Os Santos E Os Carismas

  • Uploaded by: Rodrigo Miguel
  • 0
  • 0
  • May 2020
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Os Santos E Os Carismas as PDF for free.

More details

  • Words: 5,282
  • Pages: 9
OS S ANTOS E OS CARIS MAS O Espírito Santo atua continuamente no Corpo de Cristo, que é a Igreja, desde os tempos da Igreja primitiva até os nossos dias, sem interrupção. Ele opera, por exemplo, pela Palavra de Deus, pelos Sacramentos, pelas virtudes e pelas múltiplas graças especiais (chamadas de "carismas"). Os carismas são graças do Espírito Santo para a edificação da Igreja. São favores extraordinários concedidos principalmente para o bem dos outros. São graças gratuitamente dadas por Deus a quem Ele quer. Em 1Cor 12, 4-11 mencionam-se nove carismas: palavra de sabedoria, palavra de ciência, fé, dons de cura, milagres, profecia, discernimento dos espíritos, línguas e interpretação das línguas. Outras passagens das Cartas de São Paulo (como 1Cor 12, 28-31 e Rm 12, 6-8) mencionam outros carismas. A presença destes dons na Igreja, desde o seu nascimento, não é novidade. Novidade mesmo é a ênfase que se tem dado a relatos sobre experiências pessoais e coletivas envolvendo, supostamente ou não, a ação do Espírito Santo, desde a origem do movimento pentecostal e de suas vertentes. E no centro das atenções está o dom de línguas. Como resultado, muitas pessoas ficam confusas e se perguntam: Os dons carismáticos voltaram a se manifestar nos tempos modernos? Sumiram após a era apostólica? Por que se fala tanto e se busca tanto o dom de línguas? Será que sempre é verdadeiro? De fato há dons carismáticos falsos (falsas curas, falsas profecias, etc), movidos pela pessoa mesma e não pelo Espírito Santo. Por esta razão é preciso cautela, é preciso discernimento. O Catecismo da Igreja Católica, nos parágrafos 800 e 801, deixa claro: “Os carismas devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas também por todos os membros da Igreja, pois são uma maravilhosa riqueza de graça para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo, contanto que se trate de dons que provenham verdadeiramente do Espírito Santo e que sejam exercidos de maneira plenamente conforme aos impulsos autênticos deste mesmo Espírito, isto é, segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas. É neste sentido que se faz sempre necessário o discernimento dos carismas. Nenhum carisma dispensa da reverência e da submissão aos Pastores da Igreja. “A eles em especial cabe não extinguir o Espírito, mas provar as coisas e ficar com o que é bom”, a fim de que todos os carismas cooperem, em sua diversidade e complementaridade, para o “bem comum” (1Cor 12, 7)”. O Espírito Santo nunca abandonou a Igreja. Isto é promessa do Senhor (cf. Jo 14, 16). Considerando seu caráter extraordinário (ou seja, que não é comum), os carismas sempre existiram na Igreja Católica, especialmente (mas não unicamente) entre os santos. Quantos dons! Quantas graças! Quantos milagres comprovados, levando valorosos cristãos para a honra dos altares! Quantas curas! Quantos testemunhos! O que ocorre é que nem sempre são relacionados diretamente com os dons carismáticos Bíblicos. A relação a que nos referimos é no sentido da linguagem usada. Relatos de êxtase espiritual, por exemplo, são comuns nas biografias e nos escritos de muitos santos (como em Castelo Interior ou Moradas, de Santa Teresa de Jesus). Este êxtase no Espírito pode ser, em muitos casos, identificado como efusão

1 de 9

do Espírito Santo, ou repouso no Espírito. Com o propósito de dar uma possível resposta a questões que perturbam e confundem muitos fiéis católicos, este artigo [1] apresenta o resultado de uma pesquisa sobre os carismas extraordinários na vida dos santos. Não é um estudo profundo sobre a vida e os dons especiais de cada santo, nem pretende encerrar o assunto. A Igreja tem milhares de santos conhecidos, ou seja, canonizados (e os desconhecidos, obviamente, é impossível numerar). Trata-se de um esboço, de uma “introdução”, que tem por objetivo demonstrar que, ao contrário do que muitos pensam, os carismas extraordinários nunca deixaram de ser derramados sobre a Igreja. Podem parecer novidades de nossa época, mas há provas dessa experiência em toda a história da Igreja Católica e não é exclusividade deste ou daquele movimento eclesial ou ordem religiosa, como veremos a seguir. Alguns relatos sobre S antos de Deus que receberam dons carismáticos: S anta Catarina de Alexandria († Egito, 305), Virgem e Mártir (dom da sabedoria) - É uma das santas mais populares da História da Igreja, universalmente venerada. Era uma jovem de grande beleza e tinha recebido de Deus o dom da sabedoria. Defendeu o Cristianismo e demonstrou a falsidade dos cultos idolátricos. Sofreu o martírio, tendo o corpo dilacerado por rodas com lâminas cortantes. S ão Pacômio (dons de profecia, línguas, cura, milagres) - Nasceu no Egito no ano de 287. Tinha o dom das línguas. Embora nunca tivesse aprendido Latim ou Grego, ele podia falar fluentemente ambas. Foi também agraciado por Deus com o dom da profecia, o dom da cura e o dom dos milagres. M orreu no ano de 348. S ão Patrício (dom do milagre e dom da profecia) - Nasceu em 377. Por sua pregação, a Irlanda, anteriormente lar da idolatria, tornou-se a Ilha dos Santos. Favorecido por visões do alto, dom da profecia e grandes milagres, esse santo alcançou grande renome nos séculos IV e V. Tinha visões divinas que lhe mostravam a Irlanda como o país onde deveria ir semear a Fé. Eram tantos os milagres, bênçãos e fatos maravilhosos que acompanhavam o apostolado de São Patrício, que ele mesmo exclama em sua autobiografia: "De onde provêm essas maravilhas? Como os filhos de Hibérnia (Irlanda), que jamais haviam conhecido o verdadeiro Deus e adoravam ídolos impuros, tornaram-se um povo santo, uma geração de filhos de Deus? Os filhos e as filhas de reis solicitam a honra de serem monges ou de consagrar sua virgindade ao Senhor. E quantas virgens e viúvas que lutam contra todos os obstáculos humanos para permanecerem fiéis a seu esposo celeste! Eu não sei o número, mas Deus o sabe. Ele que dá a seus humildes servidores uma coragem heróica". S ão Ludgero de Utrecht (dom da cura, dom dos milagres, dom da profecia) - Nasceu na Frísia em 743. Ouviu São Bonifácio pregar e decidiu entrar para a vida religiosa. Trabalhou em várias regiões como missionário. Combateu a idolatria e construiu muitos monastérios e igrejas. São Ludgero foi um grande pregador da Palavra de Deus e ainda era favorecido com o dom dos milagres, o dom da profecia e o dom da cura. Curou e converteu o cego pagão Berulef. Foi o primeiro Bispo da M unster. S ão Ranieri de Pisa (1118 - 1161), Confessor (dom dos milagres, dom da cura) - Possuía o dom dos milagres, lia segredos nos corações, expulsava demônios, realizava curas e conversões. Segundo os registros da Igreja, os seus prodígios ocorriam por meio do pão e da água benzidos, os quais distribuía 2 de 9

a todos os aflitos que o solicitavam. Depois de falecido, continuou operando prodígios por meio da água benzida com sua oração ou colocada sobre sua sepultura. S ão Raimundo de Penhaforte (Espanha, 1175 - 1275), Confessor (dom dos milagres) - Desde tenra idade, revelava grande interesse pela oração e pelo estudo. Foi muito reputado pelos conhecimentos de Direito Canônico e se celebrizou pela santidade e pelos milagres que praticava. Denunciou o perigo que havia na parte dos albigenses (facção da seita dos cátaros, um sincretismo cristão, gnóstico e maniqueísta) e conseguiu a expulsão dos mesmos. Trabalhou incessantemente na pregação, instrução, nas confissões e na conversão dos hereges, dos judeus e dos mouros. M uitos e grandes milagres obrou Deus por meio do seu servo, que morreu aos 100 anos de idade. S anto Ângelo (dom da profecia, dom dos milagres) - Os registros indicam que ele nasceu em 1185, na cidade de Jerusalém. Recebeu muitas graças do Senhor, sobretudo o dom da profecia e dos milagres, depois de viver cinco anos no M onte Carmelo, mesmo lugar onde viveu o profeta Elias. Dentre seus grandes feitos o que mais se destaca é o trabalho de evangelização que manteve entre os hereges cátaros. S anto Adolfo de Osnabruck (dom dos milagres, dom da cura) - Nasceu em 1185 na cidade de Westphalia, Alemanha. Tornou-se popular e famoso pelos inúmeros milagres e curas. Santo Adolfo veio a falecer em 30 de junho de 1224 e seu túmulo logo se tornou local de peregrinação. Vários milagres são atribuídos a sua intercessão. S anto Antônio de Lisboa († Arcela, Itália, 1231), Confessor e Doutor da Igreja (dom dos milagres) - Também é conhecido como Santo Antônio de Pádua, por ter vivido nessa cidade italiana. Nasceu em Lisboa e depois de ser algum tempo agostiniano ingressou na Ordem Franciscana. Pregou na Itália e no sul da França, conseguindo milhares de conversões. Combateu arduamente a heresia dos cátaros e patarinos. Era chamado de o "incansável martelo dos hereges". Não apenas os combatia no púlpito, pela pregação, mas também por meio de milagres espantosos. São famosos seus milagres acontecidos ainda em vida, como o da pregação aos peixes. Sabia de cor quase todas as Escrituras e tinha um dom especial para explicar e aplicar as mais difíceis passagens. Faleceu em 1231, com apenas 36 anos de idade. Sua língua, que tanto pregara a palavra divina, foi preservada da corrupção e até hoje é venerada num relicário, em Pádua. S anta Isabel de Portugal (dom dos milagres, dom da cura) - Filha de D. Pedro III, rei de Aragão, nasceu em 1270, na Espanha. Amava os pobres e os doentes. Costumava dizer: "Outro motivo Deus teve de me colocar sobre o trono, senão de proporcionar-me os meios de socorrer os necessitados”. Deus, por sua vez, recompensou-a com o dom dos milagres e o dom de curar. Uma pobre mulher, cujo corpo estava coberto de úlceras recuperou a saúde com um abraço que Isabel lhe deu. Faleceu no dia 4 de julho de 1336, aos 65 anos. Junto a seu túmulo multiplicaram-se os milagres. Entretanto, Isabel só seria beatificada em 1516 e canonizada em 1625. Nessa ocasião, quando abriram o túmulo, encontraram seu corpo totalmente conservado, apesar de já terem transcorrido quase trezentos anos de sua morte. S ão Roque (dom da cura) - Roque nasceu no ano de 1295, na cidade de M ontpellier, França. Vendeu toda a herança e distribuiu o que arrecadou entre os pobres. Depois disso, viveu como peregrino andante. Percorrendo a França com destino a Roma deparou-se com regiões infestadas pela chamada peste negra. Enxergando nos doentes o verdadeiro rosto de Cristo, Roque atirou-se de corpo e alma na missão de tratá-los. Iluminado pelo Santo Espírito, adquiriu o dom da cura, fazendo inúmeros 3 de 9

prodígios. Faleceu em 16 de agosto de 1327. S ão Vicente Ferrer (dom das línguas, dom dos milagres) - Grande pregador dominicano que nasceu na Espanha em 1350 e teve como tema central das pregações a Volta de Jesus, o Juízo de Deus e a Unidade da Igreja. Sem ter estudado, pregava durante horas a fio em todos as línguas e dialetos de todos os países da Europa de seu tempo. M uitas Igrejas foram levantadas como lembrança e testemunho das conversões em massa por tão sobrenatural dom. Evangelizava o dia inteiro numa língua e, já no dia seguinte, em outra região, catequizava sem nenhum sotaque, em outro idioma. É importante mencionar que as línguas e dialetos da Europa ainda hoje são numerosos! São Vicente Ferrer faleceu em 1419. Pregou com sua vida, palavras de fogo e milagres que atraíam multidões. S ão Francisco de Paula (dons do milagre, da cura, da profecia) - Um analfabeto da cidade de Paula, na Calábria, dotado de alta sabedoria, que o tornou conselheiro de Papas e monarcas. Fez grandes milagres e ressuscitou mortos. Não há espécie de doenças que ele não tenha curado, de sentidos e membros do corpo humano sobre os quais não tenha exercido a graça e o poder que Deus lhe havia dado. Ele restituiu a vista a cegos, a audição a surdos, a palavra aos mudos, o uso dos pés e mãos a estropiados, a vida a agonizantes e mortos; e, o que é mais considerável, a razão a insensatos e frenéticos. Ele era dotado do dom da profecia. Segundo um de seus biógrafos, dele se pode dizer, como do Profeta Samuel, que nenhuma de suas predições deixou de se cumprir. Assim, profetizou que os turcos invadiriam a Itália, como já havia predito que tomariam Constantinopla. Os demônios não podiam resistir-lhe e foram inúmeros os casos de possessos que ele livrou do jugo diabólico. São Francisco, entre outros grandes carismas, era dotado de uma graça especial para obter de Deus o favor da maternidade para mulheres estéreis. O santo faleceu na Sexta-feira Santa do ano de 1507, aos 91 anos de idade. Seu corpo permaneceu incorrupto até 1562, quando os protestantes calvinistas – como o santo havia predito – invadiram o convento de Plessis, onde estava enterrado, tiraram seu corpo do sepulcro e, sem se comover de vê-lo em tão bom estado, queimaram-no. S ão Nicolau de Flüe (dom dos milagres, dom da profecia) - Nasceu na Suíça, em 1417. O mais impressionante milagre da vida de São Nicolau de Flüe: durante os últimos 20 anos de sua vida, ele não comeu nem bebeu, mas viveu só da Sagrada Eucaristia! Quando assistia à M issa, recebia uma força que lhe permitia permanecer sem comer e sem beber, pois de outro modo não poderia resistir. Ele tinha o dom dos milagres e da profecia. Repetidas vezes advertiu o povo sobre a sedução de futuras novidades religiosas. Com efeito, dezenas de anos depois os erros de Lutero e Zwinglio lamentavelmente devastaram diversos cantões suíços. M orreu em 21 de março de 1487, aos setenta anos de idade. Foi canonizado por Pio XII em 1947. S ão Francisco Xavier (dons das línguas, dos milagres, da cura) - São Francisco Xavier nasceu em Navarra no dia 7 de Abril de 1506. A Igreja Católica considera que ele converteu mais pessoas ao Cristianismo do que qualquer outra pessoa desde São Paulo. Ele é o maior missionário do Oriente e muitos lhe chamam de “Apóstolo do Oriente”. São Francisco Xavier teve o dom de línguas de forma tão notável que pôde pregar aos nativos da Índia, China e do Japão em seus próprios idiomas, sem nunca os ter estudado. Quando São Francisco Xavier foi ao Oriente, ele falava em espanhol e os árabes o entendiam como se ele falasse em árabe, enquanto os turcos o ouviam, como se estivesse falando em turco, os persas, como se falasse em persa, os chineses, como se São Francisco falasse em chinês. Certa vez acalmou uma tempestade apenas com sua bênção e de outra curou uma menina cega. Curou vários leprosos com sua bênção e oração.

4 de 9

S anta Teresa de Jesus (1515 – 1582), Virgem e Doutora da Igreja (dom de línguas) – Por ter nascido em Ávila, Espanha, ela também é conhecida como Santa Teresa de Ávila. Tinha como conselheiro espiritual São João da Cruz. Buscou uma vida de profunda oração e contemplação. Em momentos de êxtase espiritual, recebia de Deus o dom extraordinário da oração em línguas (que ela chamava de “embriaguez espiritual”, “júbilo místico”). Nos diz Santa Teresa: "Quem receber do Senhor esta graça não se desconsole quando vir o corpo atado por muitas horas e, às vezes, o intelecto e a memória distraídos. Verdade é que o comum é estarem inebriados em louvores a Deus, ou procurando perceber e entender o que se passa". Diz ainda: "A alma percebe com clareza o grande proveito que traz cada um desses arrebatamentos". É chamada Teresa, a Grande, por sua grandeza de mulher. Santa Teresa ocupa um lugar especial dentro da mística cristã. É uma das maiores mestras da espiritualidade católica e deixou escritos de grande valor, pelo que foi declarada Doutora da Igreja. S ão Toríbio de Mogrovejo (dom de línguas) - Nasceu de família nobre em M ayorga, no antigo reino de León (Espanha), em 16 de novembro de 1538. Em 1575 foi nomeado por Filipe II para o cargo de Inquisidor em Granada. Em março de 1579 foi nomeado Arcebispo de Lima, capital do Vice-Reinado do Peru, pelo Papa Gregório XIII. Fazia-se entender pelos índios, quer falando sua própria língua, quer de maneira totalmente inexplicável e miraculosa, como algumas vezes aconteceu (fato reconhecido em seu processo de beatificação). Sua vida era de contínua oração, contemplação, recolhimento e de penitência, que a todos edificava. Entregou a alma ao Criador em 23 de março de 1606, numa Quinta-feira Santa. Foi beatificado por Inocêncio XI em 1679 e colocado na lista dos santos da Igreja Católica por Bento XIII em 10 de dezembro de 1726. S ão Francisco S olano (dom das línguas, dom da cura, dom dos milagres) - Nasceu em M ontilia, na Andaluzia, em 1549. O que são Francisco Xavier fez pelas Índias Orientais, Solano fez pelas “Índias Ocidentais”. Anunciava Deus de modo extraordinário: tinha o dom das línguas. Deus mesmo era o seu intérprete para os corações americanos. M uitos doentes recuperaram a saúde pela simples imposição do cordão do religioso. Ressuscitou um menino. Livrou, por sua bênção, toda uma região de uma praga de gafanhotos. Compunha cânticos religiosos nas horas livres. Seu lugar predileto era a Igreja, onde permanecia durante horas em profunda adoração ao Santíssimo Sacramento. S ão Camilo de Léllis (dom da cura) - Nasceu no dia 25 de maio de 1550, no sul da Itália. Aos dezenove anos de idade tinha fama de jogador fanático, briguento e violento. O contato com os franciscanos foi fundamental para sua conversão. Recebeu o dom da cura pelas palavras e orações. Logo a sua fama de padre milagreiro correu entre os fiéis. Ricos e pobres procuravam sua ajuda. M orreu em 14 de julho de 1614. Foi canonizado em 1746. Em 1886 foi declarado Padroeiro dos Enfermos, dos Doentes e dos Hospitais. S anta Maria Madalena de Pazzi (dom da profecia) - Batizada com o nome de Catarina, ela nasceu no dia 02 de abril de 1566, em Florença, no norte da Itália. Foi favorecida por dons especiais do Espírito Santo, vivendo sucessivas experiências místicas impressionantes, onde eram comuns os êxtases durante a penitência, oração e contemplação, originando extraordinárias visões proféticas. Para que essas revelações não se perdessem, seu superior ordenou que três irmãs anotassem fielmente as palavras que dizia nessas ocasiões. Um volumoso livro foi escrito com essas mensagens, que depois foi publicado com o nome de "Contemplações", um verdadeiro tratado de teologia mística. Também ela, de próprio punho, escreveu muitas cartas dirigidas a papas e príncipes contendo ensinamentos e orientações para a inteira renovação da comunidade eclesiástica. M orreu com apenas 41 anos, em 25 de maio de 1607, no convento Santa M aria dos Anjos, que hoje leva o seu nome, em Florença. Apenas 5 de 9

dois anos mais tarde, foi canonizada, pelo Papa Clemente IX. O corpo incorrupto de Santa M aria M adalena de Pazzi repousa na Igreja do convento onde faleceu. S ão Martinho de Porres (dons da sabedoria, cura, milagres, profecia, línguas) - Nasceu no princípio de dezembro de 1579. Era filho de um nobre espanhol e de uma ex-escrava. Foi, após muitas provações e humilhações, recebido na Ordem dos Dominicanos como irmão leigo. Entre os inúmeros milagres que se atribuem a M artinho, está dom da bilocação e o de uma ressurreição. O dom da sabedoria era nele tão grande, que as mais altas personalidades de Lima recorriam a seu conselho. Como fruto de seu alto grau de oração, M artinho tinha êxtases freqüentes, à vista de todos. Sua união com Deus era contínua. Recebeu do Senhor também o dom da profecia, o dom da cura e o dom de línguas. S ão José de Cupertino (dom da ciência) – Foi Franciscano Conventual. Nasceu muito pobre, em Púglia, no ano de 1603. Freqüentemente, encontravam-no em êxtase diante da imagem de Nossa Senhora, suspenso da terra a alguns palmos. Tinha o dom da ciência infusa e era consultado por teólogos a respeito de questões delicadas de doutrina e exegese e dava respostas claras e sábias. "O frade mais ignorante de toda a Ordem Franciscana" foi convocado para ir a Roma. Recebido em audiência por Urbano VIII, o frade caiu em êxtase diante do Papa. S anto Inácio de Láconi (dons da cura e da profecia) - Nasceu na cidade de Láconi, Itália, no dia 17 de novembro de 1701. Possuía dons especiais da profecia e da cura. Costumava praticar severas penitências, mantendo seu espírito sereno e alegre, em estreita comunhão com Cristo. A fama de sua santidade se fortaleceu após sua morte, devido aos milagres alcançados por sua intercessão. S ão João Bosco (1815 – 1888), “Apóstolo da Juventude” (dons do discernimento dos espíritos, dos milagres e da profecia) - Figura ímpar nos anais da santidade no século XIX. Dom Bosco foi escritor, pregador e fundador de duas congregações religiosas e exerceu admirável apostolado junto à juventude, numa época de grandes transformações. Dotado do discernimento dos espíritos, do dom da profecia e dos milagres, era admirado pelos personagens mais conhecidos da Europa no seu tempo. A Providência falava a ele, como a São José, em sonhos. Aos nove anos teve o primeiro sonho profético, no qual — sob a figura de um grupo de animais ferozes que, sob sua ação, vão se transformando em cordeiros e pastores — foi-lhe mostrada sua vocação de trabalhar com a juventude abandonada e fundar uma sociedade religiosa para dela cuidar. Para Pio XI, "em Dom Bosco o sobrenatural havia chegado a ser natural; o extraordinário, ordinário; e a legenda áurea dos séculos passados, realidade presente”. S ão Conrado de Parzham (dom da profecia) - Nasceu na Alemanha em 22 de Dezembro de 1818. Grande devoto da Virgem M aria e da Eucaristia, dotado de dons extraordinários, entre os quais o dom da profecia, provocou um despertar da fé em todas as regiões onde se foi difundindo a fama da sua santidade. Animado pelo zelo apostólico, entregou-se também à beneficência, sobretudo em favor de crianças e jovens abandonados ou em perigo. M orreu em 21 de Abril de 1894. Aprovados os milagres que lhe foram atribuídos depois da sua morte, Pio XI beatificou-o em 1930 e inscreveu-o no Catálogo dos Santos, canonizando-o a 20 de M aio de 1934. S ão Pio de Pietrelcina (dom da profecia, dom do discernimento dos espíritos, dom da cura, dom dos milagres, dom de línguas) - Nasceu em Pietrelcina, Itália, no dia 25 de maio de 1887. Foi rigoroso na luta contra os vícios e extremamente cuidadoso em evitar atos que pudessem ofender a Deus, aos irmãos, ou a qualquer pessoa. Foram muitos os fenômenos, humanamente inexplicáveis, que 6 de 9

marcaram fortemente a existência deste homem de Deus. O Senhor quis partilhar com ele as dores da sua Paixão, concedendo-lhe a graça dos estigmas. Este foi o acontecimento místico mais marcante na vida do Frei Pio. Deus também lhe concedeu muitos dons extraordinários, entre eles o dom da profecia, o dom do discernimento dos espíritos, o dom das curas e o dom de línguas. Em 2 de maio de 1999, o Papa João Paulo II, perante uma multidão de fiéis, concentrada na praça de São Pedro, proclamou-o Beato. Foi canonizado em 16 de junho de 2002. S anta Gema Galgani († Luca, Itália, 1903), Virgem (dom da profecia, dom do discernimento dos espíritos) - Gema Galgani nasceu em 12 de março de 1878, na cidade de Luca, ao Norte da Itália. Foi grande mística e amiga da Cruz de Nosso Senhor e teve o privilégio de receber os estigmas da Paixão. Via com freqüência seu Anjo da Guarda, que lhe dava conselhos e a ajudava. Teve como mestra a Bem-aventurada Helena Guerra (apóstola da devoção ao Espírito Santo, que entre os anos de 1895 e 1903 escreveu doze cartas ao Papa Leão XIII e expressou ao Santo Padre o seu desejo de ver toda a Igreja unida em permanente oração, como o estavam M aria e os Apóstolos no Cenáculo). Foi favorecida por toda sorte de carismas. Teve freqüentes êxtases, espírito de profecia, discernimento dos espíritos e visões de Nosso Senhor e de sua M ãe Santíssima. Escreve-nos Santa Gema Galgani no seu livro A Flor da Paixão: "Fiquei refletindo sobre o que isso poderia significar; sinto e percebo que deve ser alguma graça excepcional. Quando reflito sobre ela, desfaleço por Deus, mas nesse desfalecimento a mente está clara e repassada de luz. Quando estou unida a Ele, desfaleço de excesso de felicidade, mas a minha mente permanece clara e pura, sem nada que a perturbe”. Gema faleceu no Sábado Santo de 1903 e foi canonizada por Pio XII em 2 de maio de 1940. S anta Faustina (dom da profecia, dom do discernimento dos espíritos) - Santa Faustina nasceu em Glogowiec, Polônia central, em 25 de Agosto de 1905. Recebeu as mensagens de Jesus sobre sua Divina M isericórdia: Jesus visita Santa Faustina e lhe mostra seu coração traspassado do qual emanam raios de luz branca (a água do batismo) e vermelha (seu sangue) e lhe encomenda a missão de dar a conhecer sua M isericórdia a todos os homens (visão representada na imagem conhecida como Jesus M isericordioso). Teve uma vida espiritual rica em dons, os quais escondeu na humildade dos trabalhos quotidianos. Entre estes dons, destacam-se os dons da profecia e do discernimento dos espíritos, além dos dons de contemplação, de profundo conhecimento do mistério da Divina M isericórdia, visões, revelações e estigmas ocultos. Com tantas graças, escreveu: "Nem as graças nem as revelações, nem os êxtases, nem nenhum outro dom concedido à alma a fazem perfeita, mas sim a comunhão interior da alma com Deus...”. M orreu em Cracóvia no dia 05 de Outubro de 1938, com a idade de 33 anos. João Paulo II proclamou-a Beata no dia 18 de abril de 1993 e Santa no dia 30 de abril de 2000. Os Padres e os Doutores da Igreja (sobre o dom de línguas): S anto Irineu (130 - 200), Contra as Heresias - Por esta razão, o Apóstolo declara: "Falamos sabedoria entre perfeitos", denominando "perfeitos" a quem tem recebido o Espírito de Deus e que por meio do Espírito de Deus falam em todos os idiomas, como ele mesmo falava. De igual maneira, nós também ouvimos de muitos irmãos na Igreja que possuem dons proféticos e que por meio do Espírito falam toda classe de línguas e trazem à luz coisas que estão escondidas dos homens e declaram os mistérios de Deus para o beneficio geral, aos quais também o Apóstolo denomina "espirituais", sendo espirituais porque participam do Espírito e não porque tenham sido despojados de sua carne e se tenham convertido em seres puramente espirituais. 7 de 9

S anto Agostinho (354 - 430), Bispo, Doutor e Padre da Igreja (Homilias sobre S ão João) - Nos primeiros tempos o Espírito Santo desceu sobre aqueles que acreditaram e eles falaram em línguas que não haviam aprendido, conforme o Espírito lhes ensinava. Espera-se agora que aqueles que recebem a imposição de mãos devem falar em línguas? Ou quando impusemos nossas mãos sobre as crianças, cada um de vocês esperou ver se elas falariam em línguas? E quando se vê que elas não falam em línguas, qualquer um de vocês foi tão perverso a ponto de dizer que não receberam o Espírito Santo? S anto Tomas de Aquino (1225 - 1274), Doutor Angélico, em seu comentário da Primeira Epistola aos Coríntios - Quanto ao dom de línguas, devemos saber que como na Igreja primitiva eram poucos os consagrados para pregar ao mundo a Fé em Cristo, a fim de que mais facilmente e a muitos se anunciasse a palavra de Deus, o Senhor lhes deu o dom de línguas. (...) Porém, os coríntios, que eram de indiscreta curiosidade, prefeririam esse dom ao dom de profecia. E aqui, por “falar em línguas” o Apóstolo entende que em língua desconhecida e não explicada: como se alguém falasse em língua teutônica a um galês, sem explicá-la; esse tal fala em línguas. E também é falar em línguas o falar de visões tão somente, sem explicá-las, de modo que toda locução não entendia, não explicada, qualquer quer seja, é propriamente falar em língua. (...) É de notar-se que este costume até agora se conserva na Igreja. Por que as leituras, epístolas e evangelhos temos em lugar das línguas e por isso na M issa falam dois (...) as coisas que pertencem ao dom de línguas, isto é, a Epístola e o Evangelho. (...) Quem faça sua oração salmodiando ou dizendo o Pai Nosso, porém não se entendendo o que se diz, este tal ora em línguas. Outros dados e relatos: Testemunho de Anne Marie S chmidt - Por volta de 1930, o Bispo Ângelo Roncalli costumava visitar uma pequena aldeia situada na Tchecoslováquia, aonde católicos vinham, desde o século XI, experimentando os carismas, tais como se narra na Epístola aos Coríntios. Em 1938 tropas nazistas mataram quase todos os seus habitantes. A testemunha disto é uma senhora de nome Anne M arie Schmidt, que conseguiu sobreviver à prisão em campos de concentração nazistas e russos. Conta-se que João Paulo II, quando era ainda Bispo, acolheu em sua Igreja um grupo de jovens que rezava diferente. Certa vez, estando o grupo reunido, ele chegou na Igreja e viu aqueles jovens orando. Colocou-se no meio e pediu que os jovens rezassem por ele. Parece, naquele dia, ter repousado no Espírito e orado em línguas. Citamos ainda Santo Domingos de Guzman, São Bernardo, Santa Hildegarda, Santo Afonso M aria de Ligório (que em seu livro Oração, relata ter orado em uma língua estranha), São João da Cruz, São Francisco de Assis, dentre muitos outros santos receberam de Deus dons extraordinários. É importante lembrar que os carismas extraordinários não são pré-requisitos para a santidade. E todos recebemos o Espírito Santo no Batismo e somos mais profundamente marcados e fortalecidos por Ele no Crisma (cf. Catecismo da Igreja Católica, parágrafos 985 e 1316). Seja qual for seu caráter, as vezes extraordinário, como o dom dos milagres ou das línguas, os carismas se ordenam à graça santificante (conferida nos sacramentos do Batismo e da Penitência) e têm como 8 de 9

meta o bem comum da Igreja. Acham-se a serviço da caridade, que edifica a Igreja. Extraordinários, ou simples e humildes, os carismas sempre estiveram presentes na Igreja. "... graças sobrenaturais, que Deus se dignou conceder à Santa Teresa e tem concedido a outros santos, não são necessárias para alcançar a santidade, porque muitas outras almas chegaram à santidade sem estas graças extraordinárias e até há muitas que, apesar de terem recebido aquelas graças, estão condenadas”. (S anto Afonso Maria de Ligório, em seu livro A Oração). “Ora, vocês são o corpo de Cristo e são membros dele, cada um no seu lugar. Aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são, em primeiro lugar, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres... A seguir vêm os dons dos milagres, das curas, da assistência, da direção e o dom de falar em línguas. Por acaso, são todos apóstolos? Todos profetas? Todos mestres? Todos realizam milagres? Têm todos o dom de curar? Todos falam línguas? Todos as interpretam? Aspirai aos dons superiores...”. (1Cor 12, 28-31). Rodrigo A. Miguel ([email protected], [email protected]) 1. Os dados deste artigo são baseados nos escritos, biografias e relatos da vida dos santos da Igreja, facilmente encontrados em livrarias (católicas ou não) e na Internet. E também no Catecismo da Igreja Católica, que trata dos carismas nos parágrafos 768, 798 a 801, 910, 951, 1508, 2003 e 2014. Agradecimento especial aos amigos da (maior) Comunidade Católicos do Orkut.

9 de 9

Related Documents

Os Santos Da Casa.docx
December 2019 17
Os
November 2019 66
Os
November 2019 58
Os
May 2020 36
Os
November 2019 68

More Documents from ""