Mak0136 - Pierre Francastel

  • June 2020
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  • Words: 649
  • Pages: 2
Imagem, visão e imaginação

Pierre Francastel

Valores sócio-psicológicos do espaço-tempo figurativo  Nossa época vê como secundárias todas as atividades figurativas  Atribui ao pensamento uma existência autônoma: idéias nascem do absoluto e depois se manifestam através da linguagem  De fato, relação entre significado e significante é sempre dialética, nunca causal. Doutrina da informação  implica a existência de um modelo imaginário, em função do qual se fará a seleção dos elementos representativos  implica o caráter de uma problemática para a criação estética, o que pressupõe que as formas artísticas encarnem formas intelectuais  inadequada para explicar a gênese das coisas figurativas Pensamento plástico  Qualquer atividade intelectual cria novas problemáticas do real e do imaginário  A arte, como toda linguagem, é uma forma de registrar coisas que se aprendem na experiência e sugerir modos de ação diferenciados  Característica: utilizar um meio, um suporte não verbal  Todos falam das obras figurativas como se elas fossem portadoras de uma significação evidente e estável  Comentários baseiam-se em valores comuns a outros campos do pensamento explícito (verbal e literário) Espaço e tempo  Espaço e tempo são essenciais para a interpretação de um sistema  Durante anos, considerou-se que espaço e tempo eram conceitos contraditórios; recentemente passou-se a entender o espaço-tempo como um único esforço de compreensão  Pacto entre arte e magia foi substituído por pacto entre arte e ciência  Só há homens e Humanidade porque surgem constantemente certos organismos que fixam o estabilizam elementos que se constituem fora do espaço e do tempo absolutos  O que permanece fixo na memória não á a recordação da coisa vista, mas da coisa sabida  não existe reação da retina sem atividade combinatória  Nossa visão não capta um espetáculo imobilizado  A imagem figurativa é fixa, mas sua percepção é móvel (ver é uma ação)

 Admite-se não ter ouvido musical, mas ninguém reconhece ter “pouco olho”  O que é significativo não são os elementos isolados, mas a montagem, e para captar esse esquema de integração é preciso ter adquirido a capacidade de ler e interpretar o signo Fotografia  espalhou idéia da leitura global, instantânea e automática de qualquer imagem (multiplicação dos signos alterou a natureza do signo e da atividade perceptiva)  Antigamente: numero reduzido de imagens; quando começaram a se multiplicar, passaram a ser acompanhadas por comentários escritos  Idade Média: mesmo as pessoas cultas tinham dificuldade no acesso ao texto escrito (imagens: lugar de ajustamento de valores, revelados pela palavra e pela tradição oral; temas retirados da religião – saber familiar). Imagens eram o resíduo de uma sabedoria imemorial.  Advento da fotografia: possibilidade de fixar a conjugação passageira de certos elementos, faz pensar que este corte do universo corresponde as intenções da natureza. Memória coletiva  Só vemos aquilo que conhecemos ou que somos capazes de integrar num sistema coerente (o contato com o espaço não é significativo sem o tempo)  A partir do momento em que a visão está integrada no tempo, nenhuma imagem se forma sem a participação da memória coletiva  Inclusão do tempo na visão implica a intervenção da memória (micromemória: memória atual, imediata, onde o tempo intervêm a uma velocidade fenomenológica)  Constata-se a intervenção do tempo em qualquer apreensão espacial  O temo não nos interessa quando aparecer idêntico a si próprio, só nos interessa diferenciado. O mesmo acontece com o espaço: a vastidão homogênea infinita é o lugar onde o tempo e a mudança são abolidos  O tempo é a memória; o espaço é o presente. O tempo é diferencial, o espaço é unificante.O tempo é a causalidade; o espaço é ato. O tempo é a colocação no passado ou virtual; o espaço é a colocação no real ou instantâneo.  A visão nos transmite não o espetáculo de um mundo estável, mas de um mundo em transformação. 

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