Lightning Bolt Fanzine Spring Summer 09

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EDITORIAL Estás tu aqui na Europa, em pleno Inverno, a ser bombardeado por notícias da crise e de desgraças de toda a ordem e provavelmente nem imaginas que existe um destino idílico que te pode salvar deste cenário pavoroso. A menos de um dia de distância da Europa, existe um local onde as corridas de táxi são a 30 cêntimos, os melhores mojitos do mundo custam apenas 2€ e ainda por cima tens umas esquerdas que nunca mais acabam com a água a 25º. Escusado será dizer que só vais descobrir que lugar é este, se leres esta edição. Também estás farto de saber que o Hawaii é o berço do surf, mas talvez muitos não saibam que o mítico Rory Russell, vencedor do Pipeline Masters em 76 e 77, não queria abandonar o baseball para ir viver para o Hawaii. Abençoado seja o seu pai que não ligou às birras do miúdo e o trouxe para

a ilha onde apenas os reis podiam surfar. Deixamos-te ainda com as incríveis fotografias do Sérgio Rosário que mostram as novidades da colecção Primavera-Verão 09. Vale a pena ver como os novos team riders Joana Machado, Miguel Ximenez e o Pekel tentam destronar a Kate Moss e o Ashton Kutcher nas produções de moda. E já que estamos com o Obama em destaque nas notícias, decidimos oferecer prémios a quem nos convencer que um surfista pode ser presidente dos EUA. Vai à secção BOLT4FREE e vê como. Faz lá um esforço e lê a revista do início ao fim. Se não gostares prometemos que te devolvemos o dinheiro.

FICHA TÉCNICA

Lightning Bolt Fanzine – Revista Gratuita Periodicidade: Semestral Tiragem: 10.000 ex Propriedade: Lightning Bolt Europe S.A. Rua Comendador Manuel Gonçalves nº25, S. Cosme do Vale 4770-583 V.N. Famalicão, Portugal Website: www.lightningbolt.eu.com Email: [email protected] Mkt: Maria João Nogueira [email protected] Redacção: João Machado, Maria João Nogueira, Raquel Dias, Rory Russell, Bruno Rodrigues, Ratus Fary, Miguel Ximenez, Nicolas Pinot, Edu Prieto, Frank Van de Ruit, Brian Hart, Afonso Teixeira. Design: Goma www.goma.pt Fotografia: Sérgio Rosário www.euphotographo.com Ricardo Bravo www.ricardobravo.com, João Melo,Yves Sobansky © Copyright 2009, Lightning Bolt Europe, All rights reserved

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ÍNDICE

- The trip: Peruvian Job - Collection: Spring Summer 09 - Events: Bolt Team Riders 09 - A Pure Source: Rory Russell Um espaço dedicado a factos, eventos e pessoas que marcaram a Lightning Bolt ao longo da sua história. - Contests: ProJunior Lightning Bolt - Highlightning: Souls of Fire - Profile: Miguel Ximenez - Stuff: Aquelas notícias breves que podem ser lidas no Metro ou quando estás à espera que te sirvam no restaurante. - Rookies: Surfing Life Club Até parece que já te esqueceste que não nasceste ensinado. Dedicamos este espaço a relatar experiências em escolas de surf com monitores, alunos ou outras reportagens que podem ser interessantes para quem quer começar a surfar. - Bolt4Free: Em cada edição oferecemos-te prémios. Mas tens de ser um dos melhores no desafio proposto. - Coming Next

LB Riders Joana Machado e Pekel

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THE TRIP

LB Rider Zé Ferreira

Já imaginaste que é possível juntar num só sítio vários spots com esquerdas perfeitas que nunca mais acabam, a água do mar a 25º, praias sem crowd, corridas de táxi a 30 cêntimos e, ainda por cima, quando começa a noite poder ir jantar a melhor posta de atum grelhada do mundo (que um Lightning Bolt me caia em cima), e acabar em bares na companhia do melhor mojito que alguma vez provaste, pela módica quantia de 2 euros?!!! Como se não bastasse, terias o privilégio de conhecer Pulpo, o guia da Octopus Surf Tours, que não parava de nos indicar os melhores spots para cada swell e vento, para não perderes horas na busca. E se a juntar a isto tudo, te disséssemos que estarias ancorado nos bungalows Kimbas, onde acordarias com um sumo tropical natural de 1 litro e uns ovos deliciosos? Isto não é piada nenhuma. Este sítio existe mesmo, chama-se Máncora no Norte do Peru.

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THE TRIP

LB Rider Miguel Ximenez

No início do ano, o David Raimundo (team manager do Bolt Team) insistia que tínhamos de ir ao Peru, que tinha ouvido maravilhas acerca dos spots no Norte do Peru. Azar teve ele que ficou lesionado e perdeu esta viagem. Arrancaram primeiro os Team Riders Miguel Ximenez, José Ferreira, Joana Machado e o Pekel, acompanhados pelo fotógrafo Ricardo Bravo e o CameraGuy Miguel Bacelar, que tinham a missão de registar a veracidade do que estou para aqui a contar. Eram duas semanas para surfar as famosas esquerdas de Máncora, Lobitos, Los Organos, Pico Point e outros spots ali. Juntaram-se também, vindos directamente do EUA, o mítico Rory Russell e o carismático Jonathan Paskowitz, agora brand manager internacional da Lightning Bolt, e um dos membros da conhecida família surfista do respeitado «Doc» Paskowitz. Como achámos que era divertimento a mais, os Bolt riders tiveram ainda de se armar em modelos para fotografar a colecção Primavera-Verão 09. A parte pior da surftrip foi mesmo chegar lá. Como Lima é muito longe, decidimos aterrar no Equador, em Guayaquil. Só para aterrar aqui são 12 horas desde Madrid. Como se não bastasse, tens ainda 6 horas

Miguel Ximenez, Pekel e Joana Machado

LB Rider Joana Machado

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THE TRIP Rory Russell

LB Rider Pekel

de estrada pela frente, que não é propriamente uma auto-estrada, mas que valem bem

bungalow super cosy, com gente super simpática e um pequeno-almoço delicioso.

a pena para quem quer conhecer várias paisagens.

Máncora é uma pequena estância turística com uma arquitectura rústica muito típica

O Equador nesta altura estava literalmente debaixo de chuva e a viagem neste país

do Peru, invadida de turistas americanos, brasileiros, argentinos e chilenos.

foi muito molhada, com as bananas a reinarem na paisagem. Mesmo nas estações de

Na primeira semana, as ondas não estavam tão boas, mas na segunda semana, o team

serviço, as bananas fazem concorrência aos expositores das Matutano.

vingou-se com as famosas esquerdas entre 3’ e 5’, que foram suficientes para mostrar

A parte pior é mesmo a necessidade de mudar de Van na fronteira e os inúmeros

o Pekel a voar e o Miguel Ximenez a passear estilo com off the walls limpinhos, pronto

controlos fronteiriços e inspecções da polícia.

para se estrear no WQS deste ano.

Assim que Máncora começa a ser uma realidade, nota-se uma mudança grande na

E se disséssemos que a Juanita Machado deixava os peruanos babados por todo

paisagem, bem mais seca e árida.

o lado que estava?

Apesar da viagem, chegámos completamente loucos por começar a surfar. Ficámos mes-

Um dia, estávamos todos a jantar e, cordialmente, o empregado em vez de lhe perguntar

mo ao lado da residência da estrela do surf feminino, Sofia Mulanovich, no Kimbas, um

que prato desejava, convidou-a para jantar!!

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THE TRIP

Brand manager internacional, Jonathan Paskowitz

LB Rider Zé Ferreira

LB Rider Miguel Ximenez

LB Rider Joana Machado

Acordar bem cedo, por volta das seis, ir surfar, depois descansar um pouco, depois surfar outra vez, almoçar, tirar fotografias, surfar novamente ao fim da tarde, beber uma cerveja ao pôr do sol, jantar peixinho grelhado, e mais tarde ir até aos bares para a party. A vida no Peru resumia-se a esta lenga-lenga. E quem me dera que a vida fosse sempre esta lenga-lenga, principalmente se estivermos na companhia do mítico Rory Russell. O Rory foi um dos primeiros surfistas patrocinados da Lightning Bolt nos idos anos 70 e, mesmo depois de ter passado a fasquia dos 50, continua a ter uma alegria contagiante e com a sua fama de Pipeline rider, deixou os peruanos deliciados. Também ele não perdia 2 surfadas por dia na sua 7’6’’ swallow tail. Um especial obrigado ao Marco Ravizza, aka Pulpo, o nosso incansável guia que nos assegurou toda a preparação da viagem e a logística que nem sempre é fácil quando Rory Russell e os LB Riders

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LB Rider Miguel Ximenez

as malas são mais que muitas. 19

LB Rider Miguel Ximenez

LB 71 Hoodie Parrot Dress

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LB Rider Miguel Ximenez

LB 71 Hoodie Parrot Dress

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COLECÇÃO MASCULINA Funky Surf // A iconografia do surf e do street pop, os rascunhos e desenhos manuais, as ideias coladas justapostas a grafismos e gadgets dos anos 80, inspiraram a expressão irregular e raw da linha funky masculina. O mood da década de oitenta e as cores eléctricas fluo combinadas com os tons pastel marcam a colecção. Música, marcas míticas, objectos e gráficos são reinterpretados numa proposta urbana, através de um mix and match, em t-shirts e longsleeves com humor a combinar com jeans escuros.

LB 71 Hoodie Parrot Dress

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SPRING SUMMER 09

Lb Trance Boardshorts

Flower Bolt Long Dress

Camouflage Boardshort

Organic Boardshort

Exotic Top Balls & Bolts Boardshort

Broken Glass T-shirt Jahbolt Boardshortdshort Big Bolt Hoodie

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Sunset stripes sweater

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SPRING SUMMER 09

Lightning Bolt Gun Surf Board shaped by Rory Russell

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Block stripes sweater

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LB Rider Pekel

COLECÇÃO MASCULINA Soul Surf //Elementos étnicos e tribais marcam também algumas peças. É uma linha inspirada em desenhos e xilogravuras da América tropical. A iconografia tradicional do surf surge remisturada com riscas, designs geométricos e combinações de cores vibrantes, mantendo os cortes loose e confortáveis, em matérias-primas e construção superiores. As t-shirts e os boardshorts são os key items deste look, e também os walkshorts, com riscas e padrões discretos.

Men’s Tee Mermaid Men’s Pelican Short

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SPRING SUMMER 09

Men’s Pipe Short

African Night Boardshort

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Capulana Boardshort

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SPRING SUMMER 09

Men’s Tee Multi Bolt

Men’s Tee OG Bolt

Men’s Sanded Pelican Short

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COLECÇÃO FEMININA Neo Tropical // Eléctrica, moderna e sensual é a interpretação Lightning Bolt do Verão tropical, que sintetiza a essência da estética brasileira. Os coqueiros, os cenários paradisíacos da flora e fauna canarinha e, ao mesmo tempo, a presença de elementos urbanos da cultura ocidental americana e europeia resultam no designado “Neo Tropical”, que inspira esta colecção PV 09 feminina. Inspirado na arte de Óscar Niemeyer, as estampas vêm cheias de curvas que tentam acompanhar a essência dos movimentos da natureza, como o balanço dos coqueiros, as ondas ou os corpos que caminham na praia. Tons claros e escuros, em ritmos diferentes, dão a matiz a esta mistura da sensualidade da cultura da praia com o grafismo moderno, assim como as silhuetas, que voltam a explorar os extremos. Se as calças são ajustadas, os tops são fluidos e vice-versa, ora aparecem os vestidos minis, ora os compridos dos anos 70.

Hoodie Longsleeve Polka Bolt Boardshort

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SPRING SUMMER 09

Rainbow Flower Dress

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Splash Flower Bolt Dress

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SPRING SUMMER 09

Arabic Longsleeve Gathered Bikini Bottom Flower

Backless Top African Night Boardshort

Pixel Nightlong Dress

Gathered Top

Women’s Classic Cali Short

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LB Rider Joana Machado

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SPRING SUMMER 09

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Triangle Bikini Top Coconut Palm Boardshort

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SPRING SUMMER 09

Capilana Boardshorts

Women’s Tee Bolt String Bottom

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SPRING SUMMER 09

Capilana Boardshorts

Women’s Tee Bolt String Bottom

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1- O manda-chuva. O Obama do team LB. David Raimundo 2- Zé Ferreira a regar as ondas 3, 4- Miguel Blanco à esquerda e João Kopke são os rookies 5- Nuno Cardoso dos Nubai a agitar multidões 6- Pedro Soares a ispirar-se no Platoon do grande Oliver Stone 7- As LB Babes, Joana Machado, Maria Abecasis e Angela Côco 8- Be careful boy, I am Pekel 9- Miguel Ximenez 10- “Estava um frio do caraças”, Papu 11- À espreita do tubo, Xaninho 12- Joel Pereira aka Papu

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No início do ano, em Carcavelos, Lisboa, o team Manager David Raimundo teve uma tarefa difícil. Missão: Reunir o team quase todo, porque alguns não puderam mesmo estar lá, e pô-los a surfar de manhã cedo e num dia gélido. Não contente com isso, decidiu ainda organizar um paintball com o pessoal todo para ver quais é que ficavam mais pisados. Felizmente a seguir havia a recompensa: uma jantarada com picanha e montes de sangria. Este ano, a Lightning Bolt decidiu reforçar a equipa de Pro-Surfers com o Miguel Ximenez e a Joana Machado. Na equipa de Free Surf, as novidades são o Pekel, o Pumas, o Bruno Rodrigues, o Papu e a Côco. Na música, o Ratus Fary dos Souls of Fire e o Pitaça e Nuno Cardoso (Nubai SoundSystem) são as estrelas da casa.

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TEAM MANAGER: DAVID RAIMUNDO PRO SURFERS TEAM Joana Machado Miguel Ximenez João Kopke Alexandre Ferreira Miguel Blanco Kristian Sousa Maria Abecasis José Ferreira Pedro Soares

FREE SURFERS TEAM Nuande Silva aka Pekel Nuno Côrte-Real aka Pumas Ângela Nunes Côco Joel Pereira aka Papu Bruno Rodrigues João Diogo

SOUND TEAM Ratus Fary Tiago Pitaça Nuno Cardoso

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A PURE SOURCE

Passados mais de 30 anos, Rory Russell está outra vez com a Lightning Bolt, uma marca “que nunca realmente saiu do seu coração”. Este ícone do surf de Pipeline chegou ao Hawaii com a sua famíla, em 1964, e viveu 38 anos no mítico North Shore, na ilha de Ohau. Ganhou alguns dos mais prestigiados campeonatos de surf mundiais, nomeadamente dois Pipeline Masters em 1976 e 1977, o Waimea Pro no Brasil (1975), todos os campeonatos de 1976 em Chiba, Japão, e também o não menos importante Lightning Bolt Surf Championship, em 1977. Além de todas estas conquistas no surf profissional, Rory é também conhecido pela sua personalidade expansiva e pela sua veia artística. Participou em vários filmes de surf, dos quais se destacam: Summer Stories, Sundance, Red Hot Blue, Hot Lips and Inner Tubes, Surf Superstars. Também teve várias presenças em programas de TV e deu a cara a inúmeros anúncios nas mais prestigiadas revistas da época: Surfer, Surfing, Surfing World, entre outras.

THE TAKE OFF: DO BASEBALL ATÉ AO HAWAII E A PRIMEIRA PRAN-

E, então, consegui finalmente surfar uma onda a sério em Pipeline, ainda longe da

CHA DE SURF

mestria de Jock Sutherland, mas já com o estilo Rory Russell.

Em 1964, na viagem do continente para o Hawaii com apenas 11 anos de idade, a última coisa que eu queria era mudar de cidade. Queria ficar no continente a jogar baseball.

OS ANOS 70

Mas a minha opinião de nada serviu. Passadas umas semanas, lá estava eu com a mi-

Nos anos 70, o surf teve um enorme boom. Toda a gente com mais de 18 que não es-

nha família (pai, mãe, irmão mais velho e irmã mais velha) a chegar ao Centro Militar

tivesse na tropa ou não tivesse um emprego a sério, apenas tinha uma coisa na cabeça:

de Barbers Beach (por coincidência, a mesma praia onde o famoso Jock Sutherland

praia, praia, praia! Claro que, com menos de 18 anos, eras provavelmente um estudante

começou a surfar).

e esses ainda pensavam mais em surf!

Um dia mais tarde, o meu pai alugou uma prancha para experimentarmos surfar. Mas

Também foi nesta altura que os surfistas começaram a aperceber-se de que havia gran-

o timing dele a entrar não foi muito acertado pois acabou por levar com um set muito

des hipóteses de viver à custa do surf, com o surgimento de vário campeonatos de

forte e nem conseguiu levantar-se. Passou-me a prancha, entre dois sets, e mal vi a

prize-moneys razoáveis. E, ainda por cima, estes campeonatos eram mesmo ao lado

primeira parede de espuma consegui pôr-me em pé e surfei a onda até à praia. O resto

da minha casa. Agarrei-me à competição e tornei-me um Pro, também graças à ajuda

faz parte da história do surf …

dos gloriosos Fred Hemmings e Randy Raryck.

A primeira prancha que posso considerar minha foi uma 9’ modelo Phil Edwards, da loja do Hobie, que curiosamente veio a tornar-se na primeira loja Lightning Bolt, gerida

PARA ALÉM DO DESPORTO

pelo Jack Shipley. Mas esta prancha não caiu do céu, houve um namoro muito intenso

Para mim o surf não é apenas um desporto. Acredito que o surf tem um verdadeiro

até a conseguir ter finalmente. A prancha custava $100 e, antes que criasse alguma

poder de revitalização e purificação da mente. Pode parecer estúpido, mas quantas

ilusão, o meu pai mostrou logo uma cara de desaprovação que destruiu o meu sonho

vezes não te apeteceu ir surfar e acabaste mesmo por ir? E depois lá dentro como é que

de surfar aquela obra-prima.

te sentiste? Como um sortudo do caraças, não? Chama-lhe religião, culto, fé, etc.

No entanto, todas as noites sonhava em ter aquela prancha e não parava de me imaginar

O ponto de união entre os surfistas é mesmo esta força, para além do que é material,

a surfar as paredes monstruosas de Pipeline, como o Jock Sutherland na capa da primeira

que o surf exerce em nós. É isso que nos une. A mística do nosso estilo de vida, aquela

revista de surf que comprei.

força mágica, invisível e purificadora, física e psicológica… isso é o surf.

Continuava a conformar-me que teria de surfar Pipeline na prancha da minha irmã,

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uma 9’ Hobie Clunker, e consegui-o num dia de ondas pequenas. Mas, hei, era Pipeline

DESPORTO DE REIS

não era? E até consegui um Hang Five em ondas de meio metro. Para um miúdo de 12

É fácil distinguir os que surfam, porque acreditam mesmo no seu poder espiritual,

anos, já era alguma coisa.

dos que surfam pela fama e pelo facto de estar na moda. Os últimos, geralmente, não

E, no Natal, o impensável aconteceu. O Pai Natal tinha deixado por baixo da árvore,

têm qualquer sucesso. Mas aqueles que se envolvem profundamente com o despor-

o meu presente de sonho. Embrulhada em papel, estava a minha menina, uma 9’ Phil

to e são talentosos, como o Kelly ou o Andy, brilharão eternamente e serão sempre

Edwards. Woohh! Double Wooohhh!

recompensados. 49

A PURE SOURCE

Rory Russell, Pipeline, 1972

Antigamente, no Hawaii, o surf era um elemento fulcral na religião praticada pelos

vezes e um 12º na geral!

indígenas, porque resumia todos os elementos da vida, mas era apenas autorizado

Eu era especialmente bom nas etapas com ondas mais pequenas.

à família real e a desobediência a esta regra era punida com pena de morte. Era mesmo

As surftrips surgiram com a necessidade do Bolt Team descobrir novos spots, novas

denominado de “Desporto Real”.

ondas. E foram as surftrips que me levaram a não correr as etapas todas do circuito.

Para mim, o surf é mesmo uma experiência espiritual e de reflexão. Sinto que estou

São várias as páginas da minha vida e do Bolt Team a deixar um rasto do raio à volta

apenas eu e Deus, quando estou a surfar Pipeline com 10’-12’, maré baixa e o swell

do mundo, a explorar spots nunca antes surfados, a conhecer novas culturas e pessoas

a subir…

fascinantes, sempre a partilhar a experiência do raio e da cultura de surf havaiano. Fui, sem dúvida, um privilegiado e abençoado por ter tido tantas oportunidades para

RORY E A LIGHTNING BOLT

viajar. É muito difícil dizer quais foram as melhores surftrips. Vejo estas experiências

Para perceberem a minha relação com a Lightning Bolt temos de voltar atrás, quando

como um todo. Se não havia boas ondas, tínhamos sempre muitos sítios e pessoas para

o Gerry Lopez sabia exactamente, depois de testar vários shapes e tamanhos, qual

conhecer. Mas é claro que uma surftrip com grandes ondas é sempre melhor.

a prancha que melhor se adaptava à curva daquele buraco incrível que é Pipeline. Assim, quando estávamos a arrancar e a descobrir a profundidade que podíamos

A LIGHTNING BOLT COMO ÍCONE DE REFERÊNCIA PARA OS ROOKIES

alcançar em cada tubo, naquelas pranchas apenas com o logo do raio, a Lightning Bolt

Para os que estavam a começar, a Lightning Bolt simplesmente significava

tornou-se sinónimo de Pipeline e Pipeline tornou-se sinónimo de Lightning Bolt.

“Ser o Melhor”!”

Acredito que a Lightning Bolt, principalmente aqui no Hawaii, permanece icónica, se não mesmo um símbolo mundial do surf.

WORLDWIDE RORY

Voltando a mim, encontrei aqui um contrato do Doug Warbrick, proprietário da

O Hawaii será sempre a minha casa de eleição, mas sinto-me em casa em todos os

Rip Curl. Fiz o primeiro anúncio deles na revista Surfer e também o primeiro da

lugares que conheço.

Quiksilver na Surfing. Nessa altura, recebi a proposta de contrato do Doug, que me disse “Tens de decidir

PURO PRAZER

Rory: Quiksilver, Rip Curl ou Lightning Bolt?”

Tenho quase a certeza que, actualmente, as razões que levam uma pessoa a surfar são

Conhecido pela minha lealdade, decidi manter-me na Lightning Bolt e, infelizmente,

exactamente as mesmas que há mais de 30 anos atrás: pelo gozo indescritível que nos

uns anos depois assisti à queda da minha marca do coração, ao mesmo tempo que

dá! Só estando lá dentro é que se percebe do que falo.

a Quiksilver e a Rip Curl se tornaram gigantes. Mas nunca perdi a fé e vejam o que aconteceu!! Acho que actualmente não existe espaço suficiente para a fé. AS SURFTRIPS Para ser honesto, naquela altura, só queria dedicar-me ao circuito do campeonato mundial. Só corri o tour entre 1976-78 e apenas participei nas etapas do Hawaii e Austrália, faltando às restantes 6-8 etapas e, mesmo assim, consegui o 5º lugar duas 50

Rory e Ximenez just having fun

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Kikas (Frederico Morais), Josch Schmeltzer e Vasco Ribeiro

E está prestes a arrancar a 2ª edição do Campeonato Nacional Pró Júnior Lightning Bolt. Este é o campeonato júnior masculino e feminino (sub-20) mais importante em Portugal. Este ano, o campeonato que não tem escalões etários, tem 4 etapas de dois dias e arranca no Porto em Abril, passa na Ericeira em Junho, vai até à Praia Grande (Sintra) em Agosto e termina na Costa da Caparica em Outubro. Além das novas esperanças do surf em Portugal, vais poder contar ainda com inúmeras actividades para não ficares quieto na toalha: Aulas de surf gratuitas, Yoga, Skate park, concertos e festas nocturnas são apenas algumas das actividades que estão previstas. No ano passado, o sul-africano Josch Schmeltzer, patrocinado Lightning Bolt, foi o grande vencedor em masculinos, depois de uma final de cortar a respiração, pois só mesmo na final é que o Josch conseguiu afastar o Kikas (Frederico Morais) do trono. Em feminino, a Francisca Sousa, nova promessa portuguesa, assegurou o título na terceira etapa e deu-se ao luxo de ir apenas desfilar a prancha na última etapa.

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HIGHLIGHTNING

Esta banda portuguesa do Porto surgiu no último dia do ano 2000 com um grupo de amigos que queriam fazer da sua música um instrumento de intervenção social. Depois de ultrapassarem as habituais dificuldades para encontrarem uma editora, conseguem lançar o primeiro álbum em 2006 “Comunicar”, que se revelou um grande sucesso no mercado português. Reggae, Roots, Ragga e Ska cantado em português são os estilos que marcam o som de uma banda que é especialmente conhecida pela energia e festa que transmite nas inúmeras actuações ao vivo. Destacam-se as actuações junto dos maiores gurus destes estilos, entre eles: Waillers, Ijahman, Alpha Blondy, Capleton, Gentleman, Patrice, Ponto de Equilíbrio, Groundation, Black Uhuru, Natiruts, Skatalites. Agora em Março estão de volta com o segundo disco de originais “Subentender” e já têm a agenda cheia de concertos nos próximos meses. Com o apoio da Lightning Bolt! Um dos mais carismáticos elementos é o Ratus Fary. Nos Souls of Fire é percussionista e 2ª voz. Quando deixa o grupo, é DJ, surfista e bodyboarder. Ao tentar adivinhar o significado da tua alcunha com a ajuda do Google, vi na Wikipedia que “El Fary” foi um cantor espanhol muito famoso nos anos 90. Foi essa a inspiração para a tua alcunha? Confesso que desconhecia por completo a existência de tal artista…, já agora vou aproveitar a deixa para matar a curiosidade que despertaste. O esboço da minha alcunha nasceu há uma dúzia de anos atrás, na praia, era eu mais prancha do que gente, e graças ao “Jomi“ e ao “Giga“ todos me tratavam por “Ratinho”, entretanto passei pelo “Ratús” até chegar aos Souls of Fire , fui então baptizado de “Ratusfari” pelo grande “T-Bass”. Também és conhecido por ser um autodidacta. Achavas-te mesmo capaz de te tornar uma estrela só pela prática? Acredito piamente que todos conseguimos ser melhores amanhã do que somos hoje. Nunca sentiste necessidade de tirar um curso de música? …Vezes sem conta… mas felizmente sei que posso sempre contar com o mano Romano, com o broda Márcio e os demais amigalhaços para puxarem por mim. Pelo que sabemos, os Souls of Fire nasceram da vossa vontade de organizar pequenas festas. O que era mais importante, a festa ou a mensagem que transmitiam na música? Todo o movimento gerado em torno das festas eram por si só uma forte mensagem, pequenas festas que num piscar de olhos ganharam dimensões extraordinárias. As pessoas gostavam e queriam mais REGGAE. Nós gostávamos e queríamos tocar REGGAE que é a mensagem, é música de intervenção social! Que influências de artistas são mais marcantes nos Souls? Só Música ou outras áreas da cultura? Os Souls Of Fire são uma banda de gente boa simples e comum, naturalmente vive entre todos nós uma paixão infindável pela cultura e por todos os movimentos artísticos em geral. A música assume maior relevo, mas são com toda a certeza demasiados artistas e personalidades que teríamos de mencionar! O primeiro álbum demorou a sair. O que se passou? Foi preguiça ou entraram em al54

guma teia do mercado? “Um homem precisa construir-se para suportá-lo.” O primeiro álbum foi fruto de um percurso cheio de manhã, tudo era novidade. Curiosamente, o desejo dos SOULS em gravar um álbum surgiu em uníssono com a vontade da EMI em avançar com o primeiro LP, “COMUNICAR”. Em relação à “teia do mercado”, é verdade que ela existe, tanto na música, como em qualquer outra área… Passa por nós termos consciência disso, e nunca perdermos a soberania…principalmente quando se atentam valores que consideramos fundamentais… Cantam em português. Não acham que se cantassem em inglês conseguiam vender mais? O dinheiro não é importante, é uma necessidade, nada mais. Importante é que todos consigamos comunicar de forma directa e bem clara, porém não estamos de costas voltadas para o mundo, viajámos muito, temos referências cantadas noutros idiomas. É natural também ter alguns temas cantados em inglês inclusive no novo disco que está prestes a invadir as ruas. No vosso Myspace confirmei que vocês conseguem ressuscitar mortos quando estão a actuar ao vivo! Qual é o segredo? Oxalá! Creio que não existem grandes segredos, a seu tempo tudo se trabalha. Haja energia, temos também a sorte de ter um público espectacular, haja alegria… Deves ter inúmeras situações caricatas em actuações ao vivo. Qual é a que te põe a rir às gargalhadas e qual é que te faz ter vontade de atirar com o Djembé? Pois…quem anda à chuva molha-se… são inúmeras as situações que surgem ao longo da estrada, mas lembro-me de uma em particular; no primeiro concerto dos Souls em Lisboa , o meu grande amigo Luís Vareta (guitarrista) saiu do palco a meio do concerto porque estava totalmente sem som na respectiva guitarra e na munição, na altura eu só tinha vontade de chorar , hoje choro a rir …

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HIGHLIGHTNING

Fontes anónimas dizem que tu és completamente assediado pelo público feminino? AH...lol, É natural que assim seja , senão como conseguiria eu ter uma namorada tão gira como a minha, olhos cor de mel. Também recebes cartas de fãs não apenas pelos teus dotes musicais? Eu tenho mais ídolos do que fãs, envio mais cartas do que recebo … E para descansar da barulheira dos concertos vais surfar? Simplesmente não vivo sem surf e bodyboard !!! Qual é a relação que vês entre o surf e o estilo de música dos Souls? Souls Of Fire=Reggae, Reggae=Jamaica, Jamaica=Calor, Calor=Praia, Surf=Praia. O surf e o Reggae encontram-se no calor. Levas uma rotina que causa inveja a muita gente, surf, música, festa. Arrependeste-te de alguma decisão importante na tua vida? La dolce vita! Quem não se arrepende de algo que adiou até ao dia de São Nunca ou de algo que fez e nunca devia ter feito? A aprendizagem estende-se vida fora. Siga bola pra frente!! Quando os Souls estão parados és DJ nas principais discos do norte do país. És fiel ao estilo dos Souls ou o Ratus transforma-se? Quando estou a tocar como DJ a conversa muda de figura. Viajo desde a Música étnica até aos infinitos HIT´S que as míticas gerações anteriores nos proporcionaram com alguns rasgos de hip-hop e derivados! Em Portugal, por exemplo, os concertos de reggae multiplicaram-se nos últimos anos.Gostavas de actuar noutros países? Quais achas que podem ser os países para se começarem a globalizar? O Reggae invadiu a Europa há mais de 30 anos e está de boa saúde até aos dias de hoje. Em Portugal todas as coisas tendem a chegar uns anos mais tarde, enfim . Graças a produtores e bandas amantes do Reggae, foram a pouco e pouco surgindo concertos em Portugal e rapidamente o Reggae propagou-se pelo País inteiro. 56

Adiante jah tivemos o prazer de viajar rumo a BILBAO (2008), mas infelizmente o mau tempo não permitiu a concretização do concerto. Quanto a tocar no exterior seria um privilégio, um magnífico desafio, que seria recebido com a maior das alegrias. Qualquer País com o mesmo idioma, seria mais fácil de ser aceite pelas audiências, mas a nossa ambição é conseguir tocar em todos os lugares, para o maior número de pessoas … O grupo já tem quase 8 anos e agora estão no segundo álbum. Podes-nos desvendar um pouco o que podemos esperar no futuro? Para o futuro próximo posso adiantar que vamos apresentar-nos na “TOUR-SUBENTENDER” (2009) com concertos totalmente renovados, recheados de músicas novas , mensagens de alerta, e festa muita festa!!

PROFILE

XIMENEZ

Num país em que a estrela do surf é actualmente o Tiago Pires (Saca) a correr pelo segundo ano o WCT, o Miguel Ximenez, que em 2009 deixa a Quiksilver para se juntar ao Team Bolt, é uma das grandes promessas portuguesas para representar o país ao mais alto nível do surf mundial. Com apenas 22 anos e a correr o WQS pelo segundo ano consecutivo, este surfista tem já no seu historial vários feitos. Foi campeão nacional sub-18, Vice-campeão europeu sub-18, vice-campeão nacional sub-20 e ainda vencedor da categoria de surf masculino no Eurosurf 2005 e campeão pela selecção no mesmo ano e 2007. Este ano, continua a apostar forte, quer ser campeão nacional e obter um bom resultado no WQS. Em Cascais, na sua cidade natal, e depois de um dia gelado a surfar, fizemos-lhe algumas perguntas: Não vais dizer que a primeira vez que pegaste numa prancha foi aos 3 anos, pois não? A primeira vez que peguei numa prancha e fui para a água tinha 10 anos e foi na Praia do Guincho. Não correu muito bem… Mas aí ainda não tinha uma prancha minha. O meu pai ofereceu-me a minha primeira prancha aos 12 anos. Ia muito à praia com amigos e eles também surfavam, isso ajudou a continuar! E muito cedo começaste a ver que não fazias surf só para dar estilo e conhecer miúdas… Desde muito pequeno que entrei em competições… Via muitas revistas de surf e sempre sonhei em aparecer lá um dia. Isso aconteceu por volta dos 19 anos, quando ganhei o EuroSurf pela selecção. Fui crescendo de competição em competição e do surf nacional comecei a pensar no surf mundial. Mas só aos 20 anos é que me dediquei 100% ao surf. Entrei na Universidade, no curso de Comunicação Social, mas desisti e fui surfar! O que é que mais gostas na competição? Gosto de puxar pelos limites, de conseguir vencer aqueles adversários que à partida são mais difíceis. E quando não estás em “trabalho”? Gosto de continuar a divertir-me quando faço freesurf! Além disso, quando estou em casa e não estou a surfar, gosto de estar com os meus amigos. Mas desde há dois anos que a minha vida gira em torno do surf. Quais são os teus profetas no Surf? Tenho várias pessoas que admiro… O Saca (Tiago Pires), o Kelly Slater. Admiro o facto de conciliarem trabalho, dedicação e talento. Já sabemos que passas a vida a viajar e deves ter mil spots de eleição, mas qual é a tua preferida? A praia do Guincho. Vivi sempre ali ao lado e adoro!

Das inúmeras viagens que já fizeste, quais foram as que te ficaram mais na memória? Gosto muito da Austrália. Mas, a Indonésia foi um destino que me marcou. Foi também a minha primeira viagem. Qual a viagem que gostarias de fazer? Fiz recentemente uma das minhas viagens de sonho. Foi a última surftrip Lightning Bolt ao Peru. O Norte do Peru na região de Máncora, Chicama e Pacasmayo tem spots fabulosos com esquerdas muito longas e consistentes. Embora não tivéssemos apanhado as ondas no auge, deu sentir o potencial. Na Europa não é um destino ainda muito conhecido. Os patrocínios são essenciais para poderes continuar a apostar no surf. Este ano vais contar com o apoio da Lightning bolt. Como surgiu esta proposta? A proposta veio do David Raimundo, um grande amigo e também Team Manager da Lightning Bolt Europe. Avaliei os prós e os contras e conclui que tinha muito a ganhar ao juntar-me a esta marca, e até agora estou contente com esta opção. Qual a tua maior ambição? Gostava de ganhar o nacional open e de ter um bom resultado a nível mundial. Lema de vida? Com trabalho é possível chegar lá! Daqui a 20 anos, como te imaginas? Casado com filhos, com uma vida estável e a fazer surf. Não sei se profissionalmente ligado ao surf, mas a fazer surf! Quem? Miguel Ximenez Quando? desde 1986 Onde? Cascais, Portugal e nos melhores spots de surf por todo o mundo Porquê? Novo Team Rider da Lightning Bolt O quê? Surfista profissional actualmente a correr o World Qualifying Series

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STUFF HISTÓRIA DO SURF EM PORTUGAL Como começou o Surf em Portugal? Quem foram os primeiros praticantes? Como eram socialmente vistos estes jovens que se aventuravam no mar com umas pranchas incipientes? Quando tiveram lugar os primeiros campeonatos? Este álbum tenta resumir e ilustrar a ainda curta história do surf em Portugal entre a década de 60 e os inícios da década de 80. Os primeiros campeonatos, o lifestyle, as primeiras pranchas e outras aventuras de uma geração que é considerada pioneira no surf português. Coordenado e dirigido por João Rocha, destaque para as deliciosas histórias de Pedro Lima, considerado o primeiro surfista português e actualmente Relações Públicas da Lightning Bolt em Portugal. Um livro que merece o seu preço, não só pelos textos mas especialmente pelas imagens que são autênticas relíquias da história do surf.

BREAD AND BUTTER AW 09/10 Enquanto alguns team riders estavam a reinar no Peru com a água a 25º e a beber umas cervejas geladinhas ao fim da tarde só para matar o calor, a equipa de marketing e design estava a tremer de frio na segunda presença da Lightning Bolt numa das feiras mais importantes de sportswear da Europa, a Bread & Butter que se realizou em Barcelona. Desta vez, apresentámos a colecção Outono-Inverno 09/10 e podemos dizer que esta participação foi um sucesso, contando com mais de 1000 visitantes durante os 3 dias da feira. Destaque para a nova linha Style Masters, que promete recuperar o verdadeiro espírito vivido na mítica década de 70 no Hawaii, onde os Pipeline Masters Gerry Lopez e Rory Russell esbanjavam classe. Foi também nesta feira que a nova USB Pen Lightning Bolt, a USBOLT, fez a sua primeira aparição, e só quem foi ao nosso stand ficou com uma de graça. Em Julho a Bread&Butter volta às origens, mais propriamente a Berlim.

Não inventamos as Pen USB, nem inventamos a memória de 2gb, mas inventamos uma pen com 2 gb em forma de raio. Não foi feita para os geeks que querem guardar 500 filmes piratas num disco. É uma pen para quem quer ter estilo. Como é de borracha também pode ser usada como aqueles brinquedos anti-stress. Para já vai estar disponível em duas cores: vermelho e amarelo.

Em Janeiro deste ano, Nicolas Pinot foi coroado como responsável comercial para o território francês. Este surfista nato está ancorado na Meca do surf francês, Biarritz, e está neste momento a apresentar as novidades da colecção Outono-Inverno 09/10 às surfshops e lojas de streetwear francesas. Por isso, se queres ter Lightning Bolt na tua loja em França, não te esqueças deste nome. Nicolas Pinot BIARRITZ, França [email protected] LIGHTNING BOLT ITALY Desde o primeiro lançamento da Lightning Bolt na Europa, Davide Bertelli mostrou-se muito entusiasmado com as raízes e a natureza do raio. Este especialista italiano na representação de marcas de surfwear está em todo os lugares da belíssima ilha da Sardenha e promete mostrar a todos os retalhistas interessados a história da Lightning Bolt e a sua nova colecção. Da Sicília ao Valle d’Aosta… Davide Bertelli Cagliari, Sardinia [email protected] LIGHTNING BOLT SPAIN Directamente de Vitoria no País Basco, veio o Edu Prieto, que desde o início do ano é o representante comercial da Lightning Bolt para o País Basco, Astúrias e Galiza. Edu Prieto Vitoria-Gasteiz, Espanha [email protected]

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Em Portugal, a Lightning Bolt já conta com 8 lojas próprias e 2 outlets nos dois principais centros urbanos do país (Lisboa e Porto). Em Lisboa, estamos presentes no C.C. Colombo, C.C. Vasco da Gama, C.C. Alegro e na capital portuguesa do surf, Ericeira. No Porto, visitanos no C.C Arrábida, no Mar Shopping, no Norte Shopping e no Edifício Transparente. A marca tem vindo a renovar a imagem das suas lojas desde 2007, sendo que a última abertura foi no Mar Shopping. (na foto) Os outlets estão no Freeport, em Alcochete (Lisboa), e em Vila do Conde, no Nassica. Para as lojas multimarca, a Lightning Bolt é actualmente representada pela Ciabrasil, que também tem a distribuição de outras marcas, nomeadamente a famosa Havaianas. Cia Brasil Manuel Gouveia [email protected] www.ciabrasil.pt

LIGHTNING BOLT GREECE Na Microxtreme, o mote é “Skate e Snowboard desde o início”. O fundador e actual proprietário Gerasimos Avramidis já anda a praticar Skate e Snowboard desde 1978 e começou surf há cinco anos atrás. É, certamente, a pessoa ideal para representar a Lightning Bolt, num país onde o surf ainda está a dar os primeiros passos. Gerasimos Avramidis Thessloniki, Greece [email protected]

LIGHTNING BOLT HOLLAND AND BELGIUM

LIGHTNING BOLT FRANCE

GADGETS- US BOLT

STUFF

LIGHTNING BOLT PORTUGAL

Frank Van de Ruit começou agora a representar a Lightning Bolt na Holanda e na Bélgica. Supreendentemente, existe nestes países uma comunidade de surfistas completamente fanáticos. O Frank foi campeão holandês de snowboard e começou a surfar há 20 anos atrás. Depois de abandonar a carreira de snowboarder, trabalhou na Burton antes de ter ido viver para a Costa Rica onde viveu e surfou alguns anos. Em Noordwick situa-se o seu showroom, para o qual convida todos os lojistas interessados em conhecer a “marca de surf mais mítica de sempre”. Além disso, está super orgulhoso de ter acabado de comprar a “prancha Lightning Bolt mais bonita que alguma vez foi feita”. Referimo-nos à Pipeliner, uma gun com o shape e assinatura de Rory Russell. Frank Van de Ruit Rotterdam, Holland [email protected]

LIGHTNING BOLT UK Brian Hart é o novo responsável de vendas da Lightning Bolt para o Reino Unido. A residir em St. Agnes, na região da Cornualha, tem já uma vasta experiência na indústria do surfwear e está eufórico com este novo desafio de uma marca que tem um significado muito especial na sua vida de surfista. “Comprei os meus primeiros Boardshorts da Lightning Bolt na Califórnia no início da década de 80 e, desde aí, fiquei fã incondicional da marca. Estou mesmo contente por ter a oportunidade de trazer esta marca de volta ao Reino Unido. Significa mesmo muito para mim. E quem sabe se um dia destes não conseguirei comprar uma Lightning Bolt Pipeliner original do Rory Russell!” Brian Hart St Agnes, Cornwall, Reino Unido [email protected]

NUBAI NO HAWAII Como se já não bastasse passar os últimos anos quase sempre em festa nos concertos do Nubai Soundsystem, o grande Tiago Pitaça também bodyboarder e apoiado Lightning Bolt, juntou-se à elite do bodyboard tuga onde constavam, entre outros, o Manuel Centeno e o Hugo Pinheiro e marcharam rumo ao Hawaii (Ohau) durante um mês. Fica o testemunho para a eternidade: “Antes de mais, gostava de partilhar convosco que ir ao Hawaii sempre foi a minha viagem de sonho desde os meus 18 anos mas só consegui ir agora, e não me arrependo nada. O NorthShore é tudo aquilo que eu imaginava, mas ainda com mais ondas, calor com ambiente e muito, muito localismo. Apesar de conseguires surfar à vontade em vários spots, em Pipeline é preciso ter cuidado com algumas atitudes, os erros pagam-se caro. Para além do cliché todo havaiano, uma coisa que me surpreendeu bastante é que no Hawaii só existem dois tipos de música entre o pessoal surfista: Reggae e HipHop. É engraçado ver o poder da cultura jamaicana na ilha, que não se manifesta só na musica ahahaha... É sem duvida uma viagem a repetir porque com tantos spots loucos, um mês sabe a pouco. Por isso, para o ano estou lá de novo. Mahalo Hawaii! (obrigado Hawaii!)” Photos: João Melo

LIGHTNING BOLT ISRAEL Yoav Teveth é o primeiro responsável comercial da Lightning Bolt no Médio Oriente, mas apenas para Israel. Está neste momento a apresentar a nova colecção Outono-Inverno 09/10 a todos as surfshops e lojas de streetwear no país. Yoav Teveth Tel Aviv, Israel [email protected]

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ROOKIES

ROOKIES

O Surfing Life Club é uma das maiores escolas de surf do norte de Portugal, situada na 2ª cidade do país, Porto (Matosinhos), num dos melhores spots da região. Numa de inspectores, quisemos perceber como funciona esta escola, quer do ponto de vista do instrutor, quer do ponto de vista do aluno. Será que são coincidentes? O Bruno Rodrigues, um dos patrocinados Lightning Bolt, incluído no grupo dos mais talentosos surfistas do país, está já a dar aulas nesta escola há dois anos. Quais são os requisitos para poder ter treinos neste grupo? Saber nadar, não ter qualquer problema de saúde que impeça a prática de desporto e muita vontade de aprender. Quantas horas por mês recomendam de treinos para cada atleta? O ideal é surfar todos os dias. O surf é um desporto que requer muita persistência para aprender. No mínimo três horas por semana. Embora, na realidade, algumas pessoas acabam por fazer 1 vez por semana. Sempre é melhor do que ficar no sofá. Existem treinos de preparação física e aulas teóricas? Sim, fazemos treinos com natação no mar, fazemos vários exercícios físicos orientados para o surf e, quando o mar está demasiado grande, temos aulas teóricas. Mas independentemente do dia é sempre feita uma análise do mar, em conjunto com os alunos, antes de entrar para a água. Quantos atletas por grupo no máximo? Depende das condições, mas tentamos não ultrapassar 6 alunos por monitor. Qual a formação dos monitores para poder fazer parte da escola? Para além do curso de treinadores, gostamos de dar algumas surfadas com o monitor antes de o contratar para sentir a experiência que tem no mar. Não se confia a vida de 6 pessoas a uma que não conheces. Quais são os factores críticos de sucesso de um atleta nas aulas? Determinação e concentração. Perceber que durante aquele período em que está no treino, não está a “dar uma surfada”, mas sim a dar o máximo para cumprir os objectivos que lhe são propostos pelo treinador.

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E a disciplina? É militar ou os atletas podem pisar o risco? Como é que controlam? Já tive de dizer a alguns alunos que se vinham para aqui para surfar, mais valia não gastarem o dinheiro da aula e irem fazer surf sozinhos para qualquer lado. Peço às pessoas para estarem concentradas no treino. Quando começam a dispersar, às vezes começo a roubar-lhes ondas para ver se acordam. Qual é o tempo médio de permanência de cada atleta na escola? Fazemos acompanhamento desde a iniciação até ao nível de competição. Temos cá alunos há mais de 3 anos.

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O Afonso Teixeira tem 16, já é aluno desta escola há mais de 3 anos e aqui já passou por diferentes programas de treino Quando entraste no Surfing Life Club, que requisitos te exigiram? Um dos requisitos foi que soubesse nadar minimamente. Fora isso, apenas a vontade para surfar. Quantas horas por mês recomendam de treinos para cada atleta? Para atletas em competição, recomendam um mínimo de quatro treinos semanais. Existem treinos de preparação física e aulas teóricas? Sim, quando as condições do mar não permitem treinos seguros, temos aulas teóricas e há também muita insistência na parte física, incluindo a possibilidade de treinos em piscina. Quantos alunos no máximo, já tiveste numa aula? O máximo foi um grupo de oito alunos por cada monitor. Quando há mais do que oito, vão dois monitores para dentro de água. Que qualidades os monitores acham que deves ter para poderes evoluir no surf? Muito treino e força de vontade acima de tudo, uma vez que há momentos de estagnação. Claro que o talento é inato, mas se praticares e tiveres vontade de estar sempre a melhorar, consegues superar melhor as tuas limitações. 64

E a disciplina? Achas que os monitores são demasiado chatos? Ou são razoáveis? Não, os monitores têm uma relação muito próxima connosco, o que nos faz sentir mais à vontade com eles. Já durante os treinos, estabelecem a disciplina, que é essencial para a concentração apenas nas ondas. Já pensaste em mudar para outra escola? Não, tudo o que aprendi foi na escola Surfing Life Club, tenho sentido uma boa evolução e o espírito de união entre todo o grupo, que se construiu ao longo do tempo, faz-me sentir muito bem nesta “casa”. A quem recomendarias esta escola? Aos iniciados, intermédios ou avançados? Estou no nível de intermédio e estou muito contente com o programa de treinos implantado, pelo que acho uma óptima opção para qualquer surfista neste nível. Definitivamente também a iniciados, pois tive uma evolução muito rápida para intermédio nesta escola. Quanto a avançados, não posso dizer nada pois não conheço o plano de treinos, mas espero que esteja para breve.

COMING NEXT

Alguns peritos colocam a costa do pacífico da Nicarágua como uma das melhores regiões para surfar na América Central. Playa Maderas, Playa Escondida, Santana e Colorado são só alguns dos surf spots a que eles recorrem para defender a sua teoria. Bem, para comprovar o que estes senhores andam a dizer, vamos enviar até lá os nossos team riders nessa missão! No Alentejo, uma das regiões mais típicas de Portugal onde relíquias da presença romana se misturam com mesquitas do legado mouro, vamos fotografar a colecção Outono-Inverno 09/10. Em Agosto, estamos de volta e só então vão poder saber porque é que escolhemos este destino. Não há coincidências.

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