Entrevista Marcelo Fritz

  • June 2020
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  • Words: 3,396
  • Pages: 8
:. Repórter: Bàbálórìsà Claudinei de Aganjú e Àsògún Érico

MARCELO FRITZ - Coordenador Executivo do ICAPRA

Marcelo Ramos Fritz é produtor cultural, escultor, radialista e coordenador executivo do ICAPRA. Começou seu trabalho de divulgação cultural das religiões matrizes africanas em 1999, criando o Instituto Cultural de Apoio e Pesquisa às Religiões Afro. Nesta mesma época estava trabalhando com o Professor José Beniste no Programa Afro-cultural da rádio Solimões (1480 AM), e há sete meses atrás começou um novo trabalho em parceria com a Rádio Viva Rio (1180 AM), chamado Marcelo Fritz com Axé, que veicula aos domingos de 22:00 às 00:00hs na sede da rádio e na Internet através do endereço eletrônico da rádio. Marcelo mais uma vez se destaca na informação porque seu programa é o primeiro na Internet a falar sobre Candomblé e Umbanda para o mundo inteiro. Quando e como foi o seu envolvimento com o candomblé? Meu envolvimento com o candomblé veio a ser em mais ou menos 1988, na verdade eu comecei na Umbanda em 1985, foi no Terreiro da Madrinha Carmem que funcionava num morro lá em Inhaúma, ela era uma mulher negra filha de Oxum. Através de um amigo que hoje em dia é Babalorixá, que me iniciei na Umbanda, foi muito bom para mim e acho que a experiência da Umbanda também é muito importante, apesar de que eu não me manifestava, apenas recebia criança e uma entidade que as pessoas diziam que era Oxum, esta entidade não falava e eu também não incorporava com Exu, pretovelho, caboclo e nenhum outro guia. Um belo dia mais ou menos em 1988, falei que iria sair da Umbanda porque não era meu caminho. Fui fazer um jogo com uma pessoa porque estava com um problema na minha perna esquerda, ela inchava e já estava começando a andar mancando. Esta pessoa fez o jogo e me disse que era de Oxalá e ele vinha dizendo que eu deveria me iniciar no Candomblé. Isso me deixou confuso porque na Umbanda diziam que eu era de Xangô com Oxum, meu pai carnal recebia espíritos que incorporavam nele dentro de casa, daí passei a perceber que isso era uma coisa de família. No Candomblé Oxum era meu segundo santo e quando essa pessoa jogou e disse que Oxaguian era meu pai e estava dizendo que eu deveria me iniciar para curar minha perna, mesmo com apenas 16 anos eu disse assim para este babalorixá: "Diga para Oxalá que vou me iniciar sim, mas não por causa da minha perna...

Irei me iniciar porque quero! O candomblé e as religiões afro me encantam e esta é a filosofia de vida que irei seguir, mas eu não quero fazer santo por imposição". Particularmente acho horrível esse negócio da pessoa dizer que fez santo por não ter opção ou fez porque não teve como fugir. Eu fiz porque quis, o candomblé é uma religião que gosto, sou apaixonado, me fascina, seduz e me deixa arrepiado. Por isso me iniciei e não fiz o santo com esse rapaz por causa da imposição que me foi imposta. Depois fui jogar na casa do Caribé de Oxossi em Miguel Couto, onde no jogou ele confirmou que minha cabeça era realmente de Oxaguian. Desta confirmação, comecei a ir em algumas festas do seu terreiro, mas ainda não tinha me decidido. A minha vida neste período estava muito atribulada, tinha parado de estudar e estava sem trabalhar, meio sem caminho e na dúvida de qual deveria seguir. Em 1989 eu estava querendo viajar e sair do Brasil para trabalhar lá fora, e acabei conhecendo uma pessoa de Osaniyn que me falou assim: "Vamos marcar um jogo com meu pai-de-santo que é o babalorixá Ogum Jobi antes de você viajar". Daí ele ligou, marcou e ao chegar o dia eu não iria, mais tudo que tinha planejado fazer não estava dando certo. Fui para casa desse pai-de-santo e chegando lá ele disse que Oxalá era meu pai, foi ai neste momento que tive a certeza que era de Oxaguian com Oxum. Ogum Jobi disse que Oxalá não estava querendo responder a nenhuma das minhas perguntas, a única coisa que ele afirmou no jogo era que eu deveria dar um Obi a minha cabeça, que realmente estava muito quente. Acabei descobrindo que na casa tinha uma filha de Nanã que estava pronta para recolher mais não podia entrar em nenhum barco, pois Nanã disse que só entraria num barco que tivesse Oxalá e Omolu. Ela se chama Marilda de Nanã (Nàibiolá), e já estava há sete anos como Abyian na casa. O próximo barco já era encabeçado com sete integrantes, e mesmo assim faltavam Oxalá e o Omolu, logo que me viram disseram que eu era o Oxalá que Nanã estava esperando. Aquilo me apavorou e acabei dando apenas o Obi a minha cabeça e me afastei da casa. Seis meses depois eu voltei com a certeza de que iria fazer meu santo e Nanã continuava lá me esperando. Comprei algumas coisas, tive muita ajuda das pessoas, meu próprio pai Ogum Jobi me ajudou muito e vendo isso tudo fui morar na roça para ajudá-lo. Fiquei morando lá uns seis meses contribuindo e ajudando nos trabalhos do terreiro, auxiliando nos ebo e me tornando um típico negrinho de candomblé. Meu pai nos avisou que estava chegando o momento da recolhida e no ultimo dia antes da nossa entrada fizemos um almoço e minha família nunca foi me visitar porque nunca gostaram mais respeitam muito a religião que sempre foi muito boa para mim, pois sou a pessoa mais séria e equilibrada no meio de quatro irmãs e todos pegam alguns conselhos comigo. Voltando neste dia, uma pessoa veio almoçar conosco como convidado e amigo de nossa irmã de Iansã, Oyádeji. Este rapaz tinha consultado um jogo

que tinha dado Oxossi, mas ele saiu neste dia lá do terreiro cheio de dores de cabeça. Nosso pai Ogum Jobi nos falou assim: "Já que Omolu não apareceu, Nanã já esperou tanto tempo e Oxalá chegou, vamos montar o barco". Mas este menino ao chegar em sua casa com a tal de dor de cabeça, acabou bolando num desmaio com tremedeiras, entraram em contato com o terreiro e então quando foram busca-lo, Omolu se apresentou e disse que ele faria parte do nosso barco. O que você pode nos dizer sobre candomblé? O Candomblé é uma religião desconhecida por muitos infelizmente, acho que é ainda cheio de muitos mistérios e segredos mesmo hoje em dia que as pessoas buscam estar sempre o divulgando porque você só ama aquilo que conhece, se não o conhecer e saber de algumas de suas razões, não irá amá-lo. Acho que o candomblé precisa de adeptos que sejam apaixonados por ele, é muito fácil você entrar numa igreja, sentar num salão com ar condicionado e encontrar tudo pronto e organizado, será que você terá a mesma credibilidade de fé sem esforço? O Candomblé precisa de adeptos que façam por ele, pois nossos ancestrais fizeram muito para que esta religião continuasse chegando até nós. Por isso acho importante que hoje essas pessoas tomem esta ação, porque pra mim ele é tudo, acho que tem resposta para tudo e aquilo que não tem respostas não existe em nenhuma outra religião, mesmo que muito embora elas não sejam convincentes. No candomblé as respostas são invisíveis como o próprio Orixá, quando você tem a compreensão que ele esta presente em você, quando se tem a perda de uma pessoa ou algo querido e o ser consegue compreender esta falta de alguma forma. É uma religião que te dá equilíbrio e discernimento, tudo que eu busco dentro do Candomblé eu consigo encontrar. É uma cultura importante para o nosso País, onde os negros tiveram uma participação muito importante para ele, pois o construíram e constituíram nossa identidade. Infelizmente este valor não é reconhecido pelo poder publico. Qual o conselho você dá para quem quer se iniciar no Candomblé? Pesquise muito a casa que vai se iniciar e não se inicie tão rápido, as vezes a casa é excelente tem tradição, tem história, mas é o seu santo quem deve decidir se aquele é o local correto, pois muitas das vezes não é ali como se imagine. Você tem que dar a oportunidade para ele lhe mostre isso, algumas pessoas tem um feedback muito rápido e outras não, o que é mais importante é que você conheça o zelador, veja qual é a raiz daquele Axé e não vá pelo que as pessoas falam pois é você quem tem que conhecer, decidir e formar sua própria opinião.

Às vezes você pode ver costumes que não estejam de acordo com o que você pensa, então o que você faz? Se você chega numa casa e as pessoas te oferecem bebida e você é contra, não beba. Se você acha que a casa que esta freqüentando é desorganizada, porque não tentar transformar isso. Eu por exemplo na minha casa fui revolucionário em algumas coisas, fiz campanhas, almoços beneficentes e outras atividades que foram e são importantes para o terreiro. Claro que desejo que todos possam encontrar uma casa assim, da mesma que não é só a casa que tem que ser boa para você, e sim você é que deve ser bom para que ela se torne melhor e cresça ainda mais. Recebo vários telefonemas de pessoas que pedem indicações sobre algumas casas e se eu jogo búzios. Eu não jogo búzios, comecei a aprender e cheguei a jogar para algumas pessoas, mas creio que minha missão não seja esta. De que forma você interpreta sua missão? Minha forma é fazer um trabalho mais amplo, trabalhar com as casas e lideranças religiosas. O sacerdote tem um trabalho limitado com sua casa e comunidade, e o nosso papel é trabalharmos diretamente com estes sacerdotes. Veja você por exemplo (Àsògún Érico), é um produtor que trabalha numa área de comunicação e tem idéias que podem auxiliar nossa cultura e seu próprio terreiro, quem sabe não foi o próprio Oxalá que te encaminhou pra esta casa que você através de sua contribuição consiga ter o apoio de outros integrantes que estarão ao seu lado no crescimento dela. Hoje nós dois estamos aqui discutindo propostas e futuramente estaremos fazendo alguma coisa juntos e isso é muito importante para nossa missão. Como surgiu a idéia de criar o ICAPRA? A idéia do ICAPRA surgiu exatamente pela questão da discriminação. Eu sempre que colocava que era do candomblé ou que pertencia a estas tradições, via que para a sociedade tanto o afro quanto o umbandista, eram todos macumbeiros. Ouvia as pessoas dizendo: "Que isso, você do candomblé!", como se a religião fosse uma coisa ruim para as pessoas. Quando você é do Candomblé, sabe que nele freqüentam muitas pessoas importantes, por exemplo: um dos políticos mais importantes do Brasil, Antônio Carlos Magalhães é do Candomblé, o Ministro da Cultura é de candomblé, temos Maria Zilda, Gal Costa, Bethânia, Caetano Veloso, Dorival Caymi que são de Casas de Axé. Então, isto tudo me aguçava e me fez participar de alguns movimentos onde pude observar uma personalidade minha muito forte, que me despertou algumas idéias que com o tempo foram amadurecendo. Em 1997 ajudei meu avô-de-santo, Pai Joaquim Mota de Omolu, numa ação que ele fazia anualmente que era proporcionar um bom natal para crianças carentes, infelizmente este foi o ultimo natal que

ele fez em vida. Pude ajuda-lo na produção que foi uma coisa bacana e bonita que tive a oportunidade de conviver junto com ele. Meu avô sempre foi uma pessoa muito amiga e sempre fazia o que podia pelo candomblé, com sua presença, discutindo questões e pesquisando, isso foi um grande incentivo para mim. Nessa época eu estava trabalhando como gerente de vendas numa loja no Barra Shopping, mas a empresa não estava numa maré muito boa e então fiz um acordo com eles e saí, comecei a esculpir e vender esculturas, fazer exposições, participar de eventos e ficar envolvido de alguma forma com a cultura nesta questão, até que um dia, meu pai-de-santo estava com uma dificuldade de concluir uma obra e eu falei que iria organizar um evento ali para poder levantar fundos e ajudá-lo. Embora muita gente tinha dado contra e diziam que não iria dar certo, mais insisti com ele e organizei o evento onde conseguimos alcançar exatamente o valor proposto. Através deste evento, puder ver que era possível realizar as coisas mesmo com a descrença de algumas pessoas, que era compensado por outras que me incentivavam e falam: "Marcelo, que coisa bonita. Vamos fazer mais!". E dentro de minha cabeça naquele momento, ao olhar para aquelas pessoas, pude refletir e pensar que realmente isto tem que continuar, não pode parar e não pode se limitar apenas aqui em casa, creio que posso ser útil para as outras casas. Daí eu procurei uma pessoa que hoje é nossa Madrinha e primeira dama de São João de Meriti, uma pessoa muito bacana que nos ajudou no inicio do ICAPRA. Como surgiu a idéia de montar um site para o ICAPRA? Como muitas outras idéias, nós pensamos rápido mais concretizamos devagar pela falta de verba. Ter um site hoje em dia é imprescindível, muito embora eu acho que ele sirva mais como uma assistência para o povo-de-santo. Nosso site continua sendo uma referencia para os pesquisadores e o povo-de-santo, estamos apostando nele da mesma forma que o nosso programa na rádio. E a manutenção do site? Temos uma parceria com uma empresa que esta se formando agora e o site ainda é uma coisa nova, ele fala da história da instituição e apresenta suas propostas e novidades, mesmo tendo algumas informações em atraso, posso garantir que estamos trabalhando nisso e acredito que dentro de alguns meses estaremos com a manutenção mensal, essa é a nossa intenção. O site do ICAPRA serve como um bom cartão de visita da instituição, pois nele estamos mostrando nossos projetos para o público internauta além de estar divulgando os assuntos da programação feita na rádio. Os interessados que queiram se associar ao ICAPRA, o que devem fazer?

Ligando ou fazendo contato através do site. O ICAPRA não é uma federação como muita gente confunde, ele é um instituto de pesquisas que esta voltado às ações que procuram divulgar, difundir e preservar as tradições afro, como também ações que estão voltadas para as comunidades. Nossa intenção e desmistificar esta imagem pra sociedade e para a própria comunidade nas proximidades dos terreiros, seja de Candomblé ou de Umbanda. Também acreditamos que podemos ser úteis para as demais organizações comunitárias, para a sociedade civil e o próprio governo, com a nossa colaboração no desenvolvimento sociocultural destas comunidades, pois a maioria dos terreiros estão localizados na periferia. Nós podemos ver que estas comunidades precisam deste apoio, vou citar por exemplo que algumas igrejas fazem um bom trabalho social e algumas associação de moradores idem, por que o candomblé não pode se integrar a estes movimentos e colaborar também? Nós associamos não só os terreiros, mais sim qualquer pessoa que queira contribuir, hoje temos sócios que não são de Candomblé ou Umbanda, são apenas pessoas que viram ou ouviram sobre as ações do ICAPRA e acharam uma ótima iniciativa. Muitos viraram adeptos das tradições, outros são simpatizantes e alguns contribuem sem se envolver com a religião. Aqueles que não podem contribuir financeiramente, nos apoiam em eventos dando sua contribuição de forma voluntária, contagiando outras pessoas para que possamos criar uma corrente do bem que se une a cada dia com mais elos facilitando este crescimento. Sobre os órgãos governamentais ou não-governamentais, existe o interesse do ICAPRA em formar uma parceria? Claro, buscamos parcerias com as prefeituras, órgãos municipais e estaduais, organizações governamentais, etc. Nós trabalhamos para que possamos ser uma referencia do povo-de-santo. O ICAPRA é muito procurado por pessoas que queiram tirar dúvidas sobre nossas tradições, pesquisadores, somos procurados para localizar babalorixás e ialorixás, fazemos um grande trabalho de divulgação das casas tradicionais que são referencias e às vezes não são encontradas. Por exemplo, o Pai Zezinho falou comigo que depois que esteve no programa da rádio muita gente o procurou como outras achavam que ele tinha morrido. Tem pessoas que viram mito como o próprio Zezinho da Boa Viagem e o Pai Nino de Ogum, também vou citar sobre o Efon que quando nós participamos de um projeto e tomamos a frente junto com Mãe Maria do Axé do Pantanal, na casa do falecido Cristóvão Lopes dos Anjos, o Cristóvão de Ogum, muita gente tinha achado que a casa tinha fechado e nós levamos pessoas que desconheciam e nunca tinham ido ver o Axé do Pantanal. Ficamos muito felizes por isso, sabemos que existem outras instituições que trabalham como nós e continuamos com o objetivo de ser uma referencia para que o povo saiba que existe um

instituição que não tem um material muito grande por causa da situação financeira, mas na medida do possível estamos trabalhando para aumentar este acervo que serve como fonte de informação do publico em geral. Como surgiu a idéia de montar um site para o ICAPRA? Como muitas outras idéias, nós pensamos rápido mais concretizamos devagar pela falta de verba. Ter um site hoje em dia é imprescindível, muito embora eu acho que ele sirva mais como uma assistência para o povo-de-santo. Nosso site continua sendo uma referencia para os pesquisadores e o povo-de-santo, estamos apostando nele da mesma forma que o nosso programa na rádio. Marcelo, nos conte um pouco mais sobre o seu trabalho como Radialista. Na época, tive a oportunidade de retornar com o programa Afrocultural do Professor Beniste praticamente sozinho porque ele foi morar no Recreio e nem sempre podia estar presente, então fui tomar a frente do programa e graças a Deus e aos Orixás nós conseguimos agradar as pessoas preservando e ampliando o número de ouvintes. Isso foi muito importante porque elas falavam que a maioria do povo-de-santo não tem Internet. Acho que a Internet como meio de informação é importante para estarmos nos inserindo nesse mercado a fim de divulgar nossa cultura, prova disso foi que sete meses depois eu recebi a proposta para apresentar um programa desta linha e nós tivemos alguns apoios dentre eles o MIR Movimento Inter Religioso aqui do Rio de Janeiro que agrega diversas tradições Religiosas e trabalha muito contra a intolerância. Deste convite que foi aceito, nós estreamos um programa novo conservando algumas coisas do estilo do Beniste e outras minhas que já vinham se desenvolvendo, daí o programa muda de nome e passa a se chamar Marcelo Fritz com Axé. Este Axé significa a presença das pessoas e a participação dos ouvintes que participam através de ligações fazendo perguntas que nós sempre procuramos estar respondendo da melhor forma, além de estar fazendo um programa para servir a todos que possam ser úteis para estas tradições. O que você recomendaria para as pessoas para ler sobre a nossa cultura? Eu recomendo os livros do Professor José Beniste e os extenso acervo da Editora Pallas, que é muito interessante e voltado basicamente para a parte religiosa. Outros bons autores que preenchem as prateleiras com suas obras são José Flávio Pessoa de Barros, Reginaldo Prandi, Pierre Fatumbi Verger e Cléo Martins do Axé Opo Afonjá. Quais são seus planos para o futuro?

Concretizar algumas coisas, não tudo porque eu estou aqui neste mundo só de passagem assim como você. Meu maior plano é que realmente a nós possamos conscientizar essas pessoas a cumprir com nossa missão aqui que é levar adiante as religiões de matrizes africanas que os nossos antepassados nos entregaram com sabedoria em nossas mãos. Basta apenas cada um de nós, não é só o ICAPRA ou outra organização, mais sim todos os adeptos tem o papel de levar a verdade adiante, falar sobre nossas divindades e ter a obrigação de buscar conhecimento através do Axé, dos livros e informações que hoje se encontram em abundância. Transmitir este conhecimento para outras pessoas ajuda a desmistificar uma imagem deturpada que muitos ainda tem sobre o Candomblé e Umbanda. Dê sua consideração final. A fé é a coisa que eu acredito seja mais importante em qualquer trabalho, em qualquer iniciativa que for para o santo. Não adianta você fazer um trabalho muito bonito mais que não dê visibilidade para o Candomblé e suas ramificações.

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