Álvaro Larangeira Teixeira Nosso tempo Qual é o nosso tempo? Quando pensamos no “nosso tempo”, podemos imaginar aquele período que já passou e que costumamos dizer aos jovens. No meu tempo, era assim ou assado. Para nós, sempre diferente e melhor do que o tempo atual. O nosso tempo pode ser aquele do qual guardamos as melhores recordações. Quem pensou dessa forma está correto, pois tudo aquilo que vivemos faz parte de nós e é o nosso tempo. Não devemos esquecer que o nosso tempo completo é aquele que se inicia quando nascemos e só termina quando partimos. E esse tempo todo que temos, e o que fazer com ele, depende totalmente de nós mesmos. Olhando o lado matemático das horas e o lado prático do tempo, nós podemos chegar a conclusões um pouco desagradáveis. Quem precisa de oito horas de sono por dia e viveu noventa anos passou nada menos do que trinta anos dormindo. Um terço da nossa existência provavelmente será dedicada ao repouso diário, pois precisamos dormir. Se gastarmos duas horas por dia entre almoço, jantar, café da manhã e os diversos lanchinhos, e vivermos os mesmos noventa anos, passaremos sete anos e meio da nossa vida comendo. Se considerarmos que trabalhamos para poder comer, viver e usufruir as nossas horas livres e, em média, trabalhamos oito horas por dia, e se vivermos os mesmos noventa anos, passaremos trinta anos trabalhando. Uma conta matemática simples pode nos mostrar que entre dormir, trabalhar e comer nós gastamos 67 anos e meio da nossa existência. Se partirmos do pressuposto de que a nossa vida começa aos 12 anos de idade, pois até então não temos o discernimento correto das coisas, teremos utilizado 79 anos comendo, dormindo, trabalhando e desabrochando para a vida. Pois é com essa idade que começamos a exigir coisas e a nos rebelar, o que deixa os pais verdadeiramente aflitos. Dos oitenta aos noventa anos, poderemos colher tudo que plantamos ao longo da vida... Não podemos esquecer que a matemática muitas vezes nos engana na construção das equações. Porém podemos ter a certeza de que passamos muito mais tempo fazendo obrigações e cumprindo “coisas” necessárias ao longo da vida do que dedicando a curtila de verdade. Os bons momentos são raros, precisamos ter a capacidade de percebê-los e saber tirar o devido proveito de cada segundo. Infelizmente, muitas vezes só temos a noção correta depois que esses momentos passam. Podemos curti-los na lembrança, mas perdemos a sua vivência. Eu sei que é muito difícil percebermos quando isso está acontecendo e tomarmos a decisão correta, isto é, vivermos intensamente aquele momento. Se tivermos uma hora de prazer intenso, esta certamente substituirá mais de três horas de descanso através do sono. E esse é o Nosso Tempo! Cada um deve cuidar do seu, ninguém consegue cuidar do tempo do outro, o máximo que conseguimos é viver os nossos tempos juntos e quando conseguimos isso realmente estamos fazendo a diferença e vivendo o Nosso Tempo!