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GERAIS SOTERRAMENTO
Barranco sem escoramento desliza e mata dois trabalhadores, sem carteira, que preparavam fundação para muro de arrimo
GIRO
POLICIAL
FLAGRANTE
Operários morrem em obra irregular JAIR AMARAL
PEDRO FERREIRA Dois operários que construíam um muro de arrimo morreram soterrados na manhã de ontem, na avenida Tereza Cristina, bairro Betânia, região Oeste de Belo Horizonte. Não havia estrutura de contenção em um barranco de 6 metros e a obra, segundo a Delegacia Regional do Trabalho (DRT), estava irregular. Jeverson Ramos Silva, de 25 anos, e Bruno Moreira Lemes, de 19, faziam a compactação do solo quando foram atingidos por 10 toneladas de terra – segundo estimativa do Corpo de Bombeiros – e por escombros de um muro da rua Emídio Beruto, que também desmoronou, levando parte do passeio. O acidente aconteceu pouco antes de 8h. Nove operários estavam no local, todos sem carteira assinada ou qualquer outra garantia trabalhista, segundo denunciou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção (Stic-BH), Osmir Venuto. Era o segundo dia de trabalho de Bruno na obra e o primeiro de Jeverson. O auditor fiscal do Ministério do Trabalho Guilherme Horta embargou a construção por falta de segurança. Ele verificou que o barranco não estava escorado e que havia risco de outros acidentes. “Vamos localizar o proprietário”, disse. O laudo do acidente fica pronto em 30 dias. O servente Evandro Wagner Vasconcelos, de 28, estava próximo das vítimas no momento do acidente. “Vi alguns torrões caindo e resolvi me afastar um pouco, quando tudo começou a despencar nas minhas costas. A terra ia me ‘engolindo’ e eu tentando sair fora”, contou. Nenhum funcionário usava equipamentos de segurança, como capacete. Vasconcelos informou que uma agência de veículos será construída no local, mas, por enquanto, disse, a obra é só de construção do muro de arrimo. “A gente recebe R$ 15 por dia de trabalho”, informou o servente, lembrando a felicidade de um dos rapazes mortos. “Ele havia contado ao pai que tinha entrado numa academia de ginástica. O pai respondeu que ele precisava, mesmo, era de um emprego. Foi então que ele falou de seu emprego novo, na construção civil, mandando o pai esperar para vê-lo mais forte, de tanto pegar no pesado.” O pedreiro José Luiz Fernandes, de 39, estava chegando ao local, levando ferramentas, quando tudo desabou na sua frente. “Eu abri o portão e vi aquela cena. Não vimos nenhuma trinca que pudesse alertar do perigo”, lamentou. Fernandes conta que tentou salvar as vítimas, e que muitas pessoas que passavam pela rua o ajudaram, mas era muita terra. Uma retroescavadeira foi cedida por funcionários de outra obra, mas os 24 bombeiros empenhados na tentativa de resgate das vítimas usaram pás para o trabalho. Um dos soterrados, segundo os bombeiros, chegou a dar sinal de vida e recebeu oxigênio, mas não resistiu. O médico Vagner Rocha, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), chegou ao local sete minutos depois de acionado, já constatando a morte do operário. O outro ainda não havia sido localizado.
ESTRONDO Moradores da rua Emídio Beruto ficaram assustados com o barulho do deslizamento. O marceneiro Manoel José dos Santos, de 46, conta que estava em casa, com a mulher, e que teve a impressão de que havia um caminhão de pedras sendo descarregado em frente. “Olhei pela janela e vi que o muro da frente havia desaparecido”, disse. Depois de duas horas do acidente, uma mulher teve permissão de entrar no terreno e reconheceu uma das vítimas como seu primo Bruno. O rapaz morava no bairro Nova Contagem, em Contagem, Grande BH, mas havia se mudado para a casa de parentes, no Betânia, para ficar mais perto do trabalho. A mulher entrou em desespero e foi amparada pelos bombeiros.
Universitário assalta ônibus O estudante João Cláudio Soares de Souza, de 18 anos, que cursa o primeiro período de medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi preso em flagrante ontem à noite, após assaltar o cobrador e 14 passageiros de um ônibus. João, que disse ter tomado cerveja durante um trote na faculdade, embarcou na rodoviária no ônibus placa GZF 8647, do Expresso Setelagoano, que partiu às 18h15 com destino a Paraopeba. Pouco depois de passar pelo túnel da Lagoinha, na avenida Cristiano Machado, bairro Floresta, Leste da capital, o estudante anunciou o assalto, com uma réplica de revólver 38, e ordenou que o cobrador Antônio Rocha recolhesse o dinheiro dos passageiros para lhe entregar. João teria tentado constrager uma passageira. Militares do 16º Batalhão da PM foram acionados e interceptaram o ônibus no bairro Cidade Nova, Nordeste de BH, e prenderam o acusado que se escondeu no banheiro do veículo.
CONFORTO
Ladrão de banco detido em mansão Policiais da Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Bancos prenderam Wellington Vieira Borges, de 31 anos, apontado como chefe da quadrilha dos Borges, especializada em assalto a agências bancárias. Ele estava foragido da Justiça e foi localizado em Divinópolis, Centro-Oeste de Minas, morando em uma mansão. Entre os crimes da quadrilha está uma tentativa de assalto a um carro-forte da Rodoban, no estacionamento do hipermercado Carrefour, em Contagem, em 4 de outubro de 2002, que causou a morte do cliente Hélio Alves. De acordo com a polícia, Wellington tem várias condenações, responde a processo por assaltos a banco e tinha contra ele dez mandados de prisão em aberto. expedidos em varas de Belo Horizonte, Contagem e Ipatinga.
ATAQUE
Menino de 11 anos é ferido por pit bull RENATO LOPES
Bombeiros e equipe do Samu se esforçam para salvar as vítimas do acidente, sem sucesso
Sindicato faz denúncia Em Belo Horizonte, segundo o presidente do sindicato da categoria, Osmir Venuto, 20% dos 40 mil trabalhadores da construção civil trabalham sem Carteira de Trabalho assinada. Na semana passada, Venuto disse que procurou o delegado regional do Trabalho, Carlos Calazans, para reclamar da falta de fiscalização. “São apenas dez fiscais para toda a região metropolitana e 300 para todo o Estado. Muitos saem de férias, de licença médica, se aposentam, mas não são substituídos”, reclama. Mas Carlos Calazans considera o número de fiscais suficiente e garante que eles dão conta do recado. “O que não pode, agora, é pegar uma tragédia e colocá-la como problema da fiscalização”, reagiu. Há três meses, segundo Calazans, foi criada uma comissão sindical, envolvendo todos os setores da construção civil, com o objetivo de levantar as irregularidades existentes. Nos últimos cinco meses, disse, 30 mil trabalhadores tiveram as suas carteiras assinadas, o que ele considera um avanço positivo. A DRT, acrescentou Calazans, tem feito campanhas permanentes de prevenção de acidentes. Nos últimos três anos, disse o delegado, os acidentes vem sendo reduzidos em
até 50%, a cada ano. “Antes, todo dia havia um trabalhador caindo de andaimes, que não eram protegidos por telas”, informa. Procurado pelo ESTADO DE MINAS, o engenheiro Laerson Gomes Júnior, da KL Engenharia, explicou que foi contratado apenas para fazer o projeto da obra, recebendo R$ 3,5 mil, e não tem qualquer responsabilidade sobre a execução dos serviços. O proprietário da obra não foi localizado. Na tarde de ontem, a empresa divulgou nota em que lastima as mortes e reitera não ter responsabilidade técnica pela construção, acrescentando que encaminhou ao Ministério do Trabalho cópia do contrato de prestação de serviços. “Deveria haver um engenheiro ou pelo menos um mestre-de-obra no local”, reclamou o presidente do sindicato. “Vamos tomar todas as providências no Ministério do Trabalho. Também vamos entrar com uma ação na Justiça comum para que as famílias das vítimas sejam indenizadas”, afirmou. Em nota, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) informou ontem que a obra tem um engenheiro responsável, cujo nome não foi divulgado, e que vai apurar se houve falha do profissional na execução do projeto.
ANÁLISE DA NOTÍCIA É séria a queixa do Sindicato dos Trabalhadores da Construção, de que o número de fiscais destacados para averiguar a situação de obras, não apenas na capital como nas demais cidades da região metropolitana, não passa de dez. Pior, se o número for mesmo esse, é o fato de a DRT considerar a equipe suficiente. O embargo à obra da avenida Tereza Cristina, após a tragédia, só reforça que a vigilância é falha e que, no caso específico, foi completamente inócua. Estatísticas como as apresentadas pelo delegado Carlos Calazans, de avanço nas assinatura de carteiras e redução na quantidade de acidentes, perdem seu impacto quando precisam ser confrontadas com a perda de duas vidas, por absoluta falta de medidas de proteção aos trabalhadores, como constatou – com atraso – a fiscalização. (Roney Garcia)
O menino L. J. R. M, de 11 anos, foi atacado por um cão da raça pit bull, na noite de terça-feira, em uma casa do bairro Delfino Magalhães, em Montes Claros, Norte de Minas. Ele sofreu lesões nas pernas, braços, na mão direita e nas costas, e foi encaminhado ao pronto-socorro da Santa Casa local, onde foi atendido e liberado. De 2004 ao primeiro semestre deste ano, foram registrados oito ataques de cães na cidade, a maioria tendo crianças como vítimas. Em um deles, um garoto de 4 anos teve as orelhas arrancadas. O cão que atacou que o menino anteontem pertencia à própria família da vítima. O Corpo de Bombeiros imobilizou o animal, que foi levado ao Centro de Controle de Zoonoses, onde ficará em observação por no mínimo dez dias. Vencido esse prazo, o animal somente será devolvido após constatação de que poderá ser criado sem oferecer.
TRAPALHADA
Homem faz denúncia e acaba preso por PMs João Patrício Neves foi detido na avenida Cristiano Machado, próximo ao Minas Shopping, região Nordeste de Belo Horizonte, na manhã de ontem. Segundo a polícia, ele chamou os militares para denunciar um desmanche de veículos que funcionaria na rua Maura, 289, bairro Ipiranga. Porém, os PMs levantaram a ficha do denunciante e constataram que João Patrício tem mandado de prisão pelos artigos 171 (estelionato) e 155 (roubo). A existência do desmanche não foi confirmada, mas João Patrício foi encaminhado ao Departamento de Investigação (DI).
● ACIDENTE E MORTE Uma pessoa morreu em acidente da BR-381, na altura do km 434,5, em Sabará, Grande BH. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, por volta das 5h30 de ontem, Osvaldo Marcolino Filho, de 58 anos, perdeu o controle da direção do Fiat Uno GYB 9084, que invadiu a pista contrária e bateu de frente com o caminhão placa CNI 6414. A passageira do Uno, Maria Auxiliadora de Paula Abreu, morreu no local. Osvaldo e a outra ocupante do carro, Maria Auxiliadora de Oliveira, sofreram lesões generalizadas e foram encaminhados ao Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS). O caminhoneiro Paulo Henrique Felisberto Sacordo, de 35, não teve ferimentos.