Forcas Blindadas

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Artigo escrito em 1995

FORÇAS BLINDADAS Heitor Freire de Abreu

“Ao Corpo de Oficiais cabe o dever de aceitar o Exército como a Nação pode tê-lo, mas o dever ainda maior de redobrar esforços para colocá-lo à altura de sua elevada missão. ” Marechal José Pessôa Cavalcanti de Albuquerque

1. INTRODUÇÃO: O Exército Brasileiro, assim como toda a Nação, vem passando por uma fase extremamente difícil no campo econômico que traz reflexos negativos para a Força Terrestre, tais como baixíssimos soldos, perda progressiva da capacidade profissional de seus quadros,

sucateamento do seu material e muitos outros problemas tão reais e

dolorosos em nosso dia-a-dia pelas unidades do Exército. Um dos espectros que compõe o poder operacional de combate de qualquer força terrestre e que vem sofrendo drasticamente estas conseqüências é a nossa FORÇA BLINDADA. Não me reporto apenas às unidades de cavalaria, mas também as unidades de infantaria blindada, artilharia autopropulsada, engenharia blindada e todas as armas, serviço ,

quadro e órgãos de apoio que constituem uma moderna e poderosa FORÇA

BLINDADA de ataque. Este texto procura tratar exatamente sobre os problemas que atingem nossas FORÇAS BLINDADAS, tais como falta de objetividade na sua configuração, dispersão exagerada dos meios blindados, falta de quadros especializados e a necessidade de uma política de pessoal voltada para a formação de elementos especializados em blindados, entre outros.

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Artigo escrito em 1995

Certamente ele não traz somente os problemas. Ao final são apresentadas algumas soluções possíveis para, se não resolver, pelo menos atenuar de maneira sistêmica e objetiva esta problemática. 2. DESENVOLVIMENTO: a. Importância de uma FORÇA BLINDADA A utilização de FORÇAS BLINDADAS ainda constitui o melhor e mais eficaz meio de ruptura dos dispositivos de forças inimigas no campo de batalha. Desde o seu aparecimento no moderno campo de batalha, em Somme, na 1ª Guerra Mundial, o carro de combate sofreu intensas e profundas modificações técnicas e de emprego, a fim de ajustá-lo aos novos armamentos introduzidos no campo de batalha, com a finalidade de neutralizar ou diminuir seus efeitos. Na 2ª Guerra Mundial teve sua supremacia comprovada através das brilhantes manobras dos Gen alemães Guderian(o mais notável comandante de blindados de todo o conflito e idealizador da hoje conhecida Força Tarefa), Manteuffel, Kirchner, Von Thoma,

Manstein, Rommel; e dos Gen aliados Patton,

Montgomery , Leclerc , Hood Zhukov, Katukov, Rostmistrov e Rybalko. Durante a Campanha no Sinai, em 1973, após a queda da linha Barlev, e o fracasso do contra-ataque blindado israelense contra os sírios e egípcios, brigadas de carros M-48, acompanhamento,

Centurions e Supersherman,

onde duas

sem apoio de infantaria de

foram destruídas em pouco mais de duas horas, alguns analistas

militares internacionais , de maneira precipitada, anunciaram a morte dos blindados no campo de batalha em face das modernas armas anticarro utilizadas pelos egípcios(mísseis guiados por fios Sagger e RPG-7). Entretanto, dois dias mais tarde os egípcios e sírios lançam mais um forte ataque de carros contra os israelenses, que são obrigados a usar suas reservas, na batalha de Koursk. Desta vez os israelenses compreendem que não poderiam realizar tudo apenas com a sua aviação e seus carros, dispensando a infantaria blindada, artilharia AP e outros importantes elementos de combate e apoio ao combate. Apoiaram suas unidades de carros com infantaria blindada ,

morteiros e armas AC que,

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Artigo escrito em 1995

aliado ao profundo conhecimento técnico do material blindado,

conseguiu suplantar a

superioridade numérica inimiga(em certo momento chegou a ser de 12 carros inimigos para 1 israelense) levando os judeus a vitória. Na Guerra do Golfo o que se viu, em relação aos blindados, foi que além da diversidade de carros de combate e de transporte utilizados(T-34, 54, 55, 59, 62, 72 BTR 50,

60,

152,

M1 Abrans,

Chieftain,

Urutu,

Cascavel,

VCR,

AMX 30,

Challenger)que somavam 4 décadas de evolução tecnológica, as unidades de ambos os lados já estavam adequadas ao novo tipo de batalha que iria se impor, ou seja,

todas

elas possuíam organicamente ou em apoio, tropas diversificadas e com missões definidas em apoio aos carros; enfim, os carros não operavam sozinhos,

mas dentro de uma

sofisticada e inteligente organização para o combate na qual todos se complementavam e ele era o vetor principal que iria proporcionar a ruptura efetiva das posições inimigas. Conclusão Parcial Com o passar dos anos os blindados sofreram mudanças profundas em sua parte técnica e tática, contudo as suas características básicas, como a mobilidade, potência de fogo e choque,

flexibilidade e comunicações amplas e flexíveis,

indispensáveis para qualquer exército,

continuam a ser

além de serem o melhor e mais eficaz meio que

um comandante de uma força terrestre pode dispor para alcançar a vitória. b. As FORÇAS BLINDADAS Brasileiras 1)A atual organização das FORÇAS BLINDADAS brasileiras Em termos de FORÇAS BLINDADAS o Exército Brasileiro utiliza seus meios enquadrados em três tipos de Bda:As Bda de Cavalaria Mecanizada, Cavalaria Blindada e Infantaria blindada. Evidentemente estes são apoiados por unidades e subunidades blindadas, que muitas vezes estão apenas no “papel”.

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Artigo escrito em 1995

Como viatura blindada de combate(VBC) utilizamos apenas os carros M 41-C de fabricação americana que dotam os RCC e RCB. Como viatura blindada para transporte de pessoal (VBTP) nos RCB utilizamos o M113 de fabricação americana, que também serve para o transporte de pessoal de apoio nos RCC. Nos R C Mec e Esqd C Mec isolados utilizamos as viaturas blindadas de reconhecimento(VBR) Cascavel e as viaturas blindadas para transporte de pessoal(VBTP) Urutu, ambas de fabricação nacional. Veja o quadro abaixo: NOMENCLATURA ARMT PCP

ROLAMENTO FINALIDADE

M - 41 C*

lagarta

Cn 90mm

NR VTR **

Combate

315

blindado M - 113*

Mtr . 50

lagarta

Transporte de

600

pessoal Cascavel*

Cn 90mm

rodas

Reconhecime

200

nto Urutu*

Mtr . 50

rodas

Transporte de

175

pessoal *Nenhuma destas viaturas possui computadores de tiro, visores infravermelhos para tiro, sistema NBC e blindagens compostas ou telêmetro laser. Apenas algumas poucas viaturas(Cascavel), sediadas em Brasília, possuem telêmetros laser. **Fonte - MILITAR BALANCE - 90/91 2)O problema brasileiro No Exército Brasileiro,

atualmente,

vivemos um hiato no desenvolvimento de

nossas FORÇAS BLINDADAS. Muitos são os problemas, entretanto citarei 03(três) os quais reputo como os principais,

e que se forem resolvidos de maneira inteligente e

objetiva diminuiria, sobremaneira,

o nosso atraso no que se refere aos blindados. São

eles:

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Artigo escrito em 1995

# Falta de um carro de combate principal moderno em quantidade suficiente e coerente com as necessidades brasileiras na América do Sul, para as unidades dotadas de Carros de Combate; # Falta de uma mentalidade especializada e arraigada que otimize o emprego de blindados e integre os meios necessários para que esta força alcance êxito em campanha; # Falta de quadros de qualidade em suficiente quantidade apta a manutenir, conduzir, empregar e liderar unidades e grandes unidades de blindados. Conclusão Parcial De maneira simples e objetiva, podemos afirmar que é necessário uma profunda reestruturação das nossas FORÇAS BLINDADAS . Para quem tem dúvida sobre tal afirmação basta observar , de perto,

com olhar crítico e sem paixões,

nosso material,

nossa organização e nossos quadros que chegará facilmente a essa conclusão. A pergunta para o problema não é “Por que as FORÇAS BLINDADAS foram e continuam sendo relegadas a um segundo plano há alguns anos?” Isto seria uma investigação estéril ,

desnecessária e que não traria qualquer contribuição para melhorar

o quadro atual. A pergunta correta é “Como podemos melhorar as nossas FORÇAS BLINDADAS a curto, médio e longo prazo?” 3)A Necessidade das FORÇAS BLINDADAS para o Brasil a)Região Sul Esta região, principalmente na sua porção mais oeste e sul, onde o relevo plano e com poucas variações de altura, inexistência de grandes florestas que se constituam em obstáculos e amplo espaço livre para evoluções táticas são um convite para operações blindadas,

aliado ao possível emprego de blindados por parte de países que fazem

fronteira conosco em caso de conflito. É, blindadas para a sua defesa.

sem dúvida,

uma região que exige tropas

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b)Região Centro-Oeste Embora não seja tão favorável quanto a Região Sul,

o Centro-Oeste, desde que

evitadas as regiões do pantanal entre Cáceres e Aquidauana, nas épocas de cheia, podese utilizar meios blindados para sua defesa, principalmente em ações clássicas de ligação e reconhecimento. c)Região Norte A utilização de blindados nesta região se torna bastante restrita e possivelmente só seria viável para tropas mecanizadas em missões de escolta de comboio ou em áreas aonde a vegetação é semelhante a do cerrado(em Roraima, na sua parte mais ao norte). Obviamente é uma região mais propícia ao emprego de unidades de infantaria de selva apoiadas por unidades especialmente formadas e dotadas para operarem neste tipo de terreno. d)Região Sudeste e Nordeste Nestas duas regiões a presença de algumas poucas unidades blindadas se justifica como reserva estratégica central e pela importância político-econômica das duas regiões, contudo não é uma região aonde se possa explorar na plenitude a potencialidade de grandes concentrações de FORÇAS BLINDADAS. Conclusão Parcial Após esta breve análise das regiões mais propicias ao emprego de concentrações de blindados em nosso território , já podemos concluir que é imperioso constituirmos uma FORÇA BLINDADA compatível com as nossas necessidades em caso de conflito externo. Some-se ainda: #A atual doutrina de combate(EUA) chamada Ar-Terra,

que possui quatro

fases(Detecção, Fogos, Manobra/Concentração e Reconstituição), aonde o campo de batalha é estruturado tridimenssionalmente, importa, entre outras conseqüências, em

7 uma guerra rápida,

Artigo escrito em 1995

veloz e altamente letal e não admite combates desgastantes que

sugam lentamente a capacidade econômica dos países contendores e não produzem efeitos imediatos. A Guerra do Golfo, das Malvinas/Falklands, Yom Kippur, Seis Dias e outras,

são exemplos da rapidez com que os conflitos tendem a ser resolvidos. É

interessante notar que exceto na Guerra das Malvinas/Falklands,

os conflitos citados

contaram, em sua parte terrestre, com ampla utilização de blindados. #O desenvolvimento de armas químicas em grandes quantidades e a sua relativa facilidade de serem adquiridas por qualquer país da América do Sul e o seu conseqüente emprego por parte de um inimigo eventual só poderá ser anulada ou diminuída de forma eficaz com a utilização de tropas blindadas que se utilizam da proteção que a blindagem oferece e consequentemente podem manter o poder de combate em ambiente QBN . #Os carros,

fruto do desenvolvimento tecnológico de aparelhos óticos de visão

noturna, podem manter combates noturnos, através de visores a laser e infravermelhos associados a modernos computadores de tiro,

efetuando ações ofensivas noturnas que

constituem-se, sem dúvida alguma, em um importante meio para surpreender o inimigo, bem como para diminuir os efeitos dos ataques da aviação aérea inimiga, que em nosso TO atuará mais durante o dia. #O poder dissuasório que FORÇAS BLINDADAS fortes e organizadas conferem a um país é extremamente eficaz e auxiliam na manutenção da paz. #A disponibilidade de sistemas de artilharia de saturação de área torna temerosa a reunião de tropas em grandes concentrações,

obrigando que as mesmas fiquem em

movimento até aparecer uma oportunidade ideal para que se desenvolva uma ofensiva em grande escala, e que reuna rapidamente os seus meios e se dirija celeremente para os objetivos traçados. Somente forças blindadas,

altamente móveis ,

dotadas de

comunicações flexíveis e amplas, podem atender a este imperativo da guerra moderna, diminuindo sobremaneira a possibilidade de detruição antes de entrar em operações.

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Artigo escrito em 1995

4)O ideal X O possível Como podemos verificar , a nossa FORÇA DE BLINDADOS encontra-se em uma situação bastante difícil em termos materiais e necessita de algumas reestruturação no campo organizacional. Voltemos a pergunta feita no início desta matéria “Como podemos melhorar as nossas FORÇAS BLINDADAS a curto, médio e longo prazo?”. Primeiramente é necessário colocarmos o que seria o ideal para o exército e o que é possível; ou seja, verificarmos a melhor forma de administrarmos a escassez de recursos que passamos no momento e as necessidades da força. Em linguagem econômica seria o famoso dilema das espadas e dos arados,

o conflito existente entre a destinação de

recursos para a segurança nacional e para a produção civil convergente ao bem-estar. Que o nosso país necessita de uma revitalização de investimentos na área militar isto não se discute,

entretanto,

a curto ou médio prazo, dificilmente haverá um investimento

maciço nesta área. Que as FORÇAS BLINDADAS que atualmente possuímos não atende todas as necessidades do país em caso de conflito,

também é uma afirmação que

somente aqueles que querem permanecer sob uma capa fantasiosa e irreal insistem em negar. É uma dura realidade, todavia não chega a ser desesperadora e nem irremediável. Se analisarmos a história de muitos países,

que hoje são considerados potências,

chegaremos a conclusão que já estiveram em situação infinitamente pior em face a um inimigo real(o que não é o nosso caso) e conseguiram reverter o quadro, através de um planejamento sério, com metas a atingir plausíveis e perseguidas de maneira persistente. O custo de apenas um carro de combate novo, que pode variar de 750. 000 a 5, 5 mil dólares , já nos dá um indício de que o problema é complexo e de difícil solução. Contudo, a curto, médio e longo prazos, pode-se imaginar um planejamento que nos leve a possuir uma FORÇA DE BLINDADOS razoável em 10 ou 15 anos. Evidentemente o ideal seria que isto acontecesse em 2 ou 5 anos, mas por mais otimista que sejamos é um prazo irreal. Alguns acham que a solução para melhorar a nossa FORÇA BLINDADA “seria apenas a compra de moderníssimos carros de combate”. Ou seja,

bastaria que

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tivéssemos todos os nossos carros do tipo M1 Abrans ou Leopard 2 que o problema estaria resolvido. Acredito que isto seja um equívoco, fruto de uma análise precipitada, pois uma FORÇA BLINDADA não é composta apenas de carros modernos. Embora eles sejam o expoente máximo desta força, os obuseiros autopropulsados, viaturas blindadas para transporte de pessoal e viaturas especializadas sobre lagartas para apoiar uma infinidade de missões que são peculiares de tais forças são fundamentais. É imperioso que haja um equilíbrio na compra deste material,

entre carros de combate e outras viaturas que

viabilizem o emprego destes mesmos carros em combate, pois já foi mostrado que utilizar os carros sem estarem inseridos em uma estrutura organizacional especificamente criada para isto é suicídio. Outros concluem

“que os nossos M 41 não tem mais valor para continuar em

nossas forças e deveriam ser abandonados de vez. Mais vale uma FORÇA BLINDADA pequena, porém dotadas de carros novos e modernos, do que continuarmos com os velhos Walter Buldog”. Embora o ideal seria possuirmos somente a última palavra em carros de combate, sabemos que isto é impossível no momento. Gostemos ou não, este carro, que entrou em serviço no Exército Brasileiro em agosto de 1960, nas antigas Divisões Blindadas, e foi distribuído ao então Regimento de Reconhecimento Mecanizado, possivelmente ficará em serviço até o início de século XXI,

já que não temos como

substituir os cerca de 300 carros, de uma só vez. Além disto, o M 41 ainda pode ser bastante útil para o exército em, no mínimo, duas hipóteses: a)Utilizarmos para o adestramento de cadetes e sargentos nas escolas de formação, para que este adquiram os fundamentos básicos técnicos e táticos dos blindados. Além da relação custo - benefício ser altamente positiva, já que o material mais novo sofrerá um desgaste muito menor na mão de um militar que já possui alguma experiência no trato de carros do que de um que nunca operou qualquer viatura blindada; temos que levar em conta que já que iremos possuir poucos carros novos, estes devem estar destinados para tropas operacionais e de pronto emprego. b)Os preços proibitivos dos carros tem obrigado a muitos países a investirem na repotencialização de seus blindados,

que muitas vezes chegam a 1/3 ou ¼ (depende do

tipo de serviço feito)do preço de um carro novo. É bem verdade que o M 41 já foi

10 repontecializado em 1978,

onde,

Artigo escrito em 1995

entre outras mudanças, teve o seu motor a gasolina

azul trocado por um a diesel nacional e foi equipado com um canhão 90 mm. Esta repontecialização feita na década de 80, que segundo o Gen Euclydes Figueiredo, era “uma solução de emergência (. . . ) é um remendo que se fez no carro, que era muito bom, mas dispendioso, e para o qual não tínhamos suprimentos. Usava gasolina especial que nós não tínhamos(. . . ) O M 41 foi então repontencializado com um motor Scania, que pesa uma tonelada a mais que o original. Essa sobrecarga atrás desequilibrou o carro; a suspensão não agüentará durante muito tempo. Para tempo de paz, para exercitar e como recurso momentâneo, serve; mas não creio que sirva em campanha”. Ou seja, satisfazia em parte as nossas necessidades da época, porém atualmente já sentimos que estamos necessitando de um blindado com mais equipamentos óticos e de tiro para fazer frente as necessidades que o campo de batalha atual impõe, bem como pequenas melhorias em outras partes. Um bom exemplo de uma repontecialização atual e bem feita em uma Vtr M 41 é a realizada pela Dinamarca. A firma encarregada de tal empreitada, a Falck Schmidt, dotou a torre de telêmetro à laser, sistema NBC,

e um novo projetor infravermelho que

possibilita combates noturnos. O canhão 76 mm continuou, apenas adaptando-se para a utilização de munições cinéticas (APFSDS-T). O motor original foi trocado por um diesel Cummins VTA - 903 T que desenvolve 465 Cv. Fez o mesmo com os seus Centurions, substituindo o canhão original de 90 mm pelo famoso L-7 de 105 mm. Uma luneta de tiro sueca Ericson,

com um telêmetro laser acoplado(Neodynium YAG) compõe os novos

equipamentos de direção e condução do tiro. É interessante notar que se dotarmos o M 41 com equipamentos óticos modernos conjuntamente com algumas melhorias em seus trens de rolamento, teremos um carro em condições de lutar contra outros carros similares na América do Sul,

em igualdade de chances,

além de poder empreender combates

noturnos. Deste modo teríamos um bom carro para dotar os RCB. Quem ainda não acredita que este caminho é viável e atende as nossas necessidades, ano de fabricação dos carros utilizados na Guerra do Golfo, exemplo:Chieftain(adotado pela Inglaterra em 1963),

basta verificar o e encontrará por

Leopard 1A1(adotado pela

Alemanha e outros países na década de 60, foi repotencializado), M 60(EUA, adotado em 1960 e também modificado), e até mesmo alguns T 34, de fabricação soviética da 2º Guerra Mundial, repotencializado.

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Artigo escrito em 1995

Conclusão Parcial Guardadas as devidas proporções ,

um carro aparentemente ultrapassado,

se

revitalizado com equipamentos eletrônicos atualizados e algumas modificações no seu armamento ou munição empregada,

pode servir como meio eficaz para o adestramento

tático e técnico inicial, bem como combater um inimigo de geração mais moderna . Somese ainda um outro fato que aumenta consideravelmente o rendimento de um carro em combate: uma tripulação altamente adestrada e liderada por comandantes dotados de iniciativa e arrojo. Isto foi magnificamente demonstrado pelo Cel russo Katunov,

na

Ucrânia, na 2ª Guerra Mundial e por Israel na Guerra do Yom Kippur, em 1973. 5)Sugestões Para a Modernização das FORÇAS BLINDADAS Brasileiras #Compra de um carro de combate moderno compatível com a América do Sul A necessidade de se comprar um carro de combate moderno é incontestável, todavia, como já foi falado anteriormente, é impossível que se compre de imediato uma quantidade de carros que equipem todos os RCB e RCC. Com esta restrição, uma alternativa seria a de se adquirir carros mais modernos, inicialmente apenas para os RCC orgânicos de Brigadas de Cavalaria e Infantaria Blindada e dotar cada Pel de 4 carros.

#Rocar os M 41 dos RCC substituídos por carros novos para os RCB orgânicos das Brigadas de Cavalaria Mecanizada, dotando, assim,

cada Pel de 4

carros. Conforme previsão da Portaria 096 - EME - Res - 3ª SCH de 22 de agosto de 1994. O RCB dotado de Pel com 4 carros M 41 e do mesmo tipo possibilitam um maior poder de combate quando da formação de FT para realizar penetrações profundas no dispositivo inimigo a fim de impulsionar ou diminuir o pressão do inimigo nos R C Mec e simplificam o suprimento de peças e munições.

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#Repontencialização dos M 41. Como foi mostrado anteriormente um saída possível e viável é a Repontencialização dos CC M 41, principalmente no tocante a equipamentos eletrônicos de direção e controle do tiro. #Prover as unidades de meios de defesa aérea aproximada. Uma das grandes mudanças ocorridas no campo de batalha moderno foi a aviação de asa móvel, ou seja os Helicópteros, que deram a tridimenssionalidade do campo de batalha. Estes meios de combate passaram a ser o maior inimigo dos blindados,

devido a sua mobilidade,

verticalidade, surpresa e alcance do seu armamento, que os possibilita engajar um CC a uma distância de mais de 4000 metros. Isto obriga que dotemos, descentralizadamente, as SU de elementos de defesa aérea aproximada(mísseis terra-ar guiados por fio, laser ou calor) a fim de fazer face a esta ameaça imediata. É interessante lembrar que a tarefa de defesa aérea aproximada, que outrora pertencia a AAAe e aviação aerotática, agora necessita ser complementada por meios próprios das unidades, já que hoje é impossível para a aviação de asa fixa operar na sua plenitude em um ambiente que além de não ser de supremacia aérea, estará saturado de mísseis portáteis terra-ar, colocando em sério perigo aviões com missões de defesa aérea aproximada e ataque ao solo, reservando a missão de destruição de carros e posições sumariamente organizada para unidades de helicópteros de ataque, dotados de mísseis especialmente para este fim. #Organizar os Grupos de Artilharia Autopropulsada orgânicos das Bda C Mec com duas baterias AR e apenas uma AP. Cada uma com a sua central de tiro, já que não possuímos meios AP suficientes para equipar todos os Grupo AP orgânicos das Bda C Mec e C Bld que possuímos. Esta sugestão baseia-se na utilização altamente descentralizada do Grupo de Art nas operações Blindadas e Mecanizadas. Basta verificar que na formação de uma FT Blindada, em uma Bda C Mec, compõe-se normalmente do RCB, uma bateria AP , engenharia blindada e outros meios de apoio. Notemos que todos estes meios são sobre lagartas. As outras peças de manobra da Bda C Mec(2 R C Mec)são sobre rodas, o que justifica serem apoiadas por grupos AR. Os grupos orgânicos de Bda Bld continuariam totalmente Autopropulsados por razões óbvias. Esta não se constitui na melhor solução, mas é a que dá, em um curto prazo, uma melhoria da

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capacidade operacional , já que desta maneira haveria possibilidade de apoio real e não apenas no “papel”, como acontece no momento devido a falta de meios AP no Brasil. #Implemento do apoio da aviação do exército nas operações blindadas. A rapidez de deslocamento e a conseqüente necessidade de suprimentos em curto tempo e a grandes distâncias do campo de batalha moderno, implica em um acentuado apoio de helicópteros nestas operações. O helicóptero torna-se, a cada momento, um valioso e imprescindível aliado para o sucesso de operações blindadas,

podendo ser a ele

delegadas missões complementares(vigilância, ligação, bloqueio de pequenas tropas que tentem cortar as linhas do comunicações, transporte de feridos, transporte de suprimento de munições e suprimentos diversos,

destruição de CC inimigos) liberando efetivos e

viaturas orgânicas das peças de manobra para as missões mais importantes. #Criação de uma Escola de Blindados. A criação de tal estabelecimento de ensino é fundamental para que se consiga alcançar a maioria dos objetivos traçados nesta abordagem. Ela seria um centro de difusão técnica e doutrinária do emprego de blindados no país. Não se destinaria apenas a cavalaria, mas também a infantaria, engenharia , aviação e outros órgãos específicos ligados a área de blindados. Poderia ser composta por vários cursos específicos, de curta duração(2, 3, 4 meses), voltados para o emprego e apoio aos blindados. Esta seria uma maneira segura,

objetiva e inteligente de se

combinar todas as armas para que pudéssemos atingir os objetivos traçados para uma FORÇA BLINDADA. Como uma sugestão poderíamos usar o Campo de Instrução de Saicã, para ser sua sede , que atende a maioria dos requisitos de uma escola deste tipo:terreno apropriado, grande área, perto de um grande centro(Porto Alegre), além de treinarmos no local mais provável de utilização de carros em combate. Além da missão de introduzir uma mentalidade de blindados no Exército Brasileiro, de forma centralizada, ela seria responsável por acessorar o EME no tocante ao assunto, atualizando e modificando o que fosse necessário ao longo dos anos , através de estreito contato com exércitos de outros países, evitando assim grandes defasagens como a que nos encontramos atualmente. Seria o centro irradiador de uma doutrina voltada para o futuro, implantando um moderno sistema de atualização material e doutrinária, cada vez

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Artigo escrito em 1995

mais dinâmico, realizando exercícios os mais reais e árduos possíveis, tendo sempre em mente que estes exercícios, na carta ou no terreno, devem ser combinados com outras armas,

e, finalmente,

complementando a formação de lideres aptos para conduzir

desde as frações elementares até as unidades e grandes unidades blindadas. Seria, inclusive, uma oportunidade de se homenagear o Marechal José Pessôa, considerado o Pai dos Blindados do Exército Brasileiro pelo seu empenho em trazer para o Brasil os primeiros carros de combate, os F 17 Renaut,

dando o seu nome a ela. Tenho a mais

absoluta confiança e certeza que o funcionamento desta escola é fundamental para o nosso exército e trará, sem dúvida alguma, grande evolução no pensamento blindado brasileiro, bem como aumentará sobremaneira o poder de combate da força como um todo. #Plano de carreira respeitando a especialização de oficiais e praças em blindados. O desenvolvimento tecnológico atual e futuro, cada vez mais especializado, conduz a um aumento geométrico de conhecimentos necessários para conduzir com eficiência qualquer exército no campo de batalha. Atrás deste aumento de conhecimentos, há a conseqüente necessidade de especialização. Não é mais possível, como em épocas passadas ,

que um oficial era até mesmo formado em duas armas, um oficial ou praça

tentar conhecer com a profundidade necessária que a guerra impõe, todos os meandros de um exército. Lembremo-nos do pato, que tenta ser polivalente, andando, nadando e voando, só que faz as três coisas mal. Qual dos dois oficiais abaixo está realmente apto a liderar um Regimento C Mec em combate? OFICIAL 1 - Foi Cmt de Pel C Mec por um ano, Cmt de PELOPES por um ano, Cmt de Esqd C Sv por um ano, Instrutor do NPOR por três anos, Cmt de Esqd C C por um ano, S/3 de um RCB, S/4 de um RCB, Sub Cmt de um RCB , E/2 de uma Bda Inf Mtz e foi designado para comandar um R C Mec.

15 OFICIAL 2 - Foi Cmt Pel C Mec por quatro anos,

Artigo escrito em 1995 realizou um curso de

motomecanização, Cmt de Esqd C Mec por três anos, S/3 e S/4 e Sub Cmt de um R C Mec , E/3 de uma Bda C Mec e foi designado para comandar um R C Mec. Após uma análise superficial, qualquer leigo chega a conclusão que o oficial Nr 2 , teoricamente , é o mais apto para comandar uma tropa mecanizada em combate, pois além de ter feito sua vida profissional em cima de tropas mecanizadas, desde tenente, ele está familiarizado com todas as peculiaridades desta área,

conhece a fundo o

equipamento e os aperfeiçoamentos implementado ao longo dos anos, bem como o perfil da tropa que irá comandar. Imagine se este oficial fosse colocado para comandar um RCC ou RCB?Certamente iria se desdobrar ao máximo para fazer um bom comando, e até conseguiria alguns resultados positivos,

dada a característica altamente moldável e

criativa de nossos oficiais, todavia não é isto que se procura, mas sim o máximo de rendimento em qualquer função. É bem verdade que possuímos alguns oficiais que são quase “gênios”, com uma capacidade de aprendizado e execução acima da média, mas o nosso exército possui 1% de gênios e 99 % de homens normais que se saem muito bem quando especializados em determinada área. No quadro pintado acima o oficial Nr 1 é o mais próximo do que acontece no Exército Brasileiro atualmente, ou seja, uma constante mudança de áreas em pouco tempo o que impossibilita qualquer especialização não só em blindados,

mas como em

outras importantes áreas e a conseqüente dificuldade de melhoria daquilo que já existe. A França foi um dos países que apesar de reconhecer logo a necessidade de tropas blindadas especializadas, porém não introduziu de imediato este novo meio de combate em suas forças, tal fato conduziu o seu exército a fragorosa derrota na década de 40, na 2ª Guerra Mundial, quando,

ao ser computada suas perdas em 5 de junho de 1940,

perdera 30 divisões no seu setor norte,

ou seja, quase 1/3 do total de suas forças,

incluindo a melhor parte de suas já poucas numerosas divisões mecanizadas, bem como 12 divisões inglesas colocadas em reforço. Ao contrário, a Alemanha, apesar de ter tido bastante reações internas contrárias, teve a sorte de contar com um antigo e visionário general:Hans von Seeckt. Deve-se a ele a idéia de reconstituir um eficiente exército e lançar a sua futura estrutura, investindo nos seus quadros e mandando o desconhecido

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Artigo escrito em 1995

Guderian, ainda Maj, para estudar e treinar pequenos efetivos alemães de carros de combate em Kazan, na Rússia. Estas e outras medidas foram capazes de transformar o derrotado exército Alemão da 1ª Guerra Mundial na potência militar que subjugou a Europa em 1941; apesar de, durante estes exercícios na Rússia, Tratado de Versalhes,

ainda estar em vigência o

que proibia qualquer investimento militar na Alemanha que

ultrapassasse os 100. 000 homens e a construção de CC, belonaves e canhões de longo alcance. Lembremo-nos do que disse o Gen Von Thoma, sobre a guerra moderna: ”Na moderna guerra móvel, a tática não é o principal. O fator decisivo é a organização dos recursos - a fim de conservar a impulsão”.

Conclusão Parcial A grande maioria de nossos oficiais fala da necessidade de modernização do exército , eu me incluo entre eles, porém esquecem que modernização significa mexer com velhos conceitos, sem relegá-los à porta dos fundos da história, mas aperfeiçoá-los para que façam frente aos desafios que o nosso exército terá no futuro. É preciso que nos preocupemos não só com a compra de materiais, mas também com a especialização de nossos oficiais e praças,

definindo,

desde o início da sua vida profissional qual será a

área em que ele vai se desenvolver para que futuramente dê um retorno para a força, seja na forma de desenvolvimento de novas tecnologias e doutrinas , ou liderando de forma exemplar tropas de blindados em exercícios ou em combate , se assim for necessário algum dia.

3. CONCLUSÃO Vimos que as Forças Blindadas Brasileiras necessitam de um redimensionamento profundo e sério. Que para que este redimensionamento dê certo é necessário que os investimentos nesta área sejam equilibrados entre os elementos de primeira linha(carros), elementos de apoio(Art, Eng, etc) e pessoal(cursos, atualizações, política de pessoal)e,

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Artigo escrito em 1995

o mais importante, tenham continuidade ao longo do tempo e das futuras administrações da Força Terrestre. Obviamente um exército não é feito somente de forças blindadas e atividades correlatas a ela. As outras formas de emprego de forças terrestres, tais como montanha, selva, Mtz, aeroterrestres, especiais e outras são de igual importância para um exército completo. Procurei apenas chamar a atenção para as nossas FORÇAS BLINDADAS que são um importante vetor na procura de um exército responsável por cumprir , entre outras, sua missão constitucional de defender a nação de ameaças externas. Há um trabalho árduo e difícil a ser feito no que se refere às nossas Forças Blindadas, porém é uma missão perfeitamente possível e de extrema necessidade para o nosso exército. Algumas das muitas linhas de ações possíveis para atingir este objetivo foram explanadas no desenvolvimento do presente artigo, muitas outras existem e são exeqüíveis. A necessidade de uma Força Terrestre com poder dissuasório compatível com a grandeza e importância do nosso país é um fato. Países que possuem economia forte não querem que países como o Brasil, com grandes possibilidades de entrar neste seleto grupo, consigam atingir tal objetivo; além de cada vez mais necessitarem de matérias primas para manter sua produção industrial, matérias estas que o nosso país possui em grandes quantidades. Nunca é demais lembrar que os conflitos internacionais do passado possuíram seus antecedentes em vertentes econômicas que inevitavelmente acabam desaguando em atitudes bélicas. Finalmente, tentei abordar da forma mais ampla, honesta e direta possível, estas páginas me permitem,

que

as nossas FORÇAS BLINDADAS. Sei que esta modesta

explanação não esgota o assunto e que é necessário que um número maior de militares exponham suas idéias, experiências e pontos de vista sobre todos os aspectos que dizem respeito a força,

tendo coragem moral para falar aquilo que acreditam e não o que os

outros gostariam de ouvir, ou para agradar pessoas ou grupos de pessoas, pois acredito que a troca de idéias francas, ancoradas na disciplina, é o melhor meio para que o nosso Exército esteja apto a responder aos desafios que o futuro nos aponta, haja vista que se algum dia a nação nos chamar para defendê-la contra um inimigo externo comum, não haverá justificativa ou argumento plausível para uma derrota e nem para o derramamento

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Artigo escrito em 1995

de sangue desnecessário por não termos tido a previsão de antever as necessidades futuras do exército. 1º Ten Cav Heitor Freire de Abreu “Não há nenhuma outra profissão em que as conseqüências do emprego de pessoal mal adestrado sejam tão estarrecedoras ou tão contundentes como nas Forças Armadas. ” Gen Ex/EUA Doglas MacArthur Este artigo está escrito exatamente como foi publicado em 1995. Deve ser lido dentro do contexto da época.

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