Aula 7

  • November 2019
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  • Words: 2,453
  • Pages: 45
Gestão de riscos urbanos

VEYRET, Yvette (org.). Os riscos: o homem como agressor e do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 2007

vítima

“O risco, objeto social, define-se como a percepção do perigo, da catástrofe possível. Ele existe apenas em relação a um indivíduo e a um grupo social ou profissional, uma comunidade, uma sociedade que o apreende por meio de representações mentais e com ele convive por meio de práticas específicas”

VEYRET, Yvette (org.). Os riscos: o homem como agressor e do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 2007

vítima

“Não há risco sem uma população ou indivíduo que o perceba e que poderia sofrer seus efeitos. Correm-se riscos, que são assumidos, recusados, estimados, avaliados, calculados. O risco é a tradução de uma ameaça, de um perigo para aquele que está sujeito a ele e o percebe como tal”



O risco de acidentes associados a escorregamentos e processos correlatos é um “fenômeno” do ambiente urbano brasileiro dos últimos vinte anos

Grandes acidentes do passado LOCAL

DATA

N.º DE MORTES

Santos (SP)

Março de 1928

80

Vale do Paraíba do Sul(MG/RJ)

Dezembro de 1948

250

Santos (SP)

Março de 1956

64

Rio de Janeiro (RJ)

1966

100

Caraguatatuba (SP)

Março de 1967

120 (?)

Serra das Araras/ Rio de Janeiro (RJ)

Janeiro de 1967

1700

Santos (SP)

Dezembro de 1979

13

Grandes acidentes do passado LOCAL

DATA

N.º DE MORTES

São Paulo (SP)

Junho de 1983

8

Salvador (BA)

Abril de 1984

17

Rio de Janeiro (RJ)

Março de 1985

23

Salvador (BA)

Abril de 1985

35

Vitória (ES)

1985

93

Rio de Janeiro (RJ)

Fevereiro de 1988

82

Petrópolis (RJ)

Fevereiro de 1988

171

Salvador (BA)

Maio de 1989

67

Recife (PE)

Junho-Julho de 1990

15

Grandes acidentes do passado LOCAL

DATA

N.º DE MORTES

Blumenau (SC)

Outubro de 1990

14

Contagem (MG)

Março de 1992

36

Salvador (BA)

Junho de 1995

58

Rio de Janeiro (RJ)

Fevereiro de 1996

59

Recife (PE)

Abril de 1996

42

Ouro Preto (MG)

Janeiro de 1997

13

Campos de Jordão (SP)

Janeiro de 2000

10

São Paulo (SP)

Fevereiro de 2000

13

Estado do Rio de Janeiro

Dezembro de 2001/janeiro de 2002

65

VEYRET, Yvette (org.). Os riscos: o homem como agressor e do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 2007

vítima

• “ a crise ou a catástrofe deve ser gerenciada na urgência pelos serviços de socorro, no contexto de planos definidos de antemão, ao passo que o risco exige ser integrado às escolhas de gestão e às políticas de organização dos territórios.”

O que despertou a “percepção” do risco? • Constituição Federal de 1988 - novas atribuições e reordenamentos da gestão nos níveis estaduais e municipais • Importantes contribuições do meio técnicocientífico para o melhor entendimento do ambiente físico e das interferências antrópicas na revisão e elaboração das Constituições Estaduais, Leis Orgânicas Municipais e Planos Diretores

O que despertou a “percepção” do risco? • A emergência ou explicitação da “crise urbana” • A ocorrência de grandes e/ou frequentes acidentes e sua inclusão no conjunto de problemas da “crise urbana” • A associação dos acidentes à precariedade (de planejamento urbanístico, de infra-estrutura básica, de serviços públicos) e à exclusão social e espacial dos ambientes onde ocorrem estes acidentes

O que despertou a “percepção” do risco? Experiências pioneiras e localizadas de gestão de risco urbano associado a escorregamentos IPT-IG- Plano Preventivo de Defesa Civil para Cubatão, Baixada Santista e Litoral Norte (MACEDO et al., 1999) GEO-RIO – Cartografia de risco / Alerta Rio/ Obras (AMARAL, 1996) Recife – “ação integrada contra riscos geológicos em morros urbanos” (GUSMÃO FILHO, 1995; ALHEIROS, 1998) Belo Horizonte – Plano Estrutural de Áreas de Risco (CARVALHO, 1996; URBEL)

O que despertou a “percepção” do risco? Experiências pioneiras e localizadas de gestão de risco urbano associado a escorregamentos: • Grupo de Morros – Administração Regional dos Morros de Santos (NOGUEIRA, 2002) • Mapeamento de riscos das favelas em SP (CERRI & CARVALHO , 1990) • Plano Integrado de Engenharia Ambiental em Juiz de Fora, MG (MATTES et al., 1986)

O que despertou a “percepção” do risco? Década Internacional de Redução de Desastres Naturais – DIRDN 1. Conhecimento (identificação e análise) dos riscos 2.Planejamento e implementação de intervenções para redução dos riscos identificados 3. Monitoramento permanente e prevenção de acidentes, especialmente nos períodos chuvosos 4. Informação pública e capacitação para prevenção e autodefesa

O Estatuto da Cidade Lei federal n. º 10.257, de 10 de julho de 2001 “I - Garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações; IV. Planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente; VI. Ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar (...) a poluição e a degradação ambiental. XIV. Regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais; (...)

Ministério das Cidades2003

Programa de Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precários

Ação de Apoio à Prevenção e Erradicação de Riscos em Assentamentos Precários.

Ação de apoio a programas municipais de redução e erradicação de riscos- MCidades • Planos municipais de redução de riscos (PMRR) • Projetos de obras de contenção de encosta • Capacitação de equipes municipais

PMRR • identificação e análise de riscos; • o levantamento e análise da legislação urbana e ambiental incidente sobre as áreas estudadas e suas conseqüências nas propostas para redução dos riscos; • a proposição de intervenções estruturais para redução dos riscos identificados; • a estimativa de custos para cada uma das intervenções estruturais indicadas; • a proposição de uma escala de prioridades para tais intervenções

PMRR • a proposição de ações não estruturais para o gerenciamento dos riscos identificados; • a identificação de fontes de recursos potenciais e de projetos compatíveis para implantação das intervenções prioritárias para redução de risco. • a sugestão de propostas estratégicas para a erradicação dos riscos estudados no município ; • Realização de audiência pública para validação das propostas e pactuação das responsabilidades

PMRR MG

Prefeitura de Belo Horizonte

PE

Prefeitura de Cabo de Santo Agostinho

PE

Prefeitura de Camaragibe

PE

Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes

PE

Prefeitura de Olinda

PE

Prefeitura de Paulista

PE

Prefeitura de Recife

PE

Prefeitura de São Lourenço da Mata

RJ

Prefeitura de Niterói

RJ

Prefeitura de Petrópolis

RJ

Prefeitura de Rio de Janeiro

RS

Prefeitura de Caxias do Sul

PMRR RS

Prefeitura de Santa Maria

SC

Prefeitura de Criciúma

SC

Prefeitura de Florianópolis

SP

Prefeitura de Campos do Jordão

SP

Prefeitura de Embu

SP

Prefeitura de Guarulhos

SP

Prefeitura de Jacareí

SP

Prefeitura de Santos

SP

Prefeitura de São Paulo

AL

Prefeitura de Maceió

BA

Prefeitura de Ilhéus

CE

Prefeitura de Fortaleza

PMRR ES

Prefeitura de Aracruz

ES

Prefeitura de Serra

ES

Prefeitura de Vitória

MG

Prefeitura de Contagem

MG

Prefeitura de Governador Valadares

MG

Prefeitura de Juiz de Fora

MG

Prefeitura de Mantena

MG

Prefeitura de Muriaé

MG

Prefeitura de Nova Lima

MG

Prefeitura de Sabará

MG

Prefeitura de Santos Dumont

PE

Prefeitura de Igarassu

PMRR PE

Prefeitura de Ipojuca

RJ

Prefeitura de Nova Friburgo

RJ

Prefeitura de São Gonçalo

RJ

Prefeitura de Teresópolis

RJ

Prefeitura de Volta Redonda

RN

Prefeitura de Natal

SC

Prefeitura de Blumenau

SC

Prefeitura de Jaraguá do Sul

SP

Prefeitura de Caraguatatuba

SP

Prefeitura de Cubatão

SP

Prefeitura de Guarujá

SP

Prefeitura de Itapecerica da Serra

PMRR SP

Prefeitura de Jandira

SP

Prefeitura de Jundiaí

SP

Prefeitura de Osasco

SP

Prefeitura de São Bernardo do Campo

SP

Prefeitura de São José dos Campos

SP

Prefeitura de Suzano

SP

Prefeitura de Taboão da Serra

ES

Prefeitura de Viana

MG

Prefeitura de Timóteo

PE

Prefeitura de Ilha de Itamaracá

RJ

Prefeitura de Belford Roxo

RJ

Prefeitura de Mesquita

PMRR • Itaquaquecetuba e Francisco Morato (SP) – PMRR incluido no Plano Diretor • Itaquaquecetuba (SP) - Abreu e Lima (PE) – PMRR com recursos próprios

A gestão de riscos é um processo que se inicia quando a sociedade, ou parcela desta, adquire a percepção de que as manifestações aparentes ou efetivas de um processo adverso existente em dado local num determinado momento, podem provocar conseqüências danosas superiores ao admissível por esta comunidade.

Gestão de riscos pode ser definida como “um processo social complexo que conduz ao planejamento e aplicação de políticas, estratégias, instrumentos e medidas orientadas a impedir, reduzir, prever e controlar os efeitos adversos de fenômenos perigosos sobre a população, os bens e serviços e o meio ambiente” (CARDONA & LAVELL, s/d)

Práticas mais freqüentes de gerenciamento de riscos • Atendimento de emergências e socorro pós-acidente. • Estruturação em órgãos de proteção ou defesa civil

ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS PARA GERENCIAMENTO DE RISCOS (UNDRO, 1991) Identificação e análise de riscos (conhecimento dos problemas); Adoção de medidas de prevenção de acidentes e redução de riscos; Planejamento para situações de contingência e de emergência; Informação pública, capacitação e mobilização social para autodefesa.

1. CONHECIMENTO DOS RISCOS

2.Planejamento e implementação de intervenções para redução dos riscos identificados

Critérios adotados para a proposição e análise de intervenções • • • •

Aderência entre o processo geológicogeotécnico atuante e a intervenção adotada para estabilização e controle Combinação da intervenção geral e setorial com a obra localizada Referência na cultura técnica de projetos e obras acumulada pela prefeitura. Privilégio para intervenções de baixo custo.

3. Monitoramento permanente e prevenção de acidentes, especialmente nos períodos chuvosos

Monitoramento envolve a fiscalização e o controle: • de novas ocupações em locais suscetíveis a risco; • do adensamento das áreas de risco ocupadas; • da execução de intervenções inadequadas (cortes, aterros, fossas) • de incidentes geradores de risco (vazamento de tubulações, lançamento de entulhos, obstrução de valas e drenagens, etc.) • da evolução de situações de risco identificadas

4. Informação pública e capacitação para prevenção e autodefesa

Negligente

•nada fazer e esperar que o problema se manifeste •superestimação ou subestimação do risco •avaliação equivocada das causas geradoras dos riscos. •a única solução é a eliminação das ocupações subnormais

Reativa

Medidas pontuais no tempo e no espaço, acionadas por ocorrência ou por iminência de acidentes em períodos chuvosos.

Corretiva

•Ação de defesa civil apenas nos períodos chuvosos. •Obras de recuperação de estabilidade de encostas e de remoção de moradias em situação de acidente iminente.

Preventiva

Mapeamento e intervenções nas áreas de risco Controle da ocupação. Legislação restritiva de uso do solo. Plano preventivo de defesa civil.

Proativa

•Mapeamento e priorização de intervenções nas áreas de risco. •Controle e indução planejada da ocupação urbana. •Integração do gerenciamento de riscos à gestão do ambiente urbano. •Trabalho permanente com os núcleos de defesa civil.

TIPOLOGIA DE ABORDAGENS DOMINANTES DE GERENCIAMENTO DE RISCOS DE ESCORREGAMEN-TOS NO BRASIL

Perfil exigido e dificuldades existentes entre os atores de um gerenciamento integrado de riscos (GUSMAO,1995)

Gestor público

agente

Perfil exigido • Reconhecimento do problema e compromisso político com seu enfrentamento. • Compromisso com a transparência e com a responsabilidade legal da gestão pública sobre os riscos ambientais urbanos. • Capacidade de interlocução com as camadas populares. • Prática da negociação apoiada em critérios de cidadania.

Perfil exigido e dificuldades existentes entre os atores de um gerenciamento integrado de riscos

Gestor público

agente

Perfil exigido • Coordenação integradora das políticas e das ações executadas por diversos setores do governo municipal ou por outras esferas do poder público (estadual e federal).

Perfil exigido e dificuldades existentes entre os atores de um gerenciamento integrado de riscos

Gestor público

agente

Dificuldades • Administração parcial da cidade, não contemplando as áreas de ocupação informal das periferias. • Compromissos eleitorais; práticas clientelistas e demora nas negociações coletivas em contraposição à rapidez das decisões isoladas. • Tomada de decisão com base em critérios exclusivamente políticos em detrimento de projetos técnicos desenvolvidos pela instituição.

Perfil exigido e dificuldades existentes entre os atores de um gerenciamento integrado de riscos

Gestor público

agente

Dificuldades • Falta de conhecimento da problemática dos riscos e das alternativas técnicas e institucionais para seu enfrentamento. • Negação em assumir a responsabilidade legal e política da gestão da segurança ambiental urbana de toda a cidade.

Perfil exigido e dificuldades existentes entre os atores de um gerenciamento integrado de riscos

Instituição

agente

Perfil exigido • Democracia interna e funções claramente definidas • O servidor público deve estar a serviço do público • Acesso fácil e desburocratizado da população a informações e serviços • Ações integradas e complementares entre os órgãos e níveis de poder público

Perfil exigido e dificuldades existentes entre os atores de um gerenciamento integrado de riscos

Instituição

agente

Dificuldades • Excesso de hierarquia, níveis de decisão e burocracia. • Falta de comunicação e identidade entre níveis de função e órgãos municipais • Baixos salários como justificativa para o imobilismo e ineficácia • Ações redundantes e muitas vezes conflitantes ou antagônicas desenvolvidas por diferentes instituições públicas ou por setores da mesma instituição

Perfil exigido e dificuldades existentes entre os atores de um gerenciamento integrado de riscos

técnicos

agente

Perfil exigido • Qualificação para dar soluções técnica e socialmente adequadas • Trabalho em equipe interdisciplinar e intersetorial • Capacidade para oferecer respostas de curto e médios prazos que possam intermediar projetos e planos de longo prazo. • Discussão do trabalho técnico com as comunidades envolvidas, aceitando-as como interlocutoras no planejamento de soluções e na fiscalização da execução.

Perfil exigido e dificuldades existentes entre os atores de um gerenciamento integrado de riscos

técnicos

agente

Dificuldades • Formação técnica dirigida para dar soluções caras e complicadas. • Intervenções pontuais e localizadas, sem a integração com projetos espacial e temporalmente mais amplos. • Alienação em relação aos projetos e planos da instituição. • Valorização do conhecimento acadêmico e das normas técnicas como verdades absolutas. • Desprezo pelo conhecimento popular

Perfil exigido e dificuldades existentes entre os atores de um gerenciamento integrado de riscos

comunidade

agente

Perfil exigido • Organização em entidades comunitárias. • Contrapartida de responsabilidades e deveres. • Compreensão do processo de participação como um direito de cidadão • Conhecimento da realidade ambiental do meio em que vive e utilização deste conhecimento para a melhoria da qualidade de vida de todos.

Perfil exigido e dificuldades existentes entre os atores de um gerenciamento integrado de riscos

comunidade

agente

Dificuldades • Luta política, quebrando a unidade dos pleitos. • Falta de prática política como cidadãos. • Nível de carência da população, que acaba valorizando apenas as ações imediatistas. • Atrelamento a interesses políticos que podem ser opostos aos da comunidade.

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