7020525 Michael Talbot O Hologrma Artigo

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O HOLOGRAMA O Universo Holográfico - Michael Talbot O holograma é uma invenção dos anos 60, e de forma geral é um mecanismo óptico que produz imagens tridimensionais. Seu princípio foi descoberto em 1947, mas o modelo só pôde ser construído após a invenção do laser. Para produzí-lo, divide-se um único raio laser em dois feixes separados. O primeiro feixe é projetado no objeto a ser fotografado. Então, faz-se com que o segundo feixe colida com a luz refletida do primeiro. Quando isso acontece, eles produzem um padrão de interferência que é registrado num filme. Iluminada pela luz natural, a imagem do filme não se parece em nada com o objeto fotografado, mostrando um conjunto de curvas concêntricas entremeadas, num desenho indecifrável. Mas, assim que um outro feixe de raio laser ilumina o filme, uma imagem tridimensional do objeto original reaparece em pleno espaço, podendo ser vista por cima, por baixo ou por qualquer lado, mas não podendo ser tocada. Esta imagem holográfica apresenta algumas características que estão deixando os cientistas intrigados e perplexos. Suponhamos que o objeto fotografado seja uma maçã. Peguemos então o filme holográfico e vamos dividí-lo ao meio, em dois pedaços. Projetemos agora o laser sobre uma dessas metades. O que vemos projetado no espaço a três dimensões? Meia maçã? Nenhuma maçã? Não! Se projetarmos o laser em qualquer uma das metades, ainda assim obteremos a maçã inteira projetada no espaço. E se continuarmos partindo a foto em milhares de pedaços e projetarmos o laser sobre um minúsculo fragmento, ainda assim obteremos a maçã inteira projetada a três dimensões. Uma imagem menos nítida, mas ainda assim a maçã inteira. Nesta foto mágica, cada parte contém a totalidade, cada uma das partes da imagem interpenetra todas as outras. O TODO NAS PARTES Esta característica do holograma - a parte no todo e o todo nas partes - tem assustado os cientistas e modificado algumas concepções importantes sobre o Universo. Segundo o físico nuclear David Bohm, o Universo inteiro funciona como um holograma, em que cada uma das partes interpenetra as outras. Qualquer alteração se transmite ao Todo. Cada célula do nosso corpo reflete o cosmo inteiro. Da mesma forma, todo passado e as implicações para todo futuro também estão presentes em cada minúscula porção do espaço e do tempo. Resumindo, a totalidade de tempo e espaço encontra-se presente em cada ponto de tempo e de espaço. Impressionante! Nós contemos o Universo inteiro no nosso mundo, no nosso corpo, nas nossas células. É devido a este princípio que a acupuntura permite alcançar todo corpo através de uma determinada parte do mesmo, por exemplo, a orelha. O corpo inteiro está presente na orelha, como mostra o diagrama do "Homenzinho na Orelha". Os iridologistas, por sua vez, vislumbram as condições de todo corpo pelos desenhos da íris; no "Do-in" pode-se fazer o mesmo pelos pés, e os quiromantes lêem a vida física e temporal na palma das mãos. São todos desdobramentos do mesmo princípio que rege o holograma. Na verdade, cada parte do corpo o contém inteiro, numa perspectiva espaço-temporal, da mesma forma que cada pequena entidade do Universo reflete o padrão de sistemas infinitamente maiores, e da própria totalidade. Esta idéia foi maravilhosamente expressa por William Blake no seu célebre verso em "Auguries of Innocence": Ver o mundo num grão de areia E o céu numa flor silvestre, Segurar o infinito na palma da mão, E a eternidade numa hora. O CÉREBRO HOLOGRÁFICO O princípio holográfico, além de ser um modelo de reflexo do Universo nas partes, tem sido usado para explicar como o cérebro processa a informação. Neurologistas têm ficado cada vez mais surpresos com pesquisas que demonstram que a memória se distribui por todo cérebro indistintamente, e as lembranças não se localizam numa região específica, como se pensava anteriormente. O Prêmio Nobel em neurofisiologia, Dr. Karl Pribam, sugere que, como num holograma, as sensações que chegam até o cérebro são gravadas em todas as suas partes. O processo de evocar uma determinada memória equivale à reprodução de uma imagem holográfica. Segundo Pribram, o cérebro é um holograma e reproduz um padrão holográfico.

Para provar que o que perceberam estava errado, o biólogo da Universidade de Indiana, Paul Pietsch, idealizou uma experiência um tanto quanto tétrica. Pietsch havia observado que podia remover o cérebro de uma salamandra sem matá-la e, embora o animal permanecesse em letargia sem o cérebro, seu comportamento voltava completamente ao normal assim que este era recolocado. Pietsch tomou os hábitos alimentares da salamandra como referência para suas experiências. Então, inverteu os hemisférios esquerdo e direito do cérebro e, para seu espanto, assim que ela se recuperou rapidamente voltou à alimentação normal. Pietsch tentou várias outras alternativas: virou o cérebro de cabeça para baixo, cortou-o em fatias, baralhou, e, chegou a picar em pedacinhos os cérebros de suas infelizes cobaias. No entanto, sempre que recolocava o que havia sobrado desses cérebros, ou parte deles, o comportamento dos animais voltava ao normal. Desnecessário dizer que Pietsch mudou de idéia, passando a considerar a teoria de Pribram. A MEMÓRIA INFINITA Entre várias características peculiares ao holograma, vale a pena destacar uma outra, além da que relaciona o todo com as partes. Esta segunda característica é o fato de que os hologramas têm uma capacidade fantástica de armazenar informações, podendo gravar uma infinidade de imagens sobre uma mesma chapa. Assim, quando modificamos o ângulo da chapa, uma determinada imagem aparece e a outra que estava projetada desaparece. Esse efeito se relaciona ao ângulo de incidência no qual os dois feixes de raio laser atingiram o filme fotográfico ao gravar uma determinada imagem. Ela só se projetará no espaço tridimensional quando for iluminada por um raio laser projetado no mesmo ângulo em que a imagem foi gravada originalmente. Assim, é possível registrar muitas imagens diferentes sobre a mesma superfície, cada uma com o seu respectivo "ângulo de reprodução". Os pesquisadores calcularam que um pequeno pedaço de filme poderia armazenar milhões de imagens, cada uma podendo ser evocada através do seu ângulo original de gravação. Uma chapa assim gravada mostra uma multiplicidade de imagens projetando-se seguidamente ao ser girada diante do laser. Esta segunda característica explica possíveis mecanismos de recordação de fatos. Sendo o cérebro um holograma, quando nos colocamos num determinado "ângulo de lembrança", iremos evocar aquela recordação em particular, ou seja, a nossa capacidade de lembrar é análoga ao ato de emitir um feixe de raio laser em direção a um desses pedaços de filme evocando uma imagem específica. Da mesma forma, quando somos incapazes de lembrar alguma coisa, isto corresponde a emitir vários feixes a um pedaço de filme com múltiplas imagens, mas sem encontrar o ângulo certo para recuperar a "imagem" que estamos procurando. Os pesquisadores dessa área estão convictos que a visão que os moribundos têm na hora da morte, quando "vêem" a vida inteira numa fração de segundo, equivale, no sistema holográfico cerebral, ao ato de girar rapidamente uma chapa holográfica com milhões de imagens gravadas diante do laser.

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