E STA D O D E M I N A S
●
T E R Ç A - F E I R A ,
2 4
D E
M A I O
D E
2 0 0 5
23
GERAIS CLIMA
PESQUISA
Semana começa com chuva e frio na maior parte do Estado, com previsão de queda ainda maior da temperatura, durante o feriado de Corpus Christi
Tempo fecha em Minas FOTOS SIDNEY LOPES
Neblina forte no início da manhã surpreendeu os motoristas e provocou acidentes na rodovia BR-040, saída de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro
GISLENE ALENCAR segunda-feira foi marcada por chuva, frio e diversos acidentes de carro que deixaram o trânsito lento em ruas de Belo Horizonte e no Anel Rodoviário. A frente fria que causou a chuva na Grande BH na noite de domingo e na manhã de ontem se desloca para as regiões Leste e Nordeste. O tempo ainda deve ficar nublado hoje na região metropolitana e melhora a partir de amanhã. Mas o fim de semana deve ser de frio em todo o Estado. Segundo o meteorologista do Centro de Cli-
A
matologia MG Tempo Ruibran dos Reis, uma nova frente fria deve atingir Minas de quinta para sexta-feira, causando queda da temperatura e chuva leve na Zona da Mata e Sul do Estado. Na capital, no sábado e domingo, a temperatura mínima deve ser de 11 graus. O maior volume de chuvas nesses últimos dias foi registrado no Sul de Minas. Das 18h de domingo às 6h de ontem, choveu 40 milímetros, considerado intensidade moderada a forte para essa época do ano. Segundo Ruibran Reis, a região metropolitana foi contemplada com chuva fina a partir das 19h de domingo. “A mínima registrada ontem na capital foi
de 18º graus, mas a chuva e o tempo nublado acabam aumentando a sensação de frio”, explicou o meteorologista. A explicação do meteorologista pode ser constatada na capital. Diversas pessoas tiraram o agasalho do armário assim como sobrinhas e guardachuvas, depois de 25 dias sem chuva. A costureira Neide Mar Braga, de 41 anos, não imaginou que o tempo ruim fosse perdurar toda a manhã. “O meu filho saiu com a única sombrinha que tinha lá em casa. Pensei que não fosse invernar”, comentou Neide, que não era a única a ser vista sem proteção pelo Centro de BH. Neide também sofreu com
o trânsito ruim. Ela demorou quase 30 minutos a mais para chegar ao Centro da capital. “O trânsito se torna um caos quando chove e atrapalha muito a nossa vida”, comentou a mulher, que enfrentou lentidão pela avenida Amazonas. Na avenida Antônio Carlos, o trânsito ficou lento durante toda a manhã. O motorista Victor Palhares Reis, de 22, gastou meia hora do bairro Planalto, na Pampulha, até o viaduto São Francisco. “Geralmente faço esse trajeto em 15 minutos e já se passaram 45. Com certeza é a chuva”, disse. O setor de operações da BHTrans informou que a lentidão foi causada pelo excesso de carros e de um ônibus
quebrado na Caetés com Guarani, na região Central. No Anel Rodoviário, os congestionamentos duraram toda a manhã. A Polícia Rodoviária Estadual (PRE) registrou pelo menos 12 acidentes ao longo da rodovia, todos sem vítimas. No KM 5, no bairro Betânia, região Oeste, no sentido Rio de Janeiro, uma carreta rodou na pista causando outras três batidas. Segundo a PRE, o motorista da carreta perdeu o controle e ficou atravessada na pista. A chuva pode ter provocado a derrapagem. O congestionamento chegou a dois quilômetros. Na altura do Viaduto São Francisco, na Pampulha, o trânsito ficou parado por causa dos acidentes.
Chuva aumenta risco nas estradas que permanecia internada no sala de politraumatismo. Ainda na BR 381, no km 627, em Santo Antônio do Amparo, no Sul de Minas, uma van da Apae de Três Pontas caiu em uma ribanceira depois que o motorista Juliano César tentou desviar de um buraco, por volta das 5h30. A presidente da Apae, Veranilda do Couto, a funcionária Maria Rosilda Gama Reis e a estagiária identificada como Naiane tiveram ferimentos leves e foram encaminhadas ao hospital. O marido de Veranilda, Enio Scatolino, foi levado para a Santa Casa de Oliveira, onde permanecia. O grupo participaria de uma reunião em Belo Horizonte. Na BR-040, o ônibus da viação Cometa, placa EVC 7086, capotou após sair da pista no km 724 da BR-040 em Oliveira Fortes, na Zona da Mata. Segundo a PRF, o acidente aconteceu por volta das 3h e 31 passageiros foram levados para hospitais da região com lesões leves. Outros quatro foram levados com lesões graves para o Hospital Ibiapaba, em Barbacena. O motorista Márcio Aparecido Silva, de 35, que fazia a linha Belo Horizonte/Rio de Janeiro, não se feriu.
Trânsito ficou congestionado no Anel Rodoviário, após colisão de caminhão com mureta
MARCELO SANT’ANNA
Pelo menos oito acidentes foram registrados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas rodovias sob sua jurisdição na manhã de ontem. No km 422 da BR-381, em Ravena, na Grande BH, seis pessoas ficaram feridas em acidente envolvendo cinco veículos, incluindo uma viatura da Polícia Militar do 14º Batalhão, às 6h15 da manhã. Equipes de resgate do Corpo de Bombeiros e Samu, além de um helicóptero, participaram do socorro às vítimas. O trânsito ficou interditado por duas horas nos dois sentidos, ocasionando congestionamento de aproximadamente 10 quilômetros. Segundo a PRE, a viatura Blazer, placa GTM 3032, rodou e bateu no Fiat Uno, placa GWV 4428, que atingiu a Mercedes Bens 1113, placa ADD 3968, e o Ford KA, placa CLG 1540, que seguia em sentido contrário. O Gol, placa GXG 1692, não conseguiu parar e bateu no Fiat Uno. Segundo o plantão do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), entre as seis vítimas estão o capitão Warley Geraldo Silva e o sargento Elismar Humberto Xavier Pereira. O caso mais grave era de Janete Santos de Andrade
VISITA AO EM Alunos da 5ª e 6ª série da Escola Estadual Messias Antônio Guimarães, de Inhaúma, visitaram ontem o ESTADO DE MINAS, no projeto EM vai às Aulas. Eles estavam acompanhados pela professora Isabel Medeiros e pela bibliotecária Valéria de Silva.
Pais cobram segurança em escolas Disciplina e segurança para o aprendizado são os principais desejos dos pais em relação às escolas da rede pública, segundo o resultado da Pesquisa Nacional Qualidade da Educação: a Escola Pública na Opinião dos Pais, divulgada ontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em Brasília. O insituto entrevistou 10 mil pais, de todo o País. Trinta por cento dos entrevistados relataram histórias de roubo a alunos, professores ou funcionários dentro desses estabelecimentos, 52% disseram que há brigas constantes dentro e perto da escola, 15,3% que há consumo de drogas nessas unidades, 6,1% que há tráfico de drogas dentro da escola, 24,5% dizem haver gangues dentro ou perto da escola. A ameaça à vida das pessoas dentro da unidade escolar é citada por 12,8% dos pais e 28,6% que a violência atrapalha o funcionamento do ensino. Metade dos pais pensa que a violência deve ser combatida pela polícia. São as famílias mais pobres do Brasil as principais usuárias das redes públicas de ensino fundamental. Mais de 73% dos entrevistados têm renda familiar de até três salários mínimos. Apenas 9% das famílias ganham mais que cinco salários mínimos. Um percentual de 58,1% dos pais ou responsáveis brasileiros pertence às classes D e E e 7,5% às classes A e B. Da classe C, tem-se 29,7% dos pais ou responsáveis. “Associado ao dado de que a maioria dessas famílias é das classes mais pobres (D e E), se pode concluir que a maioria dos estudantes brasileiros do ensino fundamental não está recebendo este capital cultural em casa, tornando-se muito mais dependente da escola do que as crianças de classes média ou rica”, avalia o presidente do Inep, Eliezer Pacheco. Pacheco lembra, também, que uma das explicações centrais para o baixo desempenho do estudante brasileiro, já amplamente estudado pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), é o nível de escolaridade dos pais dos alunos. “A proficiência obtida pelas crianças e jovens brasileiros correlaciona-se fortemente com o nível socioeconômico das famílias desses estudantes”, analisa.
PREOCUPAÇÃO Dados da pesquisa foram considerados preocupantes, quando se observam os índices de proficiência dos estudantes brasileiros, filhos desses pais de baixa escolaridade e pouca renda. Conforme o Saeb de 2003, a média de proficiência em Matemática dos filhos de mães que completaram a faculdade e de cerca de 207 pontos, na 4ª série do ensino fundamental. Entre os filhos das que nunca estudaram, a média é de 149,3 (abaixo do nível crítico, de 200 pontos), entre os filhos das que completaram a faculdade a média é de 207,8. Os filhos de pais que nunca estudaram ficaram com média 153,7, dos que completaram a educação superior, 206,9. Em língua portuguesa, a média entre os filhos de mães que nunca estudaram foi 158,0; das que completaram a faculdade, 218 pontos. Os filhos de pais que completaram a faculdade tiveram 217,5 pontos. Ainda segundo o Saeb, ao identificar efeitos de fatores familiares e pessoais no nível de proficiência, o hábito da leitura foi considerado de impacto significativo na 4ª e 8ª séries em língua portuguesa. O estudo, inédito, contou com uma primeira fase qualitativa, encerrada em janeiro deste ano. A parte quantitativa da pesquisa consolida os dados apontados no levantamento e detalha as opiniões desses familiares de estudantes. Foram investigadas as percepções dos pais sobre a qualidade das escolas, as condições institucionais, de infra-estrutura e de ensino e a atuação dos professores e diretores de escolas de ensino fundamental, pertencentes às redes públicas e localizadas em zonas urbanas de todo o País.