Fundamentalismo

  • October 2019
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I. AS RAÍZES DO FUNDAMENTALISMO CRISTÃO. O fundamentalismo cristão como movimento histórico-teológico tem a sua base na ortodoxia protestante do século XIX e nasce no próximo século com a proposta de defendê-la do liberalismo teológico. Para uma compreensão melhor dessas raízes apresenta-se o desenvolvimento da ortodoxia protestante e o surgimento do liberalismo teológico. 1.1 – A Ortodoxia Protestante Roger Olson (1999. p.571) chama atenção para o fato de que antes da ascensão do liberalismo teológico não havia fundamentalismo, embora existisse a ortodoxia protestante. Paull Tillch procurou diferenciar a ortodoxia protestante do fundamentalismo e a exaltou sobre o mesmo. Na sua visão a ortodoxia foi um movimento maior e mais serio enquanto o fundamentalismo não passava de “(...) uma forma primitiva de ortodoxia clássica.” (1999. p.272). Entende-se por Ortodoxia Protestante o período da história nos séculos XVII e XVIII, logo após a Reforma, onde os teólogos protestantes sistematizaram a teologia dos reformadores (

). Aqui o termo ortodoxia, do grego orthodoxia (de orthos “certo”

e doxa “opinião”), que originalmente significa crença correta, é sinônimo de confessionalismo. Para esse período da teologia protestante também é aplicada a denominação “escolasticismo”. O historiador J. Gonzalez apresenta três razoes porque se chama “escolasticismo protestante” a esse período: Primeiro porque enfatizar a sistematização do pensamento teológico. Segundo por utilizar como método a filosofia de Aristóteles e por fim porque a teologia era produto das escolas, nascia nas universidades. (1999. p. 113). Vandermoler, comentando sobre o escolasticismo protestante, aponta vários fatores como elementos decisivos no crescimento da ortodoxia protestante: Primeiro, a educação formal. Os protestantes em busca de um pensamento sistemático na época utilizavam o método aristotélico em suas instituições de ensino. Segundo, o uso da razão. Os teólogos estavam mais abertos em usar a razão como meio de desenvolver uma teologia coerente a partir de uma variedade de textos bíblicos que pudessem ser compreendidos e ensinados. Em terceiro e ultimo lugar, a controvérsia

doutrinária.

A fim de alcançar uma formulação doutrinária bíblica, os protestantes

se lançaram num forte debato teológico fazendo uso da lógica escolástica. Segundo Gonzalez (1999. p.110), o escolasticismo protestante entrou em declínio no final do século XVIII, mas deixou dois legados importantes: Seu espírito de rigidez confessional, apontado por Vandemoler no parágrafo supracitado como um dos elementos contribuintes no crescimento da ortodoxia, e a sua doutrina da inspiração das Escrituras. Na busca da defesa da melhor confissão como expressão das Escrituras os teólogos escolásticos, de acordo com Gonzalez, tendiam a aceitar como cristãos aqueles que defendiam seus pontos doutrinários e excluíam aqueles que divergiam do seu ponto de vista confessional. Com o objetivo de rebater a transição oral católica os teólogos protestantes enfatizaram a inspiração das Escrituras, defendendo que o Espírito Santo [“...] não só disse aos autores o que tinham de escrever, mas também lhes ordenou que escrevessem”. Gonzalez acrescenta que eles radicalizaram a questão ao ponto de afirmarem que [“...] os autores bíblicos não foram mais que copistas ou secretários do Espírito Santo”. Essa posição levou, no seu modo de ver, a enfatizarem a inspiração da Bíblia letra por letra. Roger Olson alinha-se a Gonzalez nesse pensamento ao declarar que a ortodoxia protestante foi marcada pela [“...] forte ênfase às Escrituras como verbalmente inspiradas, proposicionalmente infalível e mesmo inerrante”. (1999. p.571). Um dos grandes representantes da ortodoxia protestante no século XVII, defensor extremado da inspiração verbal das Escrituras, foi o teólogo reformado Francis Turretin (1623 – 1687).

Francis nasceu e morreu em Genebra, Suíça,

é considerado um legítimo representante do escolasticismo protestante calvinista. Sua principal obra foi Institutio Theologia e Elenectica, um manual de teologia sistemática publicado em 1688. (Valdermolen. 1990. P. 580). Turretin exerceu forte influëncia na teologia da Escola de Princeton (E.U.) através do seu primeiro professor Archibald Alexander (1772-1851) que herdou de Turretin a fidedignidade das Escrituras e o uso da razão para compreender a verdade cristã. Segundo Olson, a escola de Princeton “[...] traduziu o escolasticismo e a ortodoxia protestante do tipo Turretin para o contexto norte americano do século XX e criou os alicerces teológico e doutrinário que dariam origem ao fundamentalismo no século seguinte”. (1999. p. 570).

Dos sucessores de A. Alexander o mais destacável foi o seu aluno C. Hodge ( ). Hodge adotou como base da sua teológica sistemática o livro de Turretin; defendeu a inspiração verbal das Escrituras e a sua infalibilidade; no confronto com os liberais, emergentes na sua época, fez forte crítica aos mesmos chegando à condenação. Para Olson, “[...] os conceitos de Hodge sobre teologia e a doutrina das Escrituras o tornam um precursor do fundamentalismo do século XX”. (1999. p.570). Os teólogos de Princeton, apesar de não preverem o surgimento do fundamentalismo, lançaram as suas bases ao apresentarem o Cristianismo como doutrina correta, enfatizarem a inspiração e inerrância da Bíblia e fazerem forte oposição ao liberalismo. Todavia, eles eram possuidores de um alto nível acadêmico o que os diferenciavam dos fundamentalistas posteriores. (Olson. 1999. p.575). Percebe-se, portanto, que o fundamentalismo cristão teve suas raízes no escolasticismo protestante do século XIX vivido pelos teólogos da escola de Princeton que enfatizavam o conservadorismo teológico baseado no conceito de inspiração bíblica. Com o surgimento do liberalismo o fundamentalismo sente-se herdeiro do conservadorismo teológico e parte para a defesa do cristianismo. 1.2 – O Liberalismo Teológico. A modernidade foi marcada pelo progresso intelectual decorrente de diversos movimentos econômicos, culturais e sociais na historia da Europa desde o fim da idade média.

A Renascença trocou a visão teocêntrica do mundo por uma leitura

antropocêntrica da vida. Enraizado no progresso científico advindo do Renascimento surgiu no século XVIII o iluminismo. Esse movimento iniciado na Inglaterra e rapidamente difundido por quase toda Europa condenava entre muitos absolutismos, o poder da igreja, pois esse poder baseava-se em verdades reveladas pela fé, que conflitava com a autonomia intelectual defendida pelo racionalismo iluminista. O Iluminismo tinha seu pressuposto filosófico baseado no Racionalismo de Descarte, no Empirismo de Luck e no Pietismo alemão, que segundo Martin Dher (2006) entre outros aspectos valorizava a experiência humana. O Iluminismo anunciava que o homem havia chagado à maioridade e, portanto deveria se libertar de todas as autoridades externas (Bíblia, Igreja e Estado). O homem era autônimo, guiado pela lei interna, como dizia Kant. O mundo deixou de olhar para os seus modelos clássicos do passado, para olhar para o futuro onde o ser humano seria capaz de tudo. Os Iluministas sonhavam com um mundo perfeito, regido pelos princípios da razão,

sem guerras e sem injustiças sociais, onde todos pudessem expressar livremente seu pensamento. O surgimento do Iluminismo trouxe fortes mudanças para a humanidade. A religião passou a ser olhada de outra forma. Os iluministas tinham uma visão deísta de Deus, criam que Ele havia criado o mundo, mas entregue a direção da humanidade a si mesma e à sua razão. A religião cristã foi reduzida a ética onde o seu o principal papel era a educação moral da humanidade e não a doutrinação de dogmas que estavam além da razão.

O crivo científico prevaleceu sobre a Bíblia, a razão foi

elevada sobre a fé, pois o sobrenatural não era mais aceitável para uma mente moderna. A Ortodoxia Teológica com seu “escolasticismo” não mais trazia respostas ao homem moderno. Era necessário reconhecer as reivindicações da mente moderna e se reinterpretar a fé cristã à luz da nova mentalidade. No desejo de adaptar as idéias religiosas à cultura e à nova forma de pensar surge assim o liberalismo teológico, disposto a repensar a fé cristã e transformá-la em termos que pudesse ser compreendida. Roger Olson (2001) na sua abordagem histórica da Teologia Liberal observa: Os Teólogos estavam convencidos de que a cultura humana tinha dado um salto quântico de avanço com o iluminismo e que a própria existência do Cristianismo ...mais do que uma religião folclórica dependia de sua atuação para entrar em harmonia com o que havia de melhor no projeto de modernidade do iluminismo ou seja a Teologia cristã precisava se modernizar ou deixaria de ser religião popular com atrativos e influencias universais (p.553).

Os teólogos liberais apoderaram-se do pensamento moderno como ferramenta de interpretação das Escrituras e fizeram dele autoridade orientadora nas questões religiosas. O sobrenatural foi negado e os dogmas clássicos foram desprezados ou reinterpretados em busca de compatibilidade com a modernidade. (Olson. 2001. p.) O primeiro teólogo a romper com os conceitos ortodoxos do Cristianismo e fazer uma reconstrução das doutrinas cristãs foi o pastor Friedrich Daniel E. Schleimacher (1768-1834) apontado por muitos como o pai do modernismo teológico. Schleimacher nasceu em Breslan filho de um capelão militar reformado. Foi influenciado pelo Pietismo quando estudante, em seguida alimentou-se o pensamento iluminista através

da filosofia kantiana e mais tarde associou-se ao movimento romântico, que fazia na época oposição ao racionalismo iluminista. Com o objetivo de fazer o Cristianismo aceitável entre os seus amigos céticos escreveu a obra: Da Religião: Discursos Em Resposta Aos Críticos Cultos. Nela ele procurou mostrar que a essência da religião não estava na prova racional da existência de Deus nem nos dogmas ou ritos, mas no sentimento de dependência total de Deus. (2000. Grenz. p.49). Na sua reconstrução teológica abandonou os conceitos tradicionais dos atributos de Deus referindo-se a eles como expressão do sentimento humano em relação a Deus. Atribuiu a Deus a causa absoluta de tudo até do mal. Repudiou a realidade dos milagres, negou a eficácia da oração por achar que isso implicava na dependência de Deus ao homem. Enfatizou demasiadamente a imanência de Deus ao ponto de ser acusado de panteísta, para ele “[...] Deus é o poder imanente que está em tudo mais além de tudo que todas as distinções que o caráter da criatura impõe sobre a existência”. (2000. Grenz. p.55). Schleimacher rejeitou a Bíblia como autoridade absoluta e a enxergou simplesmente como “[...] registro das experiências religiosas das comunidades cristãs primitivas” desfazendo-se do conceito ortodoxo da inspiração e inerrância bíblicas. (1999. Olson. P.560). Na sua Cristologia apresentou Jesus como simples homem possuidor de uma consciência de Deus mais elevada. As idéias de Schleimacher, no comentário de W.A. Hoffocker (p.359), tiveram ampla aceitação no século XIX e a sua influencia pode ser sentida não somente na morte do deismo iluminista na Europa, mas também na acedência são do liberalismo teológico

nos

E.U.

no

século

seguinte,

palco

de

debate

entre

liberais

e fundamentalistas. Os Teólogos sucessores de Schleimacher sustentaram a sua linha de pensamento teológico e de forma progressiva desfizeram da essência do Cristianismo, negando a intervenção de Deus na história humana através da revelação sobrenatural. Fizeram de Deus um produto da mente humana. Tomaram a Bíblia como um livro revestido de mitos e lendas e sujeitaram à alta critica reduzindo-a a um documento humano repleto de falhas sem inspiração divina. Descreram da historicidade de Cristo, da sua divindade e dos seus milagres ao fazerem divisão entre o Jesus histórico e o Cristo da fé, segundo eles produto da criação dos discípulos primitivos. Adotaram o

Cristianismo como uma religião entre as demais cuja missão era apenas ética.

Deste

modo, no final do século XIX e inicio do século XX o Cristianismo foi despido dos seus principais dogmas de fé e visto apenas como um empenho moral onde Cristo deixou de ser o salvador dos homens e passou a ser um mero bom exemplo para a humanidade. Augusto Nicodemos (2000) em seu artigo sobre Fundamentalismo resume o pensamento teológico liberal destacando os seguintes pontos: (1) O caráter de Deus é de puro amor, sem padrões morais. Todos os homens são seus filhos e o pecado não separa ninguém do amor de Deus. A paternidade de Deus e a filiação divina são universais. (2) Existe uma centelha divina em cada pessoa. Portanto, o homem, no íntimo, é bom, e só precisa de encorajamento para fazer o que é certo. (3) Jesus Cristo é Salvador somente no sentido em que ele é o exemplo perfeito do homem. Ele é Deus somente no sentido de que tinha consciência perfeita e plena de Deus. Era um homem normal, não nasceu de uma virgem, não realizou milagres, não ressuscitou dos mortos. (4) O cristianismo só é diferente das demais religiões quantitativamente e não qualitativamente. Ou seja, todas as religiões são boas e levam à Deus; o cristianismo é apenas a melhor delas. (5) A Bíblia não é o registro infalível e inspirado da revelação divina, mas o testamento escrito da religião que os judeus e os cristãos praticavam. Ela não fala de Deus, mas do que estes criam sobre ele. (6) A doutrina ou declarações proposicionais, como as que encontramos nos credos e confissões da Igreja, não são essenciais ou básicas para o cristianismo, visto que o que molda e forma a religião é a experiência, e não a revelação. A única coisa permanente no cristianismo, e que serve de geração a geração, é o ensino moral de Cristo. (p.03 )

A teologia liberal se propagou na Europa e na América do Norte pelos seminários e denominações de forma vigorosa a ponto de surpreender os protestantes tradicionais. A contrapartida logo veio como reação conservadora conhecida como Fundamentalismo. (Olson. 2001). Os fundamentalistas viram o liberalismo como uma grande ameaça ao Cristianismo que precisava ser combatida e eliminada da sociedade norte-americana. J. G. Machem, fundamentalista militante, via o liberalismo como uma religião diferente do Cristianismo: “o principal rival moderno do Cristianismo é o liberalismo’, disse ele, “um exame dos ensinos do liberalismo comparado aos do Cristianismo demonstrará que todas as questões os dois são movimentos totalmente oposto.” Desta forma, verifica-se que o liberalismo teológico oportunizou o nascimento do fundamentalismo, sem esse o fundamentalismo nunca teria existido.

II. ASPECTOS HISTÓRICOS DO FUNDAMENTALISMO CRISTÃO O fundamentalismo como movimento é assinalado por diversos fatos que ajudam identificá-lo. Pretende-se, portanto, neste capitulo observar alguns desses fatos que marcaram o surgimento e a evolução desse movimento. Será a principio, trabalhado o nascimento do fundamentalismo e o seu desenvolvimento no contexto norte-americano em seguida será abordado o fundamentalismo contemporâneo e os seus desafios. 2.1 - O nascimento e o desenvolvimento do fundamentalismo. O fundamentalismo refere-se ao movimento conservador defendido por pastores e professores de denominações históricas que visavam defender a fé cristã da influencia do liberalismo. Na definição de Olson (

) o fundamentalista “é um cristão

que defende um corpo de doutrina conservadora dos ataques e das influencias modernas exige e pratica a exclusão de quem pensa de forma liberal”. Como foi visto no capítulo anterior o fundamentalismo como movimento histórico-teológico nasceu após o surgimento do liberalismo teológico que teve como base a Ortodoxia protestante do século XIX. A ortodoxia protestante foi marcada pelo uso do método escolástico e pela ênfase na inspiração verbal e na inerrância bíblica. A escola de Pinceton traduziu a ortodoxia protestante européia para o contexto norteamericano e lançou as bases teológicas e doutrinarias que deram origem ao fundamentalismo. Na análise sociológica de Ivo Pedro Oro (1996. p.62) o fundamentalismo foi gerado num contexto onde a sociedade cristã norte-americana viu o seu ideal de nação eleita sendo ameaçado pelos males sociais oriundos da guerra civil, da escravidão, dos novos imigrantes e pelo surgimento da teoria evolucionista darwiniana. Ele comenta: Considerando o modernismo teológico como ameaça à unidade e à pureza da fé e a existência do cristianismo e da civilização cristã, o conservadorismo o ataca como inimigo da fé. Negando-lhe a validade, o conservadorismo erigiu-se a condição de ser ele o cristianismo verdadeiro. Reafirmou a inspiração da Sagrada Escritura, passando à sua interpretação literal. (1996. p.62)

Como movimento declarado o fundamentalismo surgiu entre os anos 1910 e 1915 no seio de algumas igrejas protestantes norte-americanas quando foi lançada a série de 12 volumes denominada “Os Fundamentais: um testemunho para a verdade”. Segundo Velasco a publicação da serie objetivava a sistematização da teologia conservadora. (

) Foram distribuídas gratuitamente três milhões de copias e logo

alcançou toda sociedade norte-americana. Alguns temas foram considerados fundamentais. Segundo Carl.T. McIntire os oitenta e três artigos englobavam os seguintes temas: (1) Uma declaração e defesa apologética das principais doutrinas cristãs (e.g., Deus, a revelação, a encarnação, a ressurreição, o Espírito Santo, a inspiração); (2) Uma defesa da Bíblia contra a alta critica alemã;

(3) Uma critica a movimentos considerados não-cristãos (e.g., romanismo, eddyismo, mormonismo, racionalismo, darwinismo e socialismo);

(4) Uma ênfase dada à evangelização e às missões; (5) Uma amostra de testemunhos pessoais dados por pessoas que contavam como Cristo operara em sua vida. (1992, p. 191).

P. Velasques afirma que o movimento só veio ser designado como “fundamentalista” em 1919 na conferencia Mundial dos cristãos fundamentalistas. (1999, p.122). Embora o termo “fundamentalismo” tenha sido inventado em 1895 na Conferencia Bíblica em Niágara. (ORO, 1996. p. 59). Em 1920 o termo passou a ser usado pelos batistas para se referirem àqueles que defendiam os pontos dos fundamentos e logo se aplicou a todos que rejeitavam o liberalismo e se aliavam teologicamente com o conteúdo dos Fundamentos. Na observação de McIntire o fundamentalismo histórico passou por quatro fases de expressão sempre mantendo o mesmo espírito, crença e método. A primeira fase do movimento foi na década de 1920 cujo objetivo foi expulsar das fileiras das igrejas os inimigos do protestantismo ortodoxo expressos nos oitenta e três artigos dos Fundamentos. Logo após o lançamento da serie essa lista se tornou menor e os fundamentos menos abrangentes. Mais tarde foi adicionado o pré-milenismo como ponto fundamental, embora nem todos concordassem com ele. O principal objetivo era atacar o naturalismo, o liberalismo e todos os males que eles traziam à sociedade norte-americana.

Os defensores dos fundamentos da fé se organizaram fora das

igrejas e dentro das denominações reafirmaram a inerrância bíblica como doutrina fundamental. Politicamente procuraram promulgar leis federais e estaduais contra o ensino da teoria evolucionista de Darwin por entender que contrariava a verdade bíblica, levando o tema até aos tribunais como no caso Scopes em 1925.

(1999.

p.188) Pedro Oro declara que “(...) o fundamentalismo foi favorecido, cultural e politicamente, pela crença popular de que os EUA eram uma nação fundada sobre princípios bíblicos” e que o “(...) clima de pós-guerra favoreceu o avanço do fundamentalismo, já que isso coincidia com um amplo sentimento nacional.” (1996. p.62). Inicialmente o fundamentalismo foi mais forte entre os presbiterianos e batistas conservadores, mas logo depois se projetou socialmente e se difundiu entre muitas denominações protestantes. Na segunda fase que vai de 1920 ao inicio dos anos 40 os fundamentalistas fracassam na tentativa de expulsar os liberais das grandes denominações. Embora os conservadores fossem maioria os fundamentalistas perdem a batalha contra o evolucionismo. Nesse período o fundamentalismo se divide e surgem novas igrejas e denominações. G. J. Machem, considerado líder do movimento entre os presbiterianos rompe com a sua denominação e forma a Igreja Presbiteriana Ortodoxa. São formadas diversas associações, juntas missionárias, seminários, institutos bíblicos, conferências bíblicas e jornais com o objetivo de evangelizar e defender a fé cristã. Nessa fase o fundamentalismo é marcado pelo espírito separatista e anti-social, McIntere declara que: Durante este período, a lição teológica distintiva que os fundamentalistas ensinavam era que representavam o cristianismo verdadeiro, baseado numa interpretação literal da bíblia e que essa verdade devia ser expressa concretamente de modo organizacional, separada de qualquer associação com liberais e modernistas. Chegaram a vincular uma pratica separatista com a sustentação dos fundamentos da fé. Identificam-se, também, com aquilo que acreditavam ser puro na moralidade pessoal e na cultura norte-americana.” (1999. P.189)

2.2- O Fundamentalismo cristão hoje.

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