CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS DISCIPLINA: LITERATURA DE LÍNGUA PORTUGUESA – PROSA I PROF. DR. RAFAEL QUEVEDO Aula 1: Corte na aldeia (1619) Sobre o autor: Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622) nasceu em Leiria, tendo morrido afogado no Tejo, quando um temporal virou o barco em que viajava de Santarém para Lisboa. Formado em Leis pela Universidade de Coimbra, não consta ter exercido cargos para os quais habilitava o seu diploma, e parece ter vivido das rendas de sua propriedade rural. Não obstante haver recebido as chamadas ordens menores (primeiro grau da antiga hierarquia do sacerdócio católico), teria sido cristão-novo, pelo que se deduz de processo movido pela Inquisição contra um irmão seu. Tendo vivido no tempo da união ibérica (150-1640), escreveu em português e em castelhano, sendo autor de obra vasta e variada, constituída por romances à espanhola, églogas, novelas pastoris, poesia heroica, crônica versificada e prosa de intenções didádico-moralizantes. Corte na aldeia integra este último gênero, desenvolvendo, entre diversas observações sobre costumes da aristocracia portuguesa vigentes na passagem do século XVI para o XVII, reflexões sobre práticas e concepções literárias próprias da época. Sobre a obra Corte na aldeia (1619): o texto encena um diálogo entre amigos travado em reuniões sociais noturnas na casa de um deles. O lugar é uma aprazível aldeia próxima a Lisboa (Sintra, pelo que se deduz de certas referências), que assume ares de corte pela alta categoria das pessoas que a procuram para retiro e descanso. Os personagens são: Leonardo, dono da casa, residente na aldeia, um cortesão aposentado; D. Júlio, um jovem fidalgo; doutor Lívio, um distinto letrado; Píndaro, um estudante, dado à poesia; Feliciano, outro estudante, companheiro de Píndaro; Solino, um velho; o Prior de uma igreja próxima (cujo nome o texto não declara); Alberto, jovem soldado, irmão do Prior. Leitura do diálogo I Referência: SOUZA, Roberto Acízelo de (Org.). Do mito das Musas à razão das Letras. Textos seminais para os estudos literários (século VIII a. C. – século XVII). Chapecó: Argos, 2014.