fabricado, pode estar na argamassa de assentamento que já estava vencida (elas só duram 6 meses depois de fabricadas) pode estar no emboço que é aquela camada que serve para aprumar a parede ou ter outros problemas mais complicados. Se estamos falando dos azulejos de um banheiro é fácil e barato resolver, pois são poucas peças. Mas se estamos falando do revestimento de uma fachada de um edifício, então o caso é sério, complicado e caro.
Pode acontecer: 1 - Problema no azulejo durante a fabricação. Não queimaram o esmalte direito. 2 - Problema no assentamento. Colocaram uma junta de dilatação muito pequena. 3 - Problema no armazenamento. Deixaram o azulejo tomar chuva.
Um caso: Não encontrando solução para a queda constante de azulejos, após tentar de quase tudo este condomínio encontrou uma solução: Colocou um parafuso nos azulejos.
3 - DILATAÇÃO: Os materiais aumentam e diminuem de tamanho em função da variação da temperatura do meio ambiente. Os materiais também aumentam e diminuem de tamanho em função da variação da umidade do meio ambiente
Os raios solares incidindo diretamente sobre a laje de cobertura, produzem muito calor. Em dias quentes de verão, principalmente nas latitudes baixas, isto é, entre a linha do Trópico e do Equador, a laje de cobertura atinge temperaturas altas, 70ºC ou mais. O concreto não é um bom condutor de calor, de modo que a parte de baixo da laje não esquenta tanto. Essa diferença de temperatura vai envergar a laje, fazendo com que ela fique ligeiramente abaulada para cima.
Como a laje está solidamente engastada nas paredes, ao dilatar ela leva junto parte da parede. Então surgem trincas inclinadas nos cantos das paredes.
Trincas devido à dilatação térmica da mureta da cobertura
Os raios solares incidindo diretamente sobre a cobertura, produzem muito calor. Os componentes como lajes, platibandas e muretas, expostos aos raios solares sofrem dilatação com o surgimento de trincas. Nessas trincas podem ocorrer a infiltração de água da chuva.
Trincas devido à dilatação de materiais diferentes
Os materiais possuem coeficiente de dilatação diferentes. Isto quer dizer que ao receberem o calor do sol, um deles vai dilatar mais que o outro. Enão, devemos levar em consideração este fato e permitir que os materiais tenham comportamentos independentes sem que um afete o outro. Veja a foto de um caso real:
4 - MUITO CIMENTO: A argamassa de revestimento, quando tiver muito cimento sofre uma grande retração.
5 - AMARRAÇÃO: As paredes devem ficar bem "amarradas" na estrutura do prédio.
Trincas por falta de amarração da alvenaria Nem sempre, talvez por preguiça, a construtora faz uma boa amarração da alvenaria (parede) com a viga superior. Como conseqüência sugem trincas horizontais próximo ao teto. Veja a foto de um caso real em que foram colocados ferros para amarrar a parede à viga superior:
6 - TREPIDAÇÃO: Elevadores, compressores e mesmo os veículos que trafegam na rua, produzem vibrações que afetam as partes do prédio.
Trincas por porta que bate O batente se chama batente justamente por que a porta vai bater nele. Então deve resistir às pancadas dadas pela porta. Em contrapartida, o batente deve ficar bem preso na parede.
7 - RECALQUE: O excesso de peso, a acomodação do prédio, a fraqueza do material ou do terreno fazem com que a peça se deforme ou afunde.
Trincas ou rachaduras causadas por recalque da fundação Fundação (estacas, alicerces, sapata, broca) são coisas sérias. Um pequeno descuido põe toda a construção a perder.
8 - CAPACIDADE: Por erro de cálculo ou por deficiência na hora da confecção, as peças podem ficar fracas.
Trincas por falta de cuidados Comete-se muitas "barbeiragens" durante a construção. Veja a foto de um caso real em que o colocador das guias não levou em consideração que no local havia uma junta de dilatação térmica.
Trincas em alvenaria autoportante O construtor deve seguir toda uma Especificação Técnica e só usar materiais apropriados. Os blocos de concreto comuns não servem para Alvenaria Estrutural.
10 - MUDANÇA DO USO: Um prédio que foi projetado para uso residencial, está sendo usado como comércio. Um caso de carga excessiva.
Trincas por sobrecarga na laje Antes de instalar um almoxarifado, antes de instalar uma estante, pense bem. Procure verificar se a laje foi projetada para agüentar a carga.
11 - VIZINHANÇA: Construíram um edifício de 30 andares que alterou o fluxo de água subterrânea da região.
Trincas por muro de arrimo Cuidado com o barranco, com o talude. Não basta fazer uma parede grossa para segurar o barranco. É necessário um Muro de Arrimo (calculado por um engenheiro de estruturas) com uma boa Drenagem.
Trincas causadas por terceiros Hoje em dia (até para diminuir o custo do condomínio) é comum alugar o espaço da cobertura para propaganda, para colocar uma antena de rádio ou TV e até mesmo para instalar uma estação rádio base para telefonia celular. Mas deve-se tomar muitos cuidados para que o terceiro não prejudique o seu prédio. Contrate um Perito para acompanhar todo o serviço que será realizado pelo terceiro. Veja a foto de um caso real em que a estrutura de sustentação de uma estação rádio-base está danificando o prédio por causa de um apoio mal projetado.
12 - ERROS DE PROJETO: Por falha na concepção da estrutura do prédio, há partes em desarmonia com o resto.
Trincas por infiltração no peitoril Os peitoris de janela devem ficar bem impermeabilizados e não deixarem entrar nem um pingo de água da chuva. Simplesmente colocar pedras ou cerâmica só para efeito estético não funciona. A água vai penetrar e causar muitos problemas, estragar móveis, criar bolor na parede, etc.
Trincas por deficiência da argamassa de assentamento Muitas vezes se erra na dosagem do concreto. Muitas vezes se coloca água de mais (para facilitar a concretagem). Outras vezes se deseja economizar e coloca-se menos cimento. Há casos também em que usaram um cimento já vencido.
Trincas devido à falta de drenagem do contrapiso Não adianta caprichar na impermeabilização da cobertura. Muitas firmas fazem até uma prova, enchendo a manta com água, para mostrar que o serviço ficou bem feito. Mas a água que chega até a manta, precisa ter um escape. Precisa ter uma drenagem para ir embora. Veja a foto de um caso real em que a água empossada sobre a manta de impermeabilização causa muitos problemas.
Trincas por muitos problemas na laje de cobertura Laje exposta é um problema: 1 - Esquenta muito. Precisa então colocar um isolante térmico. 2 - Infiltra água da chuva. Precisa então colocar uma manta impermeabilizante. 3 - Coloca-se hastes para pára-raios, sinaleiro, antena de TV, etc. Só que esses elementos não devem ser fixados diretamente na laje. 4 - A laje exposta dilata muito causando problemas nas paredes laterais.
Trincas por instalação mal executada No caso abaixo, fixaram uma haste com parafusos chumbados diretamente na laje de cobertura. O problema é que esse parafuso, muito comprido, furou a manta de impermeabilização.
Trincas pela proximidade de taludes Barrancos costumas cair. Costumam escorregar. Costumam desbarrancar.
Trincas falhas na estrutura do telhado
13 - COLAPSO DE MATERIAIS: Os materiais precisam receber proteção.
Fissuras devido ao colapso do revestimento Falta de pintura e de manutenção do revestimento externo de paredes leva à perda do carbonato de cálcio que é o componente que mantém junto os grãos de areia. A falta de pintura regular, permite que a água da chuva lave o revestimento, levando ao colapso do revestimento.
Trincas por colapso no revestimento asfáltico
O asfalto é um material muito sensível a óleos e graxas. Por isso não devemos asfaltar locais em que os veículos freiam muito ou locais em que os veículos ficam estacionados e fazem manutenção.
Trincas por colapso do emboço Infiltração da água da chuva ataca o revestimento, lava a cal e faz com que o revestimento perca aderência e solta a pintura. A pintura sai inteira.
14 - DESTACAMENTOS. Azulejos, pisos e revestimentos podem se soltar.
15 - INFILTRAÇÃO. Água e outros elementos podem se infiltrar causando danos.
Trincas devido à infiltração de água Infiltração ataca ferragem e produz destacamento
Sem conseguir resolver satisfatoriamente o problema de infiltração de água na garagem, este condomínio não teve dúvidas: Colocou uma série de telhas plásticas para evitar que os pingos caissem sobre os carros.
Este outro fez até um encanamento para conduzir a água para o esgoto.
Trincas causadas por infiltração de água A laje de cobertura precisa receber uma boa impermeabilização.
18 - MANUTENÇÃO. Falhas, imperícias, falta de conhecimento.
17 - FALHA DE INSTALAÇÕES. Negligência e imperícias.
16 – PATOLOGIAS por microorganismos e insetos que podem se instalar nos edifícios.
Patologia são doenças que se instalam nos prédios e é difícil erradicar. Fungos, bolores, algas, mofos. São muitos os tipos de microorganismos e muito complexo estudar a profilaxia. Algicida? Bactericida? Fungicida? Antimofo? O problema deve sempre ser erradicado em sua causa.
Patologias causadas por cupins Nas cidades de clima tropical, como é o caso de Cascavel, estamos enxotando os predadores dos cupins para bem longe. Não tem passarinho, nem mesmo pombos. Então os cupins reinam e se proliferam à vontade. Além de atacar os móveis de madeira, os cupins atacam também a construção.
16 – OUTROS
Trincas pelo afastamento de prédios Os prédios não ficam grudadinhos um nos outros. Aliás, cada prédio tem um comportamento estrutural próprio. Então, os vãos entre eles devem ficar bem vedados. Tanto o vão de cima como o vão lateral. Veja a foto de um caso real:
Trincas por ataque da chuva A chuva causa muitos tipos de problemas nas edificações Veja a foto de um caso real em que a chuva, batendo na parte de baixo da coluna, infiltrou até atacar a ferragem.
Trincas devido à mau vibração do concreto na forma Problemas encontrados durante a fase de construção podem desenvolver problemas muitos anos depois. O concreto armado possui no seu interior armadura de ferro que deve ser protegido da presença de água. Quem garante isso é o concreto bem adensado, bem vibrado quando foi lançado.
Esses são apenas ALGUNS exemplos de fenômenos que causam o surgimento de trincas nas edificações. Como você viu, alguns casos podem ser graves e podem até levar à queda do prédio. Não confie na sorte e muito menos nas "achologias" dos curiosos pretensamente "entendidos" no assunto. O ideal é fazer uma vistoria no local, tirar muitas fotos e elaborar um Laudo Técnico contendo o PARECER, que é um diagnóstico cientificamente fundamentado. Geralmente as patologias não têm uma causa única e um sinal de patologia não quer dizer que se saiba exatamente a sua causa. O ideal é um estudo minucioso no local. Antes de pensar em argamassar uma trinca, é importante descobrir e eliminar a causa, o que está causando a trinca, pois a trinca é apenas uma conseqüência, um sintoma de alguma coisa ruim que está acontecendo com a edificação.
O DIAGNÓSTICO da situação de deterioração engloba a análise: • da estrutura: identificação do comportamento estrutural do edifício, da capacidade de carga dos elementos componentes e de possíveis problemas de estabilidade; • dos componentes: identificação do grau de deterioração das alvenarias, revestimentos, pisos, forros, coberturas, esquadrias, ferragens, pinturas e detalhes arquitetônicos; • dos elementos integrados: altares, afrescos, murais, os quais também devem ter seu grau de deterioração identificado.
Para fazer um diagnóstico correto é necessário um aprofundado conhecimento sobre as características dos materiais e dos sistemas construtivos. Além disso, é necessário compreender o comportamento dos mesmos, sob as mais diversas situações ambientais, como umidade, presença de sais, grandes amplitudes térmicas, exposição à poluição...
FATORES DE DEGRADAÇÃO: Alguns fatores fazem com que a edificação seja mais ou menos durável. Dentre esses fatores destacam-se: OS MATERIAIS, considerando a perspectiva de durabilidade dos mesmos, em função do ambiente a que serão expostos; A QUALIDADE DO PROJETO, que envolve desde a escolha do tipo de implantação até questões mais específicas como o detalhe dos componentes; AS CONDIÇÕES DE USO; A FREQÜÊNCIA DA MANUTENÇÃO. OS AGENTES: Os agentes de degradação são elementos que por sua presença podem determinar o surgimento da degradação. Ex: ÁGUA, HOMEM. OS MECANISMOS DE DEGRADAÇÃO: Mecanismos de degradação são seqüências de mudanças químicas e/ou físicas que levam a perdas em uma ou mais propriedades de um componente ou material de construção, quando potencializado por um fator e exposto a um agente. Um exemplo de fenômeno químico é a ação dos sais e um exemplo de fenômeno físico diz respeito às dilatações e contrações relacionadas às variações de temperatura. Outro tipo de mecanismo de degradação diz respeito aos ataques de agentes biológicos que geram fenômenos bioquímicos.
PRINCIPAIS AGENTES E MECANISMOS DE DEGRADAÇÃO: 1 AGENTES AMBIENTAIS E CLIMÁTICOS O clima quente e úmido – a presença de água costuma acelerar os processos de deterioração dos materiais, e as altas taxas de umidade, em conjunto com o calor, propiciam o surgimento de microorganismos e a ação dos insetos; O clima quente e seco – determina as grandes amplitudes térmicas, o que acaba sendo o principal fator de degradação neste clima. São impostas grandes exigências aos materiais, em relação a plasticidade e a capacidade de expansão e contração. O resultado disso é o surgimento de descontinuidades, principalmente nas superfícies dos edifícios; O clima frio – no clima frio os principais problemas dizem respeito à condensação de vapor d ´água sobre os materiais e ao congelamento da água presente no interior das tubulações. Radiação: componente UV (ultravioleta) da radiação deixa os materiais desbotados e quebradiços; o aquecimento das superfícies causará a dilatação e contração, que com o passar do tempo e a diminuição da plasticidade dos materiais, poderá causar descontinuidades (fissuras). Além disso, quando as superfícies são constituídas por materiais diversos, é comum que os materiais apresentem comportamentos distintos quanto à dilatação, o que novamente determinará o aparecimento de fissuras.
Água: é um dos principais agentes responsáveis pelo aparecimento de patologias em todos os tipos de edificações. A capilaridade ocorre através de vazios (interstícios) microscópicos existentes nos materiais. O avanço da água por capilaridade é muito comum nas alvenarias, quando as mesmas estão em contato com zonas úmidas. As águas contidas no solo, provenientes das chuvas ou lençóis freáticos, exercem pressão ascendente sob os alicerces. A falta de impermeabilização das fundações permite o fluxo d’água através dos vazios existentes entre as partículas dos materiais, provocando o aparecimento de manchas úmidas nas paredes. PRESENÇA DE UMIDADE NAS EDIFICAÇÕES: • umidade ascensional proveniente do solo; • absorção e penetração da água da chuva (PODE SER IMPULSIONADA PELO VENTO E PRESENÇA DE FISSURAS); • umidade de condensação; • umidade incorporada durante o processo de construção; • umidade acidental.
EXEMPLO DE UMIDADE ASCENSIONAL
A infiltração também é um dos principais problemas que ocorrem nas soluções construtivas de coberturas. A ação da umidade sobre as peças de madeira provoca seu apodrecimento, o aparecimento de fungos e principalmente cupins. As principais causas de infiltrações em coberturas podem ser: GOTEIRAS: devido ao deslocamento, quebra das telhas ou recobrimento inadequado; RETORNO DAS ÁGUAS: devido à pouca declividade do telhado e das calhas ou mau dimensionamento destas, ou ainda obstrução, tanto das calhas como das descidas de água (condutores); INFILTRAÇÃO PELAS PAREDES: devido à inexistência ou má execução da impermeabilização das paredes e platibandas.
Exemplo de umidade acidental
Ventos: pode colaborar com a degradação das edificações determinando a entrada de umidade, através da pressão que exerce, o que acontece principalmente na chuva dirigida; definindo a erosão dos elementos da fachada. Constituintes do ar: o ar é constituído por diversas substâncias, existentes naturalmente na composição do mesmo ou pelas atividades humanas. Alguns dos componentes do ar que podem trazer efeitos danosos para a edificação são: OS ÓXIDOS DE ENXOFRE: efeitos corrosivos sobre metais e atacam superfície das pedras; OS CLORETOS (SAIS): presentes principalmente nas zonas litorâneas, em um fenômeno conhecido como névoa salina, podem penetrar nas superfícies dos materiais, definindo a contaminação por sais O PÓ E FULIGEM: se depositam em certas regiões da fachada, desvalorizando o bem arquitetônico. Nem sempre essa sujeira é facilmente removida, podendo ocasionar manchas de caráter permanente.
Exemplo de acúmulo de partículas e de manchas por escorrimento
Exemplo de microorganismos agindo em conjunto com a poeira e prejudicando a percepção do patrimônio cultural.
2 AGENTES BIOLÓGICOS Biodeterioração são mudanças indesejáveis produzidas por atividades normais de organismos vivos sobre as propriedades dos materiais. Os estudos relacionados a biodeterioração procuram auxiliar na compreensão dos fenômenos químicos e bioquímicos que levam a degradação dos materiais das edificações. Microorganismos: são as bactérias, os fungos, as algas e os liquens. As bactérias e os fungos se alimentam da matéria orgânica. Sendo assim, a madeira é um dos principais pontos de ataque desses elementos. Os fungos se reproduzem por esporos, que são levados pelo ar, ou seja, a partir de um esporo pode germinar um novo fungo. Os diferentes tipos de fungo atuam diferentemente na madeira. Alguns apenas geram manchas permanentes, outros constituem um elemento desorganizador que retira o carbono do tecido lenhoso alterando sua estrutura e deixando-a quebradiça e outros atuam na decomposição da celulose ou da lignina, o que é conhecido pelo nome de podridão parda ou podridão branca respectivamente.
Exemplo de colônia de fungos junto ao rodapé
Vegetação: a vegetação se desenvolve onde encontra um substrato adequado ao seu crescimento. Um exemplo de vegetação não intencional que age diretamente sobre a edificação é aquela que cresce devido ao acúmulo de pó e matéria orgânica em reentrâncias da edificação, causando danos estruturais, desagregação no revestimento e fissuras que constituirão um caminho direto para a umidade. Outro tipo de relação vegetação-edifício se refere à vegetação do entorno. Esse tipo de vegetação pode trazer diferentes tipos de danos, conforme o porte, como o sombreamento de áreas de fachada determinando uma maior concentração de umidade e diferentes regimes de expansão, relacionado à vegetação de médio e grande portes. A vegetação de grande porte pode interferir no desempenho estrutural da edificação, através de suas raízes e também no entupimento de calhas e outros condutores de águas pluviais através da perda de folhas.
Exemplo de trepadeira recobrindo a fachada da Igreja
Exemplo de trepadeira recobrindo a fachada da Igreja - inverno
Exemplo de microorganismos agindo em conjunto com a poeira e prejudicando a percepção do patrimônio cultural
Insetos: Os insetos que mais causam danos às edificações são as formigas e os insetos xilófagos como carunchos e cupins. AS FORMIGAS, podem formar uma rede de túneis subterrâneos, que podem vir a determinar recalques nas fundações ou afundamento nos pisos. Também incidem em outros elementos da edificação, como as regiões próximas a marcos e pisos, podendo provocar a degradação das argamassas. OS INSETOS XILÓFAGOS em um determinado período do seu desenvolvimento, enquanto larvas, se alimentam da madeira, consumindo grande parte de seu tecido lenhoso. Um dos principais problemas do ataque desse tipo de inseto é que ele muitas vezes não fica evidente. Muitas vezes as peças de madeira já estão irreversivelmente comprometidas, com perigo de gerar um dano estrutural, quando se descobre o problema. Nas edificações históricas, além de observar os elementos visíveis de madeira, como estruturas e esquadrias, deve-se observar a estrutura dos estuques, pois é comum que o ataque de cupim leve ao colapso esse tipo de elemento pelo ataque aos montantes de madeira.
Exemplo de elemento em madeira atacado por cupins.
Animais de pequeno porte: Os principais animais de pequeno porte que colaboram com a degradação das edificações são os ratos, os morcegos e os pombos. OS RATOS e outros roedores podem danificar as alvenarias para fazer suas tocas e ninhos, ou se alojarem junto a pequenas fendas sob a edificação. O principal perigo de degradação refere-se ao ataque aos sistemas elétrico e hidráulico das edificações, que em colapso podem causar incêndios e inundações. OS MORCEGOS costumam ocupar os forros das edificações, formando ninhos nesses locais. Geram a contaminação desses espaços através de suas fezes e urina, que possui extremo mau cheiro. O acúmulo desse material pode, pela sobrecarga, danificar os forros das edificações históricas. AS AVES de uma forma geral podem ocasionar a quebra de ornamentos, o deslocamento de telhas e bloquear calhas. O caso dos pombos é grave nas grandes cidades devido ao número de animais. Os excrementos das aves além de sujar as fachadas podem, quando em contato com a água, gerar reações químicas que provocam o manchamento permanente da superfície.
3 FENÔMENOS INCIDENTAIS DA NATUREZA Constituem fenômenos incidentais terremotos, maremotos, avalanches, erupções vulcânicas, deslizamentos de terra, ciclones, maremotos, tufões e tornados. Os tipos de danos causados por esses agentes são devastadores, provocando a ruína imediata da edificação. No Brasil o principal problema incidente são as INUNDAÇÕES, que além dos problemas imediatos, como a ruína, geram problemas a longo prazo pela umidade a que os materiais são expostos.
Enchente ocorrida em 1942 em no centro histórico em Porto Alegre.
3 AÇÃO DO USO PELO HOMEM Podemos classificar os danos causados pelo homem em cinco categorias: • desgaste ao uso; • falta de conservação preventiva; • intervenções indevidas; • desenvolvimento urbano; • vandalismo. Em relação ao vandalismo destacam-se a pichação, a raspagem das superfícies e os incêndios provocados.
Os principais mecanismos de degradação deflagrados pelo desenvolvimento urbanos são: • a movimentação do solo do entorno; • as mudanças de declividade no solo do entorno; • a impermeabilização, que modifica as características hidrológicas da área; • as cargas vibratórias originadas pelo incremento do tráfego do trânsito de veículos.