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Aula 08 Liderança Objetivos da aula: Nosso objetivo de hoje é discutir a questão da liderança nos grupos e sua possível influência sobre o desempenho das organizações: • • •
Definir liderança e líder; Analisar a questão da liderança formal (organização) e “informal”; Refletir sobre a liderança eficaz em termos dos objetivos organizacionais.
Prosseguindo com o nosso estudo sobre o comportamento dos grupos e sua influência sobre o desempenho das organizações, enfocaremos hoje a questão da liderança. Nossos objetivos são estudar os principais conceitos sobre liderança no trabalho e refletir sobre o efeito da liderança sobre o comportamento dos grupos. Diversos autores têm abordado o tema da liderança nas organizações. A liderança é reconhecidamente um dos principais papéis do administrador; nem sempre, porém, as lideranças reconhecidas pelos grupos correspondem ao esquema organizacional. Grupos informais geralmente desenvolvem lideranças próprias, que podem ter grande influência sobre os comportamentos na organização. Como se estabelecem as lideranças? Como se mantêm? Qual a relação entre liderança e motivação? Como os líderes influenciam as pessoas Faculdade On-line UVB
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(liderados) e por sua vez o desempenho e evolução da organização? “A habilidade de um líder está em levar as pessoas de onde elas estão para onde elas nunca estiveram”.(Henry Kissinger) Por que? E principalmente: Para que?
O que é liderar O termo “liderança” evoca a idéia de comando ou controle de um indivíduo sobre os seus seguidores, tendo como base um conjunto de traços pessoais. Este fenômeno surge toda vez que pessoas se reúnem em grupo, seja esse formal ou informal. Visualizarmos um líder como uma pessoa que possui algumas características, tais como: confiança, solidez, sensatez, sobriedade, ética, etc. A estrutura de uma organização exige a divisão de tarefas, a serem executadas por diversas pessoas em suas respectivas categorias de cargo. Estas pessoas (funcionários) compõem o funcionamento total da organização e se deparam com os mais variados tipos de situações no seu cotidiano, algumas das quais não conhecem (ou para as quais não estão preparadas). Faz-se então necessária uma liderança que ofereça as diretrizes para estas situações, buscando a máxima eficiência e agilidade nos processos da organização. A questão da liderança tem atraído a atenção dos estudiosos da psicologia e da administração, buscando compreender seus mecanismos e estabelecer sua eficácia nas organizações. Apesar do acúmulo de estudos nessa área, os resultados têm sido pouco conclusivos. As primeiras investigações sistemáticas sobre a liderança centraram-se na procura de um conjunto de traços universais que distinguiriam o líder dos seus seguidores. Estes estudos pioneiros isolaram duas variáveis ou dimensões que determinariam a liderança eficaz, a consideração (aspectos humanos) e a estrutura (aspectos técnicos). O estilo ideal seria aquele em que o Faculdade On-line UVB
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líder apresentasse alta consideração (relacionamento e comunicação) e alta estruturação (papel ativo no planejamento e direcionamento do grupo). A partir deste modelo surgiram outros, todos com um ponto em comum: a busca de estilos ideais. Todos esses modelos focalizavam a relação chefe/subordinado dentro do contexto da organização, partindo do pressuposto de que o líder pode adquirir as habilidades requeridas pela liderança eficaz através do treinamento.
Tipos de liderança A capacidade de liderar (influenciar, persuadir e motivar) está ligada ao poder que se percebe no líder, seja este decorrente do cargo e/ou de uma combinação de características pessoais do líder. Assim sendo, podemos definir os seguintes tipos: •
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Liderança Coercitiva: A influência se deve predominantemente ao poder de coerção (a habilidade de influenciar através da potencial punição) e de posição (cargo), sendo, portanto, baseada no temor. Liderança Controladora: Esse estilo de liderança se apóia mais no poder de posição e de recompensa, embora use episodicamente o poder de coerção. Esse é utilizado de forma mais sutil, sob a forma de manipulação material ou emocional. Liderança baseada na especialização: O grupo aceita a liderança em função da capacidade técnica do líder, que serve como orientação para os membros. Liderança referencial: Baseada na atuação e no apelo. O líder é admirado em função de um conjunto de traços de personalidade (“carisma”) que lhe conferem a capacidade de influenciar os seus seguidores.
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Podemos definir liderança como “uma tentativa, no âmbito interpessoal, dirigida por um processo de comunicação, para a consecução de metas” (Fleishman e Hunt). Esta definição enfatiza os seguintes aspectos: • •
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a liderança envolve o uso da ; todas as relações interpessoais podem envolver lideranças. a comunicação tem grande importância no processo de liderança; a clareza e a exatidão da comunicação afetam a conduta dos liderados. a consecução de metas é a medida da liderança eficaz, seja do ponto de vista da organização, seja do próprio grupo.
Objetivos de liderança A liderança potente é uma questão de estar consciente do que está acontecendo no grupo e agir apropriadamente. Ações específicas são menos importantes do que a clareza e a consciência do líder. É por essa razão que não existem exercícios ou fórmulas que garantam uma liderança bem-sucedida. Os objetivos da liderança devem ser analisados em termos da sua influência sobre a produtividade, o absenteísmo, a rotatividade e a satisfação com o trabalho. Assim, podemos afirmar que as lideranças nas organizações devem buscar: • • • • • •
demonstrar a importância de cada funcionário para a empresa alcançar seus objetivos; proporcionar aos funcionários satisfação profissional e pessoal; estimular cada funcionário a buscar o máximo desempenho na suas funções; fazer cumprir as normas da organização; trabalhar com opiniões contraditórias, no sentido de obter compromissos com as metas organizacionais; elaborar e implantar um sistema de incentivos ou recompensas. Faculdade On-line UVB
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Os que ocupam posições de liderança não são capazes, por si só, de determinar o curso dos acontecimentos. Fazem parte de um amplo sistema de interações que envolvem as características, necessidades e reações dos liderados, a natureza do relacionamento com outros líderes, o clima organizacional, as políticas administrativas, a natureza da atividade e seus objetivos, a estrutura organizacional e as condições do meio ambiente onde a organização está inserida. Todos esses aspectos interferem na criação de padrões de comportamento e relacionamento entre as pessoas, de valores, expectativas, normas formais e informais e de reações que se combinam dinamicamente, condicionando o desempenho da organização.
Estilos de liderança Cada organização desenvolve determinadas características culturais próprias e procura selecionar pessoas, cuja maneira de ser e atuar sejam compatíveis com essas características. Quanto mais o comportamento do indivíduo se assemelhar ao “ideal” de uma determinada organização, maiores serão as suas chances de ascender posições hierarquicamente mais elevadas. Conforme as características da organização, certos estilos de liderança são mais valorizados do que outros. Uma idéia comum é a classificação dos estilos de liderança em um “continuum” indo do estilo autocrático (o gerente toma todas as decisões) ao democrático (o grupo participa ativamente das decisões) até o liberal (o gerente transfere a decisão para o grupo). Conforme a autoridade do líder é reduzida, aumenta a autonomia dos colaboradores e vice-versa (modelo de Tannenbaum e Schmidt). Uma visão mais moderna retoma o mesmo conceito e apresenta a divisão:
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liderança orientada para a tarefa (autocrática): o gerente se preocupa mais com a tarefa do que com o grupo. Tende a focalizar o trabalho, o cumprimento de metas e a superação de padrões e enfatiza fortemente a distribução de tarefas e responsabilidades individuais. No extremo, torna-se um ditador. liderança orientada para as pessoas (democrática): o gerente se preocupa mais com as pessoas do que com as tarefas. Tende a focalizar indivíduos e os relacionamentos, ouve opiniões, é amigável. No extremo, pode tornar-se omisso.
Pesquisas mais recentes têm apontado para a possibilidade de compatibilizar tarefa e pessoas, em uma assim chamada liderança bidimensional, que poderá maximizar a eficácia da liderança em termos de consecução de metas organizacionais e satisfação dos colaboradores. Um dos trabalhos de maior repercussão nesta linha de pesquisa foi realizado por Blake e Mouton ao longo das décadas de 1960 e 70.
O grid de Blake e Mouton De acordo com o modelo de Blake e Mouton, existem 5 tipos básicos de líder: 1) Líder-tarefa: preocupação máxima com a produção e mínima com as pessoas caracteriza o líder que utiliza a autoridade para alcançar resultados. Este líder, em geral, age de maneira centralizadora e controladora. 2) Líder-pessoas: preocupação máxima com as pessoas e mínima com a produção caracteriza o líder que faz do ambiente do trabalho um clube campestre. Este líder busca sempre a harmonia de relacionamentos, mesmo que tenha que sacrificar a eficiência e a eficácia do trabalho realizado. Faculdade On-line UVB
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3) Líder negligente: preocupação mínima com a produção e com as pessoas caracteriza o líder que desempenha uma gerência empobrecida. Este tipo de líder, em geral, adota uma postura passiva em relação ao trabalho, fazendo o mínimo para garantir sua permanência na organização. 4) Líder “meio-termo”: preocupação média com a produção e com as pessoas caracteriza o líder que vê as pessoas no trabalho dentro do pressuposto do homem organizacional. Este tipo de líder busca o equilíbrio entre os resultados obtidos e a disposição e ânimo no trabalho. 5) Líder-equipe: máxima preocupação com a produção e com as pessoas caracteriza o líder que vê no trabalho em equipe a única forma de alcançar resultados, estimulando assim, a máxima participação e interação entre seus subordinados na busca de objetivos comuns. Blake e Mouton caracterizaram este último estilo como o mais apropriado para o atingimento dos objetivos das organizações. Entretanto, pesquisas empíricas têm revelado que nem sempre este tipo de estilo de liderança é o mais indicado para a eficiência e eficácia dos resultados.
Liderança eficaz Liderança, como já foi visto, é um fenômeno relacional; os atos influenciais geram reações nos liderados e essas, por sua vez, estimulam respostas nos líderes. Líder e liderados atuam num cenário dinâmico de interações, intenções e finalidades limitadas pela organização. Uma boa alternativa para a análise da eficácia dos estilos de liderança, seria compará-los em termos da energia despendida por líder e liderado em função do grau de envolvimento desse último. Lideranças coercitivas desperdiçam cronicamente essa energia, controlam desnecessariamente, impedindo o envolvimento das Faculdade On-line UVB
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pessoas. No caso da liderança controladora, embora a energia despendida seja menor e a forma de controle mais formal e impessoal, baseada em normas e procedimentos, há uma pressão difusa que impede o livre pensar e iniciativa. Na liderança orientadora, a energia dispendida é menor do que nas anteriores, sendo o mesmo verdadeiro para o grau de controle exercido sobre os liderados. Essa assume a forma de acompanhamento, supervisão, orientação e esclarecimentos periódicos. Os relacionamentos face a face tendem a ser mais freqüentes, baseandose mais no poder de conhecimento e conexão do que na posição de recompensa. A liderança integradora atua por emulação, identificação e exemplo absorvidos voluntariamente pelo liderado, eliminando assim a necessidade de controle do líder. A ausência de controle tende a facilitar e a estimular a elevação do nível de envolvimento do liderado. O exercício do controle pode influenciar o grau de envolvimento dos membros de uma organização, desde a alienação (envolvimento negativo) até o compromisso (envolvimento positivo). Embora não haja consenso entre os estudiosos a respeito da liderança eficaz e das múltiplas variáveis que nela intervêm, todos concordam num ponto central: sua importância para o desenvolvimento e a sobrevivência das organizações de qualquer tipo, particularmente as empresas em ambientes competitivos.
Referências Bibliograficas ROBBINS, Stephen P. – Comportamento Organizacional – São Paulo – Prentice Hall, 2002 MAXIMIANO, A.C.A. – Introdução à Administração – São Paulo, Atlas, 2000 Faculdade On-line UVB
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GIBSON, IVANCEVITCH E DONELLY – Organizações: Comportamento, Estrutura, Processos – São Paulo - Atlas, 1981
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