CONTOS DA CIDADE Contos
victor de almeida
2006
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“Este livro é dedicado ao meu amigo Eduardo Pessonia Cortez, meu primeiro leitor.”
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CONTO I
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Dez mil pessoas enchiam a platéia do Royal Theather, todos estavam ali para ver a apresentação do mais novo mágico que se tornou um sucesso mundial, Charlie Bahzi. Este novo mágico de apenas 30 anos conquistou o mundo com seus números que desafiam o perigo, comparado a Houssini, Charlie iria fazer naquela noite o seu novo número. Colocaria sua assistente amarrada em uma mesa e sobre ela várias facas presas dois metros acima do local em que estava amarrada, o truque era simples quando as luzes se apagassem por 2 segundos as facas cairiam e quando acendessem a garota não estaria mais deitada na mesa. O público estava tenso, o mágico prendeu a garota e colocou um pano na frente para que o público pudesse ver apenas a sombra dela amarrada. O mágico falou com a platéia: - Em instantes minha assistente estará com a vida por um fio, caso ela não consiga se soltar dentro de dois segundos as facas cairão e será o fim dela. - O público mal conseguia piscar. Atrás do pano a assistente se mexia mostrando que estava realmente presa. - Quando eu contar até três a mágica começa... 1...2...3... As luzes se apagaram, e ouviu-se o grito de terror da assistente, seguido pelo barulho das facas caindo. As luzes se acenderam, a engrenagem que teria que expelir a garota da cama quando as luzes se apagassem falhou. O chão e a cortina estavam sujos de sangue. Um menino de apenas 5 anos caminha segurando a mão de sua mãe pela calçada de uma rua movimentada, quando avista um pequeno aglomerado de gente formando um círculo e todos olhavam para uma pessoa localizada no centro do circulo. A mãe e o menino se aproximaram da multidão, no centro um velho fazia mágicas com cartas, fósforos, bolinhas e todo tipo de pequeno truque que podia ser feito na rua. Ele não era um grande mágico, mas o pequeno público gostava. Depois de alguns minutos os truques haviam acabado e as pessoas aplaudiram e partiram. Restando apenas a mulher e a criança. O velho abriu os braços e falou para o menino: - Quem é o meu neto favorito? - Eu! - E o menino correu em direção ao velho e o abraçou. - Pode deixar que eu o levo para casa, minha filha. - O velho disse para a mulher. - Certo. Mas não se esqueça de traze-lo antes do almoço. Tchau filho, obedeça a seu avô. - A mulher começou a caminhar se afastando dos dois. O menino pegou na mão do avô e ambos começaram a andar em direção ao parque. - Vô, um dia eu vou ser mágico como o senhor! - exclamou o pequeno. - Não, você não será como eu, será muito melhor do que eu fui. - O senhor me ensina? - Claro, Charlie, claro que eu te ensino.
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Dentro de um vagão não muito confortável, um velho viajava sozinho. Ele parecia muito triste, como se algo o estivesse aborrecendo. Aquele trem estava rumando em direção a uma pequena cidade do interior da Inglaterra, ela não era famosa por esse motivo ninguém lembrava do seu nome. O velho olhava pela janela, como se estivesse tendo recordações daqueles campos, lembranças muito antigas. Lágrimas escorreram dos seus olhos, mas ele as enxugou rapidamente. O trem apitou, havia chegado a estação da pequena cidade. No terminal de desembarque, o velho desceu com sua única mala na mão. Ninguém o esperava, o terminal estava vazio, tão vazio quanto o seu coração. Algumas pessoas da platéia desmaiaram, outras perderam a vontade de terminar de comer os saquinhos de pipoca que ainda estavam na metade, aos poucos foram se levantando completamente chocados e decepcionados, deixando o teatro e aquele evento desastroso para trás. No palco o mágico estava chorando e gritando, abraçado ao corpo da assistente que jazia morta e ensangüentada no local que seria o show que marcaria a carreira de Charlie como sendo um ilusionista muito melhor que Houssini. A apresentação do ilusionista Ícaro conseguiu atrair um numero razoável de pessoas, havia cem pessoas na platéia. Todos haviam pago 20 libras para ver esse jovem que diziam ser um prodígio. O show deveria começar às seis horas, eram quase sete e ainda não havia começado. O dono do teatro começou a se desesperar, porque não podia devolver o ingresso para o público, ele já havia gastado todo o dinheiro em um bilhete de loteria. Para relaxar um pouco foi até a calçada fumar. Enquanto acendia um cigarro, se interessou na conversa de dois jovens que estavam passando na rua. - Você viu a cara deles? Depois tu não acredita quando eu te digo que você é um dos melhores mágicos do planeta. Ao ouvir isso o dono apagou o cigarro e correu atrás dos dois jovens. - Desculpe-me, eu escutei vocês dois conversando, é verdade que você é mágico? perguntou o dono desesperado. - Sim, por que? - Você não gostaria de ganhar cem libras? - Claro, o que eu preciso fazer? - Eu tenho um público querendo um mágico, mas o mágico sumiu e não tenho ninguém para substitui-lo você precisa me ajudar. - Está bem, mas meu amigo tem que ter o direito de assistir de graça. - Ok. O jovem mágico subiu no palco, no começo estava com um pouco de medo, mas depois passou a cativar a atenção do público, com suas mágicas inéditas e criativas. O público gostou tanto dele que em sua primeira apresentação, foi aplaudido de pé.
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Ao fim da apresentação varias pessoas foram cumprimenta-lo atrás das cortinas, entre tantas pessoas um senhor gordo, baixo, que usava uma cartola. - Meus parabéns, foi um ótima apresentação. - disse o homem de cartola. Obrigado, para ser sincero, foi minha primeira apresentação para um grande número de pessoas. - respondeu o jovem modesto. - Mágicas inovadoras com quem aprendeu? - Com uma pessoa muito especial. - Sabe. Eu represento um circo que se apresenta no mundo todo, desde Tókio a Lás Vegas e eu fiquei realmente impressionado com o seu show, será que você não estaria interessado em entrar para o meu circo e conhecer o mundo? - Com certeza. - Então está certo, faça sua mala e vá para esse endereço, o mais rápido possível.- o homem entregou um cartão. – Desculpe-me eu ainda não sei seu nome. - É Charlie Bahzi. Charlie entrou no quarto do hotel em que estava hospedado e bateu a porta. Ele estava furioso, tinha o rosto coberto por lágrimas. Ele pegou um garrafa de vinho que estava sobre a mesa e jogou na parede, também virou a mesa espalhando os objetos que estavam sobre ela no chão. A televisão, o telefone, o rádio-relógio, quebrou tudo a socos e chutes. Rasgou com as próprias unhas o colchão espalhando penas por todo o quarto. Destruiu tudo que pode, como se fazendo isso ela fosse retornar. O velho deixou a estação de trem, as ruas pareciam iguais como eram da última vez que ele as viu. As pequenas casas, as pequenas pessoas, aquele cheiro de bolo de avelã exalado pela confeitaria do Tibério que deixa qualquer um com fome. Caminhando pela rua paralela aos trilhos do trem, ele passou em frente ao cemitério, devia ter velhos amigos descansando ali, mas não queria passar por aqueles portões, ao menos não àquela hora. Continuou pela rua até chegar na praça, permanecia linda com seu chafariz no centro, rodeado de amoreiras. Aquele restaurante em Paris não tinha uma comida muito boa, o macarrão estava queimado e o molho azedo. O homem sentado perto da porta de entrada do restaurante, vestido de terno e gravata borboleta, não terminou seu almoço, aquela comida devia ser os restos da semana passada. Ele estava furioso e estava pensando em chamar o garçom, quando sua atenção se voltou para a moça sentada do outro lado do restaurante, loira, olhos azuis, um rosto angelical, provavelmente sozinha, perdida em Paris. Pegou a garrafa de vinho que estava sobre sua mesa, duas taças, e foi em direção a moça. - Posso me sentar com você? - Pode. - Aceita um copo do melhor vinho de Paris? - Sim. Ele colocou o vinho nas taças. - Está sozinha nesta cidade? - Sim eu não tenho ninguém para viajar comigo.
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- Como você pode estar só em Paris, esta que é conhecida como a “Cidade dos Amantes?”. Ela abriu sorriso, que pareceu iluminar toda a face da terra. - E você também está sozinho? - Agora que conheci você, não estou mais.
Um homem aparentando cerca de 40 anos, está parado na porta da frente de uma casa localizada em uma rua simples de Londres, tocando a campainha. Uma mulher usando um avental abriu a porta. - Olá. - disse o homem. - Olá. O que deseja? - perguntou a mulher. - Eu represento uma empresa de Enciclopédias e estou trazendo na sua porta uma demonstração totalmente de graça, sobre as vantagens de se ter a Enciclopédia da minha empresa. - Disse ele com um enorme sorriso no rosto. - Muito obrigada, mas eu estou um pouco ocupada. Será que você não poderia passar outro dia? - Mas não vai demorar muito. - Desculpe-me. Infelizmente não vai dar. - Então esta bem. - Disse ele bem desanimado. - Eu acho que eu te conheço de algum lugar! - disse a mulher. - Talvez seja da televisão. - Creio que não. Sou apenas um humilde vendedor de Enciclopédias. Até outro dia. Quando chegou na Alemanha o jovem mágico pegou um táxi até o local do circo. Este podia ser avistada de muito longe, não era um circo comum, era enorme parecia um estádio de futebol o jovem não imaginava que existisse uma lona daquele tamanho.Em sua platéia cabia cerca de duas mil pessoas. "Eu vou adorar esse lugar!" - Ele pensou. - Vô. Por que o senhor se tornou mágico? - O menino perguntou. O avô e o neto caminharam um pouco pelos belos jardins da praça, quando se cansaram sentaram-se em um banco em frente ao chafariz. - Saber que por alguns minutos eu fiz uma pessoa esquecer dos problemas que a atormentam, é o que me faz ser mágico. - Disse o avô desarrumando o cabelo do menino. Eu sei que sou pobre, nunca ganhei muito dinheiro com minhas mágicas. Porém quando eu vejo alguém sorrindo após um truque, eu fico tão feliz quanto se eu ganhasse centenas de barras de ouro. O menino sorriu para o avô, e acenou com a cabeça como uma forma de dizer que havia entendido. - Está na hora de ir. Caso contrário sua mãe irá brigar. Os dois se levantaram e caminharam em direção a saída da praça.
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Charlie fez as malas e compareceu ao endereço que estava no cartão. Era um prédio velho, com a fachada pichada e janelas quebradas. Ele subiu ao quinto andar, foi ao numero 53. Bateu por alguns instantes, até que a porta se abriu. O homem de cartola pediu que o mágico senta-se em uma cadeira em frente a sua mesa. - Você será famoso Charlie. - Disse o homem e deu um contrato para o jovem assinar. Ele assinou, e o homem lhe entregou um envelope. - Dentro do envelope está sua passagem para a Alemanha, é o local em que o circo esta instalado e mil libras para vice usar. Charlie ficou feliz. - Até mais e boa sorte; seu avião parirá dentro de uma hora. O velho havia esquecido a coisa mais importante que aprendeu. Trocou a magia por uma vida simples de vendedor. A lua cheia cobria o céu italiano. Na cobertura de um hotel, localizado no centro de Roma, um casal realizava um jantar a luz de vela, na varanda. Após um demorado beijo sob o luar, ela falou: - Nunca me deixe. - Nunca. -Ele respondeu. - Hoje faz dois anos que nos conhecemos em Paris. Lembra? - Eu nunca vou me esquecer. No show daquela noite você dedicou uma mágica para mim. - Então...eu queria perguntar uma coisa. - Ele levou a mão ao bolso e retirou uma pequena caixa. - Emily, você aceita se casar comigo? - Sim. – Ela respondeu sorridente enchendo o rosto dele de beijos. - Vá para o seu quarto, Charlie. - Disse a mãe muito nervosa. Ele foi para o quarto e de lá ouviu a conversa que sua mãe estava tendo com seu avô. - Pai, você tem que parar de colocar esses sonhos na cabeça do menino. Ele é só uma criança. - Ele é especial, você sabe disso. Ele vai ser famoso o mundo inteiro vai saber o nome dele. - Mas não trabalhando em um circo. Ele vai ser médico, advogado, uma pessoa importante, não um palhaço. - Quando você era pequena não pensava assim. - Eu deixei de ser pequena há muito tempo. Eu não quero que ver ele aprendendo mágica outra vez. Em um bar no subúrbio de Londres, Charlie tomava sua terceira garrafa de Martini. - Você já bebeu o bastante, amigo. - Disse o barman. - Eu a matei, era para mim estar naquela mesa. Ela não podia morrer, não agora. Nós iríamos ter um ótimo futuro. - Tomou outro gole. - Eu a amava tanto. Se ela tivesse me escutado, por que ela não me escutou? - Sabe amigo, eu não sei o que aconteceu, mas não acredito que tenha sido sua culpa. - Foi minha culpa. Eu nunca mais vou fazer uma mágica. Nunca.
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Faltavam algumas horas para começar o show no Royal Theather. Charlie estava coordenando a iluminação do palco. Emily que aquela noite seria pela primeira vez assistente do seu futuro marido; ela vinha pedindo a cerca de um mês para que ele a deixasse participar deste show. Aquela iria ser a apresentação que o tornaria o maior mágico de todos os tempos. Ela estava treinando aquele número por cerca de duas semanas, ele era muito perigoso. Emily pediu para que ele a encontrasse no camarim. - O que você quer me dizer? Eu estou um pouco ocupado. - Eu tenho uma surpresa para você. - Disse ela sorridente. - Qual é a surpresa? - Hoje de manhã, fui ao médico. Eu estou grávida!
- Adeus. - Charlie desligou o telefone. - Quem era? - perguntou Emily. - O Royal Theather ligou para perguntar se eu não estava interessado em fazer uma apresentação para dez mil pessoas. Eles disseram que eu me apresentei no mundo inteiro, menos na Inglaterra, minha terra natal. - Você aceitou? - Sim. - Quando será? - No próximo mês. - Você poderia deixar eu participar dessa vez. - Não, é muito perigoso. - Por favor! - Ela deu aquele sorriso, tão meigo que ninguém era capaz de negar o que ela queria. - Vou pensar. Ele a abraçou. - Eu te amo, minha pequena. O velho entrou na praça e sentou-se em um banco que ficava em frente ao chafariz. Foi exatamente naquele banco que há muito tempo um menino e seu avô se sentavam para conversar e fazer mágicas. Infelizmente quando o menino se tornou adulto, ele sofreu muito. Por esse motivo, nunca mais fez mágicas, se esquecendo da lição mais importante que seu avô lhe ensinou: "As pessoas querem e precisam sonhar, mas muitas vezes devido às tristezas do mundo elas acabam se esquecendo. Nós existimos para trazer sonhos para essas pessoas, lhes dando a esperança de que tudo é possível, mesmo que seja apenas por um instante".
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CONTO II
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Em um bar escuro ao som de um saxofonista tocando jazz, Jack tomava seu terceiro drink sentado em um banco na frente do balcão. Ele estava de chapéu e com um longo casaco que chegava até os joelhos. Cada vez que alguém entrava no bar ele olhava para a porta com muito medo.
Era para ser uma noite tranqüila, ele pensou. Mas eu tinha que me meter no que não era da minha conta. A porta se abre, ele olha em direção a entrada; era apenas uma mulher. Ele olha para o barman e pede outro drink. Eu preciso me acalmar, ele pensava. Um homem caminhava rapidamente por uma rua muito pobre do subúrbio, apresentava um rosto cansado, parecia estar noites sem dormir. Ao passar pela frente de um beco sem saída ouve uma voz se dirigindo a ele. "Tempos difíceis, não acha?" Perguntou um homem saindo do beco escuro e estendendo a mão. "Bob.” "Jack." "Está precisando de dinheiro, Jack?" "Muito" ''Eu acho que posso te ajuda-lo." Jack está descendo uma rua pouco iluminada em direção ao bar Veneza, acende um cigarro, deixando uma fina trilha de fumaça em seu caminho. Alguns metros antes do bar vê uma mulher caída ao lado de uma lata de lixo em um beco. Ele corre para ajuda-la. Ela era loira com o rosto todo maquiado, apesar de ela ser naturalmente bela e trajando um longo vestido vermelho. Ele a pega nos braços. "Me ajude." Ela diz e desmaia. Jack continua bebendo. Quando a porta se abre e entra um homem vestido de palitó preto. Era ele que Jack temia, o medo era tento que deixou o copo cair, espalhando bebida por todo o chão. Em uma mesa próxima a janela, no bar Lua da Noite, Rosário e Jack estão olhando para a rua atentos a qualquer movimento suspeito. Eu acho que ela está escondendo algo, ele pensou. Retirou um isqueiro do bolso e acendeu um cigarro. "Será que eles estavam atrás de mim?" Ela perguntou. " Provavelmente," ele respondeu. " Como você sabia que aqueles homens entrariam no seu quarto?"
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Ela é mais esperta do que parece, ele pensou. '' Conte-me sobre o seu passado, Jack." Talvez aqueles homens estivessem atrás de mim, ele pensou. Eu a coloquei em perigo, ela merece saber o que aconteceu comigo há muito tempo.
A mulher do beco está dormindo sobre a cama de Jack envolta em um lençol branco. Ele está sentado em uma poltrona em frente à cama olhando-a dormir, a fumaça do seu cigarro brincava de fazer desenhos abstratos no ar. Após algumas horas inconsciente, ela acorda assustada, olhando em volta procurando saber onde estava. Olha em baixo do lençol, percebe que se encontra nua. "Onde estão minhas roupas?" Perguntou e se encolheu debaixo do lençol. " Você deve ter caído naquele beco durante a chuva, seu vestido estava molhado. Se eu te deixa-se com ele, você ficaria ainda pior do que está." Ele respondeu. " Depois que te encontrei te trouxe para o meu apartamento, achei que estaria mais segura aqui." "Então, se você me ajudou, obrigada.'' Jack se levanta, vai até o armário e retira uma camiseta e uma calça femininas. Ele as leva até a cama. "Vista isso." ele diz e vai até a janela e fica olhando para a rua de costas para ela. "Não se preocupe eu não vou olhar, apesar de não haver nada que eu já não tenha visto." Ela deu um riso irônico.
Jack e Bob estavam dentro de um carro parado em frente a um grande galpão que tinha um outdoor escrito: "Peças para carros em geral. Tudo pela metade do preço." Bob abriu o porta luvas do carro e retirou duas armas, uma delas entregou a Jack. "Mas seu chefe disse que era só entrar, pegar o dinheiro e sair. Para quê a arma?'' Jack perguntou. "É só por precaução você não vai precisa usar." Os dois saem do carro e entram pela porta dos fundos do galpão.
"Já pode se virar" Ela falou. Quando ele se virou viu como ela era linda, sem toda aquela maquiagem, as roupas tinham servido perfeitamente aponto de ajudar a ressaltar todas as curvas do seu belo corpo.
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"Qual é o seu nome?" Ele perguntou. "Rosário, e o seu?" ''Jack, o que aconteceu com você?" " Eu não me lembro, minha cabeça está confusa." Ela se sentou na cama. "Você tem um cigarro sobrando?" Ela perguntou. Ele retirou o maço e o isqueiro do bolso e jogou para ela. Rosário acendeu o cigarro e sentou-se na cama. Ao olhar em direção à cômoda viu um porta retrato com a foto de uma mulher abraçada a uma criança. Ela apontou para o retrato. "Quem são?" Ele se virou e voltou a olhar pela janela. "Meu passado. Não vale a pena falar sobre isso." Ele fecha as persianas. "Tem certeza que você não se lembra do que aconteceu?" "Tenho, por que?" "Por que tem dois homens de palitó preto saindo de um Buick do outro lado da rua, creio que estão vindo para cá."
Era aquele homem que Jack esperava, alto, magro e de olhar sinistro. O homem começou a andar em direção ao balcão, em direção a Jack e sacou um revolver do bolso. Depois que o medo desapareceu, Jack também se levantou e retirou uma arma do bolso, uma calibre 35 carregada apenas com uma bala. Um olhou para o outro, por um tempo; Depois apontaram-se as armas. Bang. O som do único tiro ressoou por todo o bar.
Rosário se aproximou da janela para observar os homens através das persianas, enquanto Jack correu até uma gaveta da sua cômoda e retirou uma arma calibre 35, carregou-a com 6 balas. Virou-se para a mulher. "Temos que sair daqui." Os dois saíram do apartamento e subiram para o andar superior. Alguns instantes se passaram, quando ouviram os dois homens se aproximando do apartamento no andar posterior. "É esse o apartamento." Um deles disseram. "Deixa que eu entro primeiro." O outro respondeu. Ouviu-se o barulho da porta sendo arrombada. "Eles não estão aqui!" "Vamos ver no banheiro."
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Quando eles entraram no banheiro, o casal silenciosamente e saíram pela porta dos fundos do prédio.
desceu as
escadas
Por algum tempo, nenhum barulho foi emitido de dentro do galpão. Mas o silêncio não durou muito. O som de disparos ecoou pela noite. Jack e Bob saíram correndo do prédio, estavam ensangüentados, Jack tinha sido baleado. Entraram no carro e partiram, os tiros continuaram, atingindo o vidro traseiro do carro.
No bar Lua da Noite, Jack terminava de contar o que aconteceu com ele naquele galpão em Chicago. "Foi isso que aconteceu. Eu não tive escolha, naquele ano de 29, eu perdi meu emprego, estava com medo que meu filho e minha mulher morressem de fome. Aquela era a única maneira de eu arranjar algum dinheiro." "E o que ocorreu com a sua família?" "Dentro do galpão acertei dois tiros no chefão, quando seus capangas começaram a atirar em nós. Ele não gostou. Descobriu onde eu morava. Um dia quando cheguei em casa encontrei minha mulher e meu filho mortos e um recado escrito no corpo nu da minha esposa com seu próprio sangue: Você será o próximo." Quando terminou de falar, Rosário tinha lágrimas nos olhos. Se aproximou dele. "Você não teve culpa. Você os amava, queria o melhor para eles." "Mas só consegui o pior.'' Ela o abraçou, quando ia beija-lo, ele se virou para a janela. "Temos que sair daqui." Ele disse. Um Buick havia estacionado do outro lado da rua. Quando ele se virou para ela, ficou surpreso. "Me desculpe." Ela disse com lágrimas nos olhos, apontando a arma que roubou do bolso dele.
O casal se afastou do prédio sem correr para não chamar a atenção. Quando estavam a uma distância razoável, ele guardou a arma no bolso do casaco. Ela segurou no braço dele tentando se proteger do frio. "Eles virão atrás de nós?" ''Sim. Eu acho que não irão descansar até que nos encontrem. Temos que ir para algum lugar. Tem alguma idéia?" "O bar Lua da Noite, eu acho que deve ser seguro."
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"Me desculpe, mesmo. Em um outro lugar, em um outro tempo, nós teríamos nos amado, eu teria te amado. Porém..." As lágrimas continuavam a cair. Os dois homens do Buick se aproximaram da mesa, um era alto, magro, de olhar sinistro; o outro baixinho de óculos. Eles se sentaram nas cadeiras vazias do lado oposto do casal. "O chefe mandou um recado." Disse o baixinho. "Ninguém escapa dele. Ele controla o destino das pessoas, vive quem ele quiser e morre quem ele quiser." Disse o mais alto. Rosário continuava a apontar a arma para Jack. O baixinho retirou uma arma do bolso e também apontou para Jack. Ele tinha um sorriso irônico no rosto. " Agora, você vai encontrar sua mulher. Diga para ela que foi bom para mim aquela noite, saiba que ela levou muito tempo para morrer." Três disparos foram ouvidos no bar. Com o som dos tiros os clientes do lugar fugiram.
O baixinho encontrava-se morto na cadeira com três tiros no peito. " Venha vamos sair daqui." Ela disse para Jack. Ele ainda não tinha entendido o que tinha ocorrido. "Vamos." Ela disse. Ele se levantou, seguiram para a saída, ela apontava a arma para o magrelo. Este pulou no chão, retirou uma arma e disparou duas vezes nela. Ela também disparou dois tiros nele, ela errou, ele não. Rosário caiu no chão. Jack arrastou o corpo até a calçada. Abaixou-se e abraçou o corpo dela, uma lágrima escorre pelo rosto dele caindo sobre os lábios de Rosário. O magrelo estava saindo do bar, Jack pegou a arma da mão de Rosária, abraçou-a ela novamente e correu, desaparecendo na escuridão da rua.
No bar Veneza havia um corpo no chão, envolto em uma mistura de sangue, bebida e cacos de vidro. Era Jack, o atirador fugiu e nunca mais foi visto naquela região. “Esse era o meu destino, se eu continuasse vivo, outras pessoas morreriam por minha culpa. Desculpe-me Rosário, você sacrificou sua vida por mim e depois eu
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deixo que eles me matem. Desculpe-me, afinal como eu disse era meu destino, pensou ele com suas últimas forças, fechou os olhos e não tornou a abrir; nunca mais.
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CONTO III
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Fade to Int. Quarto de apartamento-Noite Um velho que aparenta ter 60 anos se contorce na cama tentando dormir, mas não consegue. Ele olha o relógio que marca 1 hora da manhã, levanta-se, pega o casaco que estava pendurado em uma arara e deixa o apartamento. Ext. Uma rua cheia de postes de iluminação-Noite O velho anda calmamente pela rua admirando o silêncio da noite. Um casal de jovens que caminha pela calçada oposta à do velho atravessa a rua e entra na porta de um bar alguns metros à frente do velho. O velho observa o casal entrar e depois de pensar por alguns instantes, também entra. Int. Bar-Noite O balcão de bebidas fica na parede oposta à da porta, o velho dirigi-se até lá e senta-se em um banco em frente ao balcão. O BARMAN, um homem gordo, que parece ter um pouco mais de idade que o VELHO, aproxima-se e o observa com uma expressão de dúvida.
BARMAN(intrigado) “Desculpe-me perguntar, mas eu te conheço de algum lugar?” VELHO “Não é da minha conta se você me conhece ou não, me traga um Martini.” O BARMAN vira-se de costas furioso com a resposta rude do homem e começa a preparar o Martini.O VELHO fica observando o BARMAN, até que ouve o som da conversa do casal que havia entrado no bar antes dele chama sua atenção, ele olha para a esquerda e vê que eles estão sentados nos bancos ao seu lado, neste momento sua roupas estavam diferentes das roupas que o velho havia visto quando eles entraram no bar. Close:Casal. O rapaz será chamado de Arthur e a moça de Susan.
Continua
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SUSAN(apaixonada) “Quanto tempo faz que nós estamos namorando, Arthur?” ARTHUR ”Fará cinco anos na próxima semana, Susan. Tanto tempo e eu continuo apaixonado por você como da primeira vez que nós nos conhecemos, foi no aeroporto lembra-se?” SUSAN “Claro que eu me lembro, você estava naquela sala de espera do aeroporto tremendo de medo de subir no avião.” ARTHUR “Se você não tivesse vindo falar comigo para me deixar mais calmo, eu acho que eu não teria subido naquele avião. Obrigado.” Arthur aproxima-se do rosto de Susan e eles se beijam.
Close: Velho abrindo um sorriso ao ver aquela cena. Ouve-se o som de um copo sendo colocado sobre o balcão. O velho para de olhar para o casal, vira-se em direção ao som e vê que o copo de Martini estava sobre o balcão e o Barman o encarava. VELHO(calmamente) “Obrigado.” Ele retira duas notas do bolso e coloca sobre o balcão. VELHO “Desculpe-me por ter sido rude com você, eu estou tendo uma noite difícil.” BARMAN “Todos estamos.”
CONTINUA
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Ele pega o dinheiro, o guarda em uma gaveta sob o balcão e caminha em direção à porta da cozinha, onde entra e desaparece. Close: O velho pega o copo de Martini e o leva à boca. O barulho da conversa do casal recomeça, o velho olha para a esquerda, mas não há mais ninguém. Ele se vira e vê que agora os dois estavam sentados em uma mesa em frente à vitrine que ficava ao lado da porta. Eles estavam usando roupas diferentes das que usavam minutos antes. SUSAN “Olhe.” Aponta para um cartaz colado na parede do muro do outro lado da rua. O cartaz tinha a foto de uma modelo em um vestido de noiva de uma grife famosa. SUSAN(CONT.) “Que vestido lindo, quero usar um daquele no nosso casamento.” ARTHUR “Não, seu vestido não aquele e sim um muito e mais bonito, afinal a noiva mais linda de tempos.”
será como mais caro você será todos os
SUSAN “E você o noivo mais apaixonado de todos os tempos. Onde iremos passar nossa lua de mel?” ARTHUR “Londres, Praga, Roma, França, onde você quiser.” SUSAN “Nós somos engraçados, nem estamos noivos e já estamos discutindo onde passaremos nossa lua-de-mel.” O velho levantou-se e caminhou em direção ao banheiro.
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Int. Banheiro-Noite O velho fica olhando para o seu reflexo no espelho por algum tempo. Abaixa-se para lavar o rosto na torneira, quando fica novamente ereto, vê pelo reflexo do espelho que Arthur havia entrado no banheiro. Arthur andava em círculos e falava sozinho, estava muito nervoso. Ele estava com uma roupa completamente diferente da que usava na última que o velho o viu. ARTHUR “Susan quer se casar comigo?...Não ficou bom...Susan eu te amo e quero passar o resto da minha vida com você, quer se casar comigo?...Melhorou, mas ainda estou muito nervoso...Acho que não vou conseguir.” Arthur deixa o banheiro. imagem no espelho.
O
velho
continua
a
encarar
sua
Dissolve to Int. Bar-Noite O velho sai do banheiro e volta a sentar-se no mesmo lugar, toma outro gole da bebida. Olha para a direita e vê o rapaz ajoelhado em frente à Susan, segurando uma pequena caixa aberta. Susan está com a roupa mudada, Arthur continua com a mesma que estava no banheiro. ARTHUR “Susan quer se casar comigo.” SUSAN “Sim.” Ele retira o anel da pequena caixa e o coloca no dedo dela. Eles se abraçam e ambos parecem muito felizes.
O velho volta a encarar a bebida e fala consigo. VELHO(nostálgico) “Jovens” CONTINUA
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Tudo ficou quieto até que um grito histérico rompeu o silêncio. Susan e Arthur estavam usando roupas diferentes das usadas até aqui. Agora eles estavam sentados em uma mesa, no canto do bar, bem afastada do velho. SUSAN(furiosa) “Por mim tudo bem, eu não ligo.” ARTHUR(furioso) “Eu também não ligo a mínima se você quer saber...Sabe por mim você poderia morrer...Você não significa mais nada para mim.” SUSAN (com lágrimas nos olhos) “Você é um grande idiota.” Ela retira o anel do dedo e joga sobre a mesa. SUSAN(CONT.) “Eu não preciso mais disso.” Ela caminha em direção a saída. Arthur começa a chorar, corre até a vitrine e vê Susan entrando no carro estacionado na frente do bar. Ele bate no vidro para chamar a atenção dela. ARTHUR (histérico) “Susan, desculpe-me. Eu sei que sou um grande idiota.” Ele cai de joelhos. ARTHUR (CONT.) “Por favor, volta.” Mas ela não o ouve, liga o carro e vai embora. Arthur fica chorando, agachado no chão. Close: O velho fica parado com o copo na mão, ao ver aquela cena. O telefone toca. O barman sai da cozinha, mas agora ele está muito mais jovem, magro e com uma roupa diferente. Ele atende o telefone.
CONTINUA
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BARMAN “Alô!” O barman ouve o que a pessoa com quem está falando diz e a cada minuto sua cara fica mais séria. Arthur aproxima-se do telefone. BARMAN(sério) “Está bem eu digo a ele.” O barman desliga o telefone e fica parado por alguns segundos, digerindo a noticia que acabara de receber. ARTHUR(impaciente) “Era ela?” BARMAN “Ouve um acidente, a rua estava escorregadia, Susan perdeu o controle e capotou. Seu amigo ficou sabendo do acidente, ligou para sua casa, mas como ninguém atendeu achou que você estaria aqui. ARTHUR “Mas ela está bem?” BARMAN “Infelizmente ela não sobreviveu.” Close: O velho com os olhos vermelhos está tão emocionado que deixa o copo escorregar da sua mão. Ele abaixa-se para pegar os cacos. BARMAN “Pode deixar que eu limpo.” O velho levanta-se e vê que o barman está novamente gordo e velho.
BARMAN “Eu sabia que você não era desconhecido, você é Arthur, aquele rapaz que há quarenta anos vinha aqui praticamente todos os dias com sua namoradA, até que ocorreu aquele terrível acidente eu nunca mais o vi... Ou estou enganado?” CONTINUA
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VELHO “Você está certo. Faz quarenta anos que não venho a este lugar.” O velho põe a mão no bolso e retira algo que deposita sobre o balcão. VELHO “Foram quarenta longos anos me perguntando quando é que eu iria conseguir seguir em frente. Sendo atormentado pelo fantasma do meu passado, atormentado pelas últimas palavras que eu disse a ela e por não ter me despedido. Por não ter dito que a amava apesar da nossa briga por algo tão banal. Por não ter estado ao seu lado no último instante e dizer a ela que não estava sozinha no mundo, que nunca estaria, pois eu iria estar por perto para pegar em sua mão sempre que ela sentisse medo, sempre que ela ficasse triste...Eu queria ter dito tudo isso a ela. Mas não disse, ninguém nunca diz o que é importante.” BARMAN “Você ainda a ama?” O velho pensa, mas não responde. Deixa o objeto que havia retirado do bolso sobre o balcão e vai embora. O objeto é um anel. Close: O anel é aproximado até o momento que é possível ver as inscrições na parte de dentro dele. Está escrito “Para sempre apaixonados, Arthur e Susan.” A tela fica preta.
END SUB
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CONTO IV
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Dentro do guarda roupa do quarto de um hotel barato, alguém tentava se esconder. Tantos anos naquela profissão, sem nunca ter acontecido nada do que ocorria naquela noite. Nua, ela espiava pela fresta da porta os homens que estavam do lado de fora. No centro, amarrado a uma cadeira, estava o homem que havia contratado seus serviços e que até minutos antes da chegada dos outros homens, proporcionava-na uma das mais prazerosas noites de amor que ela já tivera. Ele não a tratou como uma simples prostituta, como todos os homens que foram para cama com ela fizeram, essa noite ela foi amada como se ambos fossem parte da mesma carne, cada parte do corpo dela que ele tocava a fazia sentir uma chama ardendo dentro do peito, os lábios dele deixaram os dela passando carinhosamente por todo seu corpo; a respiração acelerada e sincronizada de ambos reforçava a idéia de que fossem parte do mesmo ser. O que será que essas pessoa vão fazer com ele? Ela pensava. Ao redor do homem amarrado estavam três cobradores. - Cobradores são pessoas encarregadas de cobrar as dívidas para os chefes da máfia.
Dentro de uma casa muito pobre, um senhor e uma menina que aparentava cerca de 16 anos, encontravam se ao redor de uma cama, onde um menino muito doente estava deitado. O velho era avô das crianças, ele cuidava dela desde a morte dos pais; com a crise de 29 ele ficou sem emprego. " Vô, meu irmão vai ficar bem?" Ela perguntou. A menina apesar do cabelo despenteado e das roupas humildes, tinha um rosto muito bonito. O senhor pensou por alguns instantes." Vai sim, mas só se conseguirmos comprar um remédio para ele, e eu não tenho dinheiro para isso." "Eu consigo o dinheiro, Vô, tem um bar na cidade que necessita de garçonetes, eu vou ver se consigo esse emprego. Não se preocupe, eu vou conseguir esse dinheiro." Ela correu até o quarto, pegou a melhor roupa que tinha no armário e foi até o rio se banhar. Quando terminou estava linda cabelo arrumado, roupa limpa, nem parecia uma menina muito pobre. Despediu-se do avô e do irmãozinho e rumou para a cidade. Eram 8 horas quando um homem se aproximou da garota encostada na esquina de um beco sem saída. Ela estava linda apesar de toda aquela maquiagem e a cor forte do baton que usava. O homem também estava bem vestido, ela geralmente escolhia a dedo seus clientes e esse aparentava ser uma boa pessoa. Mas se alguém é uma boa pessoa, porque, precisaria de seus serviço? Ela pensou, mas seu trabalho não era pensar, talvez ele fosse simplesmente uma pessoa mal amada, porém não importava o passado ou se a pessoa era boa ou má, todos que iam até ali só desejavam uma coisa, o que ela tinha entre as pernas, sem perguntas, sem histórias, sem amor. Ele estava tímido, ficou parado encarando-a por algum tempo, ele deveria ter uns 40 anos e era bonito, quem sabe se em uma outra vida eles tivessem se conhecido em um restaurante, ou em um cinema, não teriam se apaixonado e se casado. Naquela tal acontecimento não era possível. Ela disse o preço, ele pagou adiantado pela noite inteira. Contou o dinheiro e o levou até o Hotel Horizonte, em que costumava levar seus clientes. No quarto quando ele calmamente aproximou-se dela e pela primeira vez tocou-lhe a mão, foi nesse instante que a garota sentiu que aquela noite seria diferente.
A menina foi até o bar que tinha mencionado, porém não havia mais emprego. Em todo lugar ninguém precisava de ajuda, nem mesmo por algum dólares. Ela precisava de
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apenas 30 para o remédio do irmão, mas nem isso conseguia. Triste e cansada sentou-se na calçada e começou a chorar. ''Por que está chorando?" Perguntou um velho gordo de cartola muito rico que passava pela rua. Ela contou a história, mas ele não estava interessado no que ela falava e sim no corpo jovem que possuía. "Vamos até minha casa, para você me contar tudo, com mais calma." Ele disse e ela aceitou. No dia seguinte voltou para casa com 500 dólares. Quando o avô perguntou se ela havia conseguido o emprego de garçonete, com vergonha mentiu que havia. Seis meses após aquela noite o menino morreu, mas ela continuou em seu emprego, não por que gostava dele e sim por que naquela cidade, naquele tempo não havia outra forma de ganhar o pão de cada dia. Eram tempos difíceis. Uma tarde a garota entrou em uma igreja, sentou-se no primeiro banco e começou a chorar. Cinco anos naquela maldita profissão, ela queria mudar de vida, mas seu destino parecia ser prostituta por toda a vida. Há quanto tempo ela não namorava de verdade, a quanto tempo ela não amava alguém sem que este tenha pago para dormir com ela. A quanto tempo alguém não gostava dela pelo o que ela era e não pelo seu corpo. Estava perdida e apesar de cada dia estar com um homem diferente, se sentia solitária. Ela queria gritar, alto, para se escutar na lua; Ela queria ajuda, queria ter alguém para conversar, simplesmente um amigo, mas isso era proibido para garotas como ela. Caiu de joelhos, lavando o chão da igreja com suas lágrimas. "Eu só queria ser feliz." Ela resmungou. Não tinha pedido para ter aquela vida, mas tinha. Nada e ninguém poderia ajudá-la. Levantou-se e saiu da igreja, estava anoitecendo, tinha que trabalhar. No quarto do hotel a mulher, que havia deixado de ser moça aquela noite continuava a espiar pela fresta da porta do armário. Do lado de fora os cobradores tinham acabado de terminar outra seção de chutes e socos por todo o corpo nu do homem amarrada. "Você pensou que ia escapar com nosso dinheiro." Disse um dos homens que parecia o líder. " Nós confiamos em você, seu monte de lixo, porco imundo." O homem amarrada cuspiu na cara do líder. "Você vai dizer, onde escondeu o nosso dinheiro ou você ira se arrepender." Disse outro, batendo na nuca do prisioneiro. " Vão a merda. Vocês não merecem aquele dinheiro. Me matem. Você mataram uma criança inocente." "Você tinha concordado em invadir a casa." "Eu concordei, mas matar pessoas não era o combinado. Nós só tínhamos que entrar rapidamente, e sair com o dinheiro, simples, sem sangue, sem armas." "Onde você escondeu o dinheiro? Essa é a última vez que perguntou."
Na casa do velho eles não conversaram como ele havia dito para ela, quando esta chorava na calçuda. Ao contrário do que havia dito, logo que chegaram a sala e sentaram-se no sofá, ele começou a passar a mão pela coxa da menina e ofereceu 500 dólares se ela fizesse tudo que ele mandasse sem gritar e sem contar a ninguém. Ela
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precisava do dinheiro e aceitou. Fechou os olhos e fingiu que nada daquilo estava acontecendo. Ela pensava que aquela noite aconteceria um dia e seria especial, com um príncipe, com alguém que realmente amasse, no entanto seu corpo estava sendo possuído como se fosse o corpo de um animal, por um velho gordo e fedorento que não parava de gritar. Ele a tocava e a lambia, como faz um porco, em lugares em que nunca antes alguém além dela havia visto. Ela chorava, estava com medo e envergonhada, mas ele não dava atenção a isso, só queria terminar o que tinha começado, tirar a inocência da menina que agora se tornava moça contra sua vontade. Quando terminou o "monstro" estava cansado, afinal ele era velho e ela jovem, adormeceu; enquanto ela continuava a chorar, pensando. " Nem tudo é como nós imaginamos, mas fiz isso para ajudar meu irmão." Na manhã seguinte o velho a expulsou da mansão, dando a ela o dinheiro e dizendo que se ela contasse o que aconteceu aquela noite para alguém ele a mataria.
Deitados na cama, abraçados, após a maravilhosa noite que tiveram, conversavam. "Como você pode ter essa vida, você merece muito mais. Você acreditaria se eu dissese que a muito tempo vejo você naquela esquina e sempre fui apaixonado por você." Ela o abraçou com mais força aproximando o máximo que pode os dois corpos. " Por favor, nunca me deixe." "Nunca. Vou te tirar desse buraco, vamos para a Europa, China, vou te compensar a felicidade que você nunca teve." "Como você sabe que nunca fui feliz?" "Posso ver em seus olhos, sentir em seus beijos e escutar no seu coração. Triste são as pessoas que nunca foram amadas." Começaram a se beijar, o luar penetrava pela janela, mas não ousava atrapalhar a noite do casal. Enquanto eles se amavam, ouviu-se o barulho de alguém tentando arrombar a porta do quarto. Eles se assustaram. "Entre dentro do armário." Ele disse. Outro barulho na porta. Ela correu para o armário, ele a seguiu. "Esses homens querem a mim, eu prometi que te tiraria dessa vida." Ele disse. Outra batida na porta. "Quando tudo terminar, vá até o cais, no jardim atrás do farol há uma rosa, cave nesse local. “Eu te amo." "Você disse que nunca me deixaria." Ele fechou a porta do armário, quando o quarto foi invadido por três homens.
Eles continuaram ameaçando o prisioneiro, até que o líder que estava com uma arma em sua cabeça, puxou o gatilho; o prisioneiro caiu no chão junto ao lado da cadeira, sangue foi espalhado por todo o quarto.
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A mulher deitou no chão do armário, para abafar o barulho do choro. A primeira pessoa que tinha a amado foi morta na sua frente, ela não podia aceitar isso. "Por quê você fez isso? Agora como vamos encontrar o dinheiro.'' Perguntou um dos homens ao líder. "Não se preocupe, vamos encontrá-lo, mais cedo ou mais tarde." Os três saíram do quarto, deixando o corpo do homem estendido no chão. Ela esperou alguns instantes, saiu do armário e correu até o corpo do homem que a amou. Ela deitou seu corpo sobre o dele e o abraçou bem forte. Ela chorava. O barulho da sirene do carro de policia estava se aproximando. Ela tinha que sair do hotel, caso contrário os policiais iriam incriminá-la pelo assassinato, afinal ela era uma prostituta. Vestiu-se e saiu pela escada de incêndio que levava a um terreno abandonado atrás do prédio. Deixou o hotel sem olhar para trás, rumando em direção ao cais.
Ela foi até o farol encontrou a única rosa do jardim atrás dele e cavou. Encontrou uma bolsa, estava molhada devido a forte chuva que ocorria. Abriu a sacola, estava cheia de dólares, ela imaginou que haveria cerca de um milhão de dólares. Ela estava triste, tinha ficado rica, poderia ir para a Europa, ter uma vida normal, seu corpo não seria mais tratado como um objeto; entretanto o homem que amava estava morto, ele cumpriu a promessa de tirá-la daquela vida, mas mentiu ao prometer que nunca a deixaria. Ela se levantou, estava se afastando do farol, quando viu o farol de um carro se aproximando até parar a cerca de cem metros dela. Um homem desceu, a chuva estava forte ela não pode reconhecer quem era. "Jogue a sacola. E nós não a machucaremos." Ela não pode ver o rosto, mas reconheceu a vós, era o líder. Ela não jogou a sacola. Ele disparou alguns tiros. E disse que se ela não joga-se ele mata-la-ia. Ela lembrou-se do que ele fez com o homem amarrado e jogou a sacola. O homem entrou no carro e os faróis se afastaram. Deixando a mulher molhada, sozinha e no escuro. Na noite do dia seguinte, ela estava outra vez na mesma esquina do mesmo beco sem saída, onde passou toda a vida. Esperando um cliente.
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