O ISA COM A PARTICIPAÇÃO DE TODOS
O RJIES e os novos estatutos da UTL e do ISA mudam, de forma muito substancial, o modelo de governação das Instituições de Ensino Superior, em geral, e do ISA, em particular. Seguir-se-ão, em breve, mudanças no modelo de financiamento e na avaliação das universidades, e ainda no estatuto da carreira docente. As transformações têm acontecido fragmentariamente não permitindo uma visão clara do conjunto do sistema de ensino superior e investigação científica, o que gera incertezas importantes quer para o planeamento estratégico das instituições quer para o planeamento das carreiras e percursos de trabalho individuais. Estamos conscientes da necessidade de mudança para consolidar um Instituto Superior de Agronomia mais relevante, vocacionado para o ensino superior apoiado em investigação de qualidade, que estimule também o desenvolvimento tecnológico, promova ligações fortes com o mundo empresarial e contribua decisivamente para as políticas públicas agrícolas, alimentares, florestais, ambientais e de ordenamento do território. Porém, o espaço de manobra é pequeno, já que à incerteza geral causada pelo avanço fragmentário do novo sistema de ensino superior se junta o problema específico da desvalorização simbólica que o sector agrícola tem vindo a sofrer, o que resulta em dificuldades adicionais nomeadamente em matéria de financiamento. Apesar da incerteza considerável e da reduzida margem de manobra, a necessidade de mudar é imperativa. É neste contexto que há que equacionar a estratégia a prosseguir pelo ISA, principal tarefa do Conselho de Escola nos próximos 4 anos. A alteração mais fundamental no modo de governação das Escolas é a centralização das competências de gestão nos órgãos de topo (no caso do ISA, o Conselho de Escola, o Presidente do ISA e os Conselhos de Gestão, Científico e Pedagógico), que permite uma gestão mais ágil para a mudança, ao mesmo tempo que exige mais profissionalismo e responsabilidade. Neste contexto de maior concentração do poder de decisão, torna-se ainda mais importante assegurar e estimular modos de participação activa capazes de recriar um sentido de pertença que se tem vindo a perder e que faz parte de uma tradição académica e da nossa memória pessoal. Queremos um governo da escola moderno e ágil, mas também transparente e dialogante, que procure o bem comum e evite excluir quem quer que seja de poder colaborar na definição e execução da estratégia do ISA, questão que consideramos essencial para uma condução eficaz e equilibrada do processo de mudança. O ISA é uma escola rica e diversa em saberes, modos de trabalhar, graus de abertura ao exterior e níveis de “produtividade científica”. Contudo, esta diversidade, que é parte do seu património, é também fonte de conflitos entre diferentes perspectivas, visões particulares,
projectos específicos e diferentes interesses legítimos. A visão colectiva de que necessitamos para mudar o ISA tem, por isso, de ser construída com a participação de todos. Este compromisso com a participação é absolutamente vital para uma escola viva, dinâmica e criadora de oportunidades. Não o inventámos; está consagrado enquanto primeiro princípiobase dos novos estatutos da UTL: “... o da democraticidade e participação solidária, única forma válida de criar e robustecer uma verdadeira comunidade universitária, motivada, envolvida, dinâmica;”. Queremos levar este princípio à prática na vida do ISA, aproveitando a oportunidade criada pelo novo ciclo de governação das Universidades e dando início a um novo ciclo, um novo estilo de governação estratégica, mais aberto, mais transparente e mais participado. Na prática, a visão comum para o ISA resultará de decisões estratégicas, algumas difíceis, que terão de ser tomadas em tempo útil. Estas decisões cabem ao Conselho de Escola. A dificuldade das decisões não pode ser, como já tem acontecido, razão para empurrar as questões conflituais para debaixo do tapete, acabando por resultar em decisões “de corredor” que contribuem para a redução da transparência, criando desconfiança, desmotivação e desinteresse pela Escola. O que nos propomos é trazer para a luz do dia, para cima da mesa do Conselho de Escola, estas decisões difíceis, proporcionar a possibilidade de ouvir todos, ter em atenção o que disserem e, finalmente, decidir com transparência e eficácia. É pois necessário que, no que se refere a estratégia, o Conselho de Escola ouça, leve em atenção o que ouviu, e depois tome transparentemente as decisões que há que tomar, tendo como orientação dominante o bem comum. Defendemos os seguintes princípios básicos em matéria de condução estratégica do ISA: - um adequado equilíbrio entre as três funções da Universidade – Ensino, Investigação e Serviço à Comunidade –, que inclua uma justa valorização destas funções na actividade individual; - uma aposta destemida nas áreas de ciência / engenharia, biologia aplicada e arquitectura paisagista em que o ISA foi construindo, ao longo da sua história, competências inquestionáveis, que cunharam o que é hoje o curriculum do ISA; - uma abertura a novas áreas de actuação em que este curriculum coloque o ISA em boa posição para novas apostas; - uma atenção constante à qualidade do ensino, que está associada ao nível e reconhecimento internacional atingido pela investigação científica, mas também a uma melhoria contínua dos
conteúdos e métodos pedagógicos; a qualidade da investigação é crucial porque se reflecte também no alcance do desenvolvimento tecnológico; - a atenção à qualidade do ensino, da investigação e da prestação de serviços não pode esquecer o cuidado com a manutenção, reparação e actualização das infraestruturas existentes bem como o investimento contínuo no capital humano; - uma abertura do ISA à sociedade, que lhe permita ganhar relevância no mundo tecnológico, agrícola, empresarial e das políticas públicas; a internacionalização da investigação científica e do ensino e a cooperação para o desenvolvimento são duas áreas a requerer particular atenção e incentivo. Só com um Conselho de Escola activo no âmbito das suas competências e respeitador das competências dos restantes órgãos de gestão, teremos uma condução estratégica do ISA que: - aproveite as oportunidades de mudança - respeite a realidade da escola e de todos os que nela diariamente trabalham na produção, transmissão e integração de saberes, bem como nas restantes tarefas de apoio, e - forneça a informação adequada e apele à participação de todos na definição e implementação de uma visão comum para o ISA.