Mais Quente Que Potter Quatro anos atrás, a vinheta de Robert Pattinson na Vanity Fair chegou ao andar da sala de montagem. Agora ele está para se tornar um dos atores da década, assumindo a liderança no filme de vampiros fenomenalmente bemsucedido, Twilight, e interpretando Cedrico Diggory no próximo Harry Potter. Tudo tem acontecido tão rápido, ele conta ao Donald Clarke. AQUI ESTÁ uma história triste. Há quatro anos, Robert Pattinson, na época com apenas 18 anos, conseguiu um papel na cara adaptação de Mira Nair de Vanity Fair. Quando chegou a noite da premiere, ele bateu seu cabelo rebelde, poliu seus sapatos e saiu com orgulho pela Praça Leicester. “Foi o meu primeiro trabalho de verdade”, diz ele com um sorriso amarelo. “Eu fui à premiere, mas ninguém havia me contado que eu fora cortado. Eu não percebi isso até o filme terminar.” Felizmente, a história teve um final feliz. “O agente de elenco era o mesmo que fez Harry Potter. Eles se sentiram tão mal com isso que me deram uma reunião mais cedo para o filme seguinte de Harry Potter. E ela correu bem.” De fato foi tudo bem. Aproximando-se de 2009, o Robert Pattinson de 22 anos se encontra pendente à beira da explosão total do estrelato. Aquela reunião com as pessoas de Harry Potter foi tão a mil maravilhas que ele garantiu o papel de Cedrico Diggory – concorrente azarado do herói no Torneio Tribruxo – em Harry Potter e o Cálice de Fogo. O estranho trabalho na TV e os ocasionais filmes independentes vieram em seguida. Então, no início deste ano, ele obteve o papel de Edward Cullen, um vampiro adolescente, na versão cinematográfica do imensamente popular Twilight de Stephanie Meyer. “Eu nem mesmo sabia que existia uma série de livros com esse nome”, ele diz. “Essa coisa de história de amor vampiresca? Eu não fazia idéia disso. Tudo surgiu do nada. Então eles disseram que os livros tinham vendido 25 milhões. Eu pensei: 'isso é bastante, 25 milhões no mundo inteiro?' Eu realmente não sabia.” Certamente é bastante. Os livros de Twilight – quatro volumes até agora – têm gerado um movimento que foge das definições da palavra “cult” (legal). Provavelmente, ou você ama os livros de Meyer, nos quais uma adolescente sensível se apaixona por uma espécie de vampiro moralmente correto, ou você nunca ouviu falar deles. Sem surpresa, os fãs de Twilight têm reservado uma parte substancial da internet para seu uso próprio. Cada anúncio feito pelo estúdio era minuciosamente examinado para encontrar evidências de que os cineastas estavam se atrevendo a se desviar do texto sagrado. Catherine Hardwicke, diretora de “Aos Treze” e “Jesus - A História do Nascimento”, ambos os filmes sobre trauma adolescente, foi escalada para as funções do megafone. Kristen Stewart, estrela emergente de “O Quarto do Pânico” e “What Just Happened? ”, interpretaria a sensível heroína Bella Swan. Houve murmúrios em ambos os anúncios, mas as notícias de que
algum inglês brilhante conseguira o papel do atraente e distante Edward resultaram numa verdadeira tsunami de queixas. Robert foi imprudente o suficiente para prestar atenção? “Eu vi um pouco e foi uma má idéia. Não vou cometer esse erro novamente”, diz. “Havia simplesmente um desacordo universal com a decisão. Suponho que tenha sido um tanto engraçado. Essa foi a minha primeira experiência de verdade na mania Twilight. 75 mil pessoas assinaram essa petição dizendo que o papel deveria ser re-escalado. 75 mil! Agora eu acho isso engraçado. ” Quando a própria Meyer aprovou Pattinson, a temperatura abrandou um pouco. “O que quer que Stephanie diga é lei, eu acho”, diz. A maioria dos poucos inconformados barulhentos foi conquistada quando o filme estreou nos Estados Unidos há três semanas. Sendo uma sagaz mistura do romance gótico e o naturalismo libidinoso, Twilight arrecadou $7 milhões apenas nas exibições de meia-noite. Ele prosseguiu, juntando $70 milhões em seu primeiro fim-de-semana e garantindo o recorde de maior estréia de todos os tempos por uma diretora mulher. “Eu fui entrevistado pelo Jay Leno outro dia e ele perguntou como tem sido os últimos meses”, conta. “Tive de dizer que não estourou até os últimos cinco dias. Foi tão rápido. Outro dia eu fui comprar biscoito nesse lugar que normalmente vou. Havia quatro revistas comigo na capa. Uma dizia que eu estava rumo a um colapso. Então, eu estou no [programa do] Leno, olhando para o seu rosto icônico. É tão estranho. ” As próximas grandes coisas vêm sozinhas com bastante freqüência. Mas ficaria espantado se Robert Pattinson não continuasse e se tornasse um dos astros de cinema mais conspícuos da próxima década. Diabolicamente carismático com olhos estreitos e cabelos que obedecem às suas próprias regras desafiadoras, ele combina a aparência de um arquétipo do cinema rebelde com uma inteligência evidente que deveria, com tudo indo bem, mantê-lo longe das habituais catástrofes de Hollywood. Não havia, ele me diz, nenhum ator “no seu patrimônio genético”. Criado em Londres, filho de um empresário que importava carros de época e de uma mãe que trabalhava para uma agência de modelos, Pattinson se interessou um pouco pelo drama quando adolescente, mas, quando chegou a hora de se candidatar para uma universidade, ainda deprimido pela experiência de Vanity Fair, ele decidiu estudar ciência política. Antes dele ter tempo de preencher o formulário, no entanto, ele conseguiu o papel em Harry Potter. Pattinson passeia através de Twilight com o aspecto de um homem que está embaraçado por seu próprio poder eficaz: ele consegue voar, ler mentes e parar veículos em velocidade. Ele adota a mesma aparência deslumbrante enquanto considera a posição incomum na qual ele se encontra agora. Ele nem sequer sabe onde mora nestes dias. “Eu realmente não posso responder a essa pergunta”, diz ele. “Recebo cartas em três endereços diferentes. Eu costumava ter um apartamento
legal e pequeno em Soho e sinto saudades de não viver numa mala. Mas eu também não diria que realmente quero criar raízes.” Quando perguntado sobre seus filmes recentes favoritos, Robert Pattinson produz uma lista que inclui o trabalho de Bernard Rose e de Jean-Luc Godard. Então, ele não é nenhum tolo. Ele deve ter algumas opiniões sobre as causas do fenômeno Twilight. Sobre o que é a série? A florescente sexualidade? O fim da infância? Alguns críticos conservadores têm notado a relutância de Edward em se tornar íntimo de Bella – ele tem medo de que possa morder sua pele – e tem decidido que o filme é um argumento a favor da abstinência sexual. “Eu não sei. Isso é difícil de responder”, diz ele. “Sim. Muita gente aponta que a Stephanie é mórmon e diz que a história deve ser sobre abstinência. Eu realmente não acho que o filme seja sobre qualquer coisa além de si mesmo. Ela não escreveu o livro para mais ninguém. Ela teve um sonho e quis escrever sobre os personagens naquele sonho. ” A história parece mesmo dizer algo às garotas adolescentes em particular. “É verdade. Existe uma mentalidade de clã em garotas jovens e o livro acelerou isso. Você vai a uma escola e pergunta quem está lendo o livro e todas se rivalizam para dizer que o fizeram. É isso que realmente impulsiona o sucesso.” De qualquer forma, a popularidade galopante da versão cinematográfica tem assegurado que as adaptações dos outros três livros se seguirão. Pattinson parece determinado a ter sua vida interrompida durante algum tempo. Como ele vai conseguir sustentar suas amizades e relacionamentos românticos? “Bem, eu tenho saltado pelo mundo há tempos”, diz. “E tenho conseguido de alguma forma manter os mesmos amigos ao longo de todo esse tempo. Todos fazemos as coisas onde estamos e deixamos nossas casas por séculos. Isso é parte do curso. Mas eu nunca tive muita vida social, de qualquer forma.” Soa como se ele fosse idealmente adequado para o estilo de vida de vampiro.