IX CONGRESSO DE HISTÓRIA: TERRITÓRIOS DA HISTÓRIA 13 de junho de 2008
Mesa Redonda: Desafios e perspectivas dos espaços da atuação profissional: o Arquivo, o Patrimônio e o Ensino
ENSINO DE HISTÓRIA: Desafios e perspectivas
Dayse Lúcide Santos Mestre em História / FAFICH – UFMG Profª Curso de História/FAFIDIA/UEMG – Campus Diamantina
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01) Desafios: licenciatura em história e o ambiente escolar Um dos desafios enfrentados pelos professores de História hoje é a formação que têm durante a sua licenciatura, o seu trabalho no ensino de História nos níveis Fundamental e Médio e as atividades de pesquisa desenvolvidas na academia.
Qual é a relação existente entre tais itens e a prática do ensino de história?
Desafio 1- Embate: proletarização x profissionalização do professor Nos anos 90 vivenciamos o momento de acentuada proletarização do trabalho do professor (processo advindo do período militar), Pois o docente passou a compartilhar traços próprios dos grupos profissionais com características de classe operária configuradas, por exemplo:
pelo crescimento numérico de professores, expansão do número de empresas privadas atuando nesse âmbito, precarização das condições de trabalho e baixos salários.
Concepção contrária: Profissionalização Características da Profissionalização: - natureza específica do trabalho docente que não se presta facilmente à padronização, à fragmentação, nem à substituição do professor pela tecnologia; - necessidade de investimento em educação continuada: carreira docente; - os professores não são meros “trabalhadores do ensino”; - reconhecimento da necessidade de uma formação que considere as diferenças da complexidade da realidade social do país (questões de gênero, etnia, orientação sexual, religião, meio urbano e rural, entre outros)
A Conferência Internacional de Educação realizada em 2006: diagnóstico Carreira docente vista pelos jovens como algo desvalorizado, por isso não os atrai; Perfil socioeconômico das famílias e a influência, no caso da história, de professores que marcaram a nossa visão de mundo; Formação inicial (graduação) quase sempre apontada como distante da prática educativa e as exigências da sociedade; individualismo; fragmentação do trabalho; precarização das condições de trabalho. Indicativo: necessidade de valorização da carreira e políticas efetivas de educação continuada capazes de enfrentar as diferentes realidades educacionais.
Desafio 2- Identidade do professor de história
Os desafios da formação e profissionalização docente:
demandam políticas sistêmicas capazes de enfrentar suas múltiplas dimensões: “ser professor”, “tornar-se professor”, “constituir-se professor” e “exercer o ofício” é viver a ambigüidade e exercitar a luta, enfrentar a heterogeneidade, as diferenças sociais e culturais no cotidiano dos diferentes espaços educativos”. (GUIMARÃES, Selva, 2007)
A formação docente é algo permanente, um modo de ser e estar na profissão, no ofício, atitude permanente de preparação, capacitação para dar respostas comprometidas com a complexa realidade socioeducacional.
A formação do professor de História apenas inicia na licenciatura e desenvolve-se: ao longo da sua formação como sujeito crítico, reflexivo e em constante aperfeiçoamento, Indivíduo que produz conhecimento e desenvolve atitude de reflexão-ação-reflexão.
Desafio 3Mediações entre ensino e pesquisa
Ponto de Estrangulamento: apesar de tanta discussão e tantas inovações epistemológicas, teóricas e metodológicas continuamente propostas pouco tem se alterado, pois: Propostas de inovação esbarram em condições de vida e trabalho do professorado: álibi legítimo para não transformar a sua prática; A resistência do professorado em se constituir como agente político e determinar coletivamente as políticas pedagógicas e administrativas públicas efetivas; Falta continuidade nos processos de reformas educacionais que não se esgotam em um plano ou em um governo, mas é tarefa de quase uma geração; A persistência dos interesses de classe que originaram conteúdos e métodos para a história evidenciados na postura tradicional ou positivista;
Segundo Luiz Fernando Cerri, a maneira de agir para resolver o ponto de estrangulamento seria: Para que o novo não envelheça sem ao menos concretizar-se, é preciso resolver os problemas: professores com lacunas em sua formação teórica, profissionais sem uma sólida prática de pesquisa , avaliação da realidade de maneira superficial, ausência de capacidade autodidata, Incapacidade de transformar processualmente a sua própria prática
INDAGAMOS: Como transformar a prática do ensino de história em criação, inventividade e excluir a mera repetição, considerando que o fazer do professor de História deve ser reflexivo e crítico?
Diálogo constante da prática docente com: a investigação, o processo interpretativo e o modo de compreender a representação da realidade social que se apreende na universidade;
Evitar a mera transposição didática: a articulação entre disciplinas escolares e as disciplinas acadêmicas é complexa e deve excluir a simples adaptação e incorporação;
Diversos atores limitam a autonomia do professor diante de propostas inovadoras. Porém, superar paradigmas dominantes pressupõe conflitos, embates e tensões teóricas;
O papel da pesquisa não é dizer o que professor deve fazer, mas é o de forjar instrumentos para melhor entender o que está acontecendo em seu espaço de atuação profissional e apontar hipóteses de possíveis caminhos a trilhar no processo de ensinar história.
Logo, penso que o professor é, em sua essência, pesquisador. Professor-pesquisador é aquele que se vê e age como sujeito produtor de conhecimento; Os conhecimentos teóricos e de metodologia da pesquisa na universidade devem ser usados para o desenvolvimento da atitude investigativa, indiciária. Ora, pois não é verdade que é a pesquisa, através de diferentes métodos e concepções teóricas, que nos conduz a construir uma lente para “ler crítica e reflexivamente o mundo” no seu processo de transformação? Tal situação deve servir para ressignificar e intervir na formação do professor no processo de pesquisa e do ensino de História.
Ora, questionar modelos tradicionais faz parte da constituição de um ser problematizador, o professor, por excelência.
A pesquisa e o ensino tornam-se, numa visão crítica, uma postura diante do outro, dos outros e de si mesmo, uma vez que ela é estratégia para formação crítica do sujeito no processo de transformação social.
Assim, é preciso selecionar os conceitos básicos, contextualizá-los e sistematizá-los. Lançar mão de: de situações mais próximas aos alunos, aguçar a curiosidade, variar as indagações, estimular a construir hipóteses e ampliar o campo de análise.
EXPLICANDO: não se tem a intenção de formar um “pequeno historiador”; Utilizar fontes que apresentem uma situação-problema; é preciso escolher documentos que estimulem a curiosidade e o interesse; o documento deve favorecer a compreensão de conceitos históricos e de uma visão das situações do particular e do geral; Percepção da diversidade documental (livros, revistas, quadros, músicas, filmes, fotografias, oralidade...) Questionar: o que o documento é capaz de dizer? Por que tal documento existe? Qual a finalidade de sua existência? o que significa o documento ou objeto? Quem o produziu e para quê? Em qual contexto histórico ele foi produzido? Que ações e pensamentos estão contidos em seus significados?
02) Metodologia de Ensino: perspectivas para a (des)construção do saber histórico Keith Jenkins nos inspira a questionar:
O que fazem os professores de história quando ensinam história? Quais os temas, as fontes, os materiais, os problemas que escolhem para fazer as mediações entre presente e passado? Como ensinar história no mundo multicultural?
Pequena História do Brasil, de Lacerda. Fig 1: 1911; Fig 2: 1942
As imagens referem-se a livros didáticos de 1911 e 1942, cujo método de ensino é baseado na memorização. Saber história era dominar muitas informações; decorar;
Nessa técnica de ensino onde o professor é guiado pela neutralidade e objetividade;
O professor deve formar pessoas patrióticas e jamais evidenciar sua postura ideológica. (Anos 50 - tecnicismo educacional);
A renovação do ensino nos anos 60, que tinha o objetivo de mudar o conteúdo ensinado e a maneira de ensiná-lo, levando ao pensamento crítico; foi logo considerado como técnica subversiva (governo militar);
Novos tempos chegaram (não sem questionamentos)
Os anos 1980/90: nova configuração do mundo globalizado e modelos econômicos guiados pela lógica do mercado. Nasce a “sociedade do conhecimento” que necessita de indivíduos:
Capazes de competir no mundo do trabalho, Portadores de domínios mais amplos do conhecimento, Com habilidades intelectuais mais complexas, Com capacidade de manejar e organizar autonomamente as informações diversas dos meios de que comunicação.
Algumas ponderações são necessárias: nenhum historiador consegue abarcar a totalidade das interpretações e representações do passado; nenhum indício é capaz de recuperar o passado tal qual era; a história está sempre fadada a um construto que se manifesta na perspectiva do historiador como narrador.
As
possíveis respostas a esses questionamentos advêm de nossas escolhas teóricas e metodológicas, da maneira pela qual nos apropriamos o passado e o interpretamos, estabelecendo diálogo com as evidências, versões e interpretações já produzidas.
Brasil
/ PCNs: os eixos temáticos desenvolvidos prevêem habilidades a serem desenvolvidas, estabelecendo as temáticas para o ensino de história:
5ª
a 8ª série:
A compreensão
de conceitos é considerada base para o conhecimento histórico (o aluno construirá instrumental conceitual: identifica as diferenças e suas formas de realização na história; supera o egocentrismo e o individualismo na experiência social humana)
Predileção
por conceitos da história cultural e social;
Meta
a ser atingida: compreensão pelo aluno do ensino de história como processo;
A articulação
entre a concepção de história acadêmica e a história escolar: métodos de ensino e de aprendizagem.
Ensino Médio: O Ensino Médio: deve preparar para a cidadania; Ênfase no uso intenso de outras fontes: entender processo de produção do conhecimento; Sugere-se: aprofundar conceitos, leituras e ampliar concepção de metodologia da história (não para formar pesquisador) mas para desenvolver maior autonomia intelectual; Ensinar história hoje diante de uma proposta de temas transversais (meio ambiente, ética, pluralidade cultural, educação sexual, trabalho e consumo); Isso exige: trabalho intenso do professor, na concepção “professor intelectual” que pesquisa, estuda, organiza e sistematiza materiais didáticos apropriados para as diversas realidades educacionais do país.
Competências: abstração, pensamento sistêmico, criatividade, visão integradora, capacidade de pensar múltiplas alternativas, pensamento crítico, capacidade de buscar conhecimento a partir do pensamento lógico-estruturante, entre outros. À história, a heterogeneidade, a alteridade, a cidadania;
Diante do mundo globalizado que comporta diversidade geográfica, racial, religiosa, política, econômica e etc., o professor de história deve primar por uma postura interdisciplinar: integrar conhecimentos científicos e conhecimentos de sujeitos sociais historicamente excluídos: homossexuais, negros, índios, pobres e etc;
Desenvolver: percepção da identidade, da alteridade, de crítica à sociedade e dos conformismos com situações de “mera tolerância;
Nós, professores, desempenhamos papéis sociais que são possíveis de desconstruir estereótipos, preconceitos e discursos antidemocráticos disfarçados de igualdade.
Ora, todos são iguais exatamente por serem diferentes, cuja postura, no mínimo, deve ser de ousadia na construção e uso da lente histórica para a leitura do mundo?
2.2. Sala de Aula e o Método
Na universidade: aprendemos diversos métodos que nos ajudam a compreender a construção da história: método indiciário, metodologia de história oral, método de descrição densa e de montagem, entre outros.
Tais metodologias que orientam a pesquisa acadêmica, também podem orientar o fazer pedagógico: substrato para novas posturas do profissional, novos espaços de formação e a utilização de tecnologias = sujeito crítico-reflexivo.
Ensinar História de maneira problematizadora. A sociedade do século XX e XXI nos exige analisar o campo da cultura material e imaterial construção do mundo de homens e mulheres que se relacionam por meio de símbolos, poderes e representações;
a) cotidiano da sala de aula e questões do ensinar história
Contexto do professor = fragmentação. Preocupações às vezes contraditórias: vivência familiar, profissão e educação continuada.
Identidade do professor = oscila entre o difusor de conhecimentos e transmissor desses conhecimentos e a visão de produtor de saberes e fazeres.
Ensinar história: promover condições para que o aluno possa participar do processo do fazer, do construir e desconstruir a história; captar e valorizar a diversidade dos diferentes pontos de vista;
A sala de aula: lugar onde os interlocutores constroem sentido, é inseparável a teoria e a prática, o ensino e a pesquisa.
Os métodos nesse espaço (associados a outros tempos e espaços além da sala) variam entre aulas expositivas, uso do livro didático e paraditático, pesquisas, entrevistas, análise de imagens, filmes, debates, estudos dirigidos, entre outros;
Método Dialético para ensinar história: é quando se propõe um objeto de estudo e problemas acerca do mesmo, o qual deverá ser desvendado com a utilização da análise, para que posteriormente o objeto seja entendido como um todo.
Problematização: por quê? Como? Onde? Quando? Ou situaçõesproblema para que os alunos: interpretem, comparem e construam a sua síntese.
Evitar noção simplista de causa-acontecimento-consequência.
Compreensão das mudanças ao longo da história, ritmos diferentes das sociedades e complexas relações sociais.
Documentos históricos e o fazer do historiador: pistas para refletir sobre a sociedade.
A inovação que se percebe no papel do ensino de história é a contribuição do “sentir-se sujeito histórico” dentro de um processo de “formação de um cidadão crítico”. O indivíduo que vive o presente deve, pelo ensino de história, localizar temporalmente os acontecimentos da vida cotidiana que o cerca (violência, desemprego, vida política, etc) e estabelecer relações com o processo histórico; Libertar o indivíduo da imobilidade diante dos acontecimentos para que ele possa entender a cidadania como processo de conquista e não algo meramente doado pelo poder instituído.
b) Educação patrimonial e o direito à preservação da memória Educação Patrimonial: centrada no pluralismo cultural. Possibilita a interpretação dos bens culturais, tornando-se um instrumento estratégico de promoção e vivência da cidadania, e de responsabilidade individual e coletiva em valorizar e preservar os patrimônios da cultura material, imaterial e ambiental. (HORTA; GRUMBERG; MONTEIRO, 1999, p. 6).
Diversos espaços de memória: a memória dos habitantes de um dado lugar de outras condições e épocas: marcas, vestígios, que podem ser apreendidos e interpretados como representação desse lugar.
As vilas, os bairros, pequenas cidades que ainda não constituíram seus lugares de memória, certamente o fazem por outras vias:
lembrança, fotografias, roupas, livros de anotações, entre outros, os quais são guardados e que, da mesma forma, inspira e aguça a nossa capacidade reflexiva e de abstração para a compreensão do conhecimento histórico.
Cidade de Goiás (velho) – 2006 – manifestações da cultura negra
Cidade de Goiás (velho) – 2006 – 1) Roda de Capoeira 2) Palácio Conde dos Arcos
Cidade de Goiás (velho) – 2006 – 1) Arte de Ceramistas 2) Representação de Maria Grampinho
Educação Patrimonial: O espaço dos museus
A vida material não se encerra em objetos expostos em museus, pois isso significaria retirar as manifestações culturais da marcadas pela imaterialidade (universo imaginário);
Os objetos em exposição são simplesmente objetos que, descontextualizados, dizem pouco ou quase nada sobre a sociedade que o preservou para a posteridade.
O museu é, sobretudo, um lugar de memória inspiradora e de rememoração de representações do passado que nada possuem de morto, mas trazem em sua essência os vestígios da energia da vida de maneira seletiva;
A visão reflexiva a ser desenvolvida entre os estudantes do Ensino Fundamental e Médio deve problematizar situações observadas e atentar para o AUSENTE , “decifrar” as razões para tal ausência: ou seja, procurar olhar e não apenas ver o que se dá a conhecer.
Museu do Diamante: Diamantina
xviii_antiga casa do padre rolim
É fundamental perguntar: Qual sociedade emerge a partir de uma coleção visitada num museu? Quais são as características de um dado lugar que se dá a conhecer através do museu? O que é possível discutir ao ensinar História a partir de visitas orientadas?
(memória, desenvolver a reflexão, a preservação do passado, as
transformações no presente e as representações sociais: mensagens, códigos, simbologias, diversidade, temporalidade, territorialidade, Brasil pré-colonial: como os indígenas viviam? Como se relacionavam com o meio ambiente? Quais regiões ocupavam? divisão de trabalho em diferentes sociedades, escravidão).
pintura representando índios e a chegada dos portugueses / porto seguro.
Representação de monstros Porto seguro/BA
representação da armada de cabral caravela anunciação / porto seguro.
c) Sala de Aula e Espaço Virtual
Indiscutivelmente o desenvolvimento da tecnologia gerou acesso à informação. Cuidados: “esses objetos técnicos não garantem o sucesso da educação”.
O uso da pesquisa na internet não pode ser para mera identificação de dados (datas, nomes de “famosos na história”), mas sim portadora de reflexão e raciocínio lógico-histórico.
O professor é indispensável: orientação do estudo, proposição de temas, processo de articulação do virtual com os materiais clássicos de estudo, avaliando e estimulando o pensamento crítico-reflexivo. O ato de pensar continua a cargo do ser humano.
É preciso evitar: “estamos a nos afogar em informações, mas sedentos de conhecimentos” (Schmidt)
d) Oceano de Imagens: TV, Filmes e Fotografia
Um episódio interessante que vale ressaltar aqui foi o ocorrido em 1971 em um dado povoado da Amazônia: “durante a inauguração da rodovia transamazônica foi construído um cinema que exibiu um filme de vampiros, o que causou grande impressão na população. Lá estavam diversos carros pretos, provavelmente da comitiva presidencial. Imediatamente a população associou esses carros à existência de vampiros e ficou aterrorizada, acreditando que os mesmos existiam e que ofereciam bombons às crianças com o objetivo de sugar-lhes o sangue” (SALIBA, p117).
Esse episódio nos atenta para uma série de questões ligadas ao uso que se faz da TV, dos filmes e mesmo da fotografia. Vejamos:
os filmes são vistos e entendidos como portadores de imagens de uma “realidade” (mesmo filmes de grande interface com contextos históricos);
a TV consegue formar quase “zumbis” diante da sua tela, que não têm tempo de assimilar o que é dito e a concebem como critério de verdade;
a fotografia e pintura utilizada em livros didáticos e, mesmo em documentários, são entendidas como verdade diante dos olhos, como prova;
Cuidado no trato dessas imagens
As imagens são construções representativas, criações de uma dada sociedade num certo momento.
Não podem ser vistos como verdade, mas sim como instrumentos imagéticos que possuem linguagens próprias,
São instrumentos portadores de algum sentido, mas não é a realidade apreendida e traduzida em imagens.
Assim, é importante destacar que o uso de tais conhecimentos históricos, irradia interpretações, criações, visões múltiplas da sociedade que as produziu.
Foto: Marc Ferrez, em 1882.
Estudando a questão do trabalho no Brasil, por exemplo, é possível escolher uma foto que remeta a uma cena cotidiana do século passado e incentivar os alunos a debater o tema retratado, levantando questões a respeito do trabalho de escravos indo para a colheita de café, no Rio de Janeiro.
Alguns questionamentos à fotografia
Quem são os personagens, como são suas roupas e seus adornos? Qual será a atividade ou a ocupação de cada um? Quais objetos aparecem na cena? Como é o cenário?Existe vegetação? De que tipo? O que está em primeiro plano? E em plano de fundo? Parece uma cena corriqueira? Seria possível, hoje em dia, uma cena como essa? O que será que o fotógrafo quis registrar, ou comunicar? Vocês já viram alguma outra foto nesse estilo? Vocês conhecem outros fotógrafos antigos? Que outros fotógrafos conhecem? Poderiam comparar o trabalho deles com este? Quem é o fotógrafo? Em que época viveu, em que lugar fez a foto, por que motivo quis fotografar a cena etc. Relacionar a foto com contextos históricos mais amplos, pedindo para pesquisarem processos da história Brasileira sobre o trabalho representado na fotografia.
Pedro Américo DE FIGUEIREDO E MELO pintura: Tiradentes esquartejado (1893) Óleo sobre tela 262 x 162 cm Museu Mariano Procópio, Juiz de Fora – MG.
Essa tela foi rejeitada pela crítica em sua primeira exposição no Rio de Janeiro, em1893. Nela, o artista dispôs o corpo do herói, representado praticamente em tamanho natural, desmembrado em quatro partes, adornado por grilhões, corda e crucifixo. Posicionado aos pés do mártir, o observador vê a alva que destaca o corpo do cadafalso, a túnica azul que o reintegra ao fundo celeste, ao mesmo tempo que o distancia da perna direita espetada em uma haste de madeira, em primeiríssimo plano. Para conferir maior dramaticidade à cena, Pedro Américo coloriu áreas precisas com sangue, que atraem o olhar tanto para a
1º. Painel – O Sacrifício da Industrial Nacional: denuncia a proibição de fábricas no Brasil / XVIII. 2º. Painel – Reunião dos Inconfidentes: mostra uma das incontáveis reuniões dos inconfidentes.
3º. Painel – Pregação de Tiradentes: no terceiro painel nós temos Tiradentes pregando seus ideais de liberdade. Ao fundo uma mina do século XX, a mina de Serra pelada, indicando, assim a movimentação atemporal do espírito de liberdade. [...] A cobra aos pés do cavalo representa a traição ao movimento da Inconfidência
4º. Painel – A Morte de Cláudio Manoel da Costa.
5º. Painel – A Farsa do Julgamento: no quinto painel nós temos a farsa do julgamento dos inconfidentes. Concebida como um teatro grotesco, [...], fala-se o idioma clichê da história oficial.
6º. Painel –O Enforcamento de Tiradentes: neste quadro parecem em cena: o Mártir, o carrasco e o religioso. [...] O público é reduzido à sombra que aparece no fundo.
7º. Painel – O Corpo: o corpo de Tiradentes, embora esquartejado, é recomposto numa crucificação, tendo como pano de fundo a cidade de Vila Rica, hoje, Ouro Preto, onde todos os fatos aconteceram. O aspecto comum em toda obra é o triângulo, símbolo do movimento da Inconfidência Mineira e a lamparina acesa, ora apagada, faz uma referência à luz, luz de liberdade.
João Câmara da Silva, Mural da Inconfidência mineira de 1981/1986. Acrílico sobre tela, 400x700 cm Panteão da Pátria – tancredo neves/brasília (SEC –
Analise as duas imagens sobre Tiradentes.
Contextualizar o momento histórico representado;
Dê as informações objetivas sobre as obras (autor, ano, época retratada, local)
Produza questões sobre os eixos: 1) As telas e suas autorias. 2) O momento histórico do fato representado. 3) Análise das cenas pintadas. 4) Discuta o porquê da produção das telas. 5) Pergunte aos alunos o que seria preciso fazer para confirmar as suposições levantadas. 6) Mito e representação 7) Momento histórico em que as telas foram feitas.
Utilize livros de apoio, filme e internet e etc.
Para pensar: E agora, José? Certamente é possível trabalhar nas escolas de hoje, mas não sem muitas dificuldades:
Como lutar contra a proletarização e reivindicar profissionalização dos professores no nosso atual contexto? O Estado democrático de Direito promoverá a tão desejada qualidade do Ensino para todos? Estou contribuindo efetivamente para que isso ocorra? Será preciso novas regras, novos tempos, mais investimentos, enfim, inventar uma nova escola? Algo é certo: Precisamos deixar para a próxima geração um ensino melhor, indivíduos criativos, reflexivos, críticos e atuantes no meio social para vencer as mazelas da nossa sociedade e do ensino.
Obrigada pela atenção Profª Dayse Lúcide Junho/2008 – Montes Claros/UNIMONTES
Foto: Ponte no Vale do Jequitinhonha/MG, 2006