FISIOLOGIA DO ENVELHECER
Fisiologia Definição A fisiologia (do grego physis = natureza e logos = palavra ou estudo) é o ramo da biologia que estuda as múltiplas funções mecânicas, físicas e bioquímicas nos seres vivos. Sinteticamente,a fisiologia estuda o funcionamento do organismo.
FISIOLOGIA DO ENVELHECER
Adaptações Fisiológicas Temperatura, altitude, alimentação, exercício, envelhecer
O organismo humano está em constante desequilíbrio com o meio externo. Por isso, em cada situação particular (calor, umidade), tende a adaptar o meio interno às necessidades de suas células.
FISIOLOGIA DO ENVELHECER
Homeostasia Homeostase é a propriedade dos seres vivos de regular o seu ambiente interno de modo a manter uma condição estável, mediante múltiplos ajustes controlados por mecanismos de regulação interrelacionados. A homeostase (homeo = igual; stasis = ficar parado) é uma condição na qual o meio interno do corpo permanece dentro de certos limites fisiológicos.
Do ponto de vista Fisiológico ológico
Envelhecimento consiste num encolhimento e num gradual declínio de todas as estruturas e funções fisiológicas, que estão predefinidas pelo nosso relógio biológico.
Envelhecimento Patológico (Senilidade) Refere-se ao envelhecimento na presença de traumas e doenças que “desviam” a curva de capacidade para baixo. • Diabetes mellitus por Obesidade • Osteoartrose por esforço repetitivo • DPOC por tabagismo Hábito + Genética = Patologia Patologia + Envelhecimento Usual = Envelhecimento Patológico
Envelhecimento Saudável X Envelhecimento Patológico
Envelhecimento Saudável
Envelhecimento Patológico Incapacidade
Infância
Adulto
Velhice
Indivíduo PESSOA Humanização ou Conscientização (Para quê?) “Conhece-te a ti mesmo” ESFORÇO PESSOAL
Idade cronológica
↓ VULNERABILIDADE ↑ Reserva homeostática
Liberdade Plena Aceitação da realidade e maior tolerância à dor
O envelhecimento fisiológico é dividido em: • Envelhecimento usual: apresenta prejuízos significativos, mas não são qualificados como doentes; • Envelhecimento Bem Sucedido: perda fisiológica mínima, com preservação da função robusta em uma idade avançada. O processo de envelhecimento é “puro”, isento de danos causados por hábitos de vida inadequados, ambientes inapropriados e doenças.
Infância e adolescência
Adultez
Velhice
Envelhecimento patológico do organismo
Limiar de Incapacidade Psiquismo infantil Idade
Autor: Prof. Edgar Nunes de Moraes
Infância e adolescência
VELHICE
Adultez
PSIQUISMO
ORGANISMO
Limiar de Incapacidade
Idade Autor: Prof. Edgar Nunes de Moraes
Grandes Síndromes Geriátricas Bio-Psico-Sociais Incapacidade Cognitiva
Insuficiência Familiar
Imobilidade
Indiferença
Instabilidade Postural
Isolamento Social
Incontinência Urinária
Institucionalização
Iatrogenia
Durante este período acontecem a adaptações ao envelhecimento, à perda de forças físicas e à maior fragilidade da saúde, ocorrendo estabelecimento de novas formas de viver e de relacionar-se com as pessoas. com essoas.
FISIOLOGIA DO ENVELHECER
. Adaptações dos Sistemas Fisiológicos • • • • • •
Composição corporal / Nutrição / Antropometria Metabolismo hidroeletrolítico Imunossenescência Termorregulação Órgãos dos sentidos (visão e audição) Estruturas envolvidas na voz, fala, motricidade oral e cavidade oral
FISIOLOGIA DO ENVELHECER
•Pele e anexos •Sistema endócrino •Sistema cardiosvascular •Sistema respiratório •Sistema gênito-urinário •Sistema gastrointestinal •Sistema nervoso
Porque envelhecemos?
Teorias do Envelhecimento Envelhecimento Biológico Teorias Estocásticas 1. Teoria do “Uso-Desgaste”: O envelhecimento e a morte seriam resultado da constante exposição dos diversos tecidos às injúrias ambientais. 2. Teoria das “Proteínas Alteradas”: O envelhecimento derivaria do acúmulo de proteínas que tiveram “erros” nos processos de transcrição .
Teoria das “Mutações Somáticas:
O envelhecimento seria conseqüência do acúmulo de mutações somáticas com o avançar da idade, alterando a função dos diversos órgãos corporais.
.
Teoria da “Desdiferenciação”: A célula perderia a diferenciação, ou parte dela, e passaria a produzir proteínas e produtos celulares exógenos aquele tecido Quebra da Homeostase
Teoria do “Erro Catastrófico” Falhas no aparato protéico de célula causariam a ação errônea da proteína no ambiente celular, mesmo com a integridade do códon.A somatória desses erros chegaria a um ponto incompatível com a vida Morte.
Teoria do “Dano Oxidativo e Radicais Livres”: O envelhecimento seria resultante da sobreposição dos mecanismos lesivos sobre os reparadores.
FISIOLOGIA DO ENVELHECER
Teoria do “Acúmulo de Detritos” Lipofuscina”: O acúmulo de detritos no interior da célula, sem turnover do mesmo, geraria o envelhecimento e morte celular
Teoria da “Mudança pós-tradução em proteínas” Modificações químicas em proteínas importantes, como colágeno e elastina, afetariam a constituição e função dos tecidos
Teorias Sistêmicas Teorias Sistêmicas
Teoria da “Taxa de Vida”: Quanto mais lento o metabolismo de um ser, maior sua longevidade.
Teoria do “Dano Mitocondrial”: Dano do Oxigênio sobre a Mitocôndria levando a uma menor eficiência respiratória da mesma.
Teoria Genética Apoptose: Morte celular programada, ativada por fatores extra celulares.
Fagocitose: Proteínas anormais de superfícies tornariam as células “no self” e, consequentemente, seriam eliminadas.
Teorias Neuroendócrinas: Desregulação dos sistemas neuroendócrinos afetando a Homeostase.
Teoria Imunológica: Alterações qualitativas e quantitativas no sistema imunológico levariam a perda da Homeostase.
Conclusão Nenhuma das teorias, sozinha, consegue explicar todos os passos deste complexo processo que é o envelhecer. Em cada uma delas encontramos “pedaços” da “verdade” biológica do envelhecer. .
“Nem todo mundo me trata como velho. Acho graça disso. Por quê? Porque um velho nunca se sente velho. Compreendo, a partir dos outros, o que a velhice implica para aquele que a olha de fora.
Mas eu não sinto a minha velhice, logo, a minha velhice não é algo que, em si mesmo, me ensine alguma coisa. O que me ensina alguma coisa é a atitude dos outros em relação a mim [...].
A velhice é uma realidade minha que os outros sentem; eles me vêem e dizem “este velho senhor”; são amáveis porque vou morrer logo, e são também respeitosos, etc.; os outros é que são a minha velhice.” (Sartre; Levy, 1992. p.37)
ENVELHECIMENTO CELULAR
Redução tetravalente do oxigênio molecular na mitocôndria até a formação de água. Várias espécies reativas de O2 são formadas no processo.
Fontes endógenas: -Respiração aeróbica; -Inflamações; -Peroxissomos; -Enzimas do citocromo P450. Fontes exógenas: -Ozônio; -Radiações gama e ultravioleta; -Medicamentos; -Dieta; -Cigarro.
Algumas fontes de antioxidantes na dieta. Alimento
Antioxidante
Alimento
Mamão
-Beta-caroteno Uva
-Ácido elágico
Brócolis
-Flavonóides
Salsa
-Flavonóides
Laranja
-Vitamina C
Morango
-Vitamina C
Chá
-Catequinas
Curry
-Curcumina
Vinho
-Quercetina
Noz
-Polifenóis
Cenoura
-Beta-caroteno Espinafre
-Clorofilina
Tomate
-Carotenóides
-Taninos
Repolho
Antioxidante
ENVELHECIMENTO DAEnvelhecimento PELE
Cutâneo
- Achatamento das papilas dérmicas
-Reduzida proliferação basal dos queratinocitos
-Perda de aproximadamente 20 % da espessura da derme
O colágeno fica mais estável com a idade. O que causa um aumento na rigidez e na perda de elasticidade do tecido conjuntivo.
O decréscimo da atividade enzimática celular dos fibroblastos torna mais lenta a cicatrização no idoso.
Scanning electron micrograph of skin epithelial cells
O foto-envelhecimento consiste nas mudanças na aparência e nas funções da pele como resultado direto da exposição à radiação ultravioleta do sol ao longo da vida.
Coloured electron micrograph (SEM) of epidermal skin cells after sunburn.
O foto-envelhecimento é caracterizado por rugas, amarelamento, aspereza, atrofia, pintas pigmentadas , máculas amarronzadas e vasodilatação.
A epiderme torna-se seca, flácida e muito fina como decréscimo do tamanho do queratinócito.
Os melanócitos declinam numa taxa de 10 % por década.
O cabelo torna-se branco e aproximadamente 50% das pessoas com idade em torno dos 50 anos.
A perda de cabelo na região frontal e temporal nos homens inicia-se entre o fim da adolescência e o fim da terceira década . A menopausa nas mulheres pode causar perda de cabelo.
SISTEMA NERVOSO
Massa cerebral diminuída.
Aumento do percentual de líquido cerebroespinhal.
•Redução progressiva do número de neurônios cerebrais • Degeneração vascular amilóide; • Aparecimento de placas senis e degeneração neurofibrilar; • Comprometimento da neurotransmissão dopaminérgica e colinérgica. • Lentificação da velocidade da condução nervosa
Fluxo sangüíneo cerebral alterado.
Alterações sinápticas.
•Redução da atividade motora(reflexos posturais). •Alteração da pressão arterial
Sono
Alterações no sono de ondas lentas.
Aumento de despertares.
Percepção
Visão
•Achatamento da superfície da córnea. •Alterações no cristalino. •Perda de elementos da retina e sistema de processamento neuronal.
VISÃO NORMAL
Catarata
Degeneração da mácula
Glaucoma
Audição
•Perda da elasticidade da membrana basilar; •Perda de receptores sensoriais; •Perda de neurônios do 8º nervo;
Aumento da viscosidade e ph da saliva.
Gustação
Perda crescente de receptores no epitélio nasal. Olfato
•Perda de corpúsculos de Meissner; •Redução de terminais nervosos; •Pele menos deformável; Somestesia
SISTEMA CARDIOVASCULAR
O ENVELHECIMENTO DOS VASOS diminui elasticidade do vaso; acúmulo intra e extracelular de lipídeos; calcificação. deposição de tecido adiposo
O ENVELHECIMENTO DO CORAÇÃO • Tecido de condução: perda gradual de fibras marca-passo • Valvas tornam-se mais rígidas • Miocárdio:espessamento da parede ventricular • Esqueleto fibroso: calcificação
ATEROSCLEROSE • Formação de placas (ateromas) • Calibre do vaso diminuído • Coração e cérebro: geralmente fatal
VARIZES
• Dilatações ou tortuosidades • Veias perdem elasticidade • Disfunção das válvulas • Geralmente em membros inferiores • Em geral a partir dos 30 anos
SISTEMA RENAL
• Redução do número de néfrons e da quantidade total de tecido renal. •Os vasos sanguíneos tornam-se rígidos
• Bexiga menos elástica com o envelhecimento •Obstrução uretra
Problemas comuns com o efeito do envelhecimento: • Incontinência;
• Retenção urinária; • Insuficiência renal; • Câncer de próstata; • Infecções urinárias.
•
•A disfunção erétil NÃO é uma conseqüência inevitável do envelhecimento normal. • Ocorre em 15 a 25% dos idosos maiores de 65 anos e em 50% dos homens maiores de 80 anos.
• Causas emocionais, endócrinas, vasculares, neurológicas e drogas devem ser investigadas.
TUBO DIGESTIVO GLÂNDULAS ANEXAS
Problemas Odontológicos
Redução do paladar
ESÔFAGO
ESTÔMAGO • Alterações estruturais • Declínio na secreção ácida • Esvaziamento gástrico retardado
SISTEMA RESPIRATÓRIO
Logo após o nascimento...
formação acelerada de alvéolos e capilares
Lentificação em torno dos oito anos de idade...
o crescimento ocorrerá por aumento de volume
Na adolescência...
20 a 25 anos...
Fase de maturação Fase de platô término do crescimento
Redução de 20%
dos parâmetros funcionais no idoso
Modificações nos pulmões.
Diminuição do tamanho das vias aéreas
Estreitamento de bronquíolos Aumento de ductos alveolares
Achatamento dos sacos alveolares
PAREDE TORÁCICA
Osteoporose e Osteoartrose
Calcificação das cartilagens condroesternais.
Alterações nas articulações costovertebrais.
Músculos Respiratórios
Substituição do tecido muscular
por tecido gorduroso
Maior participação do diafragma e dos músculos abdominais...
Menor participação dos músculos torácicos
O volume de ar inspirado contido no espaço morto aumenta de 1/3 para ½ do volume corrente. O fechamento prematuro das pequenas vias aéreas ocasiona uma desproporção na relação ventilação/perfusão.
complacência torácica força dos músculos respiratórios complacência pulmonar
redução da capacidade vital
O mecanismo de clareamento encontra-se reduzido...
Atrofia do epitélio colunar ciliado Atrofia das glândulas da mucosa brônquica
SISTEMA ESQUELÉTICO • Sustentação
• Mobilidade
• Proteção
• Síntese • Armazenamento
REMODELAÇÃO ÓSSEA
MASSA ÓSSEA
osteoclasto
Maior pico de massa óssea na terceira década de vida
OSTEOPENIA Formação óssea
Degeneração óssea osteoclasto
Light micrograph of a section through osteoclasts in bone.
CONSEQÜÊNCIAS DO ENVELHECIMENTO
• Perda de massa óssea • Maior risco de fraturas • Alterações na postura e no caminhar
OSTEOPOROSE OMS: •1/3 das mulheres brancas acima dos 65 anos são portadoras de osteoporose •homens brancos acima de 60 anos têm 25 % de chance de ter uma fratura osteoporótica.
FRATURAS COMUNS
• ossos da pelve • coluna • punho • costelas
PREVENÇÃO DA OSTEOPOROSE
OSTEOARTRITE
cartilagem
•Desgaste da cartilagem •Após os 55 anos, é mais comum em mulheres • Tratamento: minimizar a dor
OSTEOARTRITE
OSTEOARTRITE • • •
Dor perda da flexibilidade perda da mobilidade
Raio-X colorido de quadril de homem de 70 anos com osteoartrite
SISTEMA MUSCULAR
SARCOPENIA • A massa muscular diminui • As fibras musculares diminuem em 20% • Há redução das unidades motoras
CONSEQÜÊNCIAS DA SARCOPENIA
ENVELHECIMENTO DO SISTEMA IMUNE
REGRESSÃO DO TIMO
• na
meia idade tem 15% do tamanho original
DIMINUIÇÃO DA FUNÇÃO IMUNE •Risco de infecção e câncer
DOENÇAS AUTO-IMUNES
Cartilagem danificada pela artrite reumatóide
“Predomina a idéia de que a velhice é uma sentença da qual se deve fugir a qualquer custo – até mesmo nos mutilando ou escondendo. [...]
Isso se manifesta até na pressa com que acrescentamos como desculpa: “sim você está, eu estou velho aos 80 anos, mas... jovem de espírito”. [...]
Vou detestar se, ficando velha, alguém quiser me elogiar dizendo que tenho espírito jovem. Acho o espírito maduro bem mais interessante.” Perdas e ganhos, Lya Luft (2003)