Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Odontologia de Piracicaba Departamento de Diagnóstico Oral - Disciplina de Microbiologia e Imunologia -
Roteiro da Aula 3 de Imunologia: Antígenos e Anticorpos Profa. Dra. Renata de Oliveira Mattos-Graner 1. Reconhecimento específico de antígenos não-próprios por linfócitos T e B Tipo de Linfócito Linfócito T Linfócito B
Receptores específicos de antígenos Receptores de linfócitos T - RLT Imunoglobulinas de superfície
2. Ativação de Linfócitos B
3. Anticorpos 3.1. Definição geral: glicoproteínas produzidas por plasmócitos em resposta a uma molécula estranha ou microrganismo invasor reconhecido especificamente pelo linfócito B. 3.2. Composição química: proteína (principalemente) + 3-14% de carboidratos
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3.3. Características principais: é uma molécula bifuncional: - sítio de ligação de Ag (Fab) - porção efetora (Fc) reconhecida por receptores de outros componentes do sistema imunológico 3.4. Localização:
sangue/soro secreções (saliva, lágrima, leite, suor) fluído intersticial
3.5. Estrutura básica de uma molécula de anticorpo (ex: IgG): 2 cadeias leves idênticas
Componentes:
Porção variável Porção constante
2 cadeias pesadas idênticas
Porção variável Porção constante
3.5.1. Fragmento Fab (antigen binding): fragmento que possui a porção ligante de antígeno. Função: reconhecimento do antígeno Cada Fab é formado por: Cadeia Leve:
região constante região variável
Cadeia Pesada:
região constante região variável
as regiões variáveis de cada cadeia leve e pesada possuem regiões hipervariáveis, onde ocorre a interação do anticorpo com o antígeno
3.5.2. Fragmento Fc (cristalizável): porção efetora Função: ativa outros mecanismos de defesa (outras células de defesa como macrófagos, neutrófilos e o sistema complemento) O Fc é formado por: Cadeias Pesadas: de regiões constantes
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região regiãovariável variável da dacadeia cadeiapesada pesada regiões regiões hipervariáveis hipervariáveis
região região variáv variávelel da daca cadeia deia leve leve
regiões regiõeshipervariáveis hipervariáveis da dacadeia cadeiapesada pesada sítio sítiode deligação ligação de deantígeno antígeno
regiões regiões hipervariáveis hipervariáveis da dacadeia cadeialeve leve
Fc cadeia pesada cadeia leve região variável
cadeia leve
região constante
cadeia pesada região variável
região constante (tipo α, δ, ε, γ ou µ)
3.6. Classes ou isotipos de anticorpos – classificação de acordo com as variações na região constante das cadeias pesadas que compõem a porção Fc de um anticorpo (vide figura acima). IgM 5 classes:
subclasses
IgG1
IgG
IgG2
IgD
IgG3
IgE IgA
subclasses
IgG4 IgA1 IgA2
IgG: -
mais abundante no soro
-
menor e mais flexível
-
forma: monomérica
-
importante na resposta imune 2ária
-
atravessa a placenta
IgM: -
Plasma (10% do total de Ig)
-
Formas: monomérica e pentamérica
-
Cadeia J (juncional)
-
Ativa o sistema complemento
-
importante na resposta imune 2ária
3
IgD: -
Baixas concentrações séricas
-
Forma: monomérica
-
Importante na resposta imune 1ária
-
Função biológica incerta (diferenciação de linfócitos)
IgE: -
Baixas concentrações séricas
-
Alta afinidade às superfícies de mastócitos, basófilos e eusinófilos
-
Reações inflamatórias intensas
-
Reações alérgicas
-
Imunidade contra parasitas
IgA: -
Isotipo mais produzido no organismo Formas: monomérica (geralmente no soro) dimérica (geralmente nas secreções)
-
Principal anticorpo na proteção das mucosas
-
Subclasses: IgA1 e IgA2
-
IgA secretora
IgA secretora: - produzidas por plasmócitos de células B nos tecidos linfóides associados às mucosas (MALT) – (vide roteiro da aula 2) - resistentes às enzimas proteolíticas - neutralização de bactérias e toxinas - bloqueio da adesão e aglutinação - baixa indução da resposta inflamatória (< ativação do complemento) - cadeia J (liga 2 moléculas monoméricas de IgA, tornando-as dimérica) - componente secretor: origem das células epiteliais - transporte de IgA através das mucosas e glândulas 3.7. Variação Idiotípica: variação da região de reconhecimento do Ag (porção variável) -
cada célula B produz Ac de um único idiotipo (Ac específico)
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3.8. Propriedades e funções das diferentes classes de anticorpos
Funções
Propriedades
Características
IgM
IgD
IgG1
IgG2
IgG3
IgG4
IgA
IgE
+
-
-
-
-
-
dímero +++
-
-
-
+++
+
++
+/-
-
-
+/-
-
+++
+++
+++
+++
-
+
Nível sérico no adulto
1,5
0,03
9
3
1
0,5
2,1
5x105
Neutralização
+
-
++
++
++
++
++
-
Opsonização
-
-
+++
+
++
-
+
-
-
-
+
-
+
-
-
+++
+++
-
++
+
+++
-
+
-
Transporte através do epitélio Transporte através da placenta Difusão nos sítios extravasculares
Sensibilização de mastócitos (alergia) Ativação de complemento
4. Antígenos 4.1 . Definição: Molécula que por ser reconhecida por receptores específicos de células B e T, induz a resposta imunológica, com produção de Ac. 4.2. Determinantes antigênicos ou epítopos: parte do Ag que entra em contato direto com o sítio ligante de Ag do Ac. 4.2. Antígenos Multivalentes:
antígenos que apresentam múltiplos epítopos (distintos ou
idênticos). 5. Ligação antígeno-anticorpo: depende da conformação dos epítopos e dos sítios de ligações de Ag. Forças não-covalentes
força de van der Waals
importantes para a ligação
interações hidrofóbicas
específica Ag-Ac
pontes de hidrogênio
Vide páginas 48 e 49 do livro BIOLOGIA CELULAR E MOLECULAR (referência bibliográfica)
interações iônicas
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1. Anti-soro contra AgA: contém diversos Acs distintos, específicos para cada epítopo (X, Y e. Z) presente no AgA. 2. Os Acs presentes no anti-soro (Ac anti-X, Y ou Z) resultam da ação de uma população de células B distintas, cada uma específica para um determinado epítopo. 3. Reações cruzadas: quando antígenos distintos (exs: A e B) apresentam epítopos muito semelhantes, sendo reconhecidos pela mesma molécula de Ac. Referências Bibliográficas 1. Imunologia – 5a Edição Roitt, Brostoff eMale (Capítulo 9, p. 110) 2. Biologia Molecular e Celular – 3a Edição Bruce Alberts et al. (Capítulo 1, p. 48-49; Capítulo 23, p. 1195 – 1220)
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