Imunologia

  • June 2020
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Imunologia as PDF for free.

More details

  • Words: 1,711
  • Pages: 6
Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Odontologia de Piracicaba Departamento de Diagnóstico Oral - Disciplina de Microbiologia e Imunologia -

Roteiro da aula 9 de Imunologia: Hipersensibilidade (Tipo I e Tipo II) Profa Dra. Renata de O. Mattos-Graner 1. Reações de hipersensibilidade – resposta imune adaptativa, exagerada, resultando em reação inflamatória e/ou dano tecidual. • Os antígenos que desencadeiam reações de hipersensibilidade são também chamados de alérgenos. Podem ocorrer reações locais (menos graves) a reações sistêmicas (mais graves). • As manifestações clínicas não ocorrem no primeiro contato com o Ag, mas após a prévia sensibilização do indivíduo. • Exemplos de reações: asma, rinite alérgica, dermatite de contato, urticária • Exemplos de alérgenos: ácaros, pêlo de animal, pólen de plantas, mariscos, etc. • Os tipos de reações de hipersensibilidade foram classificados, conforme os mecanismos efetores: Tipo I – mediada pelas IgE, ativando mastócitos (anafilática) Tipo II – mediada pela IgG, fagócitos e complemento (citotóxica) Tipo III – mediada por IgG, complexos imunes e fagócitos (mediada por complexos imunes) Tipo IV – mediada por linfócitos T (Ta1, Ta2 ou Tc) (celular ou tardia) 2. Hipersensibilidade Tipo I - é caracterizada por uma reação alérgica que se estabelece imediatamente após o contato com o antígeno (5 a 15 min.) por indivíduo sensibilizado. Mediada por IgE. • Sensibilização – produção prévia de IgE a um determinado antígeno que o indivíduo entrou em contato em algum momento. • Célula-chave (efetora) – mastócitos: possuem receptores de alta afinidade à porção Fc de IgE. Estão sensibilizados qdo recobertos por IgE, produzida em contatos prévios pelos alérgenos. Efetivam o processo liberando substâncias mediadoras da inflamação farmacológicas (ex. histamina) que atuarão nas células do organismo. • Receptores de alta afinidade por IgE - FcεRI; FcεRII e Fcε • Ativação das células efetoras (inicialmente os mastócitos) – ocorre quando 2 moléculas de IgE associadas aos receptores da superfície celular, ligam-se concomitantemente a 2 epítodos do antígeno, promovendo assim a liberação de mediadores da inflamação pré-formados (ex. histamina) - exocitose (vide slide 12). • Outras células efetoras – eosinófilos, basófilos e neutrófilos – células que também possuem receptores de alta afinidade por IgE, além dos mastócitos. 3. Sensibilização e a hipersensibilidade tipo I : • Depende de condições que favoreçam a produção do isotipo IgE, como as características dos Ag e presença de IL-4 (citocina envolvida na troca de isotipo p/ IgE). • Quando os alérgenos penetram no organismo pelas mucosas e são capturados pelas células apresentadoras de antígenos locais (CAA), as mesmas processam e apresentam os antígenos para as células Ta. As células Ta2 secretarão citocinas que induzirão a proliferação de células B e favorecem a produção de respostas por IgE específica.

• A IgE liga-se aos mastócitos por meio dos receptores de alta afinidade à porção Fc de IgE, FcεRI (e a outras células efetoras), sensibilizando-os.

1

3

2

4

(1) A célula efetora (mastócito, basófilo ou eosinófilo), com o (s) receptor (es) de IgE na sua superfície (FcεRI). Vesículas c/ histamina no seu interior. (2) Produção e ligação de IgE (alérgeno-específicas) aos receptores da superfície do mastócito (sensibilização). (3) Ligação cruzada do antígeno (dois epítodos) a 2 IgE de superfície, em uma exposição subsequente (ativação). (4) Liberação de mediadores da inflamação pré formados por exocitose (ex. histamina).

• A produção de IL-4 por linfócitos Ta2 estimula a produção do isotipo IgE por células B. 4. As reações de hipersensibilidade do tipo I são caraterizadas por uma fase imediata e outra tardia. • fase inicial: caracterizada por vasodilatação, aumento da permeabilidade capilar, espasmo das células musculares lisas e secreção glandular, iniciada 5-30 min após a exposição do indivíduo sensibilizado ao alérgeno específico. Duração: cerca de 1h. • fase tardia: caracterizada por infiltração de eosinófilos, basófilos, neutrófilos, monócitos, células Ta1, podendo haver destruição tecidual e dano tecidual. Esta fase pode durar vários dias (vide resposta tipo IV - tardia; roteiro 10). 5. Mastócitos • São as células responsáveis pelo início da reação alérgica quando ocorre o estímulo através da associação Ag + Ac antígeno-específico (IgE). • Há dois tipos populacionais destes mastócitos: a) Mastócitos de mucosas: intestino, pulmão e nasal b) Mastócitos de tecido conjuntivo: próximos às paredes dos vasos sanguíneos * Os mastócitos não estão presentes na retina e no sistema nervoso central. • Presença de grânulos contendo mediadores das reações inflamatórias pré-formados. Outros são sintetizados logo após a ativação dos mastócitos (mediadores recém-sintetizados).

• Mediadores pré-formados: histamina (mais importante – liga-se a receptores presentes em diferentes tipos celulares, como H1, H2 e H3), heparina, proteases, TNF α. • Mediadores recém-sintetizados: citocinas, leucotrienos e prostaglandinas 6. Ação dos mediadores químicos • Histamina: principal mediador pré-formado; liga-se a receptores presentes em diferentes tipos celulares; receptores: H1, H2, H3. Atua sobre: células do músculo liso – contração; células endoteliais – aumento da permeabilidade vascular e vasodilatação; células epiteliais da mucosa – aumento da produção de muco. • Fator de necrose tumoral alfa (TNFα): ativa células endoteliais a expressarem moléculas para adesão de leucócitos (migração de leucócitos). • Citocinas: IL4, IL13 – estimula e amplifica a resposta de Ta 2; IL3, IL5, GM-CSF – proliferação e ativação de eosinófilos; IL8 – Recrutamento de leucócitos (quimiotaxia); ⇑ TNFα - migração de leucócitos para o local sensibilizado. • Proteases: remodelação da matriz extracelular. • Fator ativador de plaquetas: constrição da musculatura lisa dos brônquios, agregação e degranulação de plaquetas. • prostaglandinas (PGD2): ⇑ permeabilidade vascular; vasodilatação; quimiotaxia de neutrófilos. • leucotrienos: efeito similar a histamina, 100x mais potentes que a histamina. • Os efeitos clínicos das reações de hipersensibilidade tipo I, variam de acordo com o local de ativação dos mastócitos (observe o desenho).

7. Outras células efetoras responsáveis pelos mecanismos de hipersensibilidade do tipo I • eosinófilos e basófilos – são granulócitos que armazenam mediadores da inflamação. Agem em conjunto com os mastócitos após a degranulação do mesmo. 8. Reações alégicas mediadas por IgE na hipersensibilidade tipo I ⇒ Podem desencadear reações inflamatórias locais ou sistêmicas (anafilaxia sistêmica).

9. Anafilaxia Sistêmica – a exposição a alguns alérgenos por via oral ou subcutânea que se disseminam pela corrente sanguínea ativando os mastócitos próximos aos vasos sanguíneos. Afeta múltiplos órgãos/tecidos, simultaneamente (ativação generalizada dos mastócitos). Usualmente mediadas pela IgE. Outras imunoglobulinas podem de ativar o complemento (IgM, IgG) gerando anafilotoxinas (C3a e C5a), as quais induzem também a degranulação de mastócitos e basófilos. A severidade depende do nível de sensibilização. • Sinais e sintomas: Coração e sistema vascular: ↑ permeabilidade capilar: edema tecidual (lingua), ↓ pressão arterial (choque anafilático), ↓ oxigenação reduzida, batimentos cardíacos irregulares, perda da consciência.

Trato respiratório: contração de músculo liso e constrição da garganta, dificuldade para respirar e deglutir. Trato gastrintestinal: contração de músculo liso: cólicas estomacais, vômito, diarréia. 10. Reação de hipersensibilidade tipo I localizada - pode ocorrer no local de exposição ao alérgeno. Exemplos: trato gastrintestinal (diarréia, vômitos), pele (pápulas eritematosas), vias aéreas (rinite alérgica). 11. Reação de hipersensibilidade tipo II (citotóxica): são mediadas por anticorpos das classes IgG ou IgM, que reconhecem moléculas na superfície de células ou tecidos específicos do próprio organismo (ex. nas doenças auto-imunes). • Células efetoras – células exterminadoras naturais, plaquetas, neutrófilos, eosinófilos, células da série fagocítica mononuclear. 12. Mecanismo de citotoxicidade tipo II:

CAM

• envolvem os mecanismos de destruição das células-alvo: refletem os métodos semelhantes de destruição dos patógenos infecciosos. • Ativação do complemento (ligação covalente de C3b e formação do CAM). • Opsonização do complemento e porção Fc de IgG e IgM. • Liberação de mediadores da inflamação com prostaglandinas e leucotrienos à partir da ação da fosfolipase A2 sobre as membranas.

• Quando há impossibilidade de realização da fagocitose, há ainda liberação de enzimas líticas pelos PMN, promovendo a destruição tecidual externa. 13. Exemplos de hipersensibilidade do tipo II: • Anemia Hemolítica (destruição de hemácias que apresentam Ags modificados na superfície) • Trombocitopenia (mecanismo semelhante à anemia hemolítica onde as plaquetas são destruídas) Ex. penicilina e outras drogas podem reagir c/ a superfície das células humanas, com as hemácias e plaquetas sendo reconhecidas com Ags estranhos. • Doença Hemolítica do recém-nascido (DHRN) • Reações de transfusão de sangue • Doenças auto-imunes • Anemia Hemolítica (mecanismo) 1

2

3

(1) As hemácias modificadas pela droga (ex. penicilina) e recobertas pelo complemento como efeito colateral da infecção bacteriana são fagocitadas pelos macrófagos, usando seus receptores de complemento. (2) Macrófagos apresentam peptídeos do conjugado penicilina-proteína e ativam as células T CD4 específicas, para tornarem-se Ta2. (3) As células B são ativadas pelo antígeno e pela ajuda das células Ta2 ativadas e diferenciam-se em plasmócitos.

(4) Os plasmócitos secretam IgG específica para a penicilina modificada, que se liga às hemácias. A IgG específica para a penicilina liga-se a proteínas modificadas por ela, na hemácia, ativando o complemento pela via clássica. (5) Há ativação dos componentes do complemento C1-C9 e a formação do complexo de ataque da membrana, causando lise das hemácias. (6) Ativação dos componentes do complemento tb leva à ligação covalente de C3b facilitando a fagocitose.

• Sistema sanguíneo - Glicoproteínas de superfície nas hemácias Sistema ABO: Ag A, B ou H (O) - Os indivíduos apresentam anticorpos contra antígenos A, B, mesmo sem exposição prévia às hemácias estranhas, visto que estes coincidem com Ag de diversos microrganismos. - Transfusões de sangue não compatível, vai desencadear aglutinação mediada por Ac com ativação do complemento e lise dos eritrócitos. - A gravidade destas reações dependerá da classe e quantidades de Ac envolvidos. Sistema Rhesus (Rh): Rh C/c; Rh D/d, Rh E/e - Anticorpos contra antígenos Rh são estimulados por contatos prévios - Rh D + = 85% dos indivíduos - Rh D - = 15% dos indivíduos - Os antígenos RhD estão envolvidos na • Doença Hemolítica do Recém-nascido Doença hemolítica do recém-nascido.

Bibliografia: Parham, P. O sistema Imune. 1a edição. Editora Artmed, 2001. cap. 10 (p.269-297).

Roitt, I.; Brostoff, J.; Male, D. Imunologia 5a Edição. Editora Manole Ltda. Cap. 23 (p. 301-317) ; Cap. 24 (p. 319-328).

As hemácias de um feto Rh + atingem a circulação materna RhDgeralmente durante o parto, estimulando a produção de anticorpos da classe IgG anti RhD, no período pós-parto. Numa gravidez posterior, os anticorpos IgG específicos para RhD atravessam a placenta, atingindo o próximo filho. Se o feto for RhD+, as hemácia serão lisadas após o reconhecimento por Ac da mãe, pela ativação dos mecanismos de destruição celular.

Related Documents

Imunologia
June 2020 5
Imunologia
June 2020 6
Imunologia
June 2020 6
Imunologia
June 2020 2
Imunologia
June 2020 3
Imunologia
June 2020 3