A Biblioteca escolar. Desafios e oportunidades no contexto da mudança Comentário Olá, Ana! Acabo de ler a tua muito cuidada matriz, de leitura muito fácil. Penso que estamos de acordo na maioria dos aspectos, tendo tu ,sem dúvida, uma visão mais alargada e informada . Quanto aos aspectos críticos que a Literatura identifica, penso que estamos em total acordo. Com efeito, a expansão das tecnologias da informação e da comunicação impõe mudanças no que diz respeito ao processo de ensino/aprendizagem e cria a necessidade de desenvolvimento de destrezas e competências para gerir as quantidades massivas de informação a que se tem o objectivo de construir conhecimento. As bibliotecas, que existiram durante séculos como espaços silenciosos e organizados, onde eram disponibilizados documentos , são agora portais de acesso a informação virtual e tangível e os PBs, com a coadjuvância das suas equipas , serão os pivots da mudança, sempre em colaboração com os professores de sala de aula e sempre alinhados com as metas dos documentos estruturantes da acção pedagógica da escola.
Quando Brian Kenney (2006) questiona Ross Todd sobre as conclusões dos estudos de Ohio, este responde que se concluiu que há uma relação positiva entre as bibliotecas e os resultados dos alunos. Acrescenta que a, já longa, investigação de Keith [Curry Lance] identificou algumas dessas dimensões, a saber: colecções de qualidade, professores bibliotecários certificados [com formação especializada], infra-estruturas tecnológicas e um programa de literacia da informação. Recentrando a questão na realidade que é a nossa, a qualidade da BE e a sua sobrevivência passa pela ligação ao currículo e ao sucesso educativo dos alunos ,o que pressupõe que: O projecto da biblioteca esteja integrado nos documentos norteadores da acção educativa da escola. Maria Elisa Almeida Práticas e Modelos de Auto-avaliação em Bibliotecas Escolares 2ª Tarefa – 31 Outubro,2009
Seja feito um reforço progressivo das actividades de coplanificação/ensino/avaliação com os professores de diferentes disciplinas e das ACND. O professor bibliotecário seja capaz de articular, colaborar e comunicar em permanência na escola e com outros stakeholders. O professor bibliotecário desenvolva em colaboração com os professores de sala de aula um programa de desenvolvimento das diferentes literacias, nomeadamente a literacia digital e da informação integrada no desenvolvimento do currículo. O professor bibliotecário seja capaz de promover e viabilizar metodologias de aprendizagem activas (resource-based learning), em colaboração com os outros professores.. O professor bibliotecário assuma um papel de liderança demonstrando o valor da BE , identificando , recolhendo e comunicando evidências do impacto da BE nas aprendizagens. O professor bibliotecário interprete as evidências recolhidas no sentido de, em colaboração com as estruturas pedagógicas, melhorar as práticas. Também tenho a percepção que, o enquadramento legal da figura do PB e especificamente, o bom desempenho do conteúdo funcional, vem colocar novas exigências em termos de qualificação do professor bibliotecário, bem como da equipa. Da minha pouca experiência de CIBE, tenho vindo a verificar que há muitos Pbs e membros da s equipas que desejam essa formação. O facto de todos os PBs da minha área se terem candidatado a esta formação, é disso uma prova evidente. Então, temos que considerar que temos aqui um ponto forte. Indicas, como fraqueza, no domínio Organização e Gestão da BE - «a bilioteca encarada como um recurso ao ensino aprendizagem», o que reforça a ideia de que é preciso identificar e analisar aquilo que Todd designa por Evidence OF Practice – impactos das nossas bibliotecas nas aprendizagens dos alunos; reunir as evidências locais e todas as outras onde quer que elas se encontrem. Analisando os resultados de estudos já realizados é possível provar que as bibliotecas estão a organizar-se para a mudança e para o
Maria Elisa Almeida Práticas e Modelos de Auto-avaliação em Bibliotecas Escolares 2ª Tarefa – 31 Outubro,2009
sucesso e que estão a produzir impacto nas aprendizagens. Se não veja-se como se pode desdobrar a sua acção: 1. As bibliotecas apoiam os alunos na procura e localização da informação: (i) conhecem as diferentes etapas da pesquisa; (ii) desenvolvem as perguntas chave para investigarem sobre um tópico; (iii) procuram diferentes fontes para questões de pesquisa; (iv) encontram diferentes pontos de vista sobre a mesma questão; tornam-se mais confiantes na pesquisa. 2. As bibliotecas escolares apoiam os alunos na compreensão e na utilização da informação para que: (i) saibam usar diferentes fontes e formatos de informação; (ii) identifiquem as ideias chave; (iii) se tornem mais capazes de analisar e sintetizar a informação; (iv) escrevam por palavras próprias; (v) aprendam a lidar com o êxito e o fracasso nas pesquisas; (vi) percebam que a pesquisa pode custar tempo e esforço mas que melhoram com a prática; (vii) se sintam mais motivados nas aprendizagens. 3. As bibliotecas escolares apoiam os alunos na construção de novos entendimentos: resultados do conhecimento para que (i) se recordem do conteúdo das aulas: (ii) construam conhecimento de background e de detalhe sobre o tópico; (iii) clarifiquem ideias confusas; (iv) esclareçam dúvidas; (v) decidam sobre ideias certas e erradas; (vi) desenvolvam as suas próprias ideias e tomadas de posição sobre problemas; (vii) façam a ligação entre as ideias; (viii) elaborem opiniões informadas que lhes permitam contribuir para debates e discussões. 4. As bibliotecas ajudam os alunos nas suas aprendizagens fora da escola: (i) aprendem sobre outros assuntos interessantes para além dos leccionados na sala de aula; (ii) estudam melhor em casa; (iii) organizam melhor o estudo e o trabalho de casa; (iv) tornam-se mais competentes a resolver problemas; (v) dão ajuda na resolução de problemas pessoais; (vi) compreendem a importância de possuírem a informação rigorosa, quando têm que tomar decisões 5. As bibliotecas escolares ajudam os alunos a melhorar as suas competências tecnológicas: (i) executam as tarefas escolares usando o computador; (ii) aumentam o interesse pela tecnologia da informação; (iii) localizam informação dentro e fora da escola; (iv) fazem melhores pesquisas na Internet; (v) avaliam melhor a informação na Internet; (vi) usam melhor as tecnologias para fazer as tarefas; (vii) tornam-se mais confiantes na utilização dos computadores para pesquisar. Maria Elisa Almeida Práticas e Modelos de Auto-avaliação em Bibliotecas Escolares 2ª Tarefa – 31 Outubro,2009
6. As bibliotecas escolares apoiam os alunos na leitura: (i) lêem mais; (ii) encontram os autores de que gostam; (iii) tornam-se melhores leitores; (iv) lêem com mais prazer; (v) descobrem novos interesses; (vi) escrevem melhor. (Todd, 2003:27-33, tradução minha)
Kenny, Brian (2006). Ross to the Rescue! Rutgers’ Ross Todd’s quest to renew school libraries. In School Library Journal, 31|10|09. [Disponível em] http://www.schoollibraryjournal.com/article/CA6320013.html[23|02|09] Todd, Ross (2001). Transitions for preferred futures of school libraries. Keynote Paper. The 2001 IASL Conference. Auckland, New Zealand, 9-12 July. (27|10|09) Todd, Ross (2003). Irrefutable evidence. How to prove you boost student achievement. School Library Journal. [Disponível em]: http://www.schoollibraryjournal.com/article/CA287119.html [21|02|09] Ross, Todd (2008). Evidence-based Practice: Building the Future of school Libraries. http://linhadeleitura.wordpress.com/2008/11/05/comunicacoes -de-ross-todd-na-torre-do-tombo-3-de-novembro-de-2008/ (31|10|09) Zmuda, A& Harada, V. (2008). Reframing the Library Media Specialist as a Learning Specialist. Disponível em: http://www.schoollibrarymedia.Com/Zmuda&Harada2008v24nn8p42.html. Texto da Sessão: “A Biblioteca Escolar: desafios e oportunidades no contexto da mudança, Disponível na plataforma.
Maria Elisa Almeida
Maria Elisa Almeida Práticas e Modelos de Auto-avaliação em Bibliotecas Escolares 2ª Tarefa – 31 Outubro,2009