2005.09.04 - Quatro Mortos Nas Estradas De Minas - Estado De Minas

  • April 2020
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GERAIS MISTÉRIO

Norte-americano Marino Fernandez, marinheiro aposentado, está desaparecido desde terça-feira. Ele fez o último contato após trocar US$ 2 mil numa casa de câmbio no Centro

Polícia procura americano JAIR AMARAL

ISADORA CAMARGOS Desde a última terça-feira, a dona de casa Rosana Fernandez, de 40 anos, espera por notícias de seu marido, o norte-americano Marino Fernandez, de 70. Ele saiu de casa, no Centro de Belo Horizonte, e foi a uma casa de câmbio na rua Espírito Santo para trocar cerca de US$ 2 mil e euros. À tarde, ligou para a esposa de um orelhão no bairro de Lourdes, região Centro-Sul da capital, disse que trocou o dinheiro, marcou de vêla em casa e não voltou. O desaparecimento do estrangeiro é mais um caso misterioso em Belo Horizonte. No dia 20 de agosto o bancário Saulo Fróis do Nascimento foi visto pela última vez por amigos depois de se divertir numa boate, ser preso por conduzir embriagado e liberado, em seguida, pela Polícia Militar. Ontem Rosana espalhou cartazes pela cidade com a foto do marido e um telefone para contato. “Eu gosto dele demais para perdêlo desse jeito. Se pelo menos eu tivesse alguma notícia dele, qualquer informação”, lamenta Rosana. Ela e Marino se conhecem há apenas seis meses e se casaram no dia 9 de junho. Nesse tempo, ele teve que voltar várias vezes para os Estados Unidos, porque tinha o visto de turista e não podia ficar muito tempo no Brasil. Mesmo depois do casamento, ele foi para

ria não há registros da visita de Marino. A queixa à polícia foi feita apenas na sexta-feira.

Rosana Fernandez espalhou cartazes do marido, com quem se casou há apenas três meses, na tentativa de descobrir seu paradeiro seu país e voltou há dez dias. Antes de desaparecer, estava procurando uma casa para morar com a esposa brasileria. Marino é aposentado e sempre vinha dos Estados Unidos com grandes quantias de dólares e euros.

Na terça-feira, ele foi caminhar pelo bairro de Lourdes, procurando por uma casa para comprar ou alugar. Antes, passou na casa de câmbio que costumava freqüentar e trocou dólares e euros. “Eu não sei quanto dinheiro ele tinha,

mas sempre andava com grandes quantias. Pelo menos US$ 2 mil e alguns euros ele trocou. Acho estranho, porque ele sempre tomava precaução e andava com o dinheiro escondido nos sapatos”, diz Rosana. Depois de fazer o

câmbio no centro, o aposentado foi, mais uma vez, procurar uma casa para o casal. Encontrou um imóvel, na rua Alvarenga Peixoto, e ligou para a esposa para combinar de verem a casa juntos na manhã de quarta-feira. Na imobiliá-

PAPÉIS Rosana e Marino Fernandez moram há cerca de cinco meses na avenida Augusto de Lima, num apartamento alugado no nome de Rosana. Ela não conhece nenhum de seus parentes ou amigos. “A única pessoa que ele dizia que tinha era eu”, lembra a dona de casa. O único telefone que tenho dos Estados Unidos é o da casa dele, onde mora sozinho. Na semana passada, Marino Fernandez deu entrada nos papéis do casamento no consulado para regularizar sua situação no Brasil. “Depois que ele deu entrada nos papéis, eu tenho responsabilidade sobre ele. Agora tenho medo de me ver envolvida em algo sério”, desabafa Rosana. Marino é hipertenso e toma remédios controlados, que ficaram em casa. A Polícia Civil está investigando o caso, checando se ele não viajou nesses dias. Marino Fernandez vinha ao Brasil com freqüência há 13 anos. Ele é marinheiro aposentado e dizia ter vários amigos no Brasil, embora Rosana não conheça nenhum. O outro desaparecido, o universitário e bancário Saulo do Nascimento, mora com a mãe, Vânia Lúcia Fróis do Nascimento, que divide com Rosana a angústia de não ter notícias sobre o desaparecimento do filho.

ACIDENTES

VIOLÊNCIA

Quatro mortos nas estradas de Minas

Mais crimes envolvem policiais

Quatro acidentes foram registrados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) desde a manhã de sexta-feira até ontem. Na BR-040, próximo ao município de Conselheiro Lafaiete, na região Central do estado, a 100 quilômetros de Belo Horizonte, um Corsa placa GSJ-8028 saiu da pista quando trafegava no sentido Belo Horizonte-Rio de Janeiro. Ele bateu de frente com o caminhão placa GXS-9680, que vinha na direção contrária, na madrugada de ontem. O motorista do carro, Rosângelo de Souza Júnior, de 30 anos, morreu na hora. José Luis de Faria Ferreira, de 56, motorista do caminhão, não teve ferimentos. De acordo com os patrulheiros, havia forte neblina no momento do acidente. Em Contagem, no Km 469 da BR-381, um pedestre foi atropelado na madrugada de ontem. João Paulo de Moraes Alves, de 21, dirigia o Fiat Pálio placa GXZ-8155 quando atingiu

o adolescente Janderson Fernando dos Santos, de 15, que morreu na hora. Na BR-381, próximo a Nova Era, também na região Central, a 137 quilômetros de Belo Horizonte, um capotamento matou uma pessoa, na noite de sexta-feira. O motorista do caminhão placa GUK-5758, Gedonias Rodrigues Nogueira, de 57, perdeu o controle do veículo e saiu da pista, capotando em seguida. A passageira Maria Fontoura Nogueira, de 58, não resistiu aos ferimentos e morreu. Gedonias Rodrigues foi levado para o Hospital São José de Nova Era, com ferimentos graves. Também na sexta-feira, uma carreta se chocou com um carro na BR-040, perto do Viaduto das Almas, na região metropolitana de Belo Horizonte. Uma pessoa morreu e os quatro passageiros do veículo tiveram ferimentos leves. Eles foram atendidos no Pronto-Socorro do Hospital João XXIII.

QUEDA DE ULTRALEVE A estudante Sabrina Alves França, de 24 anos, morreu ao sofrer queda de um ultraleve, no município de Francisco Sá, Norte de Minas, a 471 quilômetros de Belo Horizonte, na tarde de ontem. Sabrina estava em companhia do namorado Alexsandro Vitucci Santiago, de 33, que pilotava o equipamento. O acidente aconteceu próximo a uma pista de pouso particular, perto do trevo da BR-251 com a MG-122. Segundo o Corpo de Bombeiros, logo após a decolagem, o ultraleve teria sido arrastado por um vento forte, antes de cair a dez metros do final da pista. Sabrina foi socorrida ainda com vida, e estava consciente, mas morreu ao dar entrada na Santa Casa de Montes Claros. Alexsandro sofreu escoriações e foi encaminhado ao mesmo hospital, com suspeita de fraturas.

JUAREZ RODRIGUES

ALFREDO DURÃES Dois crimes envolvendo policiais militares resultaram em quatro mortes, entre a madrugada e o início da tarde de ontem. As ocorrências se somam a duas outras, registradas terçafeira, envolvendo PMs: no Prado, na capital, o aspirante Paulo Henrique de Oliveira Marra é apontado como o homem que feriu a tiro o relações públicas Marcus Vinícius Temponi, depois de uma discussão no trânsito; no mesmo dia, em Neves, Grande BH, o soldado Fábio Ronaldo Menezes Costa, do 22º BPM, é acusado de matar Leandro Antônio dos Santos, depois de uma briga por causa do som alto do carro da vítima. Ontem, por volta das 2h, o cabo Elson Ribeiro, lotado na Companhia Tático-Móvel do 16º BPM, foi morto com três tiros, no interior do bar Carandiru II, na rua Exaltina Marques Andrade, 60, bairro Gorduras. Segundo testemunhas, o militar tomava cerveja com Gleice Cristina de Oliveira e Maria Cristina de Oliveira, quando três homens entraram no bar. Depois de tomarem três cervejas, um deles, aproveitando que o cabo tentava apartar a briga de um casal, atirou três vezes nas costas de Elson. Gleice também foi atingida com um tiro no tórax e ainda se feriu ao tentar fugir. Já Maria Cristina foi baleada no pé. As duas foram medicadas e receberam alta. Imediatamente um grande cerco policial se formou na região. Por volta das 9h, militares do 16º BPM prenderam em casa o ajudante de serviços gerais Edson dos Santos de Oliveira, de 22, na rua Marechal Floriano, 60, bairro Jardim Vitória, vizinho ao Gorduras. Segundo os familiares do acusado, ele foi levado pela viatura do sargento Procópio. Uma hora depois, Edson voltou a pé para casa e contou que havia sido levado para uma passarela próxima ao local. Lá, foi liberado depois de ser mostrado para um homem que estava encapuzado dentro de uma

Assasinato de cabo ocorreu em bar no Gorduras. No vizinho Jardim Vitória, parentes choram morte de rapaz viatura da Polícia Militar, provavelmente uma testemunha da morte do cabo Elson. Quinze minutos depois, quando Edson estava sentado na porta de casa, um Fiat Uno branco, de quatro portas e sem placas, parou e quatro homens desceram atirando. Edson correu para um quarto da casa, se escondeu debaixo da cama, mas os assassinos o perseguiram e atiraram várias vezes contra ele. No quarto onde foi baleado, ficaram cinco cápsulas de pistola 9 mm.

BEBÊ A cunhada da vítima, Regina Paulina dos Santos, de 19, estava na casa tomando conta da filha de quatro meses, quando o local foi invadido. Ela contou que os homens não tomaram conhecimento dela e do bebê e foram direto ao quarto. Regina disse que os quatro estavam com o rosto coberto. “Um usava uma camisa tampando o rosto abaixo dos olhos e os outros usavam capuzes. Tive muito medo de eles matarem meu bebê. O Edson gritava pedindo que não o matas-

sem”, contou, entre lágrimas. A sogra de Edson, Francisca Paulino, de 45, lamentou a morte do genro. “Ele era trabalhador e nunca se envolveu com a polícia. Inclusive, na segunda-feira (amanhã), iria começar num emprego novo.” Outro ferido nos disparos foi o cunhado de Edson e filho de Francisca, Edmilson Eurico dos Santos, de 24, que levou um tiro na perna esquerda e foi medicado no Odilon Bherens. Ele disse que estava na rua no momento que o Uno chegou e foi atingido quando tentou tirar uma criança do lugar. Às 15h50 a Polícia Militar prendeu Reginaldo Maia de Figueiredo, de 27, acusado de ter participado da morte do cabo Elson. Ele foi levado para a delegacia de Homicídios para ser ouvido. O comandante do 16º BPM, tenente-coronel Godinho disse que a morte do cabo Elson e a de Edson não tem nenhum vínculo. “Posso afirmar que todos os militares do 16º agem rigorosamente dentro da lei. Além disso, não temos viaturas Uno descaracterizadas. Temos que esperar

a apuração da Polícia Civil, que tentará chegar aos matadores do Edson”, declarou. ■ TRAGÉDIA

EM FAMÍLIA Outro crime envolvendo militares aconteceu também na madrugada de ontem, quando o soldado Antônio Carlos Souza Resende, de 30, matou a mulher Patrícia Inês Alves, da mesma idade, antes de se suicidar. Segundo testemunhas arroladas pela Polícia Militar, Patrícia vinha exigindo a separação, com o que o militar não concordava. O dois moravam com três filhos menores na rua Geraldo Teixeira da Costa, 22, bairro São Benedito. Por volta das 2h30, o casal iniciou uma discussão, momento em que Antônio Carlos usou um revólver calibre 38 da Polícia Militar para disparar cinco tiros na mulher, antes de se matar. Os dois foram socorridos ainda com vida por uma viatura da PM, mas morreram no pronto-atendimento do bairro São Benedito.

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