Camaradas, Senhoras e Senhores, Alunos do Colégio Militar Aquilo que poderia ter sido uma breve e singela tomada de posse do Subdirector do Colégio Militar, longe da forma pública do acto para que hoje fostes convidados a estar presentes, acabou por assumir contornos de relevância e simbolismo que julgo inscreverem-se no âmbito do rigor e cuidada atenção dados a todos os momentos, por ínfimos que sejam e que são parte integrante da vida colegial.
Quis o Excelentíssimo Director que, neste momento, conhecêsseis o seu colaborador mais directo. Também uma forma de dar as boas vindas. Mas igualmente dar, a todos nós, a oportunidade de saudar e despedir do Subdirector que ao longo de dois anos tanto deu de si para manter e desenvolver os elevados níveis de excelência perseguidos no Colégio Militar. A ele deixo o meu profundo reconhecimento pela forma aturada como procurou passar o testemunho e de forma pessoal, daqui renovar o meu fraterno abraço e formular os meus melhores votos de sucesso e boas venturas na sua vida pessoal e profissional.
Começaria por agradecer a amabilidade da vossa presença neste acto de grande simbolismo. A vossa presença não se deve simplesmente à curiosidade de saber quem é o novo Subdirector. Ela traduz, seguramente, a união e o espírito de coesão por que sempre pautou a relação existente entre todos os que servem neste Colégio. Um Colégio de exigências únicas onde só o bom entendimento, o espírito de cooperação e colaboração e a necessidade de dar tanto de nós próprios torna possível que o Colégio Militar, no actual contexto do Sistema de Educação, continue a ser uma Instituição de referência.
Em Abril, aquando do convite para exercer o Cargo, os sentimentos emergentes foram essencialmente marcados pela emoção de, 35 anos depois, reentrar na Casa que tanto contribuiu para consolidar os valores do Homem e do Militar que hoje tendes à vossa frente. Valores que, ontem como hoje, considero inalienáveis para a construção de uma Sociedade melhor.
Hoje, a esses sentimentos juntam-se outros que são indissociáveis da responsabilidade de gerir uma casa tão complexa como é o Colégio Militar, num ambiente instável e tão sensível e que inclui, desde logo e em primeiro plano, o elemento humano.
Também o peso institucional, agora de outra forma sentido, contribuiu para melhor entender a verdadeira dimensão do desafio lançado e incrementar os elevados níveis de confiança e motivação com que encaro as tarefas que irei desenvolver enquanto Subdirector do Colégio Militar.
A leitura atenta do Decreto-lei nº 34 093 de 08 de Novembro de 1944 continua, na sua essência, actual. O Colégio Militar é detentor de uma imagem forte e continua a cultivar a Camaradagem, o Rigor e a Disciplina, elementos que catapultam o Colégio Militar para outra dimensão da Formação do indivíduo enquanto Homem. Aos domínios cognitivo e psicomotor onde emergem condições de excelência para cumprir os programas de ensino superiormente estabelecidos, juntam-se a aprendizagem e prática dos valores éticos e morais e a aprendizagem dos mais elementares princípios de cidadania. O Colégio Militar ensina, ontem como hoje, o Saber Ser e o Saber Estar. Por isso é tido como um Colégio diferente e nisso reside a sua longevidade porque consegue devolver à Sociedade homens melhor preparados, metódicos e disciplinados e com uma sólida formação moral que lhes permite imporem-se, de forma categórica, nos domínios Social, das Letras, das Artes e das Ciências.
Quiçá hoje mais do que ontem, numa sociedade competitiva sem paralelo, o Colégio Militar faça mais sentido do que nunca, num momento em que a Sociedade Civil anseia pela busca de referências, num momento em que parecem adormecidos os pilares básicos necessários à construção de uma sociedade mais justa e mais fraterna. Se é verdade que o Colégio Militar sabe incorporar os Valores Comportamentais e o Conhecimento nas suas diversas dimensões e que estes são elementos estruturantes da personalidade e competência do indivíduo, então urge respeitar todo o trabalho desenvolvido nesta casa ao longo de mais de dois séculos de existência, com a convicção de que o trabalho é de excelência. Neste particular, uma breve referência ao domínio afectivo da formação do Menino da Luz. Sendo igualmente objecto da maior atenção, o Colégio Militar não pode nem deve, pela sua própria natureza, esgotar os
seus recursos em tão nobres atribuições cuja competência excede, em larga escala, os muros que circundam as suas instalações.
É com estas convicções que me proponho orientar toda a minha conduta nas atribuições que me forem cometidas. Fiel aos mais rigorosos princípios da lealdade, do rigor e da disciplina para bem Servir, pelo respeito que merece a coisa pública e pela memória daqueles que nos antecederam, tudo farei para garantir que os sempre escassos recursos afectos a este Colégio conduzam à sua finalidade última.
Para tal, urge continuar a desenvolver todas as ferramentas da direcção e planeamento para reduzir as energias que se consomem em ambientes instáveis e complexos; reunir as sinergias de um grupo de reconhecidas competências onde o Poder e o Saber se cruzam diariamente mas em que o Querer nem sempre assume a devida relevância em tais ambientes. Sugere tal contexto o desenvolvimento de mecanismos de comunicação que garantam que a palavra dita é reconhecida por todos com o mesmo significado, contribuindo igualmente para reforçar os laços de amizade e camaradagem aqui existentes e a coesão do todos quantos no Colégio Militar servem.
Importa ainda recuperar os mecanismos de supervisão e demais medidas de controlo como forma de garantir as correcções adequadas e com a finalidade última de promover a eficiência e eficácia dos recursos humanos e materiais que, ano após ano, contribuem para engrandecer a história do nosso Colégio.
Será este o meu singelo subsídio na expectativa de assim contribuir para dignificar tão nobre causa como aquela que os Militares, Corpo Docente e demais funcionários aqui desenvolvem diariamente, EDUCAR e promover o orgulho em ser “Menino da Luz” a todos aqueles que depositaram no Colégio Militar a confiança e a esperança de um dia, recorrendo aos princípios aprendidos, poder servir Portugal. A todos garanto que meu único móbil é e será sempre honrar e prestigiar o bom-nome do Colégio Militar.
A todos, o meu Zacatraz!