Neste momento em que deixo as funções de Subdirector, queria transmitir-lhes, de forma breve, alguns pensamentos que retive na memória e que levo comigo.
A complexidade da sociedade actual, em que nos inserimos, é um enorme obstáculo a ultrapassar por todos nós, tanto mais que esta instituição sempre assentou o seu modelo de formação em valores éticos e morais, visivelmente postos em causa nos dias de hoje. Por outro lado, este meu sentimento deve constituir-se como um enorme factor de motivação para a família colegial, porquanto, ao longo de mais de 200 anos, o Colégio transpôs com sucesso as mais diversas convulsões e evoluções sociais, conseguindo, no essencial, manter a sua idiossincrasia, e adaptar-se ao ambiente social que o envolve.
Hoje, como no dia em que aqui cheguei, continuo convicto que esta Casa reúne condições ímpares para cumprir o seu desígnio, e que, tal como em qualquer organização a chave do sucesso está na mão das pessoas que a integram, de todos, aqueles a quem compete formar aos que aqui estão para serem formados e a todos quantos, com menos visibilidade, asseguram as condições para o funcionamento do Colégio.
É muito claro para mim, ao fim destes cerca de dois anos, que é indispensável, a quem tem a missão de ensinar e formar nesta casa, perceber a especificidade do Colégio. Perceber que, grande parte da responsabilidade dos pais ou encarregados de educação, nos é entregue o que nos exige, naturalmente, um esforço acrescido e uma muito maior dedicação. Não chega cumprir a missão, é necessário fazê-lo com enorme entrega e sentimento de servir.
Dirijo-me agora especialmente aos alunos. Meu caros, foi sobretudo através de vós e destas paredes que revivi o passado. Um sem número de recordações, com momentos agradáveis, outros difíceis de superar, aqui aprendi com os bons e os maus exemplos, aqui superei a perda do meu pai com a ajuda dos meus camaradas e dos que, então aqui serviam (permitam-me lembrar o Padre Valdemiro, pela forma especial como me amparou), em resumo, foi aí, onde se encontram, que construí os alicerces da minha
formação e que criei laços de profunda amizade e camaradagem que perduram até hoje. Meninos da Luz, os tempos de hoje são muito mais exigentes, e o Colégio, no fundo, será sempre o que os alunos quiserem que ele seja, o que coloca sobre vós a enorme responsabilidade, de demonstrar que o Colégio é único, que tem qualidade e que justifica o empenhamento do Exército e de Portugal. Por muito que possam julgar o contrário, a face visível do Colégio passa fundamentalmente pelos resultados escolares, e esses dependem sobretudo do vosso esforço. Admirem os bons alunos, sirvam-se deles como exemplos a seguir, pois vos garanto que, no futuro, é muito mais provável que venham a necessitar da sua ajuda e não o contrário, e, mais importante do que isto, o espírito do Colégio, assim o exige.
Antes de terminar, quero aqui deixar o meu profundo agradecimento e enorme gratidão a todos quantos, nas mais diversas áreas, de forma directa ou indirecta, com maior ou menor entusiasmo, me ajudaram a servir o Colégio. Os votos de reconhecimento que tenho recebido pertencem-lhes. Permitam-me um agradecimento especial ao Exmo. MGen Director porque, ao convidar-me para estas funções, me permitiu reviver tempos e vivências passadas e saldar parte de uma enorme dívida de gratidão para com esta casa, e ainda, um agradecimento muito especial à minha mulher e aos meus filhos, pelo apoio que me deram apesar do prejuízo que lhes causei, nomeadamente pelas longas horas de espera.
A terminar, exorto-vos a primarem pela competência e dedicação, a pensarem no NÒS em detrimento do EU e dos interesses pessoais, a lembrarem-se dos DEVERES, antes de exigirem os DIREITOS. Ter um emprego no Colégio não é difícil, difícil é SERVIR no Colégio. É o que peço a todos os presentes (militares, docentes, funcionários civis e alunos) SIRVAM O COLÉGIO.
A todos, os meus votos dos maiores sucessos.