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ESTADO DE MINAS - QUINTA-FEIRA, 23 DE JANEIRO DE 2003
GERAIS
❚ CINCO ANOS DE CTB
CÓDIGO DERRUBA AS ESTATÍSTICAS DE VÍTIMAS FATAIS NO TRÂNSITO DE BELO HORIZONTE. INDICADORES RELACIONADOS A INFRAÇÕES TAMBÉM CAEM, MAS EXCESSO DE VELOCIDADE E ESTACIONAMENTO EM LOCAIS PROIBIDOS AINDA RESPONDEM POR 80% DAS MULTAS REGISTRADAS NA CIDADE
Morte no trânsito cai 59% em BH FRANCIS ROSE
Seja por medo das multas ou da pontuação na carteira, o motorista belo-horizontino está mais cauteloso na direção, desde que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) entrou em vigor, em 1998. Estatísticas divulgadas ontem, dia em que a legislação completou cinco anos, mostram que os números de acidentes e de mortes continuam caindo significativamente. Na capital, os acidentes diminuíram 10,8% de 2002 em relação a 2001. A redução no número de mortes também surpreende. Desde 1997, a queda é de 59%. Cerca de 80% das infrações cometidas na cidade se devem ao excesso de velocidade registrado pelos radares e à desobediência ao locais e horários permitidos para o estacionamento. Para o Detran, a redução nos números pode ser considerada ainda maior, se for levado em conta que a frota de veículos vem se multiplicando nos últimos anos. Em Belo Horizonte, a frota passou de 611.958, em 1997, para 751.461, em 2002. Em todo o Estado, a frota cresceu de 1,8 milhão, em 1998, para 3,6 milhões de veículos, no ano passado. “Devemos levar em conta também o aumento de 50% no número dos condutores. Outro resultado positivo é o de licenciamentos, o que demonstra que os carros estão
com a situação em dia. Em 2002, conseguimos licenciar mais de 70% da frota. Normalmente, esse índice não passava de 60%”, afirmou o chefe de Apoio Administrativo do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran/MG), Oliveira Santiago Maciel. A taxa de mortalidade na capital passou de 6,3 mortes para cada 10 mil veículos para 2,06 mortes para o mesmo número de carros. A taxa de acidentes – 2,6 para cada 10
MAIS PARDAIS Como o controle e a redução da velocidade foram considerados os principais responsáveis pela queda no número de acidentes, a BHTrans estuda a instalação, na capital, de mais 30 equipamentos eletrônicos de controle - radares, lombadas, registro de avanço de sinal e invasão da faixa de ônibus. O departamento jurídico do órgão analisa as melhores formas de contratação do serviço. A previsão é de que a licitação seja feita até o meio do ano e a implantação dos equipamentos aconteça no segundo semestre de 2003.
mil veículos – pode ser comparada à de países europeus. Para o diretor-presidente da BHTrans, Ricardo Mendanha, a redução no número de acidentes é resultado da diminuição na velocidade dos veículos. “Além dos radares, implantamos novos semáforos, fizemos campanhas educativas e um trabalho conjunto com a Companhia Independente de Trânsito e o Detran. A principal redução é dos acidentes. Em 2002, constatamos que 73% dos veículos da capital não receberam uma única multa. Outros 19% receberam uma multa e 8% receberam mais de uma multa”, contou. Mendanha acredita que, com a implantação do Controle Inteligente de Tráfego (CIT), que deve ser concluído em julho deste ano, o quadro vai melhorar ainda mais. “Atualmente, há semáforos em 611 interseções. Em 427 deles, também existe a sinalização para os pedestres. Com o CIT, o pedestre será priorizado”, garante. Apesar de todas as melhorias, a BHTrans admite que a demanda da cidade é bem maior do que sua resposta. “Não temos pessoal para cobrir 100% da capital. Nosso trabalho é feito nas principais vias e onde há mais registros de acidente. A prioridade é a segurança”, afirmou. A capital tem 770 agentes. O ideal, no entanto, é que existissem 1,2 mil.
Mortalidade segue alta nas BRs Nas rodovias federais e estaduais de Minas Gerais, as estatísticas comprovam a redução de alguns números desde o início de vigência do Código Brasileiro de Trânsito. Nas estradas federais, apesar da queda no número de acidentes, cresceu o número de mortos. Em 2002, morreram 48 pessoas a mais do que em 2001, totalizando 1.025 óbitos. Em 2001, foram 977. “Esse aumento foi causado porque tivemos alguns acidentes de ônibus”, explica o sub-chefe do Núcleo de Operações Especiais da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Ésio Dias Bitencourt. Segundo ele, o balanço dos cinco anos do CTB é positivo. De 1998 para 2002, a redução no número de acidentes foi de 22,06%. Também registramos queda de 15,77% no número
de feridos e 15,36% no número de mortos. Bitencourt afirma que os motoristas temem a pontuação na carteira. “Não é conscientização ou preocupação com a segurança, mas o medo dos radares e das multas. Falta cultura e é preciso um trabalho educativo. Os números ainda são muito altos. De 1995 até o ano passado, mais de 9 mil pessoas morreram em acidentes de trânsito no Estado”, conta. Bitencourt lembra que os mortos incluídos nas estatísticas são apenas os que têm o óbito constatado no local do acidente. Ou seja, os números são bem maiores, já que pacientes que morrem nos hospitais não são contados nas listagens. As principais causas dos acidentes são a velocidade incompatível, a ultrapassagem
indevida e a desobediência à sinalização. As campeãs em acidente no Estado são as BRs 381 e 040, que respondem por 48% dos registros. Nas rodovias estaduais, o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG) constatou a redução nas dez infrações mais freqüentes. Mesmo assim, o total de registros anual aumentou em relação ao ano de implantação do código. Em 1998, foram registradas 135.087 infrações. Em 2002, foram 192.047. O número chegou a 260.184 em 2001. A infração mais comum nas estradas estaduais, responsável por 27 mil registros, é dirigir veículo sem equipamento obrigatório, seguido da condução do veículo não-registrado/licenciado e da não-utilização do cinto de segurança.
JUAREZ RODRIGUES / 05/08/2002
ACELERANDO
Radares são responsáveis pelo registro de uma das principais infrações cometidas pelos motoristas
CONFIRA ALGUNS NÚMEROS ACIDENTES EM BELO HORIZONTE 1996
1997
1998
1999
Acidentes com vítimas não-fatais 10.396 10.804 10.861 10.917 Acidentes com vítimas fatais 394 350 285 339 Vítimas não-fatais 12.645 13.265 13.088 13.256 Vítimas fatais 418 383 307 392 Taxa de mortalidade/10 mil veículos 7 6,3 4,9 6 Frota 598.796 611.958 623.909 655.227 Atropelamentos 4.843 4.517 4.551 4.488 Vítimas não-fatais de atropelamentos 4.538 4.539 4.569 4.477 Vítimas fatais de atropelamentos 305 236 228 265 Taxa de atropelamentos/10 mil veículos 80,9 73,8 72,9 68,5
2000
2001
2002
10.907 10.625 277 286 13.049 12.778 297 315 4,36 4,38 679.727 717.875 4.129 3.733 4.167 3.678 199 224 60,7 52
9.591 143 11.657 155 2,1 751.461 3.262 3.267 73 43,4
INFRAÇÕES EM BELO HORIZONTE
Transitar em velocidade superior à permitida em até 20%* Dirigir com fones de ouvido ou usando celular Transitar em velocidade superior à permitida em mais de 20%* Estacionamento proibido Avanço de sinal ou parada obrigatória Dirigir sem habilitação Fila dupla Não usar capacete ou vestuário exigido Não usar cinto de segurança
2000
2001
2002
42.856 13.270 15.492 15.269 11775 2.307 2.862 117 1.083
129.419 20.459 26.691 15.656 14.638 2.531 3.578 302 766
122.245 18.264 16.946 16.858 12.969 3.220 4.319 233 223
Obs.: Os radares começaram a funcionar na capital em outubro de 2000.
INFRAÇÕES NAS RODOVIAS FEDERAIS EM MINAS GERAIS
Acidentes Número de vítimas com lesões Número de mortos
1998
1999
2000
2001
2002
22.861 12.602 1.211
22.643 12.541 1.167
20.879 12.127 1.140
18.709 10.698 977
17.819 10.615 1.025
Fonte: BHTrans/Detran MG/Polícia Rodoviária Federal
❚ SURTO
❚ CONCURSO DA EDUCAÇÃO
Homem morre com suspeita de febre amarela
Serventes festejam batalha vencida Vereador é investigado pela Câmara da capital
LUIZ RIBEIRO
Mais uma pessoa morreu com suspeita da febre amarela em Minas, elevando para sete o número de mortes suspeitas. Subiu para 58 o total de casos notificados, dos quais 21 foram descartados, e quatro confirmados, até ontem à tarde. Dos sete óbitos, um foi descartado e outro teve confirmação da febre amarela como causa. A última vítima fatal foi um homem, natural do município de Sabinópolis (município de 16,27 mil habitantes, a 270 quilômetros de Belo Horizonte), região do Serro, onde apareceu o surto. O paciente morreu entre a noite de terça-feira e a madrugada de ontem, no Hospital Eduardo de Menezes, em Belo Horizonte. Quatro pessoas procedentes da região do Alto Jequitinhonha permanecem internadas em Belo Horizonte, com sintomas da doença, das quais duas (uma de Guanhães e outra do Serro) estado grave no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Eduardo de Menezes.
c m y k
❚ DENÚNCIAS
LUCIANA MELO
Balões, muitas palmas e alívio. As serventes que não passaram no concurso comemoram ontem na Praça da Liberdade a decisão do governador Aécio Neves (PSDB) de suspender, por tempo indeterminado, a homologação do resultado do concurso público realizado pela Secretaria de Estado da Educação, em 2001, para o preenchimento de 18.757 vagas de ajudantes de serviços gerais. De acordo com a presidente da Associação de Professores Públicos de Minas Gerais (APPMG), Joana D`Arc, o próximo passo é solicitar a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembléia Legislativa para apurar as possíveis irregularidades praticadas pelo Instituto Mineiro de Administração Municipal (IMAM) na realização do concurso. As serventes também estenderam as comemorações até a porta do Palácio da Liberdade. “Vencemos uma batalha, mas teremos uma guerra pela frente”, declara Joana D´Arc . O presidente da
CYAN
MAGENTA
MARIANA RAMOS
CRISTINA HORTA
FESTA
Servidoras reprovadas comemoraram a suspensão do concurso Federação de Pais e Alunos, Mário de Assis, também garantiu que irá encaminhar alguns documentos ao Ministério Público (MP) que demonstrariam fraudes na realização do concurso. A auxiliar de serviços gerais Maria Jesus Gomes, que trabalha na Escola Estadual Presidente Dutra há doze anos, afirma que está aliviada com a decisão do governador. Ela conta que sofreu um princípio de infarto pelo seu estado emocional
AMARELO
PRETO
nos dias em que acreditava que ia perder o emprego. “Vamos agora lutar para garantirmos os nossos direitos.” No entanto, a decisão do governador não agradou a todos. O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) realizará, hoje, às 15h, manifestação em defesa do concurso em frente ao Palácio da Liberdade. Eles alegam que o concurso é a única maneira de garantir o fim do processo de designação.
A Câmara de Belo Horizonte está investigando denúncias contra o vereador Hugo Gontijo (PST). Ele é acusado de desviar verbas públicas e transferir parte do salário dos funcionários de gabinete para sua conta bancária. O Ministério Público também recebeu um dossiê contendo os documentos que podem indicar irregularidades no mandato do parlamentar. O autor das denúncias é o ex-chefe de gabinete do vereador, João Márcio de Miranda Pujoni. Segundo ele, Gontijo é sócio de uma mineradora em Lavras Novas, distrito de Ouro Preto, a 95 quilômetros da capital, desde de junho de 2001. O investimento de R$ 60 mil teria sido feito com verbas da câmara e o pagamento dos funcionários seria feito com papel timbrado do próprio Legislativo, conforme o denunciante. O ex-chefe de gabinete também levanta suspeitas sobre os carros que Gontijo adquiriu. Pujoni afirmou que, ao assumir
o cargo no Legislativo, em 2000, o parlamentar havia declarado no imposto de renda que tinha somente um carro. Porém, em 2002, Gontijo já teria adquirido três picapes. O exchefe de gabinete informou que, mensalmente, tinha que transferir parte de seu salário para a conta bancária do vereador. Os valores depositados giram em torno de R$ 400 mensais. O corregedor da Câmara, vereador Pastor Carlos Henrique (PL), disse que as denúncias já foram encaminhadas para a Procuradoria da Casa. De acordo com o corregedor, outras denúncias já foram feitas contra Gontijo. Ele informou que o vereador Ronaldo Gontijo (PPS) já encaminhou ao Ministério Público um levantamento das ausências de Hugo Gontijo tanto nas sessões plenárias quanto nas reuniões das comissões do Legislativo. O assessor de ação social de Hugo Gontijo, Elton dos Santos Moura, informou que o vereador está viajando.
c m y k