O Verbo De Jesus.doc

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Sobre a Sabedoria da Profecia (al-hikmat an-nubūwiyah) no Verbo de Jesus* O Espírito (ar-rūh, o Cristo) foi manifestado da água de Maria e do sopro de Gabriel, Sob a forma de homem feito de argila, Num corpo purificado da natureza [corruptível], que ele chama de “prisão” (sijīn). De tal modo que ele aí habita desde há mais de mil anos1. Um “espírito de Deus”2, de mais ninguém: É por isso que ressuscitava os mortos e criou o pássaro de argila3. Sua relação para com seu Senhor é tal Que ele age por ela nos mundos superiores e inferiores. Deus purificou seu corpo e o elevou em espírito E fez dele o símbolo de Seu ato criador4. Fica ciente de que os espíritos têm a virtude de comunicar a vida a tudo quanto tocam. É por isso que as-Sāmirī5 [do qual se diz no Alcorão que fabricou o bezerro de ouro adorado pelos israelitas na ausência de Moisés6] tomou a poeira deixada pelas pegadas do enviado [divino], que era [o arcanjo] Gabriel; pois as-Sāmirī conhecia essa virtude dos espíritos, e, quando percebeu que o enviado era Gabriel, soube que a vida se havia comunicado ao lugar que ele pisara com os pés; juntou então um punhado de pó da terra7 e lançou-o no bezerro [de ouro], que “mugiu” em seguida como fazem os bovídeos; — a estátua teria emitido a voz de qualquer outro animal, inclusive do homem, se tivesse a forma desse animal. — Esse poder vem da vida infusa nas coisas, vida que se chama lāhūt (natureza divina), ao passo que o receptáculo vivificado pelo Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. Ou seja, o tempo que se passou desde a ascensão do Cristo até o momento em que este livro foi escrito; ele aí permanecerá até sua “nova descida” no fim do ciclo. 2 “... O Messias, Jesus, filho de Maria, é o enviado de Deus e Seu Verbo que ele projetou sobre Maria, e Seu espírito...” (Alcorão, IV, 170). 3 “[Jesus lhes disse]: Vis mostrar-vos sinais do vosso Senhor; formarei de argila a figura de um pássaro, e soprarei sobre ele, e será um pássaro [vivente] pela permissão de Deus...” (Alcorão, III, 43). O relato do menino Jesus dando vida a um pássaro de argila encontra-se também nos evangelhos apócrifos. 4 Pois o Cristo ressuscitou mortos. 5 Não é claro o significado desse nome corânico; alguns o traduziram por “o Samaritano”, mas trata-se de um anacronismo demasiado evidente. 6 “[Os israelitas disseram a Moisés]: De modo algum violamos nossas promessas por um movimento de nossa parte, mas mandaram-nos juntar as arrecadas de nossos ornamentos... As-Sāmirī lançou-os [no fogo] e retirou daí para o povo um bezerro corporal, que mugia...” (Alcorão, XX,90). 7 “[Moisés disse]: E tu, ó as-Sāmirī, qual foi o teu desígnio? Ele respondeu: vi aquilo que eles não viram. Tomei um punhado de poeira das pegadas do enviado e lancei-o no novilho fundido; minha alma me sugeriu tal coisa” (Alcorão, XX, 96). * 1

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espírito é chamado nāsūt (natureza humana); e esse nāsūt [que compreende a forma corporal] é por sua vez considerado um espírito em virtude daquilo que lhe conserva a existência8. Quando o “Espírito Fiel” (ar-rūh al-āmīn), que é Gabriel, apareceu a Maria “sob a forma de um homem harmonioso”, ela imaginou que se tratasse de um homem que procurava conhecê-la segundo a carne, e, ciente de que tal não era permitido, “buscou refúgio em Deus contra ele” 9 com todo o seu ser, e, por isso, foi tomada por um estado perfeito de Presença divina, estado que se identificava ao espírito intelectual (ar-rūh al-manāwī). Se Gabriel lhe tivesse transmitido seu sopro naquele mesmo instante, enquanto ela se encontrasse nesse estado, Jesus teria nascido tal que pessoa alguma o teria podido suportar em virtude de sua natureza “cortante”, em conformidade com o estado de sua mãe quando de sua concepção; mas quando Gabriel disse a Maria: “Em verdade, sou o enviado do teu Senhor e vim para te dar um filho puro” 10, seu estado de contração se distendeu e seu peito se dilatou; e foi então que Gabriel lhe insuflou [o espírito de] Jesus. Gabriel — sobre ele a paz! — foi então o veículo da palavra divina transmitida a Maria, da mesma maneira que o enviado (ar-rasūl) transmite as palavras de Deus a seu povo, segundo a palavra corânica: “[Jesus foi] Sua palavra que Ele projetou sobre Maria, e Seu espírito.”11 Naquele instante, o desejo amoroso invadiu Maria, de tal modo que o corpo de Jesus foi criado da verdadeira “água” (ou semente) de Maria e da “água” (ou semente) puramente imaginária de Gabriel, transmitida pela umidade que em princípio é inerente ao sopro — pois o sopro dos entes animados contém o elemento água. Assim, o corpo de Jesus foi constituído de “água” imaginária e de “água” verdadeira, e ele foi gerado sob forma humana por causa de sua mãe e por causa da aparição de Gabriel sob forma de homem; pois fora da lei comum não há geração na espécie humana12. Do mesmo modo, Jesus ressuscitou os mortos porque é o Espírito divino — só Deus dá a vida; contudo, o sopro [que transmite a vida] era de Jesus; da mesma maneira que o sopro inspirado a Maria era o sopro de Essa passagem parece aludir às duas naturezas do Cristo. Estas podem ser consideradas dois aspectos de seu Espírito ou de sua Essência. 9 “... Nós enviamos a ela o nosso Espírito e ele revestiu-se para ela da forma de um homem harmonioso. Ela disse: Busco refúgio em Deus contra ti; se o temes...” (Alcorão, XIX, 17-18). 10 “Ele respondeu: Sou o enviado do teu Senhor e vim para te dar um filho puro. — Como, respondeu ela, poderei ter um filho? Pois não fui tocada por nenhum homem, e não me conto entre as transgressoras. Ele respondeu: Eis o que diz o teu Senhor: Isto é fácil para Mim. Ele será Nosso símbolo para os homens e uma misericórdia de Nossa parte. Está dada a sentença...” (Alcorão, XIX, 19-21). 11 Alcorão, IV, 70. 12 Isto significa que o milagre não aboliu a ordem natural, mas a recapitulou incidentalmente em seu princípio superior; no caso, a potência espiritual de Gabriel recapitulou a ordem corporal em seu princípio sutil sem que a polaridade da geração específica fosse destruída por isso. — Essa explicação cosmológica da concepção de Jesus não foi dada com a finalidade de relativizar a intervenção divina; seu propósito é antes o de facultar a compreensão da constituição mesma do Cristo, a relação excepcional que liga seu elemento “paternal” à sua substância “maternal”, como demonstra a seqüência do texto. 8

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Gabriel, ao passo que o Verbo vinha de Deus. Por isso, a ressurreição dos mortos é verdadeiramente uma ação de Jesus, uma vez que emanava de seu sopro como ele mesmo emanara da forma de sua mãe; por outro lado, é apenas segundo as aparências que a ressurreição foi operada por ele, visto que é essencialmente um ato divino. Jesus unia em si essas duas realidades em virtude da sua constituição, a qual dizemos ter sido produzida simultaneamente por uma semente imaginária [ou criada pelo poder de sugestão: al-wahm] e por uma semente real; de tal modo que o ato de ressuscitar os mortos provém dele de uma maneira efetiva, por um lado, e de uma maneira suposta, por outro. De acordo com o primeiro desses dois aspectos, diz-se dele: “Ele vivifica os mortos” 13; e de acordo com o segundo: “Ele sopra nele [no pássaro formado de argila] e este se torna um pássaro, pela permissão de Deus”; o agente, nesse caso, está logicamente ligado à expressão: “pela permissão de Deus” 14; — isso significa que a transformação do pássaro de argila em pássaro real se fez pela intervenção de Deus; entretanto, pode-se também relacionar a permissão divina com o ato de soprar e não com a transformação [da forma de argila] em pássaro, [cuja alma específica] seria então devida simplesmente à forma aparente [do objeto que recebeu o sopro vivificante]. O mesmo vale para a cura do cego de nascença e do leproso e para todos os outros atos milagrosos atribuídos [segundo o Alcorão] a Jesus, por um lado, e à permissão de Deus, por outro, permissão relatada na primeira ou na segunda pessoa segundo as palavras corânicas: “pela Minha permissão” ou “pela permissão de Deus” 15. Logo, se a permissão de Deus se relaciona com o ato de soprar, o pássaro foi criado, com a permissão divina, por aquele que soprou dentro [do objeto de argila]. Por outro lado, se o ato de soprar não depende [diretamente] da permissão divina, é a transformação do pássaro [de argila] em pássaro real que depende dela, e o agente dessa transformação está então implícito no termo: “ele se torna”. Se o ato de que se trata não comportasse em si mesmo algo efetivo e algo imaginário, o acontecimento não poderia assumir indiferentemente um e outro aspecto; mas isso acontece porque a própria constituição de Jesus comporta os dois aspectos. Jesus manifestou a humildade a tal ponto que deu à sua comunidade o mandamento de dar o dízimo humilhando-se, e de, se alguém fosse atingido na face, oferecer a outra face a quem o atingiu e não se revoltar contra ele nem buscar vingança. Isso Jesus herdou de sua mãe, pois é a mulher que se submete naturalmente, uma vez que é legal e fisicamente sujeita ao homem. Seu poder vivificante e curativo, por outro lado, lhe veio do sopro de Gabriel revestido de forma humana. É por isso que Jesus pôde vivificar os mortos tendo a forma de homem. Se Gabriel não tivesse aparecido [a Maria] sob forma humana, mas sim sob qualquer outra forma sensível, animal, vegetal ou mineral, Jesus não teria ressuscitado os mortos sem revestir-se nesse momento dessa forma não-humana e manifestar-se nela; do mesmo modo, se Gabriel tivesse aparecido numa forma de luz [espiritual] desprovida dos elementos e das qualidades 13 14 15

Alcorão, III, 48. Alcorão, III, 48. Alcorão, V, 110.

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sensíveis — embora compreendida na Natureza universal (at-tabī‘ah) — Jesus não teria podido ressuscitar os mortos sem aparecer ele mesmo, quando de sua ação, nessa forma de luz suprassensível, revestindo-se ao mesmo tempo da forma humana que recebeu de sua mãe. Por causa disso [quer dizer, por causa de sua identificação com Gabriel quando do ato milagroso], diz-se dele que, quando ressuscitava os mortos, era ele e porém não era ele; e os espectadores ficavam consternados ao vê-lo, da mesma maneira que aquele que reflete sobre essa ação fica consternado ao ver que uma pessoa humana vivifica os mortos quando a capacidade de vivificar os seres dotados de palavra — não porém os outros animais [que participam de algum modo da vida do homem perfeito] —é uma propriedade divina; aquele que pensa sobre isso fica perplexo ao ver uma ação divina emanando de uma forma humana. É isso que levou alguns a postular a “localização” (hulūl) de Deus [na natureza humana de Jesus] e levou outros a dizer que Jesus era Deus na medida em que ressuscitava os mortos, e por isso o Alcorão atribui a esses o kufr (a incredulidade), palavra que significa literalmente o véu (sitr), uma vez que “velam” a Deus, Que ressuscita realmente os mortos pela forma humana de Jesus. Deus diz [no Alcorão]: “São incrédulos os que dizem: em verdade, Deus é Ele mesmo o Messias, filho de Maria”16, pois somam o extravio à incredulidade em sua afirmação — não por dizerem que o Messias era Deus, nem por chamá-lo filho de Maria, mas por identificar Deus, na medida em que vivifica os mortos, com a forma humana terrestre designada expressamente como o filho de Maria. É certo que Jesus era o filho de Maria; e aquele que ouve a frase [condenada] poderia crer que os que a dizem atribuem a Natureza divina (al-ulūhiyah) à forma de Jesus no sentido de que a Divindade é a essência dessa forma; mas não se trata disso, pois eles [pela expressão: “Deus é Ele mesmo etc.”] fazem da Ipseidade (al-huwiyah) divina o sujeito da forma humana designada como o filho de Maria; distinguem assim a forma [humana] como tal do princípio [do qual ela é uma manifestação] e não identificam a forma [crística] essencialmente a esse princípio [que se manifesta pela revivificação dos mortos]17, do mesmo modo que se faz a distinção entre a forma humana de que Gabriel se revestiu e o sopro que inspirou em Maria; pois, embora o sopro emane dessa forma, ele não deriva dela essencialmente. Por isso, as diversas comunidades religiosas divergiram quanto à identidade de Jesus — sobre ele a Paz! — alguns, considerando-o em vista de sua forma humana terrestre, afirmavam que ele era o filho de Maria 18; outros, considerando nele a forma aparentemente humana, vinculavamAlcorão, V, 19. Ou seja, definem a forma de Jesus como forma humana terrestre, pelas palavras “filho de Maria”, ao mesmo tempo em que identificam Deus com essa forma. Trata-se evidentemente da confusão entre as duas naturezas do cristo, a divina e a humana. 18 Ibn ‘Arabi não considera Maria sob seu aspecto de Theotokos, “Mãe de Deus”; essa expressão seria mesmo completamente ininteligível do ponto de vista do Islam, que sempre opera uma nítida distinção entre o criado e o incriado; mas a idéia do “Deus manifestado”, no sentido direto e “concreto” dessa expressão, se encontra no Sufismo — a saber, na identificação entre Deus e Seu Nome. 16 17

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no a Gabriel; outros ainda, pelo fato de a vivificação dos mortos emanar dele, vinculavam-no a Deus pelo Espírito, dizendo que era o Espírito de Deus, ou seja, que era ele que comunicava a vida a quem recebia seu sopro. Assim, sucessivamente, supõe-se nele ou Deus, ou o Anjo, ou a natureza humana; de modo que ele é para cada espectador aquilo que para esse espectador se impõe: é o Verbo de Deus, é o Espírito de Deus e é o servo [isto é, a criatura] de Deus. Há aí algo que não acontece com nenhum outro homem considerado em sua forma aparente, pois toda pessoa se liga naturalmente ao seu pai formal e não àquele que insuflou seu espírito na forma humana. Isso porque quando Deus “forma” — como Ele mesmo diz — o corpo humano e em seguida “insufla” nele o Seu Espírito19, esse Espírito se liga, assim pela existência como pela essência, a Deus somente. Ora, não é assim que as coisas acontecem com Jesus: a preparação de seu corpo e de sua forma está implicada no sopro espiritual [que Gabriel projetou sobre Maria]. Como acabamos de dizer, não é esse o caso dos outros seres humanos [em que a preparação do corpo precede a inspiração do espírito]. Todas as existências são “as Palavras de Deus que não se esgotam jamais”20; pois todas elas não são outra coisa senão a palavra “sê!” (kun), que é o Verbo de Deus. Ora, será preciso crer que a Palavra se vincula imediatamente a Deus em Seu estado principial? Se assim for, nos é impossível conhecer sua qüididade; ou senão é Deus que “desce” em direção à forma daquele que diz: “sê”, de tal modo que a palavra “sê” é a realidade essencial (al-haqīqah) da forma em direção à qual Deus “desce” ou na qual Se manifesta. Certos conhecedores de Deus afirmam a primeira coisa, outros afirmam a segunda, e outros ainda se calam diante da ambigüidade dos aspectos. Essa questão só pode ser sondada pela intuição. Abu Yazīd, que soprou sobre a formiga que havia matado [inadvertidamente] e a fez reviver, soube muito bem por quem soprava e que era por Ele que soprava; sua contemplação foi crística. Já a vivificação pelo conhecimento é a Vida divina, essencial, superior, luminosa, da qual Deus diz [no Alcorão]: “... ou bem aquele que estava morto e que Nós vivificamos, concedendo-lhe uma luz por meio da qual caminha entre os homens...”21. Quem quer que vivifique pela vida do conhecimento uma alma morta, em qualquer um dos domínios vinculados ao conhecimento de Deus, esse a vivifica realmente, uma vez que esse conhecimento particular é para essa alma como uma luz com a qual ela caminha entre as gentes, ou seja, entre aqueles que a ela se assemelham pela forma. Sem ele [como princípio ativo] e sem nós [como receptáculos de seu ato] nada existiria. Adoro-O em verdade; E Deus é nosso Mestre. “Quando Eu o tiver formado e tiver insuflado nele o Meu Espírito...” (Alcorão, XV, 29). 20 “Dize: Se o Oceano fosse tinta para as palavras de meu Senhor, o Oceano se esgotaria antes que se esgotassem as palavras de meu Senhor, mesmo se produzíssemos ainda uma vez o mesmo tanto de tinta” (Alcorão, XVIII, 109). 21 VI, 122. 19

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Mas eu, eu sou Ele Mesmo (‘aynuh) Na medida em que vês [em mim] o Homem [universal]. Não te deixes pois obcecar pelo véu do homem individual, E ele será para ti um símbolo evidente. Sê a um só tempo Deus [em tua essência] e criatura [por tua forma], E serás por Deus o dispensador de Sua misericórdia. Nutris por Ele a Sua criação. Serás um “repouso libertador e um perfume de vida” (rawhān wa raïhānā)22. [Como determinações] nós Lhe damos aquilo por meio do qual Ele se manifesta em nós; Ao passo que Ele nos dá o Ser De tal modo que o Ato (al-amr) procede a um só tempo d’Ele e de nós. Aquele que conhece por meu coração, no momento em que Ele nos dá a vida, o vivifica [pelo conhecimento]23. Nós éramos n’Ele existências, determinações e relações de tempo. Esse estado [de contemplação de nossas possibilidades permanentes em Deus] não persiste em nós, Mas é ele que nos vivifica. O que dizíamos do Sopro espiritual que age através da forma humana terrestre é corroborado pelo fato de Deus atribuir a Si Mesmo a “Expiração de Absoluta Bondade” (an-nafas ar-rahmāni). Ora, a atribuição de uma qualidade acarreta necessariamente tudo quanto [o simbolismo dessa] qualidade comporta; no caso em pauta, bem sabes quais [características elementares] a Expiração [animal] comporta [como a dilatação, a propagação, a produção do som, etc.]. É por isso que se diz que a Expiração divina engloba todas as formas do mundo; com efeito, ela é para elas como a Matéria Prima (al-jawhar al-hayūlānī), que, esta, não é outra coisa senão a determinação primeira da Natureza universal (attabī‘ah). Os quatro elementos24 não são senão formas, entre outras, de todas aquelas que essa Natureza contém; o que está acima dos elementos e acima de tudo que é constituído pelos elementos também faz parte, na qualidade de “formas”, da Natureza universal; isso significa que não somente os espíritos e as essências das sete esferas celestes 25, mas também os “espíritos superiores” (al-malā’ al-a‘lā), são produzidos pela Natureza universal; é por causa disso, aliás, que Deus diz que eles rivalizam uns com os outros: porque a Natureza comporta a polarização; a oposição recíproca dos Nomes divinos — que são as relações Alcorão, LVI, 88. Esse verso pode também ser traduzido da maneira seguinte: Aquele que O reconhece pelo meu coração, no momento em que Ele nos dá a vida, atribui-Lhe a vida individual. 24 Considerados como quatro fundamentos “naturais”, tanto do mundo sutil quanto mundo corporal. 25 Que são “elementares” por participar das modalidades sutis dos quatro elementos. 22 23

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[universais] — provém exatamente da “Expiração de Absoluta Bondade”, ao passo que a Essência (adh-dhāt), que não está submetida a essa condição [de polarização], é “independente dos mundos”. Quanto ao mundo, foi produzido “na forma” de seu princípio manifestante, que não é outro senão a Expiração divina26. A Expiração divina se “eleva” em virtude do calor que lhe é inerente; “desce” em virtude do frio e da umidade; e se “fixa” e “solidifica” em virtude da secura. Logo, a “precipitação” [do mundo grosseiro] provém do frio e da umidade [ou seja, daquilo que corresponde a essas qualidades na ordem universal]. É o mesmo que podemos constatar na medicina: para administrar um remédio que acelere a digestão, o médico espera até observar uma precipitação na urina do doente, precipitação que se produzirá por uma predominância, no organismo, do frio e da umidade naturais. Além disso, [a polarização primordial que qualifica a Natureza universal é simbolizada pelo fato de que Deus] moldou a argila do homem “com Suas duas mãos”, que são evidentemente opostas uma à outra; embora cada uma delas seja, em certo sentido, e como já se disse, uma “mão direita”, a distinção entre elas não é menos real por isso, quanto mais não seja pelo simples fatos de serem duas e não uma. Isso porque a Natureza, que comporta a oposição, é regida por aquilo que lhe corresponde. De resto, é por causa dessa moldagem por suas duas mãos que Deus chamou ao homem bashar27, palavra que faz alusão à “ternura” (al-mubāsharah) prodigalizada ao homem pelas duas Mãos divinas que o moldaram; o que significa um favor divino particular concedido ao gênero humano, uma vez que [segundo o Alcorão] Deus disse ao que se recusou a prostrar-se diante de Adão: “O que te impede de prosternar-te diante deste que criei com Minhas duas mãos? És acaso orgulhoso (em relação a este que é igual a ti, ou seja, que é feito dos elementos como tu), ou és um dos seres superiores (al-‘ālīn)28 — que, eles, ultrapassam o domínio dos elementos, o que contudo não acontece contigo?!” — Entendemos portanto por espíritos superiores aqueles que, por sua essência e em sua natureza luminosa, se elevam por sobre os elementos, embora dependam da Natureza universal. O único motivo pelo qual o homem ultrapassa as outras espécies do domínio elementar é por ter sido “moldado” pelas “duas Mãos” divinas; é por isso que sua espécie é mais nobre que toda outra espécie formada dos elementos sem esse duplo contato divino [que corresponde à natureza “central” do homem]; isso significa que o homem possui uma dignidade superior não só à dos anjos terrestres [dos quais fazem parte os gênios] como também à dos anjos celestes [que povoam as sete esferas celestes, formadas de modalidades sutis dos elementos], ao passo que os Anjos superiores, segundo o texto sagrado, são melhores do que o gênero humano [pois não tiveram de prosternar-se diante de Adão]. Aquele que deseja conhecer a Expiração (nafas) divina, que considere o mundo: pois, [segundo a palavra do Profeta], “aquele que Segundo essa concepção, a Natureza universal — ou a Expiração divina — é análoga ao que a doutrina hindu chama de Shakti ou Māyā. 27 Alcorão, XV, 28. 28 Alcorão, XXXVIII, 75. 26

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conhece sua alma (nafsahu) conhece a seu Senhor” que se manifesta nele; entendo aí que o mundo se manifesta na Expiração do Absolutamente Bom, pela qual Deus “dilatou” (naffasa) as possibilidades implícitas nos Nomes divinos, aliviando-os (naffasa) por assim dizer da contração de seu estado de não-manifestação; fazendo isso, Ele foi generoso Consigo Mesmo (nafsahu) por meio daquilo que manifesta em Si Mesmo (fī nafsihi); de tal modo que é assim que se afirma o primeiro ato da Expiração (an-nafas) divina. Em seguida, o Ato divino não deixa de descer gradualmente pelo “alívio (tanfīs) das angústias”29 até a derradeira das manifestações. Tudo está contido na Expiração divina Como o dia no crepúsculo da manhã. O Conhecimento transmitido por demonstração é como a aurora para aquele que dormita; De tal modo que ele vê o que acabo de dizer como num sonho, símbolo da Expiração divina, Que, depois das trevas, o alivia de toda aflição. Ele Se revelou outrora àquele que veio em busca de um tição, E que O viu como um fogo, a Ele que é uma luz dentro dos reis [espirituais] e dos viajantes. Se compreendes minhas palavras, sabes que tens necessidade [da forma aparente]: Se [Moisés] tivesse procurado outra coisa [que não o fogo], O Teria visto nela, e não o contrário. Quanto às palavras pelas quais Jesus respondeu [segundo o Alcorão] a certa questão que Deus lhe propôs (sob o mesmo aspecto que O levou a dizer também: “Nós os provaremos até que saibamos”, — entendo, como se Ele quisesse saber se tal coisa atribuída a Jesus havia acontecido de fato ou não, e isso apesar de sabê-lo desde toda eternidade), quando lhe disse: “Acaso disseste às gentes que tomassem a ti e à tua mãe por divindades ao lado de Deus?” 30, era preciso que a Segundo a doutrina dos Padres gregos, o mundo foi criado “pelo Filho (o Verbo) no Espírito Santo”, o qual também é chamado “Consolador”. 30 “E quando Deus disse a Jesus: Acasodisseste aos homens: Tomai a mim e à minha mãe por divindades fora de Deus? Ele respondeu: Exaltado sejas! Não cabe a mim dizer o que não tenho o direito de dizer [ou: o que não é para mim segundo a verdade]. Se eu o disse, Tu o soubeste; Tu sabes o que há em mim e eu não sei o que há em Ti, pois és Tu o Conhecedor dos segredos. Não lhes disse senão o que Tu me ordenaste que lhes dissesse: Adorai a Deus, meu Senhor e vosso Senhor. Enquanto estive entre eles, fui a testemunha deles, mas quando me recolheste junto a Ti, Tu foste o seu observador, pois és a Testemunha de todas as coisas. Se Tu os castigas, eles são Teus servos; e se os perdoas, Tu és o Poderoso, o Sábio. — Deus disse: Este dia é um dia em que aproveitará aos justos a sua justiça; os jardins banhados por rios serão sua morada perpétua. Deus será satisfeito deles e eles serão satisfeitos de Deus. Esta é a beatitude imensa” (Alcorão, V, 115-118). — Vale observar que a expressão “divindades fora de Deus”, no começo dessa passagem corânica, define com perfeita exatidão o erro que, embora não seja de modo algum justificado pela doutrina 29

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resposta fosse conforme à relação e ao aspecto sob os quais revelara-Se o interlocutor; ora, a Sabedoria exigiu, nesse caso, que a resposta respeitasse a dualidade essencialmente contida na Unidade; e é por isso que Jesus disse — antes de mais nada, exaltando Deus acima das formas e definindo-O pelo pronome da segunda pessoa, que indica a confrontação — : “Exaltado sejas, não cabe a mim” — quer dizer, ao meu ego, que se distingue de Ti — “dizer o que não é para mim segundo a verdade” — em nome de minha identidade ou de minha essência individual —, “se eu o disse, Tu o soubeste”; — pois na realidade és Tu quem falas, e aquele que fala sabe o que diz; Tu és a língua pela qual falo; (como nos ensinou o Enviado de Deus — sobre ele a Paz! — relatando-nos a mensagem divina: “... e sou a língua pela qual ele fala, etc.”: Deus identifica-se assim essencialmente à língua do eleito que fala, vindo a palavra do indivíduo). Em seguida, o servidor santo [Jesus] disse, dando continuidade à sua resposta: “Tu sabes o que há em mim”, — e é [implicitamente] Deus quem fala, — “e eu não sei o que há em Ti”; — ou seja, não sei o que há no Si Mesmo: essa palavra nega somente o conhecimento da aseidade (alhuwiyah) como tal [em sua infinitude], e não na medida em que é a autora das palavras e dos atos [de Jesus]. “Em verdade, és Tu [o Conhecedor dos segredos]”; pelo pronome Tu ele sublinha a distinção, uma vez que só Deus [em sua infinitude] conhece todos os segredos. É assim que ele separou [o indivíduo de sua essência divina] e uniu [os dois, quando disse: “Se eu o disse, Tu o soubeste”]; afirmou a unicidade de Deus e a multiplicidade [que ela implica]; considerou ao mesmo tempo o universal e o particular. Ao terminar sua resposta, ele falou: “Não lhes disse senão o que me ordenaste que lhes dissesse”; começou pela negação, fazendo alusão ao que não tinha existência [própria]; em seguida, compensou essa negação com uma afirmação a respeito de seu interlocutor; se não tivesse agido desse modo, seria por ter ignorado as Verdades divinas — e longe dele uma tal ignorância! — Disse pois: “o que me ordenaste”, pois és Tu que falas com minha língua, pois és Tu mesmo minha língua! Atenta para essa consideração da polaridade espiritual e divina [do Ato divino e daquele que o recebe]; que poderia haver de mais sutil? — “[Não lhes disse senão o que me ordenaste que lhes dissesse:] Adorai a Deus”; empregou o nome Deus (Allāh) por causa dos diferentes pontos de vista dos adoradores e por causa da diferença dos cultos, uma vez que esse nome [Allāh] compreende todos os aspectos divinos sem afirmar nenhum deles em particular; e acrescentou: “meu Senhor e vosso Senhor”, pois é certo que há algo de exclusivo na relação que faz da Divindade o senhor de um determinado ser manifestado; e é por isso que ele fez, pelos respectivos pronomes, a distinção entre “meu Senhor” e “vosso Senhor”. Pelas palavras: “...senão o que me ordenaste que lhes dissesse”, ele se descreve cristã, pode se introduzir na prática no culto do “Filho de Deus” e da “Mãe de Deus”. Em virtude dos abusos ocorridos no seio da comunidade cristã, o Alcorão afirma a transcendência divina. Não obstante, o simbolismo da Theotokos é implicitamente afirmado na seguinte passagem corânica: “Fizemos do filho de Maria e de sua mãe [ou seja, da mãe de Jesus] um símbolo. Demos-lhes como morada um lugar elevado, tranqüilo [ou: imutável] e de fontes abundantes” (XXIII, 49).

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como aquele que se sujeita à Ordem (al-amr), o que corresponde a seu estado de servo [perfeito], pois ninguém recebe ordens se não se espera que ele as execute, mesmo que depois não venha a executá-las. Uma vez que a Ordem divina [ou o Ato divino] se revela em conformidade com a hierarquia da Existência, tudo quanto surge num grau qualquer dessa hierarquia toma a cor da realidade própria desse grau. O grau daquele que se sofre a Ordem [ou o Ato] implica uma certa condição que surge em tudo quanto recebe uma ordem; do mesmo modo, o grau da Ordem [ou do Ato] implica uma condição que surge em tudo quanto ordena [ou age]. Assim, Deus diz: “Cumpri a oração!” Nisso, é Ele quem ordena, ao passo que o ser obrigado ao culto recebe a ordem; por outro lado, o adorador diz: “Senhor, perdoa-me!” E dessa vez é ele quem ordena, ao passo que Deus recebe a ordem. Ora, o que Deus exige do adorador por Sua ordem não é diferente do que o adorador exige de Deus por sua ordem; e é por isso, aliás, que toda oração é atendida, mesmo que a resposta demore. Do mesmo modo, acontece de certos adoradores, que receberam a ordem divina de cumprir a oração a tal hora, atrasarem-na ou cumprirem-na somente na hora em que podem fazê-lo; também nesse caso a obediência é retardada, embora ela certamente exista [no caso do adorador verdadeiro], mesmo que pela simples intenção [de cumprir o rito determinado]. Em seguida, Jesus diz: “Eu era a testemunha deles” — não se implica a si mesmo como fez ao dizer: “meu Senhor” e “vosso Senhor” — “enquanto estive entre eles”; pois os profetas são as testemunhas de suas comunidades enquanto vivem no meio delas: “mas quando Tu me recolheste” — ou seja, quando me elevaste para perto de Ti, me ocultaste deles e os ocultaste de mim, — “Tu mesmo eras o seu Observador”, — já não através da minha substância, mas nas próprias substâncias deles, uma vez que eras o próprio olhar interior deles que os observava; pois a consciência que o homem tem de si mesmo é a consciência de Deus a seu respeito. Jesus chama Deus pelo nome de Observador (ar-raqīb) depois de designar-se a si mesmo como testemunha (ash-shahīd) para ressaltar a diferença entre ele mesmo e seu Senhor, a fim de dar a conhecer que se considerava a si mesmo como servo e a Deus como seu próprio Senhor. Ora, fica ciente de que a Deus, o Observador, pertence também o nome que Jesus, segundo sua palavra “fui a testemunha deles”, atribuiu a si mesmo, pois Jesus disse também: “E és Tu a Testemunha de todas as coisas”; disse “coisa” (shay’) no sentido de uma negação das negações, de modo que a expressão “todas as coisas” compreende absolutamente tudo; e empregou o Nome divino “A Testemunha” no sentido de que Deus contempla a realidade própria e essencial de todas as coisas. Assim, indicou que o próprio Deus era a Testemunha de sua comunidade, da qual havia dito: “eu era a testemunha deles enquanto estive entre eles”; tratase aí da Testemunha divina na substância de Jesus, segundo o sentido da mensagem divina bem conhecida que afirma que Deus é a língua, a audição e a visão [do eleito]. Disse em seguida uma palavra que é ao mesmo tempo de Jesus e de Muhammad; de Jesus, por que é a ele que ela é atribuída pela Escritura divina; de Muhammad, porque em certa ocasião ele a recitou uma noite inteira, sem falar nenhuma outra coisa, até o raiar da manhã: “Se Tu os castigas, eles são Teus servos; e se os 10

perdoas, és Tu o Poderoso, o Sábio.” O pronome “eles”, como o pronome “os”, exprime a ausência atual daqueles de quem se fala; e, nesse caso, a ausência da qual Jesus diz: “Se Tu os castigas, etc.”, é como o véu que ocultava Deus da vista deles. Assim, Jesus faz com que Deus se lembre deles antes que apareçam diante d’Ele, para que o levedo possa agir sobre a massa até a hora em que aparecerão diante de Deus e que a massa [sua substância receptiva] puder tornar-se semelhante ao levedo [sua consciência espiritual]. Ao dizer: “eles são Teus servos”, afirma que é só a Deus que eles adoram; ao mesmo tempo, demonstra o estado extremo de humilhação deles, pois não há ninguém mais humilde que o servo ou escravo (al-‘abd), que não pode dispor de sua própria pessoa, mas depende por completo da lei que lhe é imposta pelo seu senhor único. Ao chamar-lhes “Teus servos” (ou escravos), exprime a soberania exclusiva [de Deus sobre eles]; ora, o castigo acarreta humilhação; mas eles já estão humilhados ao extremo porque são escravos; sua natureza mesma implica a humilhação; [é como se ele dissesse:] o fato de serem Teus servos basta como humilhação. “E se Tu os perdoas”, — ou seja, se os recobres e os proteges do castigo que atraíram sobre si, — “és Tu o Poderoso (al-‘aziz)” — a saber, o protetor. (Quando Deus confere o nome de al-‘aziz [que significa também “o amado”, “o querido”, “o precioso”] a um de Seus servos, torna-se Ele Mesmo o amante desse servo e o preserva da ação do Nome “O Vingador”, do qual provém o castigo) Por outro lado, Jesus distinguiu a Divindade da criatura, recapitulando ademais essa distinção por afirmações análogas, como: “pois és Tu o Conhecedor dos segredos”, “eras Tu o observador deles” e “és Tu o Poderoso, o Sábio”. A palavra: “Se Tu os castigas, etc.”, tornou-se, sobre os lábios do Profeta, um pedido instante, pois ele a repetiu a seu Senhor durante toda uma noite até o romper da aurora, implorando uma resposta. Se tivesse ouvido a resposta na primeira vez em que fez o pedido, não teria insistido; mas Deus lhe mostrou sucessivamente todas as razões pelas quais eles mereciam o castigo, e a cada vez o Profeta Lhe disse: “Se Tu os castigas, eles são Teus servos; e se os perdoas, és Tu o Poderoso, o Sábio”; se tivesse conseguido reconhecer para que lado pendia a decisão divina, teria pedido o perdão para eles segundo o sentido indicado; entretanto, em conformidade com o versículo citado, Deus mostrou-lhe tão-somente a dependência deles em relação ao perdão divino. Segundo o dizer do Profeta, Deus, quando ama a voz do servo que Lhe ora, retarda o atendimento da oração para que o servo repita sua oração; e não age assim por voltar-lhe as costas, mas por amor. Por esse motivo, Jesus mencionou o nome: o Sábio (al-hakim), pois esse nome designa aquele que põe cada coisa em seu lugar e não permanece indiferente àquilo que a realidade de cada coisa exige em virtude de suas qualidades [particulares]; o sábio é, pois, aquele que conhece a ordem das coisas. Repetindo esse versículo do Alcorão, o Profeta contemplava um conhecimento imenso que Deus lhe havia dado; aquele que recita esse versículo, que tenha consciência disso ou se cale! Quando Deus obriga alguém a perseverar numa oração, só o faz em vista de atendê-lo e satisfazer à sua necessidade. Que ninguém, pois, titubeie na oração que lhe foi atribuída, mas que persista com a mesma perseverança que o 11

Enviado de Deus teve ao recitar esse versículo; [que persista] em todos os estados até ouvir a resposta com seu ouvido ou sua audição, — como quiseres, ou como Deus te fizer compreender. Se Deus te conceder a oração da língua, far-te-á ouvir Sua resposta pelo ouvido; se te conceder a oração do espírito, far-te-á ouvir Sua resposta pela audição.

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