Poema do livro “DEUS” de Miguel Trigueiros
Lembras-te Amor? No alvor do casamento Baixou sobre nós dois a luz dos céus Nossos olhos beijaram-se um momento; E fizemos, então, um juramento: - Só um do outro e os dois de Deus!
Lutei para cumprir o prometido. Meu corpo e minha alma são só teus. Quando a voz das paixões me traz vencido, A voz do amor segreda-me ao ouvido: - Só um do outro e os dois de Deus!
À minha volta soa, noite e dia, A risada escarninha dos ateus... Cravam-me os estiletes da ironia; Eu calo, e rezo a minha litania - Só um do outro e os dois de Deus!
Cerca-me a tentação, velha serpente! Escondem-me o horizonte negros véus, Que importa, meu Amor? Teimosamente, Hei-de gritar à vida, frente a frente: - Só um do outro e os dois de Deus!
E amanhã, quando a morte, de mansinho, Vier pedir ao mundo o nosso adeus, Hão-de os anjos cantar, devagarinho: - Terão na eternidade um só caminho, Pois são só um do outro e os dois de Deus!
P.e Celestino Manso Música: Bach, Magnificat