Medos_ft (aval Diag)

Avaliação diagnóstica Medos Primeiro, fui ver ao dicionário. Tinha que olhar para dentro do medo, descobrir como é que ele funcionava. Quando se tem um brinquedo e se quer ver como ele funciona, há sempre a tentação de o abrir e mexer lá dentro, mesmo sabendo que se pode estragar (para além do raspanete que se calhar vamos ouvir). Abrir o dicionário era a mesma coisa: tentar perceber o funcionamento da máquina do medo. E lá estava, escrito assim: "Medo: sentimento desagradável que excita em nós aquilo que parece perigoso, ameaçador, sobrenatural." Não gostei, se calhar porque não percebi. "Excita em nós aquilo que parece perigoso"? Que raio de definição era essa? A máquina continuava a funcionar, sem que eu lhe percebesse o funcionamento. Depois, fui aos sinónimos: "Medo: susto, receio, horror, pavor, cagaço, cobardia, desconfiança, temor, terror, pânico, assombramento..." A lista era enorme e já me deixava mais satisfeito. Cada palavra daquelas, mesmo que não me explicasse nada, trazia ao menos recordações, sensações fortes. Eu lembrava-me de coisas passadas e por vezes até me arrepiava, como se lá estivesse de novo. Portanto, o medo é uma sensação forte: fica marcada no corpo e na memória. Aconteceu qualquer coisa, e, de cada vez que a recordo, sinto uma tremura pela espinha acima! Isso é o medo. Não se consegue muito bem explicar, aliás é por isso que se diz que ele é mais forte do que nós. Vou dar-vos um exemplo, o dono de um circo que eu conheci no ano passado: passeava-se na pista vazia, e eu tinha entrado sem bilhete, quer dizer, eu e uns amigos tínhamos visto um buraco na tenda e decidimos que era por ali a porta de entrada.

Só que, uma vez lá dentro, demos de caras com um homenzarrão que andava de cá para lá a fiscalizar o seu circo e a contar gordos maços de notas que com certeza iam para o seu bolso de gordo (isto não é nada contra os gordos, eu próprio não sou lá muito magro). Fugimos a sete pés, ainda por cima ouvindo-o dono do circo gritar para o domador: - Ó Óscar, solta o leão, que ele tem fome de caminha tenra! Corremos como malucos, que o medo parece que dá asas!

GODINHO, Sérgio - O Pequeno Livro dos Medos, Publ. Dom Quixote

Compreensão/interpretação 1. Qual foi a primeira atitude que o narrador tomou para perceber o sentimento do medo? 2. A que objecto é comparado o medo? 3. Qual a reacção do narrador após a primeira consulta do dicionário? 4. Como se manifesta fisicamente o medo? 5. Resume, em duas linhas no máximo, o episódio que o narrador relata para exemplificar algo que lhe fez sentir medo. 6. Que idade terá o narrador? 6.1. Justifica a tua resposta.

Funcionamento da língua 1. Da lista de sinónimos de "medo", apresentada no texto, indica: a.

uma palavra do nível popular;

b.

uma palavra do nível cuidado.

1.1. Copia para o teu caderno o esquema seguinte e coloca cada um desses sinónimos por ordem de intensidade: a. mais forte

b.

sensação

c. menos forte 1.2. Para cada um dos nomes apresentados como sinónimos de "medo' aponta o adjectivo correspondente. Nota: exclui a palavra "pânico". 1.3. Identifica os graus dos adjectivos em: a. Já me deixava muito satisfeito. b. "(...) ele é mais forte do que nós. " c. "A lista era enorme (...)" 2. Sublinha todos os pronomes no excerto abaixo: "Isso é o medo. Não se consegue muito bem explicar, aliás é por isso que; diz que ele é mais forte do que nós. / Vou dar-vos um exemplo (...)." 3. Nas frases abaixo, o tempo e o modo verbais das formas sublinhadas não sai os adequados. Reescreve as frases, colocando o verbo no tempo e modo correctos. a. Vou dar-vos um exemplo, o dono de um circo que eu conhecia no ano passado. b. A máquina continuará a funcionar sem que eu tivesse percebido o funcionamento. c. E lá esteve, escrito assim: "Medo: sentimento desagradável". 3.1. Preenche a grelha no teu caderno, identificando o tempo e o modo verbais. Forma verbal incorrectamente aplicada nestas frases: conhecia: pretérito imperfeito do indicativo continuará: futuro do indicativo esteve: pretérito perfeito do indicativo Forma verbal correctamente aplicada nestas frases: ______________________: _________________________________ ______________________: _________________________________ ______________________: _________________________________

4. Preenche no teu caderno o espaço, indicando a função sintáctica.

5. Faz a correspondência entre a expressão verbal sublinhada nas frases (na coluna da esquerda) e a ideia expressa (nas caixas da direita): a. Tinha que olhar para dentro do medo. b. Devia olhar para dentro do medo. c. Podia olhar para dentro do medo. d. Era obrigado a olhar para dentro do medo. e. Hei-de olhar para dentro do medo.