REINO UNIDO
G20 começou sob o signo do fracasso Os “ricos” que vieram a Londres discutir a crise por eles criada, foram recebidos por milhares de pessoas que puseram a “City” em polvorosa. Há muitos detidos e um morto. Pag. 4
Nº 56 < Ano 3 < 3 Abril 2009
Director: Daniel Santos
PORTUGAL. MAGISTRADOS NÃO SE ENTENDEM
PRESSÕES Os magistrados que investigam o caso Freeport explicaram ao procurador-geral da República, Pinto Monteiro, que as pressões para arquivarem o processo partiram do procurador-geral adjunto Lopes da Mota, que preside actualmente ao Eurojust, o organismo de cooperação em matéria penal entre países da UE, sedeado em Haia, na Holanda. Ouvido em Lisboa, Lopes da Mota negou tudo e afirmou só conhecer José Sócrates institucionalmente. Entretanto,
o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, João Palma, que há dias pediu uma audiência ao Presidente da República, afirmou que a directora do departamento do MP que investiga o caso Freeport, Cândida Almeida, “estará algo confundida com tudo o que se está a passar”. Confundidos estamos todos nós com este dossiê que não ata nem desata, com mais este caso eterno da Justiça portuguesa. Pags. 7 e 12
Quinzenal< Gratuito
COMUNIDADES
Vai arrancar o Centro Comunitário Português de Lambeth A câmara de Lambeth disponibilizou uma verba de meio milhão de libras para a criação de um Centro Comunitário Português, que se espera venha apoiar a nossa comunidade. Pag. 22
DESPORTO
Equívocos de Queiroz afastam selecção do Mundial
Só um “milagre” nos pode levar à África do Sul. Pag. 29
ASSASSINOU NAMORADA DO PAI
Miúdo de 11 anos pode apanhar prisão perpétua Tinha ciúmes do pai e assassinou a sua namorada que estava grávida de nove meses. Vai ser julgado como adulto. Pag. 32
Pelos caminhos de Portugal. Já está na estrada o Rali de Portugal, prova com pergaminhos conquistados ao longo dos anos no nosso país. Estão presentes os melhores condutores da especialidade, como o francês Sebastian Loeb, actual campeão do mundo, que aqui vemos no troço inaugural disputado em terras algarvias. PUB.
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ENTRE NÓS Servir melhor
Feira de produtos portugueses O nosso jornal, associado a várias empresas da especialidade, vai lançar uma grande “montra” de produtos portugueses, numa feira a realizar em Londres, no princípio do mês de Outubro e que será conhecida por “Portuguese Offer”. Depois do grande êxito da I Gala, o nosso jornal passa à segunda fase do seu projecto, agora na promoção de tudo o que de melhor o nosso país pode oferecer, produto da saudade, alimentar, vinhos, têxteis, vidro, porcelanas, tapeçaria, turismo e oferta imobiliária, desta feita envolvendo Portugal, a Madeira e os Açores.
O nosso jornal, a partir desta edição, e sempre com o intuito de servir mais e melhor, expande a sua rota de distribuição para Lemington Spa, Liverpool, Hull, Spalding e segundo ponto de distribuição em Reading e Oxford. A estes novos leitores, anunciantes e amigos, damos as boas vindas!
Pedro Fernandes integra “As Notícias” Pedro Fernandes, um jovem bem conhecido no seio da nossa comunidade em Londres, passa a ser o responsável pela publicidade e distribuição na capital. Em breve teremos outro colaborador na cidade para a área editorial e continuamos à procura de um comercial para o norte do país. Os interessados deverão ligar para 01842764622 ou
[email protected] para as áreas fora de Londres e Sul do país e Pedro Fernandes (07825757335) ou
[email protected] para a cidade de Londres.
Promover a língua e o ensino do Português O dia das mentiras No passado dia 1 de Abril, confesso que li, com atenção redobrada, as novas que os jornais portugueses publicavam, tentando adivinhar qual a peta que nos pregavam nesta data consagrada à brincadeira, à mentira, ao faz de conta. Assim, de olho atento e pé atrás, lá fui lendo as gordas, primeiro, as miudinhas, depois. Percorri quatro ou cinco jornais, dei atenção à lusa agência de notícias, segui dois ou três jornais televisivos. Li e vi o que normalmente é oferecido pela nossa comunicação social. Aqui fica o registo... Antiga inspectora da PJ é condenada por se ter abotoado com dinheiros da droga, presidente do Eurojust é suspeito de exercer pressões sobre magistrados no caso Freeport, desemprego na zona euro sobe para 8,5% - terão sido as notícias mais importantes que saquei de respeitado matutino. Horas depois, um prestigiado semanário dava conta, na sua página on line, que Mário Soares alertava para a morosidade da nossa justiça, nomeadamente no badalado dossiê Freeport. Mais tarde, continuando a minha viagem pela internet, vim a saber que o ex-ministro Catroga aconselhava o governo a rever o actual plano das obras públicas, ao mesmo tempo que tomava conhecimento de que uns alunos da Faculdade de Belas Artes do Porto haviam ocupado a dita, em protesto contra o pagamento de propinas... Por muito esforço que tenha feito, não consegui destrinçar as notícias reais, verdadeiras, daquelas que pudessem eventualmente ser a mentira do dia. Li as manchetes, os grandes títulos, as entradas, o texto corrido... e nada. Tudo me soava a verdade, tudo batia certo com o normal quotidiano que se vive no país - país onde uns poucos ainda se servem de dinheiros que são de muitos, país onde alguns quantos ainda exercem pressões, país onde alguém tenta poupar o que outros querem esbanjar, país onde a Justiça é lenta quando convém, país onde meia dúzia de mocetões desafiam a autoridade instituída democraticamente. Mas, afinal de contas, onde estava a mentira do dia? Onde estava a tal notícia inverosímil que nos pudesse fazer desconfiar? Onde estava a “salutar” peta do primeiro de Abril? Será que já não se celebra a data, será que o mundo está tão sisudo que não admita uma brincadeira? Cada vez me convenço mais de que a tradição já não é o que era... o 1 de Abril já não é o dia das mentiras. Propriedade Portuguese Link, Ltd. 25A Guildhall Street Thetford- Norfolk IP24 2DT Telf: 01842 764622
[email protected] Direcção Geral: João de Noronha
[email protected]; Director: Daniel Santos
[email protected] ; Direcção Financeira: Susana Forte Vaz
[email protected]; Colaboradores: Alfredo Miranda (Portugal); Marques dos Santos (Desporto); Vanessa Haiden (Reino Unido); JCD Gomes (Guernsey); Isilda de Freitas (Jersey); F. Gonçalves da Silva (Londres); P. Pereira (Ipswich); J. Bandeira (Great Yarmouth); Cristina de Sousa (Manchester); Paula Magalhães (Lincolnshire); Carlos Dias (Midlands); Manuel Gonçalves (Somerset); Paulo Vinha (Bournmouth); Valdeiza Costa (Thetford); Revisora: Susana Vaz; Distribuição: Própria com Euromarket e Júlio Sequeira; Tiragem: 20 mil exemplares distribuídos em 258 localidades na Inglaterra, País de Gales, Escócia e Ilhas de Guernsey e Jersey; Colaboração: Lusa, Agência de Notícias de Portugal, SA . Nota da Direcção - A publicidade publicada neste jornal, cadernos e inserções é da inteira responsabilidade dos anunciantes. Os artigos de opinião são também da inteira responsabilidade de quem os subscreve e podem ou não transmitir a opinião do jornal. A sua publicação insere-se na responsabilidade democrática que temos em aceitar a liberdade de expressão, de opinião e o direito à diferença..
Organizada por Luísa Ribeiro, responsável pelo ensino do português para jovens e crianças em Lambeth, do departamento de minorias étnicas, teve lugar a conferência de promoção do sucesso da língua e ensino de português, sob o título “o céu é o limite”. A conferência de grande sucesso, com a presença do embaixador de Portugal no Reino Unido, António Santana Carlos e o director executivo da câmara de Lambeth, Derrik Anderson, foi apoiada pela Caixa Geral de Depósitos, o Millennium/BCP, o Banif, a Latitude 40 e a “charity” Canning House. Um dos pontos mais altos da conferência tratou da planificação do ensino de português, que apoia e encaminha as escolas interessadas em desenvolverem o ensino da língua portuguesa. Um dos grandes óbices para a diversificação do ensino da língua lusa. A Conferência, única no género no Reino Unido, era dirigida a representantes das autoridades locais, a profissionais em inicio de carreira e pessoal de apoio a escolas, tendo uma adesão fora de vulgar, dada a qualidade do trabalho inovador apresentado. Durante a mesma, tratou-se de garantir o desenvolvimento do ensino de português como uma língua moderna, atingir o sucesso dos alunos de língua portuguesa logo nos primeiros anos de ensino, dar a conhecer sobre os métodos educacionais, sociais e culturais no Brasil, garantir um impacto positivo dos alunos portugueses nos primeiros anos de PUB.
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O SEU JORNAL NO REINO UNIDO
aprendizagem, dar a conhecer como se comporta e o nível educacional da comunidade portuguesa com quem trabalham, desenvolver a informação necessária sobre o sistema escolar em Portugal e Brasil e fornecer e partilhar informação em drama, musica e actividades culturais, que possam aumentar o sucesso dos alunos falantes de português. Mais um grande sucesso de um membro da nossa comunidade, que se destaque no ensino e no suporte dos alunos portugueses na câmara de Lambeth, por sinal galardoada pelo jornal “as Notícias” na área da Educação.
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MADEIRA Tráfico de droga
Actividade profícua da PSP A Polícia de Segurança Pública deteve nos primeiros três meses deste ano 77 indivíduos de um total de 155 mandados judiciais de condução e detenção no estrito cumprimento da missão de coadjuvação das autoridades judiciárias na administração da Justiça especialmente dirigida para o Funchal, divulgou o Comando Regional da PSP. Esta intervenção levada a cabo pela Divisão Policial do Funchal teve na sua génese inúmeros mandados de detenção, com vista a fazer comparecer 52 indivíduos em actos processuais pendentes.
Um homem foi detido pela PSP, em São Vicente, por suspeita de tráfico de droga. No decurso da actividade operacional da Esquadra de Investigação Criminal da Divisão Policial do Funchal, foi detido o “principal suspeito de distribuição de drogas a consumidores na posse de 10 doses de liamba”.
JARDIM NUM JANTAR-COMÍCIO DO PSD EM SANTA CRUZ
“Primeiro-ministro não pode andar nas bocas do mundo” O presidente do Governo Regional e líder do PSD/Madeira, Alberto João Jardim, afirmou que, num País democrático, um primeiro-ministro envolvido em tantas polémicas como José Sócrates já teria sido substituído. Jardim falava à margem de um jantar-comício em Santa Cruz e comentava uma notícia divulgada pela TVI, no seu Jornal Nacional, em que foi passada uma alegada gravação de uma conversa entre um administrador da Freeport, Alan Parkins, o empresário Charles Smith e o funcionário João Cabral, e em que
Madeirense ganha bolsa nos EUA João Canning Clode está a terminar um pósdoutoramento no “LeibnizInstitute for Marine Sciences”, em Kiel. No início deste ano concorreu a uma bolsa extremamente competitiva do “Smithsonian Institution”, uma espécie de Fundação Gulbenkian americana, muito conceituada ao nível da Ciências, das Artes e da História. Recentemente, soube ter ganho a bolsa para um período de dois anos, para fazer um pós-doutoramento sobre o meio marinho onde as invasões de espécies nãonativas são frequentes em ambientes costeiros. PUB.
Câmara promete arranjar estrada O único acesso ao Edifício Costa Azul e para uma dezena de moradias particulares, no sítio da Mãe de Deus, Caniço – Impasse Caminho Velho dos Reis Magos - está em péssimas condições e a causar alguns dissabores a largas dezenas de moradores. O troço, num comprimento de pouco mais de uma centena de metros encontra-se com crateras com mais de um palmo de profundidade. A Câmara Municipal de Santa Cruz já tem conhecimento da situação em que se encontra aquele caminho e já deixou uma promessa de reparação.
O BAILE DA CAMACHA - A ORIGEM E A HISTÓRIA
se teciam graves afirmações sobre o primeiroministro. Pouco depois, um comunicado do primeiroministro, José Sócrates, anunciava que ele vai agir judicialmente por “difamação” contra quem envolveu o seu nome no caso Freeport. “Num país democrático, o primeiro-ministro não pode andar nas bocas do mundo como andou José Sócrates neste mandato”, disse o líder madeirense. Jardim sustentou que “se isto fosse por exemplo na Inglaterra, o partido maioritário continuava no poder mas já tinha substituído o primeiro-ministro”.
“Mostrar onde está o dinheiro do povo” O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, foi na quarta-feira até ao Estreito de Câmara de Lobos deixar uma palavra de confiança à população, apesar das dificuldades. No discurso da cerimónia de inauguração do novo caminho municipal da Quinta de Santo António ao sítio do Fôro, Jardim disse que apesar dos obstáculos que foram impostos à Região Autónoma da Madeira «e apesar da formiga branca que há cá dentro, que é aliada daqueles que nos causam dificuldades, a vida continua com trabalho». Aliás, o presidente do Governo Regional garantiu que diariamente vai cumprir o dever «de mostrar à população onde está o dinheiro do povo, o que se fez com o dinheiro das contribuições, tenho procurado todos os dias apresentar coisas novas, apesar dos nossos adversários exteriores e apesar da formiga branca aqui de dentro». Após ter caminhado a pé os 500 metros da nova estrada e de ter cumprimentado as muitas pessoas que compareceram na cerimónia de inauguração, Jardim aproveitou a oportunidade para felicitar o presidente da autarquia de Câmara de Lobos, Arlindo Gomes, e o presidente da Junta de Freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, José Adelino Gonçalves por terem indicado ao executivo que a estrada era uma necessidade não só para a população, mas também para os agricultores. Além disso, a nova via será importante, no futuro, porque irá integrar a ligação entre o sítio do Covão e o Garachico.
Reedição das gravações do Grupo Folclórico da Casa do Povo da Camacha ste CD foi lançado no passado dia 20 de Dezembro no auditório da Casa do Povo da Camacha, na freguesia do mesmo nome, onde nasceu há 60 anos o grupo folclórico mais afamado da ilha da Madeira, que praticamente dispensa apresentações. Este projecto musical foi pensado para assinalar um dos pontos altos das comemorações do 60.º aniversário do Grupo Folclórico da Casa do Povo da Camacha, e ainda para ser uma homenagem a todas as pessoas que passaram por esta formação musical ao longo das últimas décadas, entre as quais assume naturalmente um certo destaque a Maria Ascensão, a famosa “loura da Camacha”. A juntar à excelência da qualidade sonora deste CD que recupera as primeiras gravações do Grupo Folclórico da Casa do Povo da Camacha, o primeiro agrupamento musical do seu género a gravar discos, há ainda a referir a magnífica concepção gráfica da sua capa e do livreto de 24 páginas que o acompanha, da responsabilidade de Ana Cláudia Araújo. Neste encontramos diversa informação sobre este grupo e estas gravações, em português e inglês, pois este disco foi pensado para ser comercializado na Madeira e no “mercado da saudade”, junto das comunidades da diáspora insular. Neste CD o antigo repertório deste grupo folclórico foi reordenado e agrupado consoante os seus variados géneros musicais, nomeadamente os bailes, despiques e canções. Assim sendo, neste disco encontram-se os seguintes temas: Bailinho de Oito, Baile da Viuvinha, Bailinho da Festa, Baile das Romarias, Charamba, Dueto em Despique, Despique de Namorados, Despique de Romarias, Despique “Romarias da Madeira”, Canção da Mourisca, Rapsódia Regional, Canção dos Reis, Canção das Ceifas, Canção dos Borracheiros, Canção das Fiandeiras, Baile Corrido, Baile “Alla Moda”, Baile da Chama-Rita (de Gaula), Bailinho da Madeira, Baile da Ciranda, Bailinho da Mourisca, Baile da Meia Volta (Porto Santo), Baile das Camacheiras e Baile Pesado (Repisa), num total de 70 minutos de genuíno folclore madeirense. Para ficar a saber mais sobre este emblemático grupo folclórico poderá consultar o seu site em www.grupofolcloricocamacha.com e os eventuais interessados em adquirirem um ou mais exemplares deste magnífico CD poderão fazêlo, a 15 euros cada, enviando os seus pedidos para o seguinte e-mail:
[email protected]. NR- Este texto foi-nos enviado pelo leitor Duarte Barcelos, cuja colaboração agradecemos.
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COMUNIDADES Eurodeputada da CDU critica governo A eurodeputada da CDU Ilda Figueiredo criticou o Governo por falta de acompanhamento aos trabalhadores emigrantes. “O governo não está a fazer o acompanhamento dos trabalhadores emigrantes em toda a área social”, acusou a eurodeputada e cabeça de lista da CDU às eleições para o Parlamento Europeu, em Paris. “Desemprego, desvalorização dos salários e reformas” foram outros dos temas focados por Ilda Figueiredo na reunião que visou também a mobilização dos emigrantes para o recenseamento e para o voto nas próximas eleições europeias.
CCP “satisfeito” O presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), Fernando Gomes, mostrou-se “satisfeito” com o recuo do PS na proposta de alteração à Lei Eleitoral. “Estamos satisfeitos. Foi um acto de sensatez. Como foi apresentada (a proposta) não estava adequada”, disse Gomes.
Nicolas Bento foi posto em liberdade Nicolas Bento (Nico), o português que cumpria pena em Inglaterra pela morte da namorada polaca foi posto em liberdade. Ouvido por videoconferência num tribunal de Londres, o juiz considerou que Nicolas tem condições para aguardar a repetição do julgamento em liberdade. A mãe e o irmão foram buscá-lo à prisão e vão levá-lo para Petersborough, onde vai ficar até começar o novo julgamento, em Julho. Condenado pelo tribunal de Luton a prisão perpétua em 2007, Nico viu o Supremo Tribunal anular o julgamento no passado dia 26 de Fevereiro.
CÂMARA DISPONIBILIZA 500 MIL LIBRAS
A 11 DE ABRIL
Arranca o Centro Comunitário Português em Lambeth
Dia das mulheres moçambicanas
A câmara de Lambeth disponibilizou a uma comissão de instalação, liderada pelo conselheiro António Cunha, uma verba de meio milhão de libras para a criação de um Centro Comunitário Português, que se pretende apoiar a comunidade no ensino de inglês, português e na requalificação profissional a desempregados. Numa reunião, à porta fechada, com a presença do embaixador de Portugal, António Santana Carlos e o líder político da edilidade, Steve Reed, foi apresentado o projecto que se pretende a funcionar nos próximos 18 meses e anunciado, segundo a LUSA, a verba de 540 mil libras a disponibilizar, assim que encontradas as instalações para albergar o centro. Fontes junto à comissão instaladora, admitem que o uso deste centro poderá ser alargado a todos as comunidades de língua portuguesa, mas não confirma notícias vindas a lume esta
ANA’S MINIMERCADO PATROCINA FUTEBOL EM KINGS LYNN
semana, que o mesmo será utilizado pela vasta comunidade latino-americana. Apesar de encabeçado por António Cunha, este centro já tem um responsável indicado. Trata-se de Luís Ventura, um português que já encabeçou vários projectos ligados à câmara de Lambeth. Segundo a LUSA, António Cunha afirma que uma das prioridades é o ensino de inglês aos emigrantes portugueses, uma barreira em termos de integração social e profissional, e o ensino e promoção da Língua Portuguesa. O centro será, sobretudo, um núcleo de informação e aconselhamento sobre serviços como segurança social, saúde, educação ou habitação. Mas António Cunha quer que o centro possa também ajudar pequenos ou médios empresários a iniciarem uma actividade ou a encontrarem um espaço para se instalar. Os promotores procuram um espaço que
possua ainda uma sala polivalente que sirva de ginásio e salão de festas e permita abrir no futuro um centro de dia para idosos e um infantário. Este é um projecto datado de 2005 e que só foi possível depois da vitória do partido trabalhista, que Steve Reed representa na Câmara de Lambeth. Recentemente, em Thetford, a câmara de Breckland, liderada pelos conservadores, e a polícia local boicotaram um projecto semelhante não lhe permitindo operar, de uma forma discriminatória e arbitrária. O Centro liderado pelo The European Challenge era totalmente financiado pela própria comunidade portuguesa na área. Ainda que na possibilidade de recorrer legalmente contra a decisão, o TEC resolveu abandonar o projecto, face aos astronómicos custos legais para o fazer.
Da Casa de Moçambique recebemos uma convocatória convidando todos os compatriotas interessados em estar presentes nos ensaios de dança “do nosso País e Passagem de modelos para serem apresentados na festa do dia 11 de Abril alusiva ao dia das Mulheres Mocambicanas”. A participação é limitada, por isso contacte o mais cedo possível a organização para os seguintes números: 07957495818 (Madalena), 07852439991 (Alcina), 07501981252 (Nelson) e 07946766587 (Stelio).
Discovery Royals perto da dobradinha O mini-mercado e café Ana´s, em Kings Lynn, subsidia a equipa portuguesa de futebol, Dicovery Royals, que se apresta para conquistar a Taça e o campeonato da região em futebol. Constituída por portugueses, esta equipa disputa também o campeonato de equipas mais jovens e será alvo de uma reportagem na próxima edição. Entretanto, o popular mini-mercado Ana’s sofreu uma remodelação e acrescentou à sua o f e r ta u m C y b e r C a f é , h á m u i t o u m a necessidade para muitos portugueses ali residentes. O proprietário Filipe Saraiva, natural da Figueira da Foz, casado e pai de uma filha de tenra idade, emigrou para o Reino Unido há
12 anos e meio, adquirindo o Ana’s há mais de d o i s a n o s . O e s ta b e l e c i m e n t o q u e s e chamava Kikis, foi transformado numa mercearia e café, onde se servem bolos, sanduíches e refeições rápidas. Frequentado por muitos locais e portugueses, Filipe explica que, apesar das dificuldades do momento, a “casa tem atingido os objectivos”. Com licença de álcool, o Ana’s, no fim de semana, torna-se um bar onde muitos portugueses confraternizam na companhia da velha “imperial” e petiscos, num ambiente que os transpõe, do imaginário, até Portugal. A loja possui parque de estacionamento e situa-se na Lynn Road, com entrada por trás do parque de estacionamento do Tesco e do Aldi. PUB.
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COMUNIDADES Luso-descendente desiste do processo O lusodescendente alegadamente vítima de intimidação (bullying) pelos colegas em Inglaterra desistiu do processo judicial contra a sua antiga escola devido aos receios com o seu bem-estar psicológico. A decisão foi tomada a 17 de Março pelos advogados de John Thomson, sob conselho do psiquiatra, que constatou um agravamento na depressão do jovem de 23 anos. O caso foi retirado, mas o juíz Nicholas Blake optou por não o classificar como encerrado, embora tenha afirmado que seria “extremamente improvável” que o recurso seja de novo admitido.
Desemprego O desemprego entre os portugueses na Suíça foi debatido, em Berna, onde se analisou este fenómeno que afecta a comunidade portuguesa, sob a égide do PCP. De acordo com Manuel Alho, os portugueses são “a comunidade estrangeira mais visada pelo desemprego”.
Emigrantes mandam menos dinheiro Os portugueses radicados no estrangeiro enviaram 6,8 milhões de euros por dia para Portugal em 2008, menos um terço que o valor das remessas de há oito anos, segundo dados do Banco de Portugal. Em 2008, na Alemanha, França e Reino Unido, as remessas de emigrantes caíram 13,4%, para 147,6 milhões de euros e 4,2% para 983 milhões de euros e 23,6% para 125 milhões de euros, respectivamente. Dos grandes países da Europa, a Espanha foi a excepção, onde o valor das remessas apresentou uma tendência crescente.
CONSELHEIROS NA LUTA DE PODER
Justiça decide o futuro do Conselho Permanente A Justiça portuguesa examina as alegações de irregularidades e de atropelos à lei, ocorridas aquando da eleição dos membros do novo Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas residentes no estrangeiro. Em documentos muito descritivos e extensos a que tivemos acesso, a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e um grupo de conselheiros eleitos disputam o direito de manter o presente CP e a sua destituição por ilegalidades cometidas antes e durante a eleição. Basicamente, e segundo as alegações de acusação, o cerne da questão está na decisão do presidente da mesa de votação ter decidido, depois de se ter iniciado o acto eleitoral, suspender os trabalhos e aceitar a entrada de uma outra lista na contenda, que veio a ganhar. Na reunião do dia anterior, terminada às 2 da manhã, teria sido decido por unanimidade
que haveria apenas uma lista de consenso geral, a eleger no dia seguinte. Só que, segundo os conselheiros contestatários, no dia seguinte tudo mudou e foi fabricada uma lista, onde existiam nomes comuns às duas listas, num desrespeito à lei, que a SECP rejeita. Segunda a defesa, tudo correu na legalidade, e o presidente da mesa tinha a legalidade de agir como agiu. Outras das acusações têm a ver com a o regulamento interno, que apesar de não ter sido efectuado e manter o anterior votado em 1997 e alterado em pormenor em 2003, vai contra o espírito da lei, que o próprio Secretario de Estado defendeu, quando da apresentação da nova lei de regimentação do Conselho das Comunidades. Diz a lei e defendeu António Braga, que tudo tinha de ser mudado, já que a nova lei “pretende consagrar uma nova filosofia e um novo modelo de organização do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP)”.
Os atropelos constantes à lei, feita no intuito de permitir várias interpretações e poder ser manobrada politicamente, foi uma constante na constituição do novo “modelo” d o C C P. H á , s e g u n d o a m a i o r i a d o s conselheiros eleitos, provas de que a maioria dos conselheiros designados foram eleitos directamente dela SECP, sem ouvir todas associações. Como o caso de Teresa Heimans, da Holanda, que foi indigitada por ser grande amiga de Paulo Pisco, do PS, e um “ferrenha” militante socialista. A maioria dos conselheiros com quem falámos, ou não quiseram emitir um parecer, ou consideraram o que se passou “uma vergonha”. “Uma manobra, extremamente bem efectuada, aproveitando a falta de conhecimento e interpretação da lei dos presentes.” Outro dos conselheiros, com quem falámos, admitiu que “o que sai torto, morre torto” – e a seu ver é o que vai ser o resultado do
protagonismo e interferência política da SECP em todo o processo. O mesmo conselheiro é de opinião, seja qual for o resultado da sentença, que “devemos dar as mãos” e lutar, em cada país de acolhimento da imigração portuguesa, para implementar e garantir as melhores condições de vida para todos os portugueses. A seu ver, tudo não passa de intriga política, que não serve os interesses dos imigrantes portugueses no estrangeiro. A decisão do Tribunal deverá ser tornada publica na próxima segunda feira. E se assim for volta tudo à estaca Zero. O Conselho Permanente é o órgão central que faz a ligação do governo aos acontecimentos, expectativas e aspirações das várias comunidades portuguesas espalhadas pelo Mundo, através das deliberações de várias comissões de que fazem parte os conselheiros das comunidades portuguesas eleitos no passado dia 20 de Abril de 2008.
PS no Reino Unido compromete-se a criar estrutura que dê voz à comunidade Recentemente um novo grupo de apoiantes do PS reuniu-se para constituir uma estrutura temporária da secção do PS no Reino Unido que foi submetida a eleições no dia 14 de Fevereiro. Neste dia decorreram eleições para o novo Secretariado do PS no Reino Unido, Delegado do Congresso Nacional, SecretárioGeral do Partido Socialista e Departamento Nacional das Mulheres Socialistas. Como resultado destas eleições a lista coordenada por Guilherme Rosa foi eleita como a equipa que coordenará as actividades do PS Reino PUB.
Unido ao longo do próximo ano. Nos dias 27 / 28 de Fevereiro e 1 de Marco, Eurico Santos e Guilherme Rosa participaram no Congresso Nacional do Partido Socialista que decorreu em Espinho e debateram ideias quanto ao funcionamento desta nova secção. A nova secção do PS Reino Unido compromete-se a criar uma estrutura que oiça e dê voz às necessidades e preocupações da comunidade portuguesa emigrada no Reino Unido, bem como incentivar a participação política dos nossos emigrantes através da
promoção de encontros mensais, fomentar uma discussão construtiva sobre a vida política do país, incentivar o exercimento do direito de voto para combater a abstenção e o alheamento político, visitar localidades onde grandes comunidades portuguesas residam, fomentar a acção e formação política dos jovens e mulheres de esquerda democrática e criar um elo de ligação ao Labour Party e ao Partido Socialista Português para assim promover a defesa dos direitos dos nossos emigrantes. Já em Abril a secção do PS Reino
Unido irá reunir-se no Café Portugal, Londres, para promover um dia aberto a militantes e todos os emigrantes portugueses para debater e esclarecer dúvidas quanto ao novo papel desta secção. Este encontro terá lugar entre as 14h e as 17 horas no dia 25 de Abril. No dia 4 de Maio irá ter lugar a Primeira Tertúlia no Doy Bar and Grill, Londres, pelas 17 horas onde o tema “Crise/Trabalho/Emigração” será discutido. Gostaríamos de convidar todos os leitores a participar nas nossas actividades. MP
OPINIÃO 700 mil pessoas ilegais pedem que se lhes faça justiça! Prezados compatriotas, Este periódico está de parabéns pelo êxito que teve na Gala de 13 de Março, em que mais de 400 pessoas de todos os quadrantes encheram aquele local, entre os quais se destacaram os vários artistas que ali embelezaram a festa! Outrossim, merece ser destacada a intervenção de Sua Excelência o Embaixador de Portugal, dr. Carlos Santana, porquanto, usando de prudência, fez uma sucinta análise da comunidade, pondo em relevo as grandes lições da nossa História, como exemplos de civismo, que muito podem contribuir para o engrandecimento do país de acolhimento, muito especialmente quando apelou à reintegração e união de todos os cidadãos residentes neste país! Simultaneamente, outros intervenientes usaram da palavra, mas o que mais tocou no âmago dos ouvintes, foi, sem sombra de dúvida, a intervenção do artista transmontano Roberto Leal, que pronunciou uma oração vibrante de patriotismo e dum belo recorte literário, que empolgou toda a assistência. Em frases duma rara felicidade, discorreu sobre a história gloriosa de Portugal, evocou, com eloquência, algumas das suas aventuras que passou no Brasil, recordando com denodo o sacrifício de muitos dos nossos compatriotas naquela nação, acabando por cantar todos o Hino Nacional! Por último, subiu à tribuna o director geral do Jornal “As Notícias”, João de Noronha, que agradeceu a todos os presentes a forma como decorreu aquele evento, nomeadamente aos patrocinadores que se esforçaram para que a gala se realizasse! Na verdade, o orador disse que gostaria de ver a comunidade mais unida do que nunca, com o objectivo de promover projectos conjuntos e eficazes ao serviço dos portugueses imigrados em Inglaterra. Contudo, não podemos continuar neste marasmo em que nos encontramos, mas como os demais imigrantes deveríamos estar bem organizados, e bem reintegrados no país de acolhimento, o que não estamos, e até nos apercebemos de que alguém está satisfeito em que nós estejamos a marcar passo, enquanto que os outros já desfrutam das garantias e privilégios que esta nação lhes concede! Além disso, temos feito todos os impossíveis para que a informação chegue à maioria das comunidades de trabalhadores imigrantes, explicando o interesse que há em participar na “Marcha/Demonstração de 4 de Maio”, em solidariedade com os imigrantes ilegais! Todavia, apesar da nossa persistência, há uma reacção contrária que alega que a nossa comunidade não necessita de participar, uma vez que pertence à União Europeia! Porque há esta reacção? Certamente porque estas pessoas não têm que se levantar às três horas da manhã e ter que ir para outros trabalhos e regressar à noite a casa! Quem sabe se não é este grupo de reaccionários que faz parte das drogas, dos bebedolas, assim como dos doutores de cafés e de gabarito, que rumaram somente para os Serviços Sociais Britânicos? Com tal atitude, o British National Party até se está a rir, porque o não participar e o não estar devidamente organizados é um grande campo fértil que eles podem explorar à vontade! Solidariedade e cooperação, F. Gonçalves da Silva Portuguese Action Group PUB.
Dra. Valdeíza Costa Psicóloga e Psicopedagoga
SAÚDE E BEM-ESTAR Nesta secção procurarei esclarecer as vossas dúvidas em relação à saúde emocional, familiar e de relacionamentos interpessoais. Enviem as vossas perguntas para o e-mail
[email protected] ou mob. 0796 1158 491.
Depressão pós-parto Pergunta Logo após o nascimento do meu segundo filho tive uma grave depressão. Ele já está com oito meses e ainda não consigo cuidar dele em condições... não sei mais o que fazer. (MAM, Waton) A Depressão Pós-parto (ou Puerperal) é uma forma de Depressão que atinge muitas mulheres após darem à luz um bebé. É um problema de ordem psicológica e deve ser tratado o mais rapidamente possível. Acreditase que a Depressão Pós-parto afecte entre 10% e 15% das novas mães e o problema aparece, em geral, entre os primeiros dois e três meses após o parto e pode mesmo colocar em risco a vida da nova mãe e do bebé. A Depressão Pós-parto não deve ser confundida com a Angústia Comum (Baby Blues) que 50% a 80% das novas mães sentem logo após o nascimento dos bebés pois estes sentimentos de tristeza passageira são decorrentes das alterações hormonais sofridas pelas mulheres mas que em geral acabam por volta da 3ª semana quando o sistema hormonal está mais equilibrado. Os principais sintomas da Depressão Pós-parto são: * Insónia; * Choro fácil; * Diminuição da vitalidade; * Ansiedade sem uma causa clara; * Preocupação excessiva, frequentemente sobre assuntos sem importância; * Cansaço extremo que vai além do normal, relacionada ao recém-nascido; * Uma sensação de estar “no limite”; * Tristeza, desesperança, baixa auto-estima, sensação de inutilidade e culpa; * Obsessões e cumpulsões, especialmente sobre a saúde do bebé e seu bem-estar; * Perda de interesse em actividades antes prazerosas; * Dificuldades em cuidar do bebé; * Irritabilidade; * Alterações do apetite (tanto excesso quanto a falta); * Dificuldade de concentração; * Pensamentos sobre morte, inclusive suicídio; * E outros. Há factores de risco que estão sendo estudados e demonstram uma forte correlação com este tipo de Depressão. Entre eles temos: Mulheres com sintomas depressivos durante ou antes da gestação, mulheres com histórico clínico de transtornos afectivos, mulheres que sofrem de TPM (tensão pré-menstrual); mulheres submetidas à cesariana, mulheres que perderam um filho anteriormente, mulheres que casaram em decorrência da gravidez e, ultimamente
descoberto, mulheres grávidas e novas mãe com diabetes (que apresentam o dobro de chances de ficarem deprimidas). Como aproximadamente 50% das mulheres que recuperam da Depressão Pós-parto desenvolvem a doença em gravidezes futuras, alguns médicos recomendam o uso profilático de antidepressivo imediatamente após o parto para evitar este risco. Não existe ainda uma forma 100% eficaz para prevenir a Depressão Pós-parto, mas o acompanhamento pré-natal, além de orientar a mãe e prevenir uma série de doenças e problemas com ela e o bebé, também serve como prevenção da Depressão pois durante o pré-natal os médicos, medwife e toda a equipa técnica envolvida procuram dar segurança à mãe tanto em termos físicos como psicológicos.
O tratamento da Depressão Pós-parto pode ser conduzido através de Psicoterapia, que inclui várias opções de tratamento, isto dependerá da linha de trabalho do Psicólogo escolhido e Medicamentos Antidepressivos, normalmente receitados por um médico Psiquiatra. No seu caso, indico que procure ajuda profissional o mais rapidamente possível. Estarei torcendo pela sua felicidade e bem-estar do seu filhinho.
Enquanto a vida económica correu bem, foi o ver se te avias. A imigração era a salvação. A imigração contribuía para uma economia mais forte. A imigração era a salvação de sectores aonde os ingleses se recusavam a trabalhar. A imigração foi o encaminhamento de milhões de libras para a “industria” de serviços de apoio. E era necessário a diversidade. Era preciso entendê-la e estudá-la. Era preciso aglutinar as diferentes culturas e línguas. Era preciso proteger. Defender. Lutar contra a discriminação. Contra os extremistas. Os fascistas. Os racistas. Os exploradores. Era preciso estar alerta e denunciar. A imigração era a “salvação da pátria”, para combater os milhões de parasitas que viviam dos benefícios sociais, fiscais e não só. Enfim, a industria conseguiu finalmente competir, a pagar ordenados considerados pelos trabalhadores ingleses de miséria. A restauração conseguia fugir ao salário mínimo e enriquecer por entre subterfúgios e ilegalidades. Não interessava se os trabalhadores vinham da Europa ou da “Cochinchina”, o que interessava era usar... usar... e usar. Segundo um relatório oficial, em Londres 17,5% do emprego é efectuado por ilegais. E se os “chutarem” para fora do país é o caos. Porque fazem aquilo que mais ninguém quer fazer. A nova escravatura humana, consideravam alguns tablóides locais e a imprensa e televisão portuguesa. Um farrobodó! Hoje, porque a crise se instalou e o Governo tem esperança que os milhões de britânicos que vivem dos benefícios e se encontram no desemprego, aceitem a escravatura. Voltarem ao trabalho extenso e duro. Aos salários de 1970/80/90. Aos sacrifícios e a uma vida a contarem os tostões. A viver aos magotes. A comerem uma refeição por dia. A trabalharem 14 ou mais horas por dia. Etc. Etc. Etc. Mas só por acreditarem que isso vai ser possível. Só porque é “politicamente correcto” e
vai de acordo com uma minoria ruidosa. Há que inverter tudo. Criar legislação. Procedimentos. Estruturas. Barreiras. Rebentar com as pontes e as diversidades e esquecer os milhões ali gastos. É preciso reprimir. Desencorajar. Agredir. Enfim é preciso deitar fora – por que o produto imigrante já não vende. Não cura. Tornou-se uma doença incómoda. Uma comichão doida. E o político já não tem tempo para coçar. Dá mau aspecto. É preciso deitar fora e queimar. Tapar a vala. E ir para outra. Foi chão que já deu uvas. Já se usou. Já serviu. Esgotou. E é preciso deitar fora. Só que a imigração é um mal necessário para um país que perdeu o norte, a fronteira entre o justo e o ridículo, o pobre e o rico, o poder e igualdade, o forte e o fraco e, sobretudo, os acordos que assinou e que sempre defendeu. Um país que criou desigualdades alarmantes e empurrou a maior parte da sua população para o caminho fácil do acesso aos benefícios. Onde os quadros médios e superiores são na maioria exercidos por imigrantes ou filhos dos mesmos. Onde uma população de 92% de jovens não tem, nem quer ter ambições, mas apenas um futuro fácil. O mal não está na imigração – mas sim no oportunismo político que vemos por esse mundo fora, que criou o espírito e a cultura do “usar e depois deitar fora”. E nós imigrantes estamos na berlinda.
núcleo duro, respeitado e capaz de garantir a intervenção rápida e atempada contra os muitos atropelos que os portugueses são vítimas há muito tempo. Um local de referência e de reflexão. Um projecto que, como muitos outros, não morra à nascença. Para isso é preciso pessoal à altura e capaz de atravessar o deserto que foi edificado durante os muitos anos de imigração de desnorte e sem estruturas. Preocupa-me que se lancem nomes para o seu controle sem sequer haver um concurso, claro e transparente, para que não criem dúvidas e não se venha a crucificar, mais tarde, nada nem ninguém. Muito menos o projecto. Que como disse é uma obra importante e de vulto para a comunidade portuguesa em Londres. Obra que aqui no norte, entre outra larga fatia de portugueses, esteve pronta, mas acabou por morrer às mãos do Breckland e da polícia de Thetford. Contudo os promotores do projecto já negociaram com outra câmara e o Centro Português de East Anglia vai arrancar brevemente, tal e qual foi chumbado pela câmara local. No mesmo país, na mesma área, com a mesma legislação – tudo é possível, quando se ruma contra um cartel instalado onde fazem parte alguns portugueses, que não conseguem aceitar o sucesso de outros. Um contraste, que aqui gostaria de deixar e que nos faz pensar...
Para mim a notícia mais importante da quinzena foi a confirmação de que existe um fundo de 540 mil libras, na Câmara de Lambeth, para lançar um Centro Comunitário para a Comunidade Portuguesa em Londres. Não pelas razões que aparecem nas notícias um pouco por todo o lado. Não porque se vão criar serviços de apoio centralizados e uma quantidade de apoios que, de certa maneira, já existem e que funcionam. A importância deste centro é porque pode dar à nossa comunidade uma dimensão que nunca teve. Pode criar um
Hoje esta coluna de opinião vai fixar-se na imigração. Para falar sobre o facto de terem aparecido umas colagens, espalhadas pelas ruas de Thetford, tentando denegrir a minha imagem e da minha mulher. Claro que é um acto de polícia, a quem foram entregues os pequenos cartazes. Não por acreditarmos que a mesma polícia, a tal que ajudou a fechar o centro comunitário, nos vá ajudar e/ou investigar o caso. Todos bebem da mesma água. Queria confirmar a todos, com clareza e transparência, que o TEC é subsidiado pelos
próprios portugueses e brasileiros que dele se servem. Pagam os serviços. E inundam o escritório no centro de Thetford. As críticas são isso mesmo: eles cobram serviços. E porque cobramos? Porque, ao contrário de todas as outras organizações de ajuda ao imigrante, não recebemos, nem nunca recebemos fundos. E isto faz pensar. Então se existem na área tantos serviços subsidiados e grátis, porque é que os portugueses e brasileiros insistem em pagar ao TEC? São Parvos? Estúpidos? Pouco inteligentes? Claro que não é preciso ser-se muito inteligente para se encontrar a resposta... Acreditamos que o sucesso do TEC, do jornal, do Centro Comunitário (agora fechado), da Gala e doutras actividades que vamos lançando, incomodem muita gente... mas só que para nós o importante é que possamos ajudar as pessoas a resolverem os seus problemas. E nisso o nosso “rate” de sucesso é inquestionável. Com o mal dos outros, podemos nós bem. E, por isso, não nos interessam os outros. Não temos de provar nada a ninguém. Os nossos resultados falam bem pela nossa obra. Não interessa os falatórios, as agressões e as ameaças. Tudo isto só confirma que estamos vivos, a trabalhar sob o olhar atento dos nossos inimigos. Se até agora temos conseguido criar uma obra sem qualquer ajuda ou interesse oficial, é porque talvez não seja esse o caminho certo e todos os serviços deveriam cobrarem-se, em vez de subsidiarem-se, porque assim haveria uma melhor percepção sobre quem oferece o melhor e mais consistente serviço. Ou criarem um estímulo ao TEC e assim, gratuitamente, da mesma maneira, poderíamos comparar a importância dos serviços para cada comunidade. E desta maneira poderíamos aferir quem tem de ensinar a quem... porque tudo acabaria numa só questão – competência em igualdade de circunstâncias. PUB.